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Infelizmente isso não ocorre, e cada vez mais encontramos presos reincidentes. Os
presos ficam na maior parte do tempo ociosos na maioria dos presídios, eles só se
movimentam na hora do jogo de futebol. Não há assistência médico-odontológica,
psicológica e nem por assistentes sociais junto aos familiares. O que a sociedade lucra
com isso? Nada, apenas mais violência.
O custo por apenado é bem elevado nas nossas cadeias, em torno de R$ 300,00 (em
média) para manter um status degradante e angustiante no seio dessas instituições.
Quem vai à uma penitenciária sente o clima degradante que reina e que entra em nossa
alma e empregna e que não nos deixa por alguns dias consecutivos à visita. Será que o
dinheiro destinado à manutenção do sistema carcerário é empregado nos projetos do
presídio? Ou será que toma outra destinação?
Muitos proclamam que os indivíduos ali trancafiados não têm nenhuma chance de
recuperação e que a pena de morte deveria ser aprovada e aplicada e com isso haveria
uma redução do problema da superpopulação carcerária. Bem, será que realmente seria
essa a solução? Penso que não. Poderia amenizar em médio prazo o problema da
superpopulação carcerária, reduzindo em cerca de 20 a 30%, mas teria que se dar aos
acusados a mais ampla e irrestrita possibilidade de defesa e recursos ex officio até o
último grau de jurisdição para diminuir as chances de erro judiciário. Mas esse tema é
bem complexo e merece uma atenção especial.
O Estado não deveria arcar com o ônus de custear o sistema carcerário e deveria
transferir essas atividade para a iniciativa privada, a exemplo do que ocorre em outros
países. Com isso, tirar-se-ia um peso das costas do Estado, e o dinheiro que era utilizado
neste setor poderia ser utilizado em outra área com um maior retorno social.
Algumas pessoas perguntarão se a iniciativa privada vai querer dirigir e explorar
economicamente o sistema carcerário. Afirmo que pode ser um ótimo negócio, pois
tem-se em um único lugar várias pessoas que podem fornecer mão-de-obra barata e que
com treinamento pode gerar riquezas.
Destarte teríamos a ganhar, a iniciativa privada com mão-de-obra barata, o preso com o
tratamento humano e consequentemente a sociedade, com o resultado desta iniciativa.
É óbvio que o Estado não se afastaria totalmente, pois seria criada uma agência para
fiscalizar a atuação nos presídios e penitenciárias e também para punir as
irregularidades, a exemplo do que ocorre com a Anatel nas telecomunicações. Com isso
desentravaria o estado e conseguiríamos resocializar os detentos.
7º Período do UNIPÊ
luzneto@openline.com.br
CONCEITO
A Antigüidade
Durante vários séculos a prisão serviu de contenção nas civilizações mais antigas ( Egito,
Pérsia, Babilônia, Grécia, etc. ), a sua finalidade era: lugar de custódia e tortura.
A primeira instituição penal na antigüidade, foi o Hospício de San Michel, em Roma, a qual
era destinada primeiramente a encarcerar "meninos incorrigíveis", era denominada Casa
de Correção.
O Direito era exercido através do Código de Hamurabi ou a Lei do Talião, que ditava:
"olho por olho, dente por dente" tinha base religiosa (Judaísmo ou Mosaísmo) e moral
vingativa.
A Idade Média
Penas em que se promovia o espetáculo e a dor, como por exemplo a que o condenado
era arrastado, seu ventre aberto, as entranhas arrancadas às pressas para que tivesse
tempo de vê-las sendo lançadas ao fogo. Passaram a uma execução capital, a um novo
tipo de mecanismo punitivo.
Com o Império Bizantino (aglomerado étnico de até 20 povos diferentes: civilização cristã,
direito romano e cultura grega com influência helenística) fora criado o Corpus Juris Civilis,
pelo imperador Justiniano, restabelecendo a ordem com suas obras: Código, Digesto,
Institutas e Novelas
A Idade Moderna
Durante os séculos XVI e XVII a pobreza se abate e estende-se por toda a Europa.
Ante tanta delinqüência, a pena de morte deixou de ser uma solução adequada. Na
metade do século XVI iniciou-se um movimento de grande transcendência no
desenvolvimento das penas privativas de liberdade, na criação e construção de prisões
organizadas para a correção dos apenados.
A suposta finalidade das instituições consistia na reforma dos delinqüentes por meio do
trabalho e da disciplina. Tinham objetivos relacionados com a prevenção geral, já que
pretendia desestimular a outros da vadiagem e da ociosidade.
Antes das casas de correção propriamente ditas, surgem casas de trabalho na Inglaterra
(1697) em Worcester e em Lublin (1707), ao passo que em fins do século XVII já haviam
vinte e seis. Nessas casas, os prisioneiros estavam divididos em 4 classes: os
explicitamente condenados ao confinamento solitário, os que cometeram faltas graves na
prisão e a última aos bem conhecidos e velhos delinqüentes.
A mais antiga arquitetura carcerária em 1596, foi o modelo de Amsterdã RASPHUIS, para
homens, que se destinava em princípio a mendigos e jovens malfeitores a penas leves e
longas com trabalho obrigatório, vigilância contínua, exortações, leituras espirituais.
Historicamente, liga teoria a uma transformação pedagógica e espiritual dos indivíduos por
um exercício contínuo, e as técnicas penitenciárias imaginadas no fim do século XVII, deu
direcionamento às atuais instituições punitivas.
Somente no Século XX avultou a visão unitária dos problemas da Execução Penal, com
base num processo de unificação orgânica, pelo qual normas de Direito Penal e normas de
Direito Processual, atividade da administração e função jurisdicional obedeceram a uma
profunda lei de adequação às exigências modernas da Execução Penal.
Todo esse processo de unificação foi dominado por dois princípios do Código Penal de
1930: a individualização da execução e o reconhecimento dos direitos subjetivos do
condenado.
Após a 2ª Guerra Mundial, surgem em vários países a Lei de Execução Penal (LEP),
como na Polônia, Argentina, França, Espanha, Brasil, e outros estados-membros da ONU.
No Brasil, com o advento do 1º Código Penal houve a individualização das penas. Mas
somente à partir do 2º Código Penal, em 1890, aboliu-se a pena de morte e foi surgir o
regime penitenciário de caráter correcional, com fins de ressocializar e reeducar o detento.
Todos estes sistemas são baseados na premissa do isolamento, na substituição dos maus
hábitos da preguiça e do crime, subordinando o preso ao silêncio e a penitência para que
encontre-se apto ao retorno junto à sociedade, curado dos vícios e pronto a tornar-se
responsável pelos seus atos, respeitando a ordem e a autoridade.
Os art. 82 a 86 da LEP - Lei de Execução Penal tratam das disposições gerais sobre o
estabelecimento penitenciário. O art. 82 prevê diferentes tipos de estabelecimentos penais,
os quais se destinam à execução da pena privativa de liberdade; à execução da medida de
segurança; à custódia do preso provisório e aos cuidados do egresso. A LEP atendeu ao
princípio da classificação penitenciária, que é prevista na Constituição Federal, art. 5º,
inciso XLVIII.
2ª fase - condenado;
5ª fase - egresso.
c) escola e biblioteca;
e) oficinas de trabalho;
f) refeitório;
g) cozinha;
h) lavanderia;
i) enfermaria;
j) palratório;
l) cela individual.
ALGUMAS CONSEQÜÊNCIAS DA
INEXISTÊNCIA DE ESTABELECIMENTOS PENAIS
O estado em que vivem os detentos é calamitoso, de sorte que, muitas vezes a não
obediência ao Código Penal, é a causa do surgimento da promiscuidade. O problema
sexual nas prisões surge com a imaginação exacerbada, provocando então, a
introspecção.
A privação das relações sexuais nos cárceres só pode acarretar conseqüências negativas
diversas, propiciando a perversão da personalidade do indivíduo. Além disso, contribui
para diversas práticas, tais como:
O Onanismo
É tido como um desvio para que se acalme o instinto sexual. Possui ainda, uma estreita
vincularão com o homossexualismo ( oculta um homossexualismo inconsciente ). Serve
como uma alternativa à repressão sexual.
O Homossexualismo
Mas não é este o enfoque que preocupa psicólogos, sociólogos e criminalistas do mundo
inteiro; e quando o sexo é violento ou então forçado?
De caráter universal, o atentado violento ao pudor é uma prática comum nas prisões tendo
como conseqüência circunstâncias desumanas e anormais da vida prisional e supressão
da heterossexualidade.
O Stuprum Violentum ocorre quase sempre na presença de terceiros, e os reclusos mais
jovens são as maiores vítimas. É claro que há a resistência, mas no final e sem saída o
jovem acaba cedendo pelo temor que lhe é causado. Casos há em que o detento é
"passado" por todas os demais detentos das celas. São casos deprimentes que, muitas
vezes, se repete pelo consentimento dos próprios guardas, em troca de propinas.
O silêncio e o suicídio são os resultados, pois não é decente esquecer que as vítimas
pouco se queixam de violência, para assim, evitar a desmoralização. E o suicídio nada
mais é do que o medo e o desespero do recluso.
O suicídio egoísta ocorre quando falta uma adequada integração do indivíduo com a
sociedade. A pessoa não envolve-se na sociedade, cria suas próprias regras de conduta e
age conforme seus próprios interesses.
A violência para o agredido, pode destruir sua auto imagem e auto estima, causando ainda
problemas psíquicos e físicos, desajustes graves que impedem ou dificultam o retorno a
uma vida sexual normal e a destruição da relação conjugal do recluso.
b) resultar das relações consensuais; ocorrem sem que haja violência, consistindo apenas
uma manifestação de adaptação ao ingresso na prisão.
Mas qualquer tentativa de sublimar a sexualidade, implicarão numa posição coativa, o que
não se contará com o consentimento da sociedade. Como por exemplo:
- A utilização de Drogas: não produz nem moral nem juridicamente uma resposta
satisfatória ao conflito sexual prisional. Utilizam-se sedativos, derivados humanos,
anestesia sexual através de drogas, etc. Efetivamente tal atitude resolverá o problema
sexual, pois desestimula o apetite sexual do indivíduo e não converterá em prática
generalizada.
- Visita íntima: permite a entrada temporária na prisão dos cônjuges ou companheiras (os)
dos detentos (as). Deve-se entender que seus respectivos cônjuges não deixam de estar à
castidade forçada. Proibi-las do ato sexual é coagi-las psicologicamente ao caminho do
adultério ou prostituição. Isso pode ocasionar filhos adulterinos. Para evitar tal
desequilíbrio, tem-se uma solução viável: permissão para o ato amoroso. Por si só, a visita
íntima é insuficiente. Mas pode converter-se numa adequada solução da sexualidade.
- Prisão aberta: grande alternativa para o problema sexual carcerário. Não só resolve,
mas também permite a solução de graves inconvenientes que surgem numa prisão
tradicional. Como maior defeito, tem-se o de beneficiar apenas a minoria.
- Prisão Mista: poder-se-á lembrar como uma das vítimas alternativas a uma solução
adequada. Incertezas ainda são marcantes, mas não justificam o abandono total desta
alternativa.
A prisão em si, é uma violência à sombra da lei. O problema da prisão tem sua raiz na
estrutura econômica, política e social do país.
O governo brasileiro está concluindo um projeto que amplia para 19 os tipos de penas
alternativas, o que aumenta a possibilidade de sua aplicação para condenações de até 04
anos. O projeto resultaria na retirada de 44.000 presos das penitenciárias brasileiras.
Na 1ª Vara Criminal de Vila Velha - PR, o Juiz de Direito Dr. João Batista Herkenhoff,
acolheu este clamor de ciência e humanidade reduzindo o aprisionamento de pessoas a
casos extremos, de gravidade excepcional, já pensando em realizar uma pesquisa sócio-
jurídica, com base em sua experiência.
AS REBELIÕES
O desespero dos presos acaba gerando conflitos, onde milhares deles amotinam-se para
exigir melhores condições de vida em troca da liberdade de reféns.
As blitz ou "batidas" são realizadas periodicamente nas prisões com o intuito de retirar
armas brancas, vulgarmente chamadas de "estoques" pelos presos.
CENSO PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
- O país tem hoje 150.000 presos, 15% a mais do que em 1994, data em que fora
realizada a última pesquisa;
- A AIDS prolifera entre os detentos com a rapidez de uma peste. Cerca de 10% a 20%
dos presos estão contaminados. Um número tão assustador que o governo evita divulgá-lo
para não provocar rebeliões;
- Há outro tipo de prisão irregular no brasil, mas o censo não tabulou, são aquelas pessoas
que já deveriam ser libertadas embora continuem presas.
Uma pesquisa realizada em 1964, demonstra-nos que 90% dos ex-detentos pesquisados
procuram trabalho nos 02 primeiros meses, após a conquista da liberdade. Depois de
encontrarem fechadas todas as portas, voltaram a praticar novos delitos. Estudos mostram
que, em média, 70% daqueles que saem das cadeias, reincidem no crime.
A questão para mais este problema é: Para um ex-preso, sem documentos, com
antepassado criminal, viciados em nada fazer, rejeitados pela sociedade, o que resta?
Direitos do Preso
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda
da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua
integridade física e moral.
O preso não só tem deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que devem ser
reconhecidos e amparados pelo Estado. O recluso não está fora do direito, pois encontra-
se numa relação jurídica em face do Estado, e exceto os direitos perdidos e limitados a
sua condenação, sua condição jurídica é igual à das pessoas não condenadas. São
direitos e deveres que derivam da sentença do condenado com relação a administração
penitenciária.
