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Comunicado 269

Técnico ISSN 0103-9458


Fevereiro, 2003
Porto Velho, RO

Resposta de Pennisetum purpureum cv. Cameroon à


Níveis de Potássio
1
Newton de Lucena Costa
2
Valdinei Tadeu Paulino
3
João Avelar Magalhães
4
Claudio Ramalho Townsend
1
José Ribamar da Cruz Oliveira

Introdução Material e Métodos

Os solos de Rondônia apresentam, originalmente, O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação,


teores médios ou altos de potássio trocável, sendo utilizando-se um Latossolo Amarelo, textura
raras as respostas de gramíneas forrageiras à argilosa, o qual apresentava as seguintes
adubação potássica. No entanto, face ao uso de características químicas: pH = 4,9; Al = 1,1
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práticas de manejo inadequadas (elevadas cargas cmol/dm ; Ca + Mg = 1,9 cmol/dm ; P = 2 mg/kg e
animais, sistema de pastejo contínuo e ausência de K = 79 mg/kg. O solo foi coletado na camada
fertilizações de estabelecimento e/ou manutenção), arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em
as quais afetam consideravelmente a eficiência dos peneira com malha de 6 mm e posto para secar ao
processos de reciclagem de nutrientes, nos últimos ar.
anos, o aparecimento de deficiências de potássio nas
pastagens cultivadas tem sido bastante freqüente. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados com quatro repetições. os
Ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados tratamentos consistiram de cinco doses de
na região amazônica, demonstraram que o potássio, potássio (0, 15, 30, 45 e 60 mg/kg de solo),
depois do fósforo, foi o nutriente mais limitante ao aplicadas sob a forma de cloreto de potássio,
crescimento de Paspalum atratum cv. Pojuca e quando do plantio e uniformemente misturadas
Panicum maximum cv. Centenário e Pennisetum com o solo. A adubação de estabelecimento
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purpureum cv. Cameroon, reduzindo constou da aplicação de 22 mg/dm de P, sob a
significativamente seus rendimentos de forragem, forma de superfosfato triplo. Cada unidade
perfilhamento, teores de proteína bruta e potássio experimental constou de um vaso com capacidade
3
(Costa & Paulino, 2001; Costa et al., 1999, 2003; para 3,0 dm de solo seco. Dez dias após a
Teixeira Neto et al., 1991). Em pastagens de emergência das plantas executou-se o desbaste,
Brachiaria brizantha cv. Marandu, estabelecidas em deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico
um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com baixa foi realizado diariamente através da pesagem dos
disponibilidade de potássio (51 mg/kg), Costa (1996), vasos, mantendo-se o solo em 80% de sua
com a aplicação de 40 kg de K2O/ha, obtiveram capacidade de campo.
incrementos de 65; 38 e 81%, respectivamente para
os rendimentos de forragem e quantidades Durante o período experimental foram realizados
acumuladas de potássio e nitrogênio. Já, Teixeira três cortes a intervalos de 45 dias e a 15 cm acima
Neto et al. (1991) verificaram que o potássio foi o do solo. Os parâmetros avaliados foram
nutriente mais limitante à persistência de leguminosas rendimento de matéria seca (MS), teores de
em pastagens de Brachiaria humidicola. proteína bruta (PB), fósforo, potássio, cálcio e
magnésio. Foram ajustadas as equações de
Neste trabalho avaliou-se os efeitos da fertilização regressão para rendimento de MS (variável
potássica sobre a produção de forragem e dependente) e teor de potássio (variável
composição química de P. purpureum cv. Cameroon. independente) (equação 1) e para o teor de

1
Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 341, CEP 64200-000, Parnaíba, Piauí
4
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia
2 Resposta de Pennisetum purpureum cv. Cameroon à níveis de potássio

potássio como variável dependente dos níveis de de PB e fósforo;


potássio aplicados (equação 2). Através da equação
1 calculou-se a dose de potássio aplicada relativa a 2. A dose de máxima eficiência técnica foi
3
90% do rendimento máximo de MS, sendo este valor estimada em 51,7 mg de K/dm e o nível crítico
substituído na equação 2 para determinação do nível interno de potássio relacionado com 90% do
crítico interno de potássio. rendimento máximo de MS em 1,93%;

