You are on page 1of 15

FOLCLORE E CONSERVAÇÃO: O PLANEJAMENTO DE UMA TRILHA

INTERPRETATIVA PARA A ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA UFMG


Mariana Fonseca Mauro maryfonseca@terra.com.br/ 31 88311707 e Raoni Araujo
Ferreira raoniaf@yahoo.com.br 31 8734-9505 – UFMG/ IGC - Turismo
EIXO TEMÁTICO: O homem/ SUB EIXO: A Trilha
INTRODUÇÃO

Segundo MURTA & GOODEY (1995:19):


“NUMA DEFINIÇÃO SIMPLES, A INTERPRETAÇÃO É UM
PROCESSO DE ADICIONAR VALOR À EXPERIÊNCIA DE UM
LUGAR, POR MEIO DA PROVISÃO DE INFORMAÇÕES E
REPRESENTAÇÕES QUE REALCEM SUA HISTÓRIA E SUAS
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E AMBIENTAIS. COMO TAL,
A INTERPRETAÇÃO EXISTE DESDE QUE OS PRIMEIROS
VIAJANTES REGISTRARAM IMPRESSÕES EM SEUS DIÁRIOS,
QUE OS HABITANTES DE UM LUGAR ELABORARAM AS
PRIMEIRAS EXCURSÕES ORGANIZADAS”.
A Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais é uma das poucas
áreas de conservação do país, que se encontra dentro de um campus universitário. Está
localizada no campus da Pampulha, região norte de Belo Horizonte, ocupando uma área
de aproximadamente 114 hectares. É uma unidade de conservação urbana, caracterizada
por uma boa diversidade de flora e fauna, onde se encontram várias espécies de
mamíferos (Tapeti, Capivara, Mico-estrela, Gambá), de anfíbios e répteis e mais de 220
espécies de aves (Alma-de-gato, Tucanuaçu, Jacu, Saíra, Bico-de-veludo, dentre outras),
além de espécies vegetais nativas (Mutamba, Cedro, Ipê, Cotieira e outras) e exóticas
(Eucalipto, Mangueira, Abacateiro e Capim Elefante).
A Estação possui um programa de caminhadas ecológicas, no qual alunos de escolas
do ensino fundamental, médio e superior são acompanhados por monitores ambientais,
cujo objetivo principal é integrar os visitantes as questões ambientais e a necessidade de
conservação dos recursos naturais. Após as caminhadas, duas oficinas são oferecidas de
maneira a estimular o debate sobre questões como excesso de lixo, desperdiço de
energia, importância da água, dentre outros assuntos.
Apesar de tratar de questões relacionadas ao meio ambiente através das caminhadas
ecológicas, a Estação Ecológica, não conta com trilhas interpretativas.
Mediante essa constatação e visando agregar valor ao projeto da Estação Ecológica
através da INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL, o presente trabalho teve como finalidade
desenvolver um projeto de trilha interpretativa, no qual foi trabalhado a questão do
FOLCLORE e como ele poderia auxiliar na conscientização dos visitantes no que diz
respeito à conservação dos recursos naturais, tanto na Estação, quanto fora dela.
A Estação possui várias trilhas, porém, duas delas foram escolhidas para serem
trabalhadas as questões de conservação, colocando personagens do FOLCLORE
brasileiro como figuras centrais das explanações e do tema a ser desenvolvido. A
intenção de trabalhar com o FOLCLORE deveu-se ao fato de já existir um “trabalho
embrionário” que é feito em certo trecho de uma das trilhas existentes, onde se fala de
maneira breve sobre a lenda do SACI.
A trilha, uma vez implantada, será destinada ao público infanto-juvenil. Ressalta-se a
importância de trabalhar as questões relacionadas ao FOLCLORE e conservação para
que esse público conheça um pouco mais sobre as lendas brasileiras e valorizem a
cultura, ajudando a transmitir os valores da Educação e Interpretação Ambiental, através
da relação entre os “seres mágicos” e os lugares que eles habitam.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

O presente trabalho desenvolveu o planejamento de uma trilha interpretativa para a


Estação Ecológica da UFMG, cujo objetivo é despertar nas crianças o interesse pelo
conhecimento do FOLCLORE e seus personagens, e através disso, demonstrar a
importância de conservar e conhecer as matas e os animais que nelas sobrevivem.