Numa visão global da situação carcerária brasileira, hoje destacam-se dois grupos com as
principais violências contra o preso:
DO TRATAMENTO REEDUCATIVO
A educação tem por objetivo formar a pessoa humana do recluso, segundo sua própria
vocação, para reinserí-lo na comunidade humana, no sentido de sua contribuição na
realização do bem comum.
O tratamento reeducativo é uma educação tardia do recluso, que não a obteve na época
oportuna. A esse direito corresponde a obrigação da assistência educativa, prevista no art.
17 da LEP.
1. Assistência;
2. Educação;
3. Trabalho;
4. Disciplina.
AS REALIDADES DO SISTEMA:
A prisão tem sido nos últimos séculos a esperança das estruturas formais do Direito em
combater o processo da criminalidade. Ela constituía a espinha dorsal dos sistemas penais
de feição clássica. É tão marcante a sua influência em todos os setores das reações
criminais que passou a funcionar como centro de gravidade dos programas destinados a
prevenir e a reprimir os atentados mais ou menos graves aos direitos da personalidade e
aos interesses da comunidade e do Estado.
A recuperação social do condenado não seria um mito redivivo, assim como um estágio
moderno de antigos projetos de redenção espiritual?
Somos herdeiros de um sistema que encontrou o seu apogeu no século das luzes quando
o reconhecimento formal dos direitos naturais, inalienáveis e sagrados do Homem,
impunha a abolição das penas cruéis. E a prisão não seria, portanto, uma pena cruel
principalmente porque ela mantinha a vida que tão freqüentemente era o preço do resgate
para o crime cometido.
Na atualidade se promove em nosso país uma grande revisão em torno da eficácia das
sanções penais de natureza institucional. Tal processo de abertura rompeu com a
oposição funesta entre o Direito Penal e a Criminologia no concerto das demais ciências
do homem, que o pensamento italiano fascista implantou a partir de 1910 e que se
projetou para a América Latina.
E mais incisivamente foi dito que em tais ambientes de estufa a ociosidade é a regra; a
intimidade, inevitável e profunda. "A deteriorização do cárcere resultante da influência
corruptora da subcultura criminal, o hábito da ociosidade, a alienação mental, a perda
paulatina da aptidão para o trabalho, o comprometimento da saúde, são conseqüências
desse tipo de confinamento promiscuo, já definido alhures como "sementeiras de
reincidência", dados os seus efeitos criminógenos".
Uma das demonstrações evidentes de que o encarceramento, na forma como está sendo
posto em prática, não tem condições de melhorar a situação pessoal do condenado, se
deduz do próprio espírito que orientou a Reforma penal e penitenciária decorrente da lei Nº
6.416 de 24 de maio de 1977. A exposição de motivos da mensagem revelou a
preocupação de "resolver o problema da superlotação das prisões".
O espancamento dos princípios e das regras que empreitam significação à ciência pode
brotar não somente dos profissionais que com ela trabalham na sua aplicação prática,
como também de outras camadas populares, sejam ou não funcionários a serviço do
processo, testemunhas ou partes. Perante o conceito popular o processo penal social de
prevenção e repressão à violência e à criminalidade será objeto de satisfação ou repúdio
em sua perspectiva total sem que a crítica faça distinções entre os ramos jurídico que
formam a estrutura.
A crise aberta que corrói até o cerne o prestígio do antigamente chamado magistério
punitivo não será evidentemente contornada através do recuso à legislação de impacto ou
das promessa de um direito penal do terror. É necessário cumprir etapas prévias, a
começar pela denúncia, apontando a falência dos procedimentos e mecanismos obsoletos
quanto à forma e antagônicos à realidade, quanto ao fundo. A inflação legislativa criticada
freqüentemente nos últimos anos é também responsável pelo descrédito da intimidação
que poderia gerar o ordenamento positivo, principalmente porque o fenômeno abateu um
poderoso dogma: o dogma da presunção do conhecimento da lei.
Designada para reserva militar dos EUA, em 1850 foi fortificada e utilizada por prisioneiros
militares durante a Guerra Civil. Oficialmente tornou-se prisão militar em 1907 e, em 1933
tornou-se prisão federal.
A prisão era considerada anti-fugas pois sua estrutura era realmente forte, rodeada de
correntes marítimas frias e um sistema policial altamente qualificado. Mas o outro lado de
Alcatraz, o mesmo que inspirou filmes como: "Assassinato em 1º Grau", mostra-nos atos
desumanos, frios e cruéis, onde os castigos e torturas eram a lei daquele lugar.
Devido sua fama de ser intransponível, após o acontecimento de uma única fuga, fora
fechada em 1963. Sua estrutura vazia fora confiscada por um grupo de indígenas em
novembro de 1969.
CONCLUSÃO
Como já dito, as prisões são cenário de constantes violações dos direitos humanos. Os
principais problemas enfrentados são: a superlotação; a deterioração da infra-estrutura
carcerária; a corrupção dos próprios policiais; a abstenção sexual e a
homossexualidade; o suicídio; a presença de tóxico; a falta de apoio de autoridades
governamentais; as rebeliões; a má administração carcerária; a falta de apoio de
uma legislação digna dos direitos do preso-cidadão; a falta de segurança e pessoal
capacitado para realizá-la, e a reincidência que é de vital importância para às vistas
da sociedade; demonstram que o Brasil está torturando presos em penitenciárias,
aniquilando qualquer possibilidade que venham a se recuperar, ao mesmo tempo que
gasta dinheiro à toa. É preciso, urgentemente, mudar esse sistema cruel que forja mais
criminosos.
A prisão é uma universidade do crime. O sujeito entra porque cometeu um pequeno furto e
sai fazendo assalto a mão armada.
A violência não é um desvio da prisão: violenta é a própria prisão. Não é possível eliminar
a violência das prisões, senão, eliminando as próprias prisões. Mas a supressão das
prisões será somente possível numa sociedade igualitária, na qual o homem não seja
opressor do próprio homem e onde um conjunto de medidas e pressuposto anime a
convivência sadia e solidária entre as pessoas.
Não pode haver mais dúvidas de que o sistema penitenciário brasileiro rigorosamente está
falido, além de inútil como solução para os problemas da criminalidade, nele há um
desrespeito sistemático aos direitos humanos garantidos pela Constituição, inclusive aos
condenados.
Diante das lamentáveis condições penitenciárias, o discurso que prega a reclusão como
forma de ressocialização de criminosos, ultrapassa a raiz da hipocrisia tolerável.
BIBLIOGRAFIA
4. HERKENHOFF, B. João. Crime Tratamento Sem Prisão, Porto Alegre, 1995, Ed.
Livraria do Advogado, Edição 2ª.
5. NETO, M. Zahidé. Direito Penal e Estrutura Social, São Paulo, Ed. Da Universidade
de São Paulo - SP. Edição Saraiva.
6. PASTORE, Alfonso Pe. O Iníquo Sistema Carcerário, São Paulo, 1991, Edições
Loiola.
Quase que diariamente vemos a imprensa noticiar a falta de vagas nos presídios e
o estado precário dos estabelecimentos já existentes, fatos que deterioram as
expectativas de recuperação dos presos; e também é sabido que o alto custo para
a criação e a manutenção dos estabelecimentos carcerários determina um terrível
desgaste da responsabilidade do Governo pela questão. Porém, as soluções
possíveis são diversas, todavia o que mais falta é vontade política para determinar
o fim do problema.
Cada preso custa por mês para os cofres da nação o total de 4,5 salários mínimos,
sendo que o gasto geral dos Governos Federal e Estaduais é de 60 milhões num
só mês (Dados obtidos na Teleconferência do Ministério da Justiça, Sistema
Penitenciário - Penas Alternativas, em 30.04.96).
Uma das soluções pode ser facilmente encontrada na legislação criminal pátria.
Trata-se da adoção de Penas Alternativas ao invés de Penas Privativas de
Liberdade. Todavia, é bom que se esclareça que isto não significa deixar sem
punição os criminosos, mas sim aplicar-lhes penas condizentes com a gravidade
de seus crimes. Também, não se pretende deixar os criminosos fora das prisões
pelo simples fato de não existirem dependências nos presídios. O que se quer, na
realidade, é que sejam aplicadas as determinações legais já existentes na
legislação.
Quando um juiz aplica a um condenado uma pena alternativa, ele não só está
depositando confiança na recuperação do mesmo, como está colaborando para
que ele não freqüente um ambiente não correspondente ao tipo de crime que ele
cometeu, além de aplicar uma pena condizente com o delito cometido.
Impera dentro das prisões a lei do mais forte, ou seja, quem tem força ou
poder subordina os mais fracos. Vemos, também como as gangues estão
controlando o crime de dentro dos presídios através de aparelhos telefônicos, de
mensagens levadas pelos próprios parentes e ou visitas dos presos.
“Ora, se um preso usa um telefone celular, se serve das visitas para atuar
externamente, tal não se deve ao principio da progressividade das penas e o
respeito pelos direitos do preso, mundialmente reconhecidos, mas pelo tráfico que
é a tônica no sistema carcerário brasileiro. De que vale determinar o isolamento de
um criminoso por anos, se ele vai contar com a corrupção do pessoal penitenciário
1
para permanecer em contato com o mundo exterior? “
2
” O réu deve ser tratado como pessoa humana”.
“Toda sociedade humana que traz em seu bojo a ética no viver e o equilíbrio
social entre seus semelhantes, cada vez menos precisará de um Estado forte a lhe
4
determinar regras de conduta”
A pena deve ser usada como profilaxia social, não só para intimidar o
5
cidadão, mas também para recuperar o delinqüente.
As penas nos moldes que estão sendo aplicadas, no atual sistema prisional
brasileiro, longe está de ser ressocializadora. Busca-se dar uma satisfação a
sociedade que se sente desprotegida, assim sendo apresenta-se apenas a finalidade
retributiva. Não busca ela a recuperação do delinqüente , não busca reintegrá-lo no
seio da sociedade.
Talvez uma das soluções para um melhor resultado das sanções aplicadas
seria colocar em prática o que já está previsto em lei, o trabalho dos detentos nos
sistemas prisionais, Lei N.º 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984. Leis de Execuções
Penais.
· Prestação pecuniária;
· Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do
Fundo Penitenciário Nacional;
· Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública;
· Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública,
bem como de mandato eletivo;
· Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que
dependam de habilitação oficial, de licença ou autorização do Poder Público;
· Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículos;
· Proibição de freqüentar determinados lugares;
· Limitação de fim de semana ou “ prisão descontínua”;
· Multa ;
· Prestação inominada.
E, ademais, não são penas pesadas e seu cumprimento cruel que podem
ser apontados como fator de diminuição da criminalidade.
Estudante de Direito
1
“Direitos humanos, conquistas do homem” Hélio Bicudo – artigo publicado pela
Folha de São Paulo caderno opinião f. A3 abril/2003.
2
DAMASIO E de Jesus, Direito Penal, ed. Saraiva 25º edição 2002 p.11
3
CECARIA, Cesare , Dos Delitos e Das Penas, Ed. Revista dos Tribunais1996
p.28 tradução J. Cretella Jr. e Agnes Cretella.
4
Dr. Douglas Mondo, fundador do Conselho de Segurança de Jundiaí
5
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Op. Cit., p.39
6
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Op. Cit., p.269
7
Jornalismo Band News 24.04.2003
8
SILVA, Luís Cláudio. Juizado Especial Criminal, Prática e
Teoria do Processo, Rio de Janeiro, Forense, 1997, p-7.
BIBLIOGRAFIA
Estão se tornando cada vez mais comuns as notícias de rebeliões e fugas em presídios
brasileiros. O atrasado sistema penal do país não colabora e junta, em cadeias
superlotadas, criminosos primários e homicidas, seqüestradores, estupradores e outros.
O resultado é que, ao invés de ser um espaço para reeducar o preso, o sistema carcerário
do Brasil se tornou uma espécie de 'pós-graduação' no mundo do crime. Um jovem
delinqüente que entre em uma dessas carceragens sai de lá como um líder de facção,
disposto a enfrentar a polícia.
Mais do que isso, faltam vagas, sobram prédios obsoletos e, principalmente, servidores
despreparados e alvos fáceis da corrupção. "Hoje, não se pensa em reeducar os presos,
apenas largam os caras lá. É preciso perceber que a política prisional é atrasada. É hora
de parar de construir grandes cidades prisionais porque isso só serve pra aumentar a
criminalidade", explica o especialista em Segurança Pública da UnB (Universidade de
Brasília) Roberto Aguiar. "Se é pra fazer prisões diferenciadas, que se faça pequenas
cadeias regionais."
A estrutura física do sistema prisional brasileiro é parte de um problema que parece de
difícil solução. É nas cadeias que tem surgido as grandes facções criminosas, como o
PCC (Primeiro Comando da Capital). Mal organizado, ele deixa os mais jovens à mercê
dos mais velhos. Estes, por sua influência, ou pela violência mesmo, conquistam novos
'adeptos'. A lógica da organização faz com que os que não são seus amigos passem
automaticamente para a condição de inimigos. Ameaçados, portanto, mesmo em um
ambiente em que deveria garantir a segurança da sociedade e dos próprios presos.
"O que é muito pernicioso hoje no Brasil é que tudo isso acontece dentro de um
ambiente carcerário muito nefasto. Há um contingente de criminosos comuns, não-
articulados com nenhuma organização, mas que, por conta das relações, não de
solidariedade, mas muito mais de opressão são obrigados a aderir a estas associações",
explica a professora do Departamento de Psicologia e Educação da USP (Universidade
de São Paulo) Marina Rezende Bazon. "E isso acontece até para que ele possa garantir
sua integridade psicológica e física também."
