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O Conhecimento como ato de iluminação divina em Santo Agostinho

(354-430)*

Santo Agostinho representa uma tentativa de discussão dos fundamentos da religião cristã
com base na Filosofia Platônica. Pode-se notar nele inspirações platônicas, por exemplo, na
teoria platônica do conhecimento.
Vamos às fontes. Em "De Magistro", Agostinho pensa que existe uma luz interior que é a
verdadeira fonte da verdade, e os objetos sensíveis, bem como as palavras, são ocasiões
para que se manifeste tal iluminação. Isso significa que a verdade, enquanto forma de
perfeição, deriva da própria PERFEIÇÃO DE DEUS – embora possa se manifestar pela via
das coisas imperfeitas.

Nos capítulos XI e XII dessa obra, aqui referida, afirma que não aprendemos pelas palavras
que repercutem exteriormente, mas pela verdade que ensina interiormente (XI). Cristo é a
verdade que ensina interiormente (XII). Lendo e interpretando Platão, Agostinho suscitou
vários problemas de cunho filosófico, entre outros: o que a fé cristã diz do tempo histórico?
Teologia ou Filosofia da História? Qual a relação entre fé e política? Entre fé e poder?

Para tratar deste confronto entre fé e história, entre fé e poder político, Santo Agostinho
escreveu sua obra clássica, de maior influência "De Civitas DEI",("A cidade de Deus"). É
uma interpretação do mundo à luz da fé cristã. Trata-se da primeira Teologia e Filosofia da
História. Para ele, a história humana é a história da salvação dos homens. O fenômeno
histórico do Cristianismo dispõe certamente de instituições e ritos, é ordem e repressão, tem
império e poder, mas tudo isto a serviço da economia da salvação.

Alguns destaques para discussão, em Santo Agostinho:

"Acontece por isso que, não obstante a enorme variedade dos povos, espalhados por toda
terra, com religiões e costumes tão diversos, diferentes pela multiplicidade das línguas, das
armas e dos vestidos, apenas existem duas espécies de sociedades humanas, ou para lhes
chamar como na Sagrada Escritura, duas cidades. Uma é constituída pelos homens que
querem viver segundo a carne, a outra pelos que querem viver segundo o espírito, cada uma
delas na sua paz própria, paz que conseguem quando obtêm aquilo que desejam”.

Santo Agostinho, Confissões, XII

"No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem
fala, a qual soa por fora, mas a verdade que dentro de nós preside à própria mente, incitados
talvez pelas palavras a consultá-la."

Santo Agostinho, Confissões, XI


" Vemos o homem, criado a Vossa imagem e semelhança, constituído em dignidade acima
de todos os viventes irracionais, por causa de vossa mesma imagem e semelhança, isto é,
por virtude da razão e da inteligência"

Santo Agostinho, Confissões, XIII

"(...) coisas que percebemos pela mente, isto é, através do intelecto e da razão, estamos
falando ainda em coisas que vemos como presentes naquela luz interior de verdade, pela
qual é iluminado e de que frui o homem interior (...)."

Santo Agostinho, De Magistro, XII

Bibliografia
SANTO Agostinho. "De Magistro". In: Santo Agostinho, São Paulo: Abril Cultural, 1973,
Coleção Os Pensadores.

______________. Confissões. In: Santo Agostinho, São Paulo: Abril Cultural, 1973,
Coleção Os Pensadores.

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