Resultados e Discussão 3. A eficiência de utilização de potássio foi


diretamente proporcional às doses aplicadas,
A adubação potássica afetou significativamente (P < enquanto que os teores de cálcio e magnésio não
0,05) os rendimentos de MS da gramínea, sendo os foram afetados pelos níveis de potássio utilizados.
maiores valores obtidos com a aplicação de 60 (5,73
3
g/vaso) e 45 mg/dm de K (5,34 g/vaso). No entanto, Referências Bibliográficas
3
a aplicação de 15 mg/dm de K já proporcionou um
incremento de 51,7% em relação à testemunha COSTA, N. de L. Programa de pesquisa com
(Tabela 1). Os rendimentos de forragem ajustaram- pastagens em Rondônia. Porto Velho: Embrapa
se ao modelo quadrático de regressão (y = 14,22 + Rondônia, 1996. 24p. (Embrapa Rondônia.
2 2
0,1108 x - 0,001071 x ; R = 0,94). A dose de Documentos, 32).
máxima eficiência técnica foi estimada em 51,7
3
mg/dm de K, a qual foi inferior às relatadas por COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; PEREIRA,
Gutteridge (1978) para Brachiaria mutica (87 R.G. de A.; MAGALHÃES, J.A.; SILVA NETTO,
3
mg/dm ) e Costa (1996) para B. brizantha cv. F.G. da; TAVARES, A.C. Tecnologias para a
3
Marandu (57,6 mg/dm ). A eficiência de utilização de produção animal em Rondônia – 1975/2001.
potássio foi diretamente proporcional às doses Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2003. 26p.
aplicadas (Tabela 1). Resultados semelhantes foram (Documentos, 70).
obtidos por Costa et al. (2003) para P. maximum cv.
Centenário. COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES,
A.N.A.; TOWNSEND, C.R. Nutrientes limitantes ao
Os teores de cálcio e magnésio não foram crescimento de Paspalum atratum. Pasturas
influenciados (P > 0,05) pela adubação potássica Tropicales, Cali, v.20, n.2, p.46-48, 1998.
(Tabela 1); contudo, considerando-se que não houve
diluições com o aumento dos rendimentos de MS, COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; TOWNSEND,
observa-se um efeito positivo da adubação potássica C.R. Limitações nutricionais ao crescimento de
na manutenção dos teores destes nutrientes. Os Panicum maximum cv. Mombaça. Porto Velho:
teores de PB e de fósforo foram reduzidos pela Embrapa Rondônia, 2002. 3p. (Comunicado
adubação potássica, sendo seu efeito descrito pelo Técnico, 208).
modelo linear de regressão (y = 10,60 – 0,0554 PB;
2 2
r = 0,87 e y = 0,19 – 0,000493 P; r = 0,86). Os COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Nutrientes
efeitos da adubação potássica sobre os teores de limitantes ao crescimento de Panicum
potássio foram descritos pelo modelo quadrático de maximum cv. Centenário. Porto Velho: Embrapa
2 2
regressão (y = 1,42 + 0,01876 x - 0,000185283 x ; R Rondônia, 2001. 4p. (Comunicado Técnico, 196).
= 0,98), sendo os maiores valores obtidos com a
3
aplicação de 50,62 mg/dm de K (Tabela 1). Em GUTTERIDGE, R.C. Potassium fertilizer studies on
geral, as concentrações de macronutrientes Brachiaria mutica/Centrosema pubescens pastures
registradas para a gramínea são semelhantes às grown on acid soils derived from coral limestone,
reportadas por Silva et al. (1995a,b) para Malaita, Solomon Islands. Tropical Agriculture,
Andropogon gayanus cv. Planaltina e P. maximum v.58, n.1, p.359-367, 1978.
cv. Tobiatã.
SILVA, N.M.A.; SILVEIRA, R.I.; GOMIDE, C.A.;
O nível crítico interno de potássio, determinado LIMA, C.G. Produção e composição mineral de
através da equação que relacionou a dose de gramíneas forrageiras submetidas à níveis de
potássio necessária para a obtenção de 90% do potássio, cálcio e sódio. I. Capim-andropogon cv.
rendimento máximo de MS, foi estimado em 1,93%. Planaltina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
Este valor é superior aos relatados por Toledo (1986) CIÊNCIA DO SOLO, 25., 1995, Viçosa. Anais...
para Hyparrhenia rufa (1,15%), A. gayanus (0,95%), Viçosa: SBCS, 1995a. p.1051-1053.
B. brizantha (0,82%) e B. humidicola (0,74%).
SILVA, N.M.A.; SILVEIRA, R.I.; GOMIDE, C.A.;
Conclusões LIMA, C.G. Produção e composição mineral de
gramíneas forrageiras submetidas à níveis de
potássio, cálcio e sódio. II. Capim-colonião cv.
1 - A adubação potássica incrementou Tobiatã. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
significativamente os rendimentos de MS e os teores CIÊNCIA DO SOLO, 25., 1995, Viçosa. Anais...
de potássio, ocorrendo o inverso quanto aos teores Viçosa: SBCS, 1995b. p.1054-1056
Resposta de Pennisetum purpureum cv. Cameroon à níveis de potássio 3
TEIXEIRA NETO, J.F.; SOUZA FILHO, A.P. da S.; TOLEDO, J.M. Pasturas en trópico húmedo:
DUTRA,S.; MARQUES, J.R.F. Nutrientes limitantes perspectiva global. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO
ao estabelecimento e produção de Brachiaria ÚMIDO, I., Belém, 1984. Anais... Belém:
humidicola consorciada com leguminosas em EMBRAPA-CPATU, 1986. v.5. Pastagem e
tesos da Ilha do Marajó. Belém: EMBRAPA- Produção Animal, p.19-35.
CPATU, 1991, 17p. (Boletim de Pesquisa, 118).