"Há uma violência extra-legal evidente no parque carcerário. Tem equipes que dão
surras de cano em prisioneiros e, enfim, há uma idéia de que a brutalidade possa
controlar preventivamente a violência. Para qualquer especialista, isso é uma bobagem.
Acontece que os servidores das penitenciárias não são especialistas", lamenta o
professor do departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar da Unesp
(Universidade Estadual Paulista), Luiz Carlos da Rocha. "O resultado é que há um
número de brutalidades fora do regimento que criam uma oportunidade muito grande
para movimentos, grupos de pressão. E nisso proliferam organizações."
Soluções
Para resolver o problema dos presídios brasileiros, o primeiro passo é mudar o sistema
penal, separando presos pela graduação de seus crimes. E punindo com o
encarceramento apenas os crimes que realmente fazem jus à pena - para isso, é preciso
estabelecer as regras de penas alternativas. Além disso, nada disso funcionaria sem um
judiciário ágil.
Esse conjunto básico de ações na legislação é fundamental, uma vez que é impossível
que a construção de novos presídios acompanhe a demanda do parque carcerário. Ao
mesmo tempo, é preciso reajustar o parque carcerário, que ofereçam vagas sustentáveis
e que dêem resultado - ou seja, que efetivamente reeduquem os presos.
Mas, nós, envolvidos com a Segurança Pública que somos, conhecemos um pouco da história carcerária.
Sabemos como se acomodam os detentos diante da superpopulação; sabemos que dormem em "turnos",
onde um preso tem de dormir por determinado tempo, acordar, se levantar, para dar lugar a outro preso,
que precisa dormir;
sabemos que a integridade fisica de muitos presos não é respeitada: são violentados por um ou mais
detentos, quer por vingança, quer por serem novos no sistema, quer por não terem proteção dos líderes
das facções.
Conheço histórias aviltantes, de homens que foram levados ao hospital com o ânus dilacerado, às vezes
totalmente deformados...
Isso é indigno... desumano... Nada a ver com peninha, de eles serem coitadinhos... Devem cumprir sua
pena, pagar seu débito junto à Sociedade, mas esse tipo de coisa não está incluído nas penas aplicadas
pela Justiça.
Sobre o sistema carcerário paulista, o surgimento do Primeiro Comando da Capital, em agosto de 1993,
na cidade de Taubaté/SP, foi motivado, também, pela opressão nos presídios e penitenciárias, além da
vingança pela morte dos 111 presos, um outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, que ficou
conhecido como "Massacre do Carandiru".
O descaso das autoridades com o que chamaram de "exigências dos presos", que nada mais eram que
condições dignas para o cumprimento de suas penas, permitiu que, em 2001, o então líder da facção, "o
Sombra", liderasse uma mega-rebelião via telefone celular, controlando cerca de 29 presídios no Estado.
Não podemos nos ater às motivações político-partidárias, sob pena de nos desviarmos da origem do
problema, da motivação da massa carcerária - falta de dignidade e respeito ao preso.
Se atacarmos sua origem, solucionando esse problema, ele deixará de ser palco para nossos
"politiqueiros" de plantão.
Nosso povo, alheio às conspirações e interesses dos grupos sociais detentores do poder econômico, é
movido por aquilo que acham que é certo.
Vejamos o Movimento dos Sem Terra. A reivindicação é justa. O agricultor e sua família precisam de um
pedaço de terra para plantar e sobreviver, enquanto existem latifúndios totalmente improdutivos. É hora
do Estado entrar em ação. Só que o Estado, representado por esses governos comandados pelos grupos
sociais detentores do poder econômico, não agem como deveriam. Assim, a grande massa de
agricultores, com suas justas reivindicações, seguem aquele líder carismático, surgido entre eles, mas
que, ao longo da jornada, se "rende" às vantagens de um cargo legislativo, ou um cargo comissionado no
governo. As minorias se resignam, reclamam "pra chuchu", e tudo fica na mesma.
Com o sistema carcerário não é diferente. A grande massa sofre com a indignidade e desumanidade do
sistema. Os líderes carismáticos se sobressaem, contando com o apoio da mídia e da corrupção de
funcionários públicos. A Sociedade se aliena. O governo se omite ou até age, com políticas totalmente
ineficazes (não sem antes gastarem rios de dinheiro público).
A população carcerária, sem voz, acaba seguindo seus líderes, sem se interessar com a motivação deles.
Acreditam que vão ser ouvidos, que seus líderes estão, realmente, clamando por condições dignas para o
cumprimento das penas - e estão, dentre outros não aparentes.
Com relação ao tratamento dado aos nossos policiais, nossa Comunidade surgiu, exatamente, para lutar
por reais melhorias nas condições de vida e de trabalho dos integrantes de Nossa Força de Segurança
Pública.
Sou a primeira a querer expurgar o mau policial, o mau agente de segurança, para que nossas
corporações fiquem livres dessas "maçãs podres". Porém, sou a primeira a defender seus direitos de
cumprirem suas penas em locais separados dos demais criminosos, uma vez que, enquanto policiais,
cumpriram com seu dever de prendê-los.
Portanto, quem comete crimes deve ser punido, nos limites da lei, sem a necessidade de ultrapassá-los,
dentro do respeito e da dignidade, não ao preso, mas à Pessoa Humana que ele é...
condição sadia, de lá não saia sem ser acometido de uma doença ou com
violência sexual praticada por parte dos outros presos e do uso de drogas
injetáveis.
doente é levado para ser atendido, há ainda o risco de não haver mais uma
qual prevê no inciso VII do artigo 40 o direito à saúde por parte do preso,
pena teria perdido aí o seu caráter retributivo, haja vista que ela não
estado deplorável de saúde estaria fazendo com que a pena não apenas
penal, que em seu texto dispõe que “na aplicação da lei o juiz atenderá aos
ONDE PARAMOS
CONCLUSAO
Tratamento do Preso.
INTRODUÇAO
Em nível nacional, nossa Carta Magna reservou 32 incisos do artigo 5º, que
execução penal.
No campo legislativo, nosso estatuto executivo-penal é tido como um dos
legalidade.
passa à tutela do Estado ele não perde apenas o seu direito de liberdade,
mas também todos os outros direitos fundamentais que não foram atingidos
Essas agressões geralmente partem tanto dos outros presos como dos
“disciplina carcerária” que não está prevista em lei, sendo que na maioria
das vezes esses agentes acabam não sendo responsabilizados por seus atos
e permanecem impunes.
sexuais, espancamentos e extorsões são uma prática comum por parte dos
Os presos que detém esses poder paralelo dentro da prisão, não são
relação a suas atitudes. Isso pelo fato de que, dentro da prisão, além da “lei
excessiva e ilegal.
Somam-se a esses itens o problema dos presos que estão cumprindo pena
nos distritos policias (devido à falta de vagas nas penitenciárias), que são
estabelecimentos inadequados para essa finalidade, e que, por conta disso,
trabalhar, a fim de que possam ter sua pena remida, e também de auferir
uma determinada renda e ainda evitar que venham a perder sua capacidade
laborativa.
seu convívio, tirando dessa forma até mesmo o caráter retributivo da pena
CONCLUSAO
própria sociedade.
Mais uma vez cabe ressaltar que o que se pretende com a efetivação e
SISTEMA CARCERARIO
sob a guarda da polícia civil, ou seja, cumprindo pena nos distritos policiais.
Ocorre que estes não são locais adequados para o cumprimento da pena de
responsáveis pela sua administração não tem muito preparo para a função,
Ressalte-se ainda que a Lei dos Crimes Hediondos veio a agravar ainda
mais essa situação, em razão de que os vários crimes por ela elencados
penitenciárias.
Todos esses fatores fazem com que não se passe um dia em nosso país sem
em conta o martírio pelo qual os presos são submetidos dentro das prisões,
não há que se exigir uma conduta diversa por parte dos reclusos, se não a
ser humano, não se podendo esperar que por si só, o preso venha a
econômico neoliberal adotado por nosso governo. É inegável que, pelo fato
feito para se amoldar à ideologia das classes dominantes, e que tem como
desigualdade social entre ricos e pobres, sendo que estes últimos acabam
conquistas já obtidas ao longo dos anos por parte dos trabalhadores, será a
criação de uma grande massa de desempregados, o que tende a deixar o
tornando-se delinqüentes.
dominantes.
Embora não haja números oficiais, calcula-se que no Brasil, em média, 90%
sob o qual ele é tratado pela sociedade e pelo próprio Estado ao readquirir
advinda.
na falta de interesse político dos governos estaduais, os quais não tem lhe
prisão, o que exige uma adoção de uma série de medidas durante o período
6. Referências
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 1. ed. São Paulo. Edipro,
1999.
Forense, 2002.
10/10/2006
pensamento sociológico, tal punição não tem como fim castigá-lo, mas,
quantitativo há décadas”.
discriminação ao ex-detento.
Faz-se mister, uma urgente reforma no sistema penitenciário brasileiro.
Temos que mudar, com razoabilidade e bom senso, a legislação que rege
esse cárcere medíocre e falido, onde a prisão é tida como uma violência à
sombra da Lei. Talvez seja a hora de confiar mais na pessoa humana, seja
Para Loïc Wacquant, o Brasil adotou uma estratégia na qual os americanos foram
pioneiros: usar práticas punitivas para controlar os problemas sociais gerados pela
desigualdade, prometendo soluções a curto prazo. ''É a receita do desastre, uma
trilha da qual é muito difícil sair''.
O E-Jud, sistema processual único da Justiça Federal, deve reduzir pela metade o
prazo de tramitação dos processos. Juízes federais e representantes das áreas de
tecnologia das cinco regiões da Justiça Federal, do Conselho da Justiça Federal e do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reuniram-se na sexta-feira (30) para o quarto
encontro da comissão nacional do E-Jud. Para falar sobre os resultados do encontro
e sobre os benefícios do sistema, o programa entrevista o secretário-geral do CNJ,
juiz Sérgio Tejada, e o coordenador-geral da Justiça Federal, ministro Gilson Dipp.
Ele visitou os cinco tribunais regionais federais para explicar a importância do E-
Jud. Também participa do programa o juiz federal da 2ª Região Alexandre Libonati.
O Espaço Forense começa às 11h.
Um paciente ganhou na Justiça R$ 20 mil por danos morais e o mesmo valor por
danos estéticos em ação contra o Rio de Janeiro. A decisão é da 14ª Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Estado. Em setembro de 1991, ele foi operado de
apendicite em um hospital público. Dezenove dias depois da cirurgia ainda sentia
dores no abdômen e, sem que os médicos descobrissem a causa, recebeu alta. O
motivo das dores foi descoberto bem mais tarde: uma compressa de gaze
esquecida em seu abdômen. O paciente foi operado novamente. Por causa de uma
infecção, os médicos precisaram retirar o umbigo, o que gerou uma grande cicatriz.
Sobre o tema, o Hora Legal entrevista o relator do processo, desembargador
Sérgio Jerônimo Abreu da Silveira. A partir das 8h.
Radioagência Justiça
Maranhão
De acordo com o deputado federal, Pinto Itamaraty (PSDB/MA), que integra a comissão, além dos
parlamentares conhecerem in loco os presídios para levantamento dos aspectos positivos e negativos, os
trabalhos da CPI são direcionados também para a tomada de depoimentos. "O objetivo é que os
deputados tenham um conhecimento aprofundado das condições de trabalho dos profissionais que atuam
no Sistema Carcerário", explicou. No Maranhão seis pessoas prestarão esclarecimentos na Assembléia
Legislativa, ocupantes dos seguintes cargos: Juiz da Vara de Execução Penal de São Luiz, responsável
pelo presídio de Pedrinhas; Promotor de Justiça designado para a Vara de Execução Penal responsável
pelo presídio de Pedrinhas; Defensor Público designado para a Vara de Execução Penal responsável pelo
presídio de Pedrinhas; Representante da Seccional da OAB do Maranhão; Representante da Pastoral
Carcerária do Maranhão; Secretário de Justiça e Cidadania do Maranhão.
Os problemas enfrentados pelo Sistema Carcerário brasileiro têm sido comuns entre os presídios. A
ociosidade dos presos, a falta de assistência jurídica e médica aos detentos, a morosidade do Poder
Judiciário, a falta de qualificação dos agentes penitenciários, policiais têm sido detectados pelos
parlamentares nos presídios. "São raros os casos de projetos de ressocialização que realmente levam a
resultados satisfatórios", enfatizou Itamaraty.
As péssimas condições dos presídios e o tratamento recebido pelos detentos têm chamado a atenção dos
parlamentares. Em Fortaleza, por exemplo, as refeições são servidas em sacos plásticos aos presos, em
vez de pratos. O presidente da CPI, deputado Neucimar Fraga (PR-ES), afirmou que a visita a Fortaleza
não rendeu só notícias ruins. Ele assinalou experiências positivas no presídio feminino, que conta com
estrutura moderna, onde as detentas trabalham e estudam.
Imprensa
As visitas da CPI aos presídios brasileiros têm sido acompanhadas pela imprensa. Entretanto, em Minas
Gerais, de acordo com o presidente da CPI, não foi permitido que veículos de comunicação fizessem
filmagens dentro de cadeias de Contagem e Ribeirão das Neves e da carceragem do 16º Distrito Policial
de Belo Horizonte. Ainda na capital mineira, a TV da assembléia foi impedida de gravar os depoimentos
dados à CPI somente após a reclamação de integrantes da comissão, o veículo conseguiu fazer imagens
dos debates na assembléia.
