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Título: A Carta do Pistoleiro Mainha à Sociedade

Autor: Guaipuan Vieira


Categoria: Literatura de Cordel - 29 estrofes – 8 páginas
Idioma: Português
Instituição: Centro Cultural dos Cordelistas - Cecordel
1ª Edição: 1998 2ª Edição: 1998 /3ª edição:1999
Gravação:
Estilo: Carta

A CARTA DO PISTOLEIRO MAINHA


À SOCIEDADE
-"As duas grandes famílias
Autor: Guaipuan Vieira Com muito orgulho pertenço
Aos Maias pelo meu pai
Eu escrevi um folheto Que sempre teve bom senso
De grande repercussão Da mamãe herdei Diógenes
A respeito de Mainha Que tem um padrão imenso.
E sobre a sua prisão
Cujo folheto atingiu Muitos pensam que eu sou
A sua quinta edição. Um terrível pistoleiro
Um sujeito endiabrado
Perverso e arruaceiro
Por causa disso Mainha Pensam que eu sou também
Me mandou uma mensagem Um filho de cangaceiro.
E nela naturalmente
Salvaguarda sua imagem A mente do nosso povo
Dizendo que não é rico Muitas vezes é enganada
A custa de pistolagem. Com especialidade
Quando é mal informada
Eu recebi a mensagem E a vítima com as notícias
Enviada por Mainha É a mais prejudicada.
E garanto aos meus leitores
Que não é invenção minha Eu nunca fui pistoleiro
Porque eu sou um poeta A todos posso provar
Que nunca fugiu da linha. Se matei foi por vingança
Assunto particular
Pistoleiro que eu saiba
O recado que transcrevo É pago para matar.
Só mudei mesmo o estilo
Pois eu transformei em versos
Sem guardar nenhum sigilo Se eu fosse perigoso
Transcrevo o que me foi dito Não teria sido preso
Portanto eu fico tranquilo. Pois cabra desta maneira
Tem o olhar bem aceso
Ao tomar conhecimento Tem ouvidos de tiú
Do que andei escrevendo Ninguém o pega indefeso.
O detento com razão
Escreveu se defendendo
Me enviando a mensagem
Que assim começo dizendo:
O bandido perigoso Esta é a tal razão
de tudo está informado De a polícia vir dizer
Pra isto paga coiteiro Que eu era um foragido
Anda muito bem armado Por muitos crimes dever
Nunca é preso sempre é morto Coisa que não é verdade
Dentro dum fogo cruzado. Todos vocês podem crer.

O crime que pratiquei


Na noite em qu'eu fui preso Já está esclarecido
Pelo senhor delegado Se matei foi por vingança
Não reagi à prisão Não estou arrependido
Nem também estava armado Só dei fim no assassino
E é a pura verdade Que matou meu "pai"querido.
Conforme foi constatado.
Pois Chiquinho para mim
Mesmo assim a própria imprensa
Que na minha casa andou Era um verdadeiro pai
Pesquisando a minha vida Hoje quando penso nele
de tudo se inteirou Meu coração se contrai
Porém me deram uma fama E o seu assassinato
Que só me prejudicou. Da cabeça não me sai.
O bandido foragido
Muda a sua identidade Então digo pros senhores:
Abandona a sua terra Cada uma traz uma sina
Parte pra outra cidade Uma que dá alegria
Mesmo assim vive escondido E outra que se arruína
Garantindo a liberdade. Tudo depende da sorte
É ela quem determina.
Com então sou foragido
Se tenho a minha morada
Nela vivo com meus filhos Mesmo um homem sendo bom
E minha mulher amada Muitas vezes é vitimado
Que vive sempre com medo Pra expiar seus pecados
De eu morrer numa cilada. Carrega um fardo pesado
É um bode expiatório
Eu vivo a minha vida Ou um desafortunado.
De vaqueiro e agricultor
Derrubando o gado bravo
No sertão abrasador Pra carregar este fardo
Na fazenda de Diógenes O destino me escolheu
O meu "pai" meu protetor. Como prova uma campanha
Que um grupo promoveu
Pois seu Chiquinho Diógenes Me jogou contra o povo
Gostava de viajar E só fui eu quem perdeu.
Para ver Exposições
Do gado bem exemplar
E quando comprava alguns Eu perdi pelo seguinte:
Eu sempre ia buscar. Hoje tenho uma má fama
Ninguém acredita em mim
Todo mundo me difama
E querem me afogar
Num oceano de lama.
Já falei aqui do crime Sou um bode expiatório
Que pratiquei por vingança Por um grupo fabricado
Por ele estou amargando
Numa cela em segurança Que talvez este é quem seja
Esperando a liberdade O bandido procurado
Porque tenho confiança. Que sempre vive julgando
E nunca quer ser julgado.
Quero voltar ao convívio
Da minha santa morada -Termino assim a mensagem
Para rever os meus filhos Enviada por Mainha
E minha mulher amada
Que certamente está triste Repito o que disse antes:
E chorando inconformada. Que não é invenção minha
Todos sabem que eu sou
Pistoleiro perigoso Um cordelista de linha.
É o chefe da Nação
Que mata de fome e à bala Fim
Parte da população
Ele é quem devia estar
Sofrendo numa prisão.

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