Objetivos Específicos
ƒ Agregar valor ao projeto “Caminhadas Ecológicas” da EECO através da
interpretação ambiental;
ƒ Introduzir a Interpretação Ambiental nas atividades da EECO;
ƒ Trabalhar os conceitos básicos da Interpretação Ambiental com os visitantes;
ƒ Resgatar o FOLCLORE e mostrar que através das lendas é possível trabalhar com
os conceitos básicos da conservação dos recursos naturais;
ƒ Trabalhar conceitos de conservação com o público infantil;
ƒ Despertar o interesse do público infantil pelo FOLCLORE através de uma atividade
lúdica e ao mesmo tempo responsável;
ƒ Proporcionar às crianças um momento de lazer e contemplação das riquezas da
estação ecológica;
ƒ Instigar as crianças a novas descobertas;
ƒ Estimular um sentimento de afeto entre crianças e os recursos naturais;
ƒ Estimular as crianças a desenvolverem um comportamento diferenciado dentro de
áreas conservadas;
ƒ Estimular o repasse da experiência vivida na estação para os amigos.

METODOLOGIA

A proposta de desenvolvimento de uma trilha interpretativa dentro da Estação


Ecológica, é uma idéia que surge através de leituras sobre a interpretação ambiental e
sua importância para a conservação dos recursos naturais.
Essas leituras foram importantes para nos familiarizarmos com a história e
desenvolvimento da Interpretação Ambiental no Brasil e em outros países, observando
suas peculiaridades e formas de utilização em diferentes situações e para diferentes
pessoas.
Após essas leituras preliminares, percorremos as trilhas já existentes na Estação
Ecológica, com o objetivo de observar e avaliar possíveis potencialidades das trilhas nas
quais poderiam ser trabalhadas. As potencialidades encontradas na trilha foram
desenvolvidas de acordo com as principais características propostas em uma trilha
interpretativa, ser provocativa, significativa, organizada, provocante, diferenciada e
temática, tendo em vista que a proposta é desenvolver uma alternativa para o público que
visita a Estação regulamente e agregar valor ao “Projeto caminhadas ecológicas”.
Através do reconhecimento das trilhas, foi possível começar um trabalho de escolha
mais eficaz de qual trilha seria trabalhada. Após essa escolha reuniu-se as
potencialidades que a trilha oferecia e foi definido um tópico a ser trabalhado ao longo da
mesma, o FOLCLORE.
Já existe na Estação um trabalho embrionário sobre a lenda do SACI e dessa forma,
optou-se por trabalhar com outras “figuras mágicas” de nossa cultura e a relação existente
entre elas e a conservação dos recursos naturais.
Iniciou-se também a definição do público-alvo, e como o assunto seria trabalhado com
os mesmos, desde linguagem adotada até nível de dificuldade da trilha, logo foi
determinado que a atividade necessitaria do acompanhamento dos monitores, portanto,
seria uma trilha guiada.
A definição do tema interpretativo foi feita mediante visitas à trilha, onde foram
decididos também o objetivo principal e os específicos, preocupando-se sempre com os
assuntos abordados (características relevantes) e sua atratividade (riqueza visual).
Após essas etapas, foi proposto a trilha definitiva, onde detalhou-se o “corpo” da trilha
(desenvolvimento da trilha, assuntos abordados, objetivos, tema interpretativo, etc.) e
seus principais aspectos técnicos (número de paradas, locais onde serão as paradas,
intervenções, acompanhamentos, dentre outros). Essas paradas foram determinadas para
auxiliar os monitores no desenvolvimento da atividade, porém existe uma flexibilidade que
permite ao monitor parar de acordo com o desenvolvimento da trilha e a interação com
público.

DISCUSSÃO

Para iniciar, de fato, a elaboração de um projeto de Trilha Interpretativa relacionada ao