Integram a comitiva os deputados Neucimar Fraga (PR-ES), presidente da CPI; Luiz Carlos Busato (PTB-
RS), Cida Diogo (PT-RJ), Maria Do Carmo Lara (PT-MG), Felipe Bornier (PHS-RJ), Dr. Talmir (PV-SP),
Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), Jorginho Maluly (DEM-SP), Raul Jungmann (PPS-PE) e Pinto Itamaraty
(PSDB-MA).
Sistema Penitenciário do Maranhão será reorganizado
Analisaram a MP e deram parecer favorável os deputados Arnaldo Melo (PSDB), Edivaldo Holanda
(PTC), Carlos Alberto Milhomem (PFL), Víctor Mendes (PV), Joaquim Haickel (PMDB), Valdinar
Barros (PT), Marcelo Tavares (PSB) e Paulo Neto (PSB). Agora, a MP segue para apreciação em
plenário.
De acordo com a MP, O Sistema Penitenciário do Maranhão tem como finalidade a preservação da
integridade física e moral da pessoa presa, ou sujeita à medida de segurança, de vigilância e
custódia de presos, de promoção de medidas reintegradora sócio-educativas de condenados e a
conjugação da sua educação com o trabalho produtivo.
GRATIFICAÇÕES
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Maranhao 2ª vara da comarca de Viana será instalada nesta sexta-feira
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Maranhao Fundeb é tema da primeira teleconferência do Ministério Público do Maranhão
em 2007
Nas próximas semanas deverá ser consolidada uma parceria do governo do estado, por meio do
Departamento de Administração Penitenciária da Secretaria de Segurança Cidadã e a Secretaria de
Administração e Modernização, na implantação de mais uma grande ação que beneficiará as mulheres
internas do Sistema Penitenciário do Maranhão.
Trata-se da instalação do Albergue Feminino num prédio cedido pelo governo, que fica na rua da Estrela
– Centro Histórico de São Luis, que terá capacidade para abrigar cerca de 40 internas.
idéia é dar oportunidade a essas mulheres albergadas de terem uma qualificação profissional, por meio
do Projeto Liberdade pelo Trabalho, oferecendo cursos e oficinas de produção de artesanato, e daí a
importância de se instalar no Reviver, ponto de grande fluxo de turistas e comercialização de produtos
artesanais.
Amanhã, 14, um grupo da Sesec vai participar de uma reunião com a Secretaria de Administração, para
apresentar o projeto e discutir sobre os trâmites necessários para a consolidação do Albergue.
“Nossa intenção é dar uma ocupação a essas mulheres, já que todo o material produzido, não só pelo
Albergado Feminino, como também outras unidades, deverá ser comercializado dentro do Albergue. Para
isso, fizemos um estudo de acomodação no prédio, e iremos construir um espaço adaptado para a
realização dessas atividades, e onde os turistas poderão visitar e comprar esses artigos”, ressaltou
Sidonis Cruz, secretário adjunto de Administração Penitenciária da Sesec.
Uma das prioridades na gestão da Secretária Eurídice Vidigal, é a realidade hoje do Sistema Prisional do
Maranhão, que enfrenta uma superlotação nas suas unidades. A cúpula da Sesec temse reunido
constantemente para discutir propostas, que vão desde a ampliação e construção de novos presídios
regionais até a criação de novos programas sociais que possibilitem a efetiva ressocialização dos
internos, oferecendo- os a chance de aprender uma profissão para poderem ser inseridos no mercado de
trabalho após cumprir a pena.
“Uma novidade a ser aplicada na construção do Albergue Feminino é que todo o trabalho de reforma,
adaptação e construção do prédio estará sendo feito por internos do nosso sistema prisional, sob a
coordenação de uma equipe especializada. Então, desde o início já estaremos aproveitando a mão-de-
obra dessas pessoas, e com essa iniciativa, esperamos abrir portas para novas oportunidades”, declarou
Cecília Camargo, uma das coordenadoras do Projeto e futura diretora do Albergue Feminino.
“Essa ação vem reforçar a preocupação da Secretaria de Segurança Cidadã na criação de ações que
possam priorizar o trabalho feminino, abrindo frentes de trabalho capazes de gerar renda para as famílias
e, além disso, propor meios que promovam a auto-estima dessas mulheres albergadas”,
“Apesar de estarem presas e terem cometido delitos no passado, temos que procurar a reabilitação delas,
já que um dia, todas estarão de volta ao seio da sociedade e precisam estar preparadas para isso”,
finalizou Cecília.
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- Não quero garantir privilégios aos detentos, mas eles não podem ser tratados como
animais. Em algumas unidades prisionais no Estado não temos condições adequadas
para se tratar uma pessoa de forma digna. A pena tem dupla finalidade: o de punir e
de também ressocializar o cidadão ou a cidadã para que voltem ao convívio social -
argumentou.
Gervásio Santos comentou sobre a visita de cortesia, na tarde desta terça-feira (2)
da Secretária de Segurança Cidadã, Eurídice Vidigal. Disse o magistrado que a
Secretária assegurou que haverá uma unidade específica para fazer o transporte dos
detentos. A proposta será apresentada em reunião nesta quinta-feira (4) com a
participação dos juízes criminais.
Gervásio Santos elogiou o trabalho desenvolvido pelo juiz Jamil Aguiar da Silva
em frente Vara de Execuções Criminais e a portaria do juiz Jamil Aguiar da Silva.
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"Nossa intenção é investir na qualificação de todos os profissionais que atuam no Sistema Penitenciário
do Estado, uma vez que a maioria dos nossos servidores ainda utiliza métodos repressores no dia-a-dia
de trabalho. Com estes cursos vamos transformá-los em agentes ressocializadores, contribuindo para a
melhoria do funcionamento administrativo e operacional nas unidades prisionais", informou Cláudio
Araújo, coordenador de Convênios da Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária.
Ele acrescentou que a proposta é mudar a visão do servidor penitenciário de que ele não é um agente
repressor; e sim um agente ressocializador, que tem um papel fundamental na reeducação dos internos
que cumprem pena nas unidades, para que eles possam ser reinseridos na sociedade.
Simultaneamente aos cursos, devem acontecer as Oficinas Vivenciais em que os participantes poderão
interagir entre si, apresentando relatos e depoimentos de acordo com as especificidades dos assuntos
trabalhados nos grupos. As atividades incluem ainda Painéis com temas a serem debatidos dentro de
propostas apresentadas pelos alunos.
Ainda como uma das ações estabelecidas pelo Núcleo, está incluído o Programa
Saúde e Qualidade de Vida, que oferece assistência médica e social aos servidores, especialmente
àqueles que vivenciaram e/ou presenciaram algum episódio de crise nas Unidades Prisionais. O
acompanhamento é feito por profissionais especializados em atendimento a pessoas vítimas de motins e
rebeliões.
A implantação do Núcleo de Capacitação do Maranhão é fruto do Convênio nº. 008/2007 firmado entre o
Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Segurança Cidadã, com o Departamento Penitenciário
Nacional (Depen) do Ministério da Justiça.
Na verdade, esse acordo havia sido assinado em 2005, com a já extinta Secretaria de Justiça e
Cidadania, e nesses dois anos de parceria, só haviam sido capacitadas cinco turmas, num total de 70
servidores. Já em 2007, a Secretaria de Segurança Cidadã conseguiu, junto ao Depen, a prorrogação e
ampliação do Programa, que passará a ser desenvolvido alinhado à filosofia cidadã de segurança,
alcançando todo o quadro funcional do Sistema Penitenciário do Maranhão.
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Segurança Cidadã Sesec inaugura o Projeto Brigada Socorrista
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Segurança Cidadã Sesec acelera construção de novas unidades prisionais
Quando se fala em presos no Brasil, a imagem que nos vem à mente é a repetida à
exaustão nos jornais e emissoras de TV: celas superlotadas, tanto nas delegacias
como nos presídios, que devem abrigar os condenados após o julgamento pela
Justiça. Nelas misturam-se integrantes de quadrilhas de alta periculosidade com
infratores ocasionais. Os presos ficam anos nas celas das delegacias até que seja
realizado seu julgamento para, só então, serem encaminhados aos presídios.
Chegando lá, ainda ocorre que o condenado continue preso mesmo após o
cumprimento da pena, por falhas no acompanhamento da execução.
São graves violações aos direitos humanos, que merecem nossa repulsa e ações
concretas que superem esse quadro.
O diagnóstico que salta desse universo saturado é óbvio: não é possível, nesse
sistema, obter uma real recuperação dos condenados, que lhes viabilize a reinserção
na sociedade, com emprego e convivência social. A solução não pode se restringir a
“mais do mesmo” - a construção de dezenas de novos presídios, pois qualquer
projeto de recuperação só será eficaz se criarmos uma nova ambiência para os
condenados.
Sair desse caos exige, além de conhecer os números atuais e integrados do setor,
também buscar parcerias. Por isso, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen),
do Ministério da Justiça, decidiu ir além de avaliar os dados consolidados que
levanta anualmente – e que incluem, além do número de presos e presídios,
também em que tipo de estabelecimento eles cumprem pena, que tipo de pena e
quantos e quem são os servidores que operam o conjunto, entre agentes
penitenciários, médicos e advogados. O órgão inaugurou ano passado um novo
enfoque em seu diagnóstico: interagir com os governos locais e a sociedade civil em
busca de uma nova cultura de aplicação da lei penal no país.
É uma postura importante também para nós do Maranhão, onde, segundo os dados
de 2007 do Depen, temos uma população de mais de 5.500 presos nos 11
estabelecimentos do estado, mais de um terço deles presos provisórios e pouco
mais de 1% em regime aberto. Tal desproporção, mais do que reforçar a cena
padrão da superlotação nas cadeias, nos remete à necessidade premente dessa
atuação conjunta buscada pelo Depen.
Outra medida com grande potencial para reduzir a crise de nosso sistema
penitenciário é o monitoramento eletrônico de presos, cujo projeto de lei, do qual fui
relator, acaba de ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara dos Deputados. Ele pode reduzir a sobrecarga de nossos presídios, já que a
eficácia da pena privativa de liberdade é questionada por um segmento significativo
da Criminologia.
Durante reunião nesta terça-feira, 23, na presidência do Tribunal de Justiça, para discutir
mutirão carcerário, o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos apresentou o
programa “Liberdade e Dignidade”, projeto em uso desde maio de 2007 na Vara de
Execuções Criminais de São Luís e que concede aos presos de justiça liberdade
temporária especial.
Ele anunciou para 10 de outubro a próxima etapa do programa. Segundo ele, serão
beneficiados com a liberdade temporária, nessa data, de 120 a 130 presos. “Se não
houver reincidência, o tempo fora da prisão pode ser prorrogado várias vezes”, explicou
o juiz.
Mutirão carcerário
No Maranhão, segundo dados da CPI do sistema carcerário, há 5.258 presos para 1.716
vagas, apontando superlotação de mais de 100%. O objetivo do mutirão é revisar os
processos e conceder benefícios a esses presos, de forma a diminuir a superlotação e os
gastos públicos com essa demanda.
Após a seleção e verificação dos requisitos objetivos - e se o preso não houver cometido
falta grave - o processo passará pela análise de equipe técnica, da Defensoria Pública, do
Conselho Penitenciário, do Ministério Público e do juiz, que lavrará a decisão.
O fluxo é rápido, de forma a não deixar processos sem análise ou sem resposta. Se não
houver impedimento, o benefício é concedido de imediato. Todo o trabalho será feito na
unidade prisional e contará com a colaboração de servidores, defensores e voluntários.
Juliana Mendes
Tribunal de Justiça
secomtj@tj.ma.gov.br
2106-9023 / 9024
ver outras
Embora também haja críticas no que se refere à adoção de tais medidas, entendemos
que sua aplicação constitui-se num fator decisivo para a reforma de nosso sistema
penitenciário, em razão das inúmeras vantagens e da viabilidade de essas medidas serem
concretizadas desde logo, oferecendo o que o sistema prisional brasileiro mais necessita
urgentemente: soluções eficazes e que busquem resultados à curto prazo e que façam
com que a pena cumpra sua função ressocializadora.
2. PENAS ALTERNATIVAS: UMA MEDIDA DE POLÍTICA CRIMINAL
Como pode ser constatado ao longo deste trabalho, a falência da função ressocializadora
da pena privativa de liberdade é incontestável. A exclusão social do condenado e o
ambiente criminógeno da prisão fazem com que a pena cumpra somente sua função
retributiva, funcionando apenas como um castigo ao condenado e agravando ainda mais
o seu quadro social.
As penas alternativas surgem nesse contexto como uma medida de política criminal que
visa não apenas diminuir o contingente carcerário das prisões, mas também como uma
alternativa que possibilite uma maior efetivação do caráter educativo da pena, o que
acarretaria uma maior oportunidade de ressocialização do criminoso, tendo em vista o
fato de ele não ser retirado do seu convívio social e de não sofrer a influência do
ambiente criminógeno da prisão.
Haveria uma redução no quadro pessoal exigido para a administração carcerária, tendo
em vista que, em média, é necessário um funcionário para cuidar de três detentos, sendo
que para a fiscalização do cumprimento das penas alternativas um assistente social pode
ser responsável por até aproximadamente 50 prestadores desse tipo de pena.
A adoção de penas alternativas também tem seus opositores. Uma das críticas em
relação a este substitutivo penal baseia-se no argumento de que o Direito Penal pode vir
a perder a sua força intimidativa, o que aumentaria a sensação social de impunidade, a
qual já tem sido bastante sentida em nossa sociedade.
Também cogita-se que o Estado não teria condições de exercer um controle efetivo
quanto ao cumprimento dessas penas, e que a adoção dessa medida estaria visando
apenas o controle do crescimento da massa carcerária e uma conseqüentemente
diminuição da parcela de responsabilidade do Estado na administração prisional.
Está muito ligada a essas críticas a idéia de que a sociedade brasileira ainda não
assimilou a cultura da substituição da pena privativa de liberdade pelas penas
alternativas. Ainda está arraigada a idéia de que só a cadeia é sinônimo de punição, e de
que o criminoso tem de passar pelo sofrimento do cárcere a fim de que possa pagar pelo
mal por ele causado.
No entanto, é desconsiderado por essa sociedade o fato de que se a prisão servir apenas
como instrumento de castigo, sem sua finalidade ressocializadora, o preso que hoje lá se
encontra será o homem que amanhã estará de volta ao seu convívio e voltando a praticar
os mesmos crimes.
Infere-se do exposto acima que existem muito mais argumentos favoráveis que
contrários à implantação de medidas despenalizadoras em nosso sistema prisional. A
efetividade e a viabilidade da implantação dessas medidas ficaram sujeitas ao interesse
político de nossos legisladores em fazer as reformas legislativas necessárias a sua
implantação, e de nossos governantes em disponibilizar recursos para a criação de
órgãos que venham a acompanhar e fiscalizar o cumprimento dessas penas, o que se
constitui num fator fundamental para sua eficácia.
A nova Parte Geral do Código Penal trouxe como inovação a substituição da pena
privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, divididas em três naturezas:
1)Prestação de serviços à comunidade (artigo 46); 2)Interdição temporária de direitos
(artigo 47); 3)Limitação de fim de semana (artigo 48). Os requisitos exigidos (conforme
artigo 44) basicamente eram a condenação a pena privativa de liberdade não superior a
um ano ou condenação por crime culposo; não ser o réu reincidente, e atender às
circunstâncias judiciais do artigo 59 do CP.
Com o advento da Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099), a qual entrou
em vigor em 1995, os crimes e contravenções penais que tinham pena máxima
cominada em abstrato não superior a um ano eram tidos como infrações penais de
menor potencial ofensivo, sendo que aos seus autores foi instituído o benefício da
transação penal e da suspensão condicional do processo, medidas despenalizantes por
excelência.
4)Prestação inominada (artigo 45, parágrafo 2º) – havendo aceitação pelo condenado o
juiz poderia substituir a prestação pecuniária (conforme artigos 43 inciso I e 45
parágrafo 2º), que se cumprem com o pagamento do dinheiro à vítima em prestação de
outra natureza, por ele especificada em sentença.
Por causa da greve dos policiais civis a visita dos parentes foi interrompida na
Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, neste sábado (29). Na Central de Presos de
Justiça também houve confusão.
Tumulto em duas penitenciárias
no Maranhão
Em Pedrinhas, presos iniciaram uma rebelião e houve
confronto com policiais.
Na Central de Presos de Justiça, na mesma cidade,
também houve confusão.
Do G1, em São Paulo, com informações 29/09/07 - 17h30 - Atualizado em 29/09/07 - 17h3
As quatro unidades prisionais de Pedrinhas contam com apenas 27 agentes penitenciários para dar conta de
1.971 detentos, mais da metade dos 3.418 do estado. Somados os detidos nas delegacias do interior, o déficit
de vagas no Maranhão alcança algo em torno de 3.400 homens. A superlotação é o problema mais grave, mas a
ela se juntam constantes denúncias de torturas físicas e psicológicas, desvio de materiais e negligência no
acompanhamento jurídico. Nas celas, não é difícil encontrar homens que afirmam já ter cumprido sua pena há
meses e continuam ali por descaso estrutural.
No Brasil desde 2002, o padre italiano Luca Mainente é o responsável pela pastoral carcerária em São Luis. O
religioso entende que "o grande problema é o sistema funcionar na base da pessoa. As informações não são
partilhadas, ficam na mão de alguns diretores e coordenadores. O diálogo com a sociedade é abafado, não há
pesquisa científica. Eu entendo, é uma forma de mandar melhor".
Denuncia casos constantes de tortura, afirmando ouvir um número bem maior de relatos do que os que são
oficializados. Dá detalhes de espancamentos gratuitos, realizados apenas para intimidar os detentos. "A
desorganização generalizada do sistema facilita as arbitrariedades. A estrutura não cobra os desleixados e a
impunidade é uma realidade", conclui.
Hoje, não existe qualquer programa de atualização ou treinamento dos agentes penitenciários no Maranhão.
Seus salários vão de R$ 1.636 a R$ 1.841 e o dos inspetores não é muito maior. Martins afirma que os baixos
vencimentos e a ausência de plano de carreira, dois pontos de reivindicão dos grevistas, desestimulam o
trabalho. "Eu executo um serviço de qualidade, mas não ganho o suficiente para fazê-lo. Agora, pelo serviço
que realizam, muitos colegas não merecem nem isso", reconhece.
A opinião que vem de dentro das celas de um dos presídios da cidade é clara: os agentes penitenciários
daquela prisão não estão comprometidos com a ressocialização de ninguém. Ao contrário, têm claro para si
que se trabalham por algo é para impedir que os presos se recuperem. "Eles são frustrados por não serem
policiais, muitos se consideram militares, mas o trabalho deles é outro, deveriam ser educadores. Eles nos têm
como inimigos, se consideram os vingadores da sociedade e nos tratam de forma brutal", avalia um detento
em voz baixa.
O método utilizado para retirar um prisioneiro de uma cela para uma sessão de espancamento inclui o uso de
bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, enquanto, acima do teto feito de grades, outros agentes
mantêm todos sob a mira de armas. "Estamos num regime de leis, não? Se cometemos uma falta devemos ser
punidos de acordo com o regulamento, mas são castigos arbitrários que muitas vezes chegam ao óbito", afirma
um condenado por furto.
Um ex-detento explica que um dos piores castigos no sistema maranhense é um local conhecido como Noventa
Graus, onde as celas são todas de concreto nu e os presos ficam apenas de calção, tendo que dormir sobre
papelões sem qualquer cobertor no chão molhado. A média de castigo é de dez dias e se for descoberto que
alguém tem um lençol ele é confiscado e a permanência aumentada. Uma sessão de espancamento como
punição não está descartada.
A afirmação de que cada um deles custa R$ 1.200 por mês ao Estado do Maranhão arranca gargalhadas de toda
uma cela. "De que forma, meu patrão? Não tem lógica nisso aí, não temos assistência médica ou jurídica, o
serviço social nunca vem e a comida está sempre azeda. Remédio é pior, para ir ao médico nossa família tem
que ligar pro diretor, porque se falar com os agentes eles não levam, pode estar morrendo aqui", resume um
detento sentado na cama que conquistou por respeito.
Também criticam a atuação de movimentos sociais, religiosos e da imprensa dentro dos presídios. "Os direitos
humanos só funcionam enquanto eles estão aqui. Assim que saem a porrada come solta e quem denunciou já
sabe que vai sofrer", afirma um senhor de pele enrugada e olhos no chão. "Pastoral? Eles são bons de fazer
eventos, mas o que funciona aqui dentro como religião, como conforto espiritual, é o evangelho", diz um
detendo que conhece a Palavra, mas não é praticante. Repórteres são visto com bons olhos, mas um negro
com cabelos longos reconhece o bloco de anotações e indaga agressivo: "vai fazer o que com isso aí? Ganhar
seu pão em cima de gente e depois tchau e benção, não muda nada para a gente, não é?".
Dentro do presídio, sendo reconhecido como alguém que não é parente e está ali interessado na realidade
deles, é fácil ver os olhos brilhando daqueles que já estão com a pena cumprida. Se aproximam, pedem
intervenção, explicam em detalhes o caso, dão o nome e o local de nascimento. "Falar aqui não adianta. Se
não tiver alguém lá fora para atuar em nosso nome vamos ficar pra sempre perdidos no sistema. Minha
juventude se foi aqui dentro e todas as minhas palavras para fora ficam em nada, sem valor no ar", finaliza um
rapaz que não tem família.
Liberdade e dignidade
O juiz Jamil Aguiar é o único da Vara de Execuções Criminais (VEC) de São Luis. O órgão tem cerca de três mil
processos sob sua responsabilidade, número que funcionários reconhecem ser além de sua capacidade. Para
amenizar a situação do Judiciário no Maranhão, Aguiar lançou em 2007 o programa Liberdade e Dignidade que,
na prática, antecipa a liberdade de presos com bom comportamento. As exigências são que o detento tenha
passado pelo menos os últimos seis meses em regime semi-aberto e há pelo menos doze não tenha cometido
qualquer infração. Uma equipe da VEC analisa individualmente cada caso e, baseada em entrevistas pessoais,
busca separar bandidos profissionais de "ladrões de galinha", oferecendo a estes uma Saída Temporária
Especial Vinculada de 30 dias renováveis que, na prática, são renovados até o final da pena, caso o detento
tenha bom comportamento e participe das atividades do programa. Até agora, 96 homens já foram
beneficiados e apenas oito foram mandados de volta à prisão por infrações.
Outro lado
O secretário-adjunto de administração penitenciária do Maranhão, Sidonis Souza, considera ter recebido em
2007 uma estrutura que passou os quarenta anos anteriores ao governo Jackson Lago (PDT) sem uma política
de enfrentamento ao problema. "A situação era tão crítica quando assumimos que a polícia estava escolhendo
quais bandidos prender ou não, tão grave era a superlotação", afirma. Em abril deste ano foi inaugurado o
Centro de Detenção Provisória com 402 vagas, em frente ao complexo de Pedrinhas, na periferia de São Luis.
O CDP recebeu todos os presos das delegacias da capital e está hoje com 384 internos, liberando 250 policiais
civis no processo.
Souza também afirma que a expansão do presídio São Luis deve ser completada ainda este ano e que quatro
novas unidades devem ser entregues em 2009, somando cerca de mil novas vagas ao sistema. "Acredito que um
estado com recursos limitados que constrói cinco unidade prisionais quase ao mesmo tempo pode ser
considerado comprometido com a questão", avalia.
Defende a regionalização da execução penal, evitando assim a concentração de presos na capital, que hoje
abriga 60% dos presos do interior do Maranhão. Afirma que é primeiro necessário ampliar o número de vagas
para criar as condições necessárias à implantação de programas de ressocialização. Também aponta que estão
em andamentos projetos que prevêem a criação de uma escola penitenciaria para qualificar os agentes e de
um regimento único que padronize os procedimentos em todo o estado, ajudando a racionalizar o sistema.
Confrontado com acusações de desvio de materiais de higiene e remédios, faz uma ligação e ordena
investigação sobre o fato. Confirma o valor apresentado pelo Sindspem de que cada preso custaria R$ 1.200
por mês ao estado e reconhece que houve algum descompasso no levantamento interno que indicou que esse
valor seria gasto apenas com a alimentação do preso. Assim como a questão do desvio de materiais, garante
que vai investigar.
A SITUAÇÃO NO SISTEMA CARCERÁRIO DE IMPERATRIZ NA PERSPECTIVA
DA RESSOCIALIZAÇÃO DE SEUS PRESOS
Alcileia Anchieta Guimarães
∗
Ana Cristina Alencar Barros
Julyanne da Silva Cunha
Vanusa Fonseca de Lima
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe fornecer os subsídios necessários e estabelecer uma
discussão sobre a realidade vivenciada atualmente pelo sistema penitenciário brasileiro e
regional, partindo de uma visão panorâmica de sua história, desde o período colonial,
passando pelo império e período republicano. Regionalmente, procurar-se-á mostrar a
estrutura de funcionamento do sistema prisional no estado do Maranhão, drasticamente
representado pelo Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na capital, São Luis.
Localmente, a inexistência, ou insuficiência de publicações ou dados oficiais,
aliadas ao burocrático processo para acesso às informações sobre a CCPJ - Centro de
Custódia para Presos de Justiça, prejudicam quase que decisivamente a qualidade do trabalho
proposto, uma vez que limita ao extremo o conhecimento fático da situação carcerária.
Ainda assim, mesmo que a partir de poucos elementos, pretende-se entre outros
fatores mostrar que a realidade de Imperatriz, em muito se assemelha àquela que podemos
testemunhar, de forma até perplexa, sendo exposta nos meios de comunicação diuturnamente
e que traduz, de forma clarividente, o panorama complexo e extremamente desafiador da
realidade brasileira como um todo. Uma realidade que revela, a olhos nus, profundas
violações aos direitos mais fundamentais dos seres humanos e o total desrespeito à sua
dignidade.
Vivenciamos nesse contexto, inequivocamente, um dos momentos mais críticos
∗
Acadêmicas do 4º período do curso de Serviço Social da Unidade de Ensino Superior do Sul do
Maranhão.
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4
de nossa história, onde se irrompem as mais variadas crises. Reinam problemas que passa
pelo desemprego, miséria, corrupção generalizada desrespeito ao meio ambiente crime
organizado, violência, decadência das instituições de saúde, educação, entre outros.
Por outro lado, frente a todos esses problemas, que podemos designar como de
ordem moral, econômica, política e social, cresce assustadoramente a criminalidade,
agravando -se a cada dia a situação do sistema carcerário como um todo, marcado
principalmente pela incapacidade da classe política de promover ações efetivas referentes ao
assunto e pela violência em especial.
O sistema carcerário, que teria como objetivo principal recuperar e reeducar os
presos prepará-los para que retornem à sociedade, sadios e hábeis para o convívio social, ao
contrário do que se propõe, tem se mostrado insuficiente, inoperante e incapaz de recuperar os
presos e ainda cuidar para que estes fossem tratados no interior do presídio minimamente de
forma condizente com sua condição de pessoa humana, as quais são garantidos por lei, mas
que na prática não são vivenciadas.
Serão discutidos durante todo o trabalho questionamentos sobre a ressocialização
e ou recuperação para o preso, o que se pode fazer para mudar essa realidade que se verifica
hoje no sistema penitenciário.
Assim, a proposta final do trabalho é apresentar alternativas, na perspectiva de
melhorar as políticas carcerárias, a fim de que sejam efetivas e capazes de garantir o processo
de ressocialização dos detentos. Outro objetivo é chamar a atenção ainda para o que diz a LEP
(Lei de Execuções Penais) em relação aos presos e condenados, os quais têm o seu direito
assegurado pela referida Lei, todavia não são respeitados.
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5
2 A ORIGEM HISTÓRICA DO SISTEMA CARCERÁRIO NO BRASIL
2.1 A prisão no Brasil - os primeiros passos
Muito são os problemas carcerários no Brasil, e falar de assunto requer uma
análise mais aprofundada em vários aspectos, especialmente os artigos que tratam de
execuções penais.
Olhando a história, observa-se que a primeira menção à prisão no Brasil foi
registrada no Livro V das Ordenações Filipinas do Reino, Código de leis portuguesas que foi
implantado no Brasil durante o período Colonial. O Código decretava a Colônia como
presídio de degredados
.
A pena era aplicada aos alcoviteiros, culpados de ferimentos por arma
de fogo, duelo, entrada violenta ou tentativa de entrada em casa alheia, resistência a ordens
judiciais, falsificação de documentos, contrabando de pedras e metais preciosos.
A utilização do território colonial como local de cumprimento das penas se
estende até 1808. A instalação da primeira prisão brasileira é mencionada na Carta Régia de
1769 , que manda estabelecer uma Casa de Correção no Rio de Janeiro (MATTOS apud
PEDROSO, 2004).
A Constituição de 1824 estabelecia que as prisões deveriam ser seguras, limpas,
arejadas, havendo a separação dos réus conforme a natureza de seus crimes (Constituição do
Império do Brasil, Art. 179), mas as casas de recolhimento de presos do início do século XIX
mostravam condições deprimentes para o cumprimento da pena por parte do detento. Segundo
Rothman (apud PEDROSO 2004), A prisão, a partir de uma visão utópica, tinha como
principais metas:
modificar a índole dos detidos através da recuperação dos prisioneiros;
reduzir o crime, a pobreza e a insanidade social;
dirigir suas finalidades para a cura e prevenção do crime;
reforçar a segurança e a glória do Estado.
Apesar destes objetivos tão claros, os órgãos públicos pouco se interessavam pela
administração penitenciária, que ficava entregue ao bel-prazer dos carcereiros que, por sua
vez, instituíam penalidades aos indivíduos privados de liberdade. Assim, a implantação dessas
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casas foi mascarada por uma realidade brutal, possível de ser observada só pelas pessoas que
lá conviviam diariamente. Utopias carcerárias pensadas pelos juristas da época entravam em
colisão com os poderes presentes na realidade penitenciária.
No entanto, todo o arcabouço legislativo montado pela regulamentação das
prisões e pelo conjunto de leis, decretos e códigos não humanizou o sistema penitenciário;
muito pelo contrário, a quantidade de novos mandamentos sobre a conduta e direção das casas
de aprisionamento fez com que se perdesse a finalidade da origem da prisão, transformando a
instituição em um mero aparelho burocrático.
2.2 Período Republicano
O Código Penal de 1890 estabeleceu novas modalidades de penas: prisão celular,
banimento, reclusão, prisão com trabalho obrigatório, prisão disciplinar, interdição, suspensão
e perda do emprego público e multa. Para Moraes apud Pedroso, (2004)
,
a estrutura
penitenciária ideal a partir deste novo código passou a exigir os seguintes quesitos:
segurança dos detentos;
higiene apropriada ao recinto da prisão;
segurança por parte dos vigilantes e guardas;
execução do regime carcerário aplicado;
inspeções freqüentes às prisões.
A questão penitenciária tratava do ponto de vista ideal, mais do que nunca, das
funções que a pena deveria exercer na vida social. Toda essa boa vontade entrou em colisão
com as condições deprimentes dos presídios brasileiros, detectáveis através de estudos e
depoimentos de época.
Em meio às reformas carcerárias do período, o governo autorizou em 1893 a
fundação da Colônia Correcional da Fazenda Boa Vista, na Paraíba, considerado como local
ideal: uma fazenda. Esta colônia foi edificada sob uma antiga colônia militar e deveria receber
os indivíduos de qualquer sexo que estivessem vagando pela cidade, em ociosidade; ou os que
andassem armados, incutindo o terror.
No imaginário jurídico a prisão ou colônia correcional deveria causar temor, para
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que a sociedade se sentisse amedrontada frente ao poder policial ou judicial. A ocultação do
condenado nas prisões deveria introduzir no imaginário popular a sensação de que todos eram
potencialmente condenáveis e sujeitos ao suplício carcerário. Era a alma o alvo preferencial
da punição.
2.3 Modernidade e continuidade
No início do século XX a legitimidade social da prisão ganhou variações para um
melhor controle da população carcerária. Surgiram tipos modernos de prisões adequadas à
qualificação do preso segundo categoriais criminais: contraventores, menores, processados,
loucos e mulheres.
Esse novo mecanismo, por outro lado, tinha por objetivo reforçar a ordem pública,
protegendo a sociedade através de uma profilaxia apropriada: o isolamento em um espaço
específico.
Medidas paliativas também eram tomadas pela direção dos presídios, que viam na
punição e no castigo aos presos, formas de suprir as deficiências operacionais dos presídios
que, na prática, não ofereciam condições adequadas para a recuperação do delinqüente,
conforme o Relatório da casa de correção do Districto Federal, 1908.
A profilaxia se fazia, portanto, em dois estágios: primeiramente apelava-se para os
castigos que, no caso de insatisfatórios, conduziam ao isolamento. Medida de grande
relevância para o bem da disciplina, uma vez que a punição e o castigo são modalidades de
fácil aplicação no universo da detenção (BRITO apud PEDROSO, 2004).
No entanto, a criminalidade não era considerada como um problema insolúvel.
Poderia ser resolvido através da prevenção. Nesse sentido, foi decretada em 1924, durante o
governo Arthur Bernardes, a criação da Escola de Reforma do Direito Penal, destinada a
recolher os menores desprovidos de qualquer orientação de vida: menores reincidentes
considerados "rebeldes pelos próprios pais".
Esse universo de idéias acolherá a possível solução do problema penitenciário
brasileiro, que pleiteava a criação de reformatórios agrícolas visto que a maioria dos
delinqüentes provinha da região rural. A prisão rural como modalidade de profilaxia ao crime
não comportava nenhum tipo de inovação, visto que as colônias agrícolas e correcionais
destinadas aos menores e vadios já existiam.
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2.4 Colônia de Defesa Social
As medidas de profilaxia ao criminoso social ganharam por parte dos governos
dos anos 20, ações diretas e incursões constantes junto aos possíveis delinqüentes. O
constante estado de sítio em vigor naqueles tempos permitiu que a polícia praticasse ações de
caráter violenta. Uma reforma mais ampla rumo à regulamentação geral das prisões estava em
andamento desde 1930.
Tendo em vista uma organização mais aprimorada do sistema penitenciário, foi
aprovado em 1935 o Código Penitenciário da República que, em seus inúmeros artigos,
legislava em direção ao ordenamento de todas as circunstâncias que envolviam a vida do
indivíduo condenado pela justiça.
As penas detentivas propostas a partir de 1935 seguiam o mesmo pressuposto do
Código Penal de 1890: a regeneração do condenado. Conforme o Código Penitenciário da
República, 1935, foram acionados como modelos ideais de prisão o chamado Sistema de
Defesa da Sociedade composto dos seguintes tipos de prisão:
1. Colônias de Relegação: espécie de instituições para a repressão. Deveriam ser
localizadas em ilha ou local distante onde seriam alojados os detentos de
péssimos procedimentos provenientes dos reformatórios ou penitenciárias;
2. Casas de Detenção: nestas seriam alojados os processados que aguardavam
sentenças e os condenados que esperavam transferência ou vaga em algum
presídio;
3. Escolas de Educação Correcional: destinadas aos menores delinqüentes de
mais de 18 anos e menores de 21 anos e que deveriam proporcionar aos
reclusos algum tipo de trabalho;
4. Reformatórios para homens e mulheres delinqüentes: destinados aos reclusos
condenados a mais de 5 anos de prisão;
5. Casas de Correção: destinados aos delinqüentes reincidentes e aos
considerados difíceis ou irreformáveis, cujo convívio poderia ser prejudicial
aos demais reclusos;
6. Colônias para delinqüentes perigosos: destinados aos reincidentes que fossem
trabalhar na agricultura;
7. Sanatórios penais: para tuberculosos, leprosos e toxicômanos/alcoólatras.
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2.5 A cidade prisional
A busca de soluções trouxa à luz outros tantos projetos irrealizáveis, como por
exemplo, o da Cidade Penitenciária do Rio de Janeiro que, idealizada em 1937, propunha
formas contemporâneas de regeneração ao preso segundo o modelo de uma "prisão moderna".
Pretendia-se dar ao prisioneiro condições de uma vida mais saudável no interior do cárcere,
ou seja: assistência médica, dentista, esporte, educação, trabalho e distração. O projeto previa:
1. Escolas e Oficinas com base na regeneração;
2. Estádio para cultura física, construído no centro da cidade;
3. Hospital, biblioteca, capela e lavanderia;
4. Cinema para menores e cassino para os funcionários;
5. Horta, pomar, estábulos para vacas leiteiras;
6. Oficinas de encadernação, tipografia, impressão e máquinas.
Frente ao mega projeto da construção da Cidade Penitenciária do Rio de Janeiro, a
idéia da penitenciária modelo foi colocada em questão, porque o ambiente e a conduta que o
preso deveria seguir em estabelecimento deste tipo não condizia com a situação de sua vida
extra-muros (Torres apud Pedroso, 2004). Projetos mirabolantes como esse, terminaram
esquecidos frente à necessidade de vagas em vários presídios brasileiros.
2.6 Selo prisional
A situação constrangedora, que ia desde a depravação, falta de higiene, de
conforto e de ordem nos infectos e superlotados presídios onde se confundiam e se
misturavam menores de todas as idades e criminosos de todos os graus, era uma verdade.
Com o objetivo de minimizar esta somatória de problemas do cárcere foi proposta
a circulação de um selo penitenciário, aprovado pelo Presidente da República em julho de
1934. A criação do selo visava a solução desta agravante situação das prisões em todo o país,
especialmente, na capital da República, cuja situação era alarmante (criação de um Fundo
Penitenciário destinado à realização de Reformas Penais, 1934)
.
Segundo Cândido Mendes (presidente do Conselho Penitenciário, ligado ao
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Ministério da Justiça em Negócios Interiores) da época, defendia a criação de um selo
especial - o selo penitenciário - cuja arrecadação seria destinada à celebração das reformas
penais no Brasil. Para isso a verba arrecadada ficaria à disposição do ministro da justiça que a
aplicaria:
na construção, reformas e manutenção dos estabelecimentos penitenciários,
colônias de egressos e penitenciários;
no cadastro judiciário;
no auxílio aos patronatos e aos asilos destinados a filhos de condenados;
na Administração Geral Penitenciária;
na realização de outras providências convenientes à prevenção e à repressão
criminal.
O selo seria impresso pela Casa da Moeda e vendido pelo Tesouro Federal na
Capital e nos Estados.
2.7 Geopolítica das Prisões
A utilização de navios, colônias correcionais, prisões comuns ou ilhas para o
confinamento carcerário fizeram parte das estratégias em torno de uma geopolítica das
prisões, implantadas a partir da criação das colônias correcionais. O intuito era de afastar o
criminoso dos grandes centros urbanos, objetivando o saneamento da sociedade: mais uma
forma de profilaxia social.
Fundamental é frisar, no final deste texto, que a inoperância das instituições públicas
brasileiras funcionou em prol da mentalidade autoritária da época, e trabalhou na
criação de lugares excludentes do mundo civilizado; sempre tomando como base
modelos ideais e perfeitos de aprisionamento - as utopias penitenciárias -, sobre as
quais, os juristas, via de regra, acreditavam que proporcionando leis em favor desses
pressupostos, livrariam os bons homens dos perigos que circulavam visivelmente
pelas ruas das cidades; protegiam o Estado do perigo que o afrontava e, sobretudo,
levariam à regeneração social o futuro encarcerado. Mera utopia. Na atualidade
presenciamos os frutos colhidos dos delírios dessa classe jurídica-penitenciarista.
(PEDROSO, 2004, p. 25).
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3 O SISTEMA CARCERÁRIO NO ESTADO DO MARANHÃO - PEDRINHAS E
CCPJ IMPERATRIZ
3.1 Complexo Penitenciário de Pedrinhas
A realidade do maior sistema prisional maranhense, o Complexo Penitenciário de
Pedrinhas, substancialmente em nada se difere dos demais sistemas prisionais do país no que
tange aos problemas comprometedores de seu ideal funcionamento. São eles: a superlotação
carcerária, a péssima qualidade da alimentação, corpo administrativo limitado, ausência de
condições para desempenho de ofícios por parte dos presos, a burocracia na apreciação dos
pedidos de benefícios, carência de medicamentos e de profissionais da área da saúde, dentre
outros.
A realidade mostra que os grandes depósitos de humanos não recebem a
importância devida. As autoridades públicas lhes são indiferentes. No caso específico do
Complexo Penitenciário de Pedrinhas no que diz respeito aos reclusos idosos e portadores de
deficiência, constatou-se em uma pesquisa realizada por alunos da Universidade Federal do
Maranhão, realizada no ano de 2006, mostram que suas estruturas não apresentam qualquer
adaptação (pisos antiderrapantes, eliminação de barreiras arquitetônicas) com o fim de
facilitar o deslocamento desses dois segmentos sociais.