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização do potássio (EUK), teores de proteína
bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio de P. purpureum cv. Cameroon, em função da fertilização
potássica.

Níveis de K MS EUK PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) g MS/mg ------------------------------------------ % ----------------------------------------
0 15,66 d 10,65 d 10,76 a 0,193 a 0,70 a 0,37 a 1,47 c
15 23,76 c 13,42 c 10,10 a 0,180 b 0,74 a 0,44 a 1,77 b
30 29,86 b 15,79 b 8,08 b 0,174 c 0,71 a 0,39 a 1,89 a
45 31,70 ab 16,51 a 8,21 b 0,170 b 0,68 a 0,40 a 1,92 a
60 33,03 a 16,77 a 7,55 c 0,161 c 0,73 a 0,38 a 1,97 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Comunicado Exemplares desta edição podem ser Comitê de Presidente: Newton de Lucena
adquiridos na: Costa
Técnico, 269 Publicações Secretária: Marly Medeiros
Normalização: Alexandre Marinho
Embrapa Rondônia Membros: Claudio R. Townsend,
Endereço: BR 364, km 5,5 Marilia Locatelli, Maria Geralda de
Caixa Postal 406, CEP 78900-970 Souza, José Nilton M. Costa, Júlio
Porto Velho, RO César F. Santos, Vanda Gorete
Fone: (69) 222-0014 Rodrigues,
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
Fax: (69) 222-0409
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO E-mail: sac@cpafro.embrapa.br Supervisor Editorial: Newton de
Lucena Costa
Expediente Revisão de texto: Ademilde
Andrade Costa
1ª Edição Editoração Eletrônica: Marly
1ª Impressão 2003 Medeiros
Tiragem 100 exemplares

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