tópico proposto, FOLCLORE, faz-se necessário uma discussão teórica sobre a
Interpretação Ambiental como forma de resgate dos principais conceitos e discussões
tratadas por seus fundamentais pensadores.
O Interesse pelo patrimônio natural e cultural sempre foi motivo real de deslocamento
das pessoas em seu tempo livre. A partir do momento em que, com a modernidade são
engolidas a tranqüilidade e harmonia, fazendo parte efetiva da vida das pessoas o
estresse e pressões diárias, o ato de viajar ou obter momentos de lazer com a família, são
vistos como necessidade para o prosseguimento do ciclo humano.
Como conseqüência percebe-se um acréscimo no Turismo realizado em dados locais
como retratam MURTA & GOODEY (2002, p.13):
[...] NAS TRÊS ÚLTIMAS DÉCADAS, O CRESCENTE NUMERO
DE VISITANTES A SÍTIOS HISTÓRICOS E NATURAIS, VEM
LEVANDO GOVERNOS E EMPRESÁRIOS E COMUNIDADES
LOCAIS A GERENCIAR E PROMOVER O SEU PATRIMÔNIO
COMO RECURSO EDUCACIONAL E COMO RECURSO DE
DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO. A ESTRATÉGIA MAIS
UTILIZADA NA EUROPA E NOS ESTADOS UNIDOS TEM SIDO
A INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO PARA VISITANTES,
ASSOCIADA À SUA REVITALIZAÇÃO “. NO BRASIL, A
DISCUSSÃO ENCONTRA-SE EM PERÍODO DE INICIAL. [...]
O gosto pelas caminhadas, com o intuito de desvendar os mistérios e curiosidades de
dado local, sempre existiu e levou as pessoas a percorrerem caminhos diferentes, nos
quais, na maioria das vezes, o grupo era acompanhado por uma pessoa do local. Essa,
dotada de conhecimentos ditos populares a cerca do trajeto, seria como um intérprete,
que mostraria todas as peculiaridades existentes e evitaria que caminhos equivocados
fossem seguidos. Foram atividades dessa natureza, que deram origem ao que viria a ser
mais tarde a Interpretação Ambiental.
A partir de 1957, a Interpretação Patrimonial (voltada para o meio ambiente) alcança
maior destaque. Contribuindo e sendo considerado o “pai” da Interpretação, o filósofo
Freeman Tilden, inicia a discussão sobre o tema como uma disciplina. O mesmo, com
grande propriedade propõe uma definição que seria a clássica sobre Interpretação
Ambiental, que foi considerada, por ele, como “UMA ATIVIDADE EDUCACIONAL QUE
OBJETIVA REVELAR SIGNIFICADOS E RELAÇÕES ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE
OBJETOS ORIGINAIS, DE EXPERIÊNCIA DE PRIMEIRA MÃO E POR MEIO DA MÍDIA
ILUSTRATIVA, AO INVÉS DE APENAS COMUNICAR INFORMAÇÕES FACTUAIS”.
(TILDEN 1977)
Em sua obra, Interpreting of heritage – Interpretação do Patrimônio, o norte americano
inicia uma sistematização, fundamentada em uma definição e na elaboração de conceitos
e princípios básicos para a Interpretação Ambiental.
Princípios da Interpretação Ambiental, por TILDEN (1977,117p.):
• "Qualquer interpretação que não relaciona, de alguma forma, o que se está
exibindo ou descrevendo, com algo da personalidade ou experiência do visitante será
estéril".
• "A informação, como tal, não é interpretação. Elas se diferenciam, sendo que a
interpretação utiliza revelações baseadas em informação. Toda interpretação,
portanto, inclui informação. Mas isso não significa que só informação seja
Interpretação”.
• "A interpretação é uma arte que combina com muitas outras artes;
independentemente dos materiais apresentados serem científicos, históricos ou
arquitetônicos. Como arte, é possível, de alguma forma, ser ensinada".
• "O propósito principal da interpretação não é a instrução (o ensino), mas sim a
provocação (para estimular a curiosidade e o interesse do visitante)".
• "A interpretação dirigida às crianças não deve ser um desmembramento da
apresentação para adultos, mas, sim, ter uma abordagem fundamentalmente
diferente. Neste caso, o melhor, é dispor de programas separados e específicos".
• "A interpretação deve apresentar os fatos na sua totalidade, evitando a
fragmentação". Ou seja, eles não devem ser tratados de uma forma isolada e sem
suas respectivas inter-relações no contexto.
Diz-se que a interpretação do patrimônio deve ser tão antiga como a humanidade,
visto que os povos antigos transmitiam as historias oralmente de geração para geração.
No contexto moderno, interpretação é utilizada para descrever atividades de comunicação
que melhorem a compreensão dos visitantes acerca dos valores naturais e culturais. Em
artigo sobre a importância da atividade interpretativa no Ecoturismo, DOBE e TAGLIANE
(sd.), descrevem Interpretação como “[...] A ARTE OU TÉCNICA DE TRADUZIR A
LINGUAGEM DA NATUREZA E AS VOZES DO PASSADO EM HISTORIAS E
EXPERIÊNCIAS QUE O PÚBLICO POSSA COMPREENDER E DESFRUTAR [...]”.