Nessa pesquisa, constatou-se ainda que na cela em que fica aglutinada a maior
parte dos reclusos idosos e portadores de deficiência (pavilhão oito), há cerca de trinta presos
que viviam em condições insalubres, dispondo de apenas um sanitário e um lavatório em
precárias condições de higiene. Como é pequena para tantos presos, estes dormem
amontoados e ocupam todos os espaços do chão. Ademais, evidenciou-se em outras celas do
Complexo Penitenciário de Pedrinhas que portadores de doenças contagiosas, como
hanseníase, tuberculose e AIDS, convivem juntos, numa verdadeira promiscuidade.
Verificou-se, entre outras coisas, a presença de pessoas com visíveis sinais de perturbação
mental. Infelizmente, esse é um pequeno retrato da realidade do sistema prisional em estudo.
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3.2 O sistema Carcerário de Imperatriz - visão histórica
Imperatriz conviveu durante muitos anos com uma estrutura carcerária precária
que não oferecia a mínima segurança. Composta por seis celas, a cadeia municipal localizava-
se na Rua Sousa Lima, no centro da cidade, na zona do baixo meretrício, setor comumente
conhecido pelo nome de Farra Velha.
A cadeia totalmente sem estrutura, só tinha celas para homens. Na época não era
permitido visitas íntimas, e a saúde por falta de assistência médica era precária. As condições
de permanência dos presos naquele distrito eram as piores possíveis, o local estava
contaminado por fezes de ratos, baratas, restos de alimentos podres, etc.
A administração da cadeia era constituída por um comandante da polícia militar,
cinco agentes civis, onde estes exerciam todas as funções ao mesmo tempo, ou seja, eram
motoristas, escrivães, condutores de presos e carcereiros. Nestas condições, as fugas eram
constantes.
Os problemas aumentavam mediante o crescimento da população e conseqüente
aumento da criminalidade, o que tornava inviável a manutenção do Distrito Policial devido à
sua frágil estrutura, que na época não estava estruturada para atender a demanda crescente de
criminosos.
Diante do quadro aviltante, o Ministério Público, através de uma vistoria
constatou-se a impossibilidade de abrigar tamanho contingente de presos visto as subumanas
condições a que eram submetidos os presos. Houve interdição. O então, secretário de
Segurança pública do Maranhão, Agostinho Noleto, aprovou um projeto de criação da Central
de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), localizado na Rua Dom Pedro II, Bairro Bacuri,
onde anteriormente funcionava um colégio.
A CCPJ, tinha inicialmente sete celas, cada uma com capacidade para abrigar
entre três a oito presos. Com o aumento da demanda a instituição foi reformada e esse número
foi ampliado para dezenove celas, o que continuou a ser um número insuficiente, pois assim
como continuou a crescer número de habitantes, também o de transgressores. Além disso,
durante todo esse tempo pouco se fez de efetivo para possibilitar a ressocialização dos presos
(SILVA, 2004, p. 21).
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3.3 A estrutura da CCPJ de Imperatriz.
Segundo informações concedidas pelo diretor A CCPJ, Mauro Veras a mesma
convive hoje com um problema sério que é o problema de infra-estrutura, a falta de espaço
físico suficiente para abrigar os presos de forma digna e o desenvolvimento de atividades que
permitam o processo de ressocialização destes. O número de detentos ultrapassa em muito a
capacidade ideal. Hoje existem 219 internos e 29 albergados, enquanto que o ideal seria de no
máximo 110 presos.
Estes se encontram em celas pequenas, mal cheirosas, iluminação precária, sem
um ambiente apropriado para fazer a higiene de suas roupas. As mesmas são lavadas no chão
do próprio banheiro que se encontra em condições inapropriadas até mesmo para a higiene
intima. Uma realidade que em muito se distancia daquela idealizada pela Lei de Execuções
Penais nº 7.210, de 11 julho de 1984, que estabelece no
Art. 13.em que diz que
o
estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas
necessidades pessoais.
Hoje a CCPJ ainda continua com dezenove celas, sendo duas especiais, uma
destinada a mulheres e outra para o preso de nível superior. Não existe uma cela especial
destinada a visitas íntimas. Elas acontecem no mesmo ambiente em que estão os demais
presos, o direito à privacidade é obtida apenas através do uso de cortinas. A superpopulação
da CCPJ é uma realidade lamentável e crítica.
A falta de recursos próprios é outro grande problema enfrentado pela
administração, que conta com setecentos reais mensais para resolver os problemas como falta
de material para escritório, manutenção e outros gastos imprevisíveis e imprescindíveis de
ordem burocrática.
3.4 CCPJ e a ressocialização de seus presos
A CCPJ na atual circunstância, não oferece as mínimas condições, necessárias à
ressocialização dos presos, embora haja por parte da administração local, voluntários,
entidades não governamentais e igrejas, esforços no sentido de possibilitar este intento.
Infelizmente ainda são insuficientes, pois se trata de medidas paliativas, mínimas diante da
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grandiosidade de ações que precisariam ser desenvolvidas. Existe hoje um trabalho
desenvolvido por uma equipe de voluntários que ensinam os presos a trabalharem com a
reciclagem de papel e ainda um projeto denominado Projeto Cristo Liberta, desenvolvido por
uma igreja local que realiza um trabalho de conscientização com as famílias dos presos.
Ações que indiscutivelmente são de fundamental importância para vida do preso, no entanto,
são tímidas e insuficientes mediante a real necessidade.
Não existe a implementação de nenhuma forma de trabalho profissionalizante,
tornando muito pequena as chances de uma reintegração desses indivíduos ao seio da
sociedade como sujeito útil e capaz de se auto-sustentar.
A escola de alfabetização que funcionava mesmo de forma precária está fechada
por falta de pagamento e por falta de uma estrutura suficiente e segura para o próprio
professor, que demonstra certo receio em ministrar para uma turma que pode se rebelar a
qualquer momento, devido às circunstâncias em que se encontram.
A CCPJ abriga hoje presos que em sua grande maioria, são constituídos por
homens com faixa etária predominantemente jovem, entre 25 e 29 anos, desempregados ou
com renda familiar inferior ou igual a um salário mínimo, baixa escolaridade, revelando uma
face da realidade social em que viviam antes de entrarem na prisão.
3.5 Principais problemas e desafios para o funcionamento ideal
3.5.1 Superlotação carcerária
A superlotação acarreta, inexoravelmente, situação desumana e degradante aos
custodiados, gera os mais preocupantes efeitos, como: promiscuidade, falta de higiene, falta
de comodidade, etc. As prisões superlotadas são extremamente perigosas: aumenta a tensão
elevando a violência entre os presos, tentativas de fugas e ataques aos guardas. Parcela
significativa das rebeliões e outras formas de protestos são resultado principalmente da
superlotação.
De acordo com Tavares: (2006, p, 45 [online]):
Apesar de a Constituição Federal prever no seu artigo 5º, inciso XLIX, do Capitulo
dos Direitos e Garantias Fundamentais, que “é assegurado aos presos o respeito à
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integridade física e moral”, o Estado continua fracassando nas prerrogativas
mínimas de custódia; não conseguindo nem mesmo garantir a vida dos apenados que
estão sob sua tutela e responsabilidade. À incapacidade do Estado soma-se a
incompetência do modelo prisional vigente para a recuperação de seus presos. O
resultado desta mistura é um local onde não existem as mínimas condições de
respeito aos direitos humanos. E sem respeito à pessoa humana, como garantia da
dignidade e da integridade física, o que se produz a cada dia são pessoas desprovidas
de humanidade.
A Lei N.º 7.210 de 11 julho de 1984 em seu artigo 40 que trata dos direitos e
garantias do cidadão preso, mostra:
Art.40. Impõem-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral
dos condenados e dos presos provisórios.
3.5.2 Ausência de condições para desempenho de oficio por parte dos presos
A Lei Nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, deixa claro:
Art.28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade
humana, terá finalidade educativa e produtiva;
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto
poderá remir pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena.
Art. 128. O tempo remido será computado para a concessão de livramento
condicional e indulto.
Segundo Magnabosco; (1998 [ online]):
O direito à educação e ao trabalho, que estão vinculados à formação e
desenvolvimento da personalidade do recluso. São os direitos sociais de grande
significação, o trabalho é considerado reeducativo e humanitário; colabora na
formação da personalidade do recluso, ao criar-lhe hábito de autodomínio e
disciplina social, e dá ao interno uma profissão a ser posta a serviço da comunidade
livre. Na participação das atividades do trabalho o preso se aperfeiçoa e prepara-se
para servir à comunidade. Porém, o nosso sistema penitenciário ainda mantém o
trabalho como remuneração mínima ou sem remuneração, o que retira do trabalho
sua função formativa ou pedagógica e o caracteriza como castigo ou trabalho
escravo.
O fato do detento permanecer em um cárcere privado sem ocupar o tempo em
uma atividade produtiva, tira toda expectativa de vida que ele por ventura possa ter. A
laborterapia seria uma excelente oportunidade para o preso desenvolver um trabalho e assim
sentir-se mais útil e ocupar sua mente de forma saudável.
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Os prisioneiros deveriam obrigatoriamente ter as horas preenchidas com alguma
atividade profissionalizante que o ajudasse a recuperar a auto-estima e fosse uma fonte de
renda para que tenha condição de enfrentar a vida fora da prisão.
3.5.3 Assistência jurídica burocrática e escassa
É essencial para a população carcerária, principalmente para aqueles que estão
com processo em andamento, o acompanhamento jurídico dispensado por um advogado ou
promotor público, visto que a maioria não dispõe de recursos para constituir advogado.
Nos precisos termos do artigo 15 da Lei de Execução Penal, a assistência jurídica
é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para pagar por essa
assistência.
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem
recursos financeiros para constituir advogado.
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica nos
estabelecimentos penais.
Os juristas revelam que a assistência jurídica é considerada entre as assistências
garantidas por lei, a mais importante. A falta de perspectiva dentro da prisão e a sensação de
indefinição da pena, morosidade dos processos, causam inquietação, intranqüilidade,
refletindo diretamente na disciplina do preso.
Não obstante todo o aparato legal posto em resguardo aos direitos do preso, não
raras vezes as execuções, correm praticamente à revelia da defesa, a atuação defensória, como
regra, é quase inexistente.
3.5.4 Carências de assistência médica
Como parte do seu objetivo na reabilitação e ressocialização, a LEP determina que
os presos tenham acesso a vários tipos de assistência, inclusive assistência médica. Na prática,
nenhum desses benefícios são oferecidos na extensão contemplada pela lei, sequer a
assistência médica - o mais básico e necessário dos serviços. Quando oferecida, em níveis
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mínimos para a maior parte dos presos.
Por outro lado, várias doenças infecto-contagiosas tais como tuberculose e Aids
atingem população carcerária. Ao negar o tratamento adequado dos presos, o sistema prisional
não apenas ameaça a vida dos mesmos como também facilita a transmissão dessas doenças à
população em geral através das visitas conjugais e o livramento dos presos. Como os presos
não estão completamente isolados do mundo exterior, uma contaminação não controlada entre
eles representa um grave risco à saúde pública.
Dentre os fatores que favorecem a alta incidência de problemas de saúde entre os
presos está o estresse de seu encarceramento, condições insalubres, celas superlotadoas com
presos em contato físico contínuo e o abuso físico.
3.5.5 Falta de higiene
A Lei de Execuções Penais em seus artigos 12 e 14 diz:
Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento
de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e
curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
Sabemos, contudo que na realidade isso não ocorre na íntegra. Os presidiários
vivem em condições de higiene muito precárias e deficientes, os banheiros de uso coletivo
encontram-se em péssimo estado de conservação, muitos deles não dispõem de roupas
suficiente para fazer troca periódica. Por conta das péssimas condições de higiene acabam por
contrair doenças como sarnas, tuberculose e etc.
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4 PERFIL SOCIAL DOS PRESOS
Os presos, em sua maioria são jovens oriundos das camadas sociais mais pobres,
negros e já marginalizados socialmente, filhos de famílias desestruturadas, que não tiveram e
não têm acesso à educação nem à formação profissional.
São, portanto, pessoas que estão numa situação já delicada e, se não encontrarem
as devidas condições necessárias nos presídios, jamais poderão voltar à sociedade como
cidadãos de bem.
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5 ALTERNATIVAS E SOLUÇÕES PROPOSTAS
É um grande desafio para qualquer um apresentar soluções que no mínimo
amenizem a dura realidade manifesta no sistema penitenciário. Sabemos que essa realidade
não mudará da noite para o dia, mas acreditamos ser possível ações mais humanistas que
possam permitir maior êxito, no processo de reabilitação do preso, visto que estes se
encontram privados de sua liberdade e não de suas vidas, por isso, merecem uma
oportunidade que lhes permitam uma real transformação de vida.
Cabe principalmente ao Estado a grande responsabilidade de implementar
medidas que assegurem a aplicação correta das leis penais voltadas para a ressocialização do
detento. Investir em construção de novos presídios, adequados à necessidade de vagas,
treinamentos de agentes e contratação de novos, maior controle para que seja evitada a
corrupção no interior dos presídios fazem-se necessárias e urgentes.
5.1 Ações governamentais no processo educativo
Ações que estão sendo desenvolvidas recentemente pela Secretaria de Estado da
Educação (Seduc) em parceria com a Secretaria de Segurança Cidadã (SESEC) que estão
promovendo curso de formação para professores , técnicos e agentes penitenciários que atuam
na Educação de Jovens e Adultos no sistema prisional, são exemplos de medidas positivas
que visam beneficiar e contribuir com o processo de ressocialização.
5.2 Penas alternativas
As penas alternativas são uma boa opção que apontam à consciência dos homens,
o conceito de sociedade solidária e não a estulta idéia de que a violência se combate com
violência. Destinadas aos criminosos não perigosos e às infrações de menor gravidade, visa
substituir as penas detentivas de curta duração.
Embora setores mais tradicionais ainda reajam à adoção das "novas" sanções,
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lembramos o que diz Kuehne (1994, p.31) "Não se pode impor soluções que destoam da
realidade, do que se quer evitar, ou seja, o contato nefasto de presos de pouca ou nenhuma
periculosidade, com os profissionais do crime”.
É evidente que as sanções alternativas, quando empregadas para prevenção e
repressão dos crimes de baixa gravidade, têm maior utilidade como meio de recuperação do
criminoso, na medida em que conserva o delinqüente no meio social, ao mesmo tempo em
que expiando seu erro, através da pena imposta, dá-lhe o valor de membro útil à comunidade
em que está inserido, como agente de transformação social.
As penas alternativas, de outra feita, não deixam no condenado, o estigma de ex-
presidiário, talvez o maior mal que o Estado possa causar à pessoa, pela marca indelével que
essa qualidade deixa, cerrando-lhe as oportunidades em todos os setores sociais.
Acreditamos que o tratamento penal do condenado deve restaurar-lhe a estima
social, recuperação psicosocial e reeducação profissional do sentenciado o não acontece na
prática com a punição de encarceramento, visto sua fragilidade como instrumento meramente
punitivo que não permite a recuperação do infrator, e tem servido apenas como um
instrumento de proteção às camadas sociais, através do castigo imposto pelo Estado. Daí a
necessidade de se aperfeiçoar os sistemas alternativos de penas, dentro da realidade penal
brasileira.
Vimos nas penas alternativas uma boa opção porque apontam à consciência dos
homens, o conceito de sociedade solidária e não a estulta idéia de que a violência se combate
com violência. Além do mais, vemos que a aplicação sistemática das penas alternativas
aliviará o problema da superprodução carcerária, reduzindo, ao mesmo tempo o número de
rebeliões nos presídios e penitenciárias.
As penas alternativas conforme a Lei 9.714/98 são:
Prestação pecuniária;
Perdas de bens e valores ao condenado em favor do Fundo Penitenciário
Nacional;
Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública;
Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mando eletivo;
Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação oficial, de licença ou autorização do poder público;
Suspensão de autorização para dirigir veículos;
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Proibição de freqüentar determinados lugares;
Limitação de fins de semana ou prisão descontínua;
Multa;
Prestação inanimada.
Os crimes sujeitos às penas alternativas são:
Pequenos furtos, apropriação indébita, estelionato, acidente de transito, desacato à
autoridade, uso de drogas, lesões corporais leves e outra infrações de menor gravidade.
5.3 APACs
Modelos de penitenciárias que, com seus modos inovadores, recuperam e ao
mesmo tempo ressocializam o detento, como ocorre com os presídios administrados pela
Associação de proteção e Assistência ao Condenado – Apac – onde os presos são tratados de
forma diferente, como se fossem pessoas detentoras de direitos e deveres assim como
qualquer outra, o que não ocorrem nos demais presídios brasileiros, onde às vezes são
forçados a esquecerem que são seres humanos.
Nos presídios sob administração da Apac não existem policiais civis nem
militares, os internos têm as chaves de todas as portas e portões da unidade – inclusive entrada
e saída. No interior da unidade há lanchonete e sorveterias, o dinheiro não é proibido, o uso de
roupas normais é permitido. Todas essas mudanças implicam na porcentagem de reincidência:
4,5% (por cento), contra 85% (por cento) de instituições tradicionais.
São doze os elementos fundamentais do método Apac, os quais aplicados em um
conjunto harmonioso encontram respostas positivas para os problemas existentes na maioria
dos presídios brasileiros, os quais são:
1. Participação da comunidade - reúne forças da comunidade em prol do ideal de
ressocialização do preso qualificado pelo método como recuperando;
2. Recuperando ajudando recuperando - consiste na necessidade do preso ajudar
o outro preso, para que o respeito se estabeleça;
3. Trabalho - A Apac se preocupa com a prática de trabalhos laborterápicos e
outros serviços voltados para ajudar o preso a se reabilitar;
4. Religião - A importância da religião, sem imposição de credos, desde que
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pautada na ética, levando a transformação moral do recuperando;
5. Assistência Jurídica - O recuperando está sempre preocupado em saber sobre o
andamento de seu processo , portanto a assistência jurídica importante, além
de ser uma garantia da Lei;
6. Assistência à Saúde - São oferecidas as assistências psicológicas,
odontológicas e outras de modo humano e eficiente, por de trabalho
voluntário;
7. Valorização Humana - busca recuperar a auto-imagem da pessoa que errou,
tendo a educação, melhoria das condições físicas do presídio, alimentação de
qualidade entre outros, como aspecto importante para fazer com que os
recuperando sintam-se valorizados;
8. A família - Considerada aspecto importante, mostrando-se como um dos
pilares da recuperação do condenado. A família se envolve e participa da
metodologia;
9. Voluntário e sua formação - O trabalho é baseado na gratuidade, no serviço ao
próximo como demonstração de amor e carinho para com o recuperando;
10. Centros de Reintegração Social (CRS) - Constituído por três pavilhões
destinados ao regime fechado, semi-aberto, não frustrando assim, a execução
da pena;
11. Mérito - A vida do recuperando é minuciosamente observada, no sentido de
apurar o mérito e a conseqüente progressão nos regimes;
12. A jornada de Libertação com Cristo - Constitui-se um ponto alto da
metodologia .É um encontro anual estruturado em palestras - misto de
valorização humana e religião, através de meditações e testemunhos dos
participantes, cujo o objetivo é provocar reflexão e interiorização de valores.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos a História do Sistema Penitenciário brasileiro foi marcada por
episódios que revelam e apontam para o descaso com relação às políticas públicas na área
penal, também para a edificação de modelos que se tornaram inviável quando de sua
aplicação. O que ficou comprovado ao longo do tempo é que somente com a punição do
encarceramento, não há recuperação do infrator, pois elas simplesmente privam o infrator de
sua liberdade e não permitem o processo de ressocialização e reeducação.
O que se constata de fato no interior dos presídios são situações degradantes de
vida em que os presos são colocados em locais insalubres, mal cheirosos, em celas
superlotadas - ambiente propício para a violência sexual, a promiscuidade e transmissão de
doenças como a AIDS e doenças venérias, sem atendimento médico, psíquico e social
adequado para sua condições, e o que é pior, pessoas em completo estado de ócio.
Diante dessa realidade, pode-se perguntar: como pode ser possível querer que haja
a recuperação de um preso que vive o cotidiano de humilhações, descaso, em um ambiente
hostil, amontoados indignamente? Essa condição de vida além de uma ofensa aos direitos
humanos, fere drasticamente todos os princípios estabelecidos pela Constituição de
valorização da pessoa humana quer seja ela um cidadão em estado de liberdade ou em
condição de privação desta.
Para responder a tais questionamentos não precisaríamos ser nenhum cientista
social, filósofo ou ter qualquer outra especialidade, pois fica evidente que as penas nos
moldes que estão sendo aplicadas , no atual sistema prisional, longe está de ser
ressocializadora. Assim, podemos conceber como uma utopia essa possibilidade, visto que na
condição de seres humanos que são, dotados de sentimentos, memória, sensíveis ao mínimo
de estímulos, sejam eles positivos ou negativos, os presos reagirão, conforme a aplicação do
tratamento, ou seja, respondendo segundo o princípios com que são tratados.
Também fica evidenciada que no sistema penitenciário, a fatídica impossibilidade
de cumprir com a missão de recuperação e reinserção dos condenados mediante o modelo
vigente, que resolve apenas uma ínfima proporção da criminalidade, uma vez que aquilo que é
previsto pela legislação não tem sido cumprido de maneira efetiva. Na realidade, não falta
Legislação para o sistema penitenciário, há, contudo necessidade de evolução da prática.
É estupidez imaginar que homens amontoados como animais enjaulados em
pequenos espaços, tendo sua auto-estima diminuída, podem um dia voltar à sociedade
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recuperados de seus erros.
Enfim, urge a necessidade de implementação de programas de ressocialização
reforçados, com ênfase no oferecimento de trabalho e ensino aos presos, atenção às famílias
dos apenados e apoio às iniciativas de acompanhamento aos egressos do sistema.
Somente valorizando o preso como pessoa humana, dignificando-o mesmo dentro
da prisão, é o caminho para que ele se recupere de suas condutas delituosas. Isso ficou
provado com o modelo APAC. Apenas dessa forma a sociedade poderá ver seus presos
recuperados e as taxas de reincidência reduzidas, realidade que é tanto sonhada por todos.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. LEP Lei de Execuções Penais. Lei N.º 7.210 de 11 julho de 1984.
_______________. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Projetos Novos Rumos
na Execução Penal. Belo Horizonte, 2006.
KUEHNE, Maurício. Doutrina e Prática da Execução Penal. Juruá, Curitiba, 1994.
MAGNABOSCO, Danielle. Sistema penitenciário brasileiro: aspectos sociológicos . Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 27, dez. 1998. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1010>. Acesso em: 17 maio 2007.
PEDROSO, Regina Célia. Utopias penitenciárias. Projetos jurídicos e realidade carcerária
no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 333, 5 jun. 2004. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5300>. Acesso em 23 mar. 2007.
SILVA, Gilson Gomes da. Sistema carcerário de Imperatriz. Monografia Habilitação em
Direito da Universidade Federal do Maranhão “CAMPUS II”. Imperatriz, 2004.
TAVARES, Celma. Sobre o sistema penitenciário. Disponível em:
http://www.torturanuncamais.org.br/mtmn pub/pub artigos/pub art celma10.htm. Acesso em:
10/05/2007.
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Elaborado em 11.1996.
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Para discorrer sobre o tema supracitado, mister se faz uma análise, ainda que
perfunctória, de uma relevante doutrina jurídica, bem como a exegese de uma
pletora de disposições estabelecidas nos textos frios e objetivos de alguns artigos
do Código Penal. De fato, a crítica ao crepúsculo do sistema penitenciário hodierno
constitui tema de indubitável interesse da comunidade jurídica brasileira, tendo
tomado, nos últimos decênios, maiores proporções em decorrência do
agravamento das condições sócio-econômicas por que tem passado este país de
dimensões continentais.
As razões de natureza política parecem sempre formar uma conexão direta com o
rendimento de quase todas as instituições e organizações brasileiras e, para o
infortúnio pátrio, relacionam-se, amiúde, com a queda da eficácia dessas
instituições. Tal regra geral atua, também, no que se refere ao sistema
penitenciário. O “princípio” político vigente é , na verdade, semelhante ao abordado
por Thomas Hobbes em seu livro “Leviatã”: homo homini lupus— o homem é o
lobo do homem. A preocupação com a situação populacional é duvidosa, quanto
mais no que alude aos dissidentes da ordem estatal. Locupletam-se, desta
maneira, muitos governantes do erário público, que deveria ser direcionado para a
reforma dos cárceres ou para as provisões destes. É a típica política nacional que,
durante anos, vem deixando sua mácula indelével na história do Brasil.
As razões de ordem jurídica, por sua vez, estão vinculadas, muitas vezes, aos
condutores principais da Justiça. No Brasil, conforme estatuído no art. 5º, XLVI da
Constituição, a lei regula, dentre outras, as seguintes penas: privação de liberdade,
perda de bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de
direitos. Não obstante isso, a reiterada execução das penas privativas de liberdade
ultrapassam, em muito, a das demais. Verifica-se então, que se está colidindo,
diretamente com o colocado por Ibrahim Abi-Ackel, na Exposição de Motivos da
nova Parte Geral do Código Penal (Lei nº 7209, de 11-07-1984), quando diz: “uma
política criminal orientada no sentido de proteger a sociedade terá de restringir a
pena privativa da liberdade aos casos de reconhecida necessidade, como meio
eficaz de impedir a ação criminógena cada vez maior do cárcere”. Não se deve,
desse modo, esquecer que a sanção não se resume, conforme divulga Hans
Kelsen, a simples conseqüência do ilícito. Visa ela à correção da personalidade
humana. Deve-se, portanto, sempre que possível, aplicar o princípio maior da
Escola Correcionalista, o qual, com diafanidade, expôs Concépcion Arenal em sua
máxima: “não há criminosos incorrigíveis e, sim, incorrigidos”. Verdade é que esta
afirmação vem carregada de uma exacerbada e irreal esperança, porém não deixa
de ser um alerta aos executores da lei. Não podem os juízes aceitar a tendência à
ociosidade, naturalmente imposta ao espírito humano. Ao revés, devem sempre
investigar os fatos, observá-los e analisá-los, a fim de aplicarem as penas mais
justas para o restabelecimento da capacidade social dos delinqüentes. Devem
difundir o uso maior das penas de prestação social, pois estas dignificam o espírito
do homem. E, aqui, vale parafrasear Charles Chaplin, em “O Último Discurso”:
“Juízes, não sois máquinas! Homens é o que sois!”. E, como homens, não podem
desprezar a responsabilidade que recai sobre seus ombros, para trazerem de
volta, por meio de justas sanções, a harmonia interior da maior quantidade
possível de delinqüentes. Afinal, de que adianta lançar um inexperiente criminoso
na verdadeira e mais reconhecida Universidade do crime, que é o cárcere?