Destaca-se, a necessidade de se realizar a atividade de Interpretação Ambiental
baseada em um prévio planejamento, atuando esse, como ferramenta de organização da
atividade. Baseando-se no mesmo, serão compostas estratégias de ação mais eficientes
e adequadas à realidade do local, servindo como auxílio tanto para autoridades
municipais quanto para diversos segmentos da comunidade – moradores, empresários,
grupos religiosos e associativos.
Desse modo:
“[...] O PLANEJAMENTO DA INTERPRETAÇÃO ORIENTA A
LIMPEZA E A DESCOBERTA DE FACHADAS ORIGINAIS, A
HARMONIA NA SINALIZAÇÃO E DO DESENHO DE PLACAS E
LETREIROS COMPATÍVEIS COM O ESPÍRITO DO LUGAR; AS
TRILHAS PELA MALHA URBANA QUE DECIFRAM A CIDADE E
AS PLACAS INFORMATIVAS QUE AMPLIAM A PERCEPÇÃO
AMBIENTAL DO VISITANTE [...]”. (MURTA E GOODEY 2002,
p.19)
Um plano interpretativo, incorporando as várias vozes da comunidade, objetiva
concretizar-se no espaço vivido, uma rede de descobertas e de desfrutes, tanto para
residentes quanto para visitantes.
São três as etapas essenciais de um Plano Interpretativo:
• Inventário e registro de recursos, temas e mercados;
• Desenho e montagem da interpretação;
• Gestão e promoção;
A primeira etapa engloba o levantamento e organização de recursos, temas e
mercados. Refere-se ao inventário de recursos, culturais, ambientais, técnicos e
financeiros, que envolverá diferentes setores da administração públicas e da
comunidade.Refere-se a temas, os principais e potencias aspectos a serem retratados
pela Interpretação, sendo de relevância a identificação de significados que definam a
identidade do lugar.
A etapa de desenho e montagem diz respeito aos meios e técnicas a serem aplicados
na atividade. Ressalta-se que, esses, serão escolhidos de acordo com a sua adequação a
realidade de cada local. A escolha dependerá do conhecimento aprofundado dos recursos
e mercados inventariados na etapa anterior e, da decisão dos profissionais envolvidos e
da concordância dos financiadores e patrocinadores.
A terceira etapa é a de gestão e promoção, sendo a mesma, crucial para a
manutenção e atualização das instalações interpretadas. É importante programar as
necessidades de monitoramento e avaliação permanentes, treinamento de equipe, de
modo a planejar o custeio e assegurar o financiamento adequado.
No que diz respeito à atividade interpretativa, indica-se a constante utilização de
características ou critérios, que tem como objetivo torná-la mais efetiva, alcançando o
sentido de aprendizagem por parte dos visitantes e comunidade local. Baseadas nos
princípios de TILDEN (1977) são elas:
• Prazerosa; a interpretação deve ser interessante, amena, cativa, prender a
atenção e audiência e, até mesmo, diverti-la.
• Significativa; a interpretação deve ser significativa, relevante ou pertinente,
relacionando o seu conteúdo com o que já se conhece ou vivencia-se.
• Organizada; a interpretação deve ter uma estrutura coerente, para ser
acompanhado com facilidade, exigir poucos esforços do visitante e evitar a
dispersão. As idéias devem seguir um encadeamento lógico; é preciso que exista
princípio, meio e fim.
• Provocante; os meios e técnicas devem instigar o visitante, fazendo-o refletir com
mais profundidade sobre um fato ou processo ambiental, que é lhe apresentado.
• Diferenciada; adequando a atividade aos diferentes públicos recebidos, um
programa para crianças não pode ser o mesmo que para adultos, ocorrendo apenas
uma simplificação.
• Temática; a interpretação é considerada temática quando possui ima mensagem a
ser comunicada. Quando se tem uma mensagem central em torno da qual a
interpretação acontece, fica mais fácil para o visitante acompanhar a mensagem a
ser passada.
É importante lembrar que a atividade deve ser considerada fundamentalmente
recreativa, ainda que educativa. Deve ser lembrado que os visitantes encontram-se em
um momento de descontração, de aproveitamento do tempo livre. Sendo assim, os
mesmos não têm obrigação se se ater à informação a ser repassada.
Iniciada a discussão sobre a Interpretação Ambiental, parte-se para a apresentação de
um tema específico, relativo e relevante, a proposta de interpretação a ser elaborada, a
criação de um trilha interpretativa para a Estação Ecológica da UFMG.

RESULTADO
Concluída a revisão bibliográfica, pesquisas de gabinete e de campo, o planejamento
(resultado final do trabalho) da trilha está descrito a seguir, onde são colocados tanto os
dados técnicos da trilha, como dados específicos da trilha e do planejamento.

Dados Técnicos da Trilha


• Extensão: Aproximadamente 1km
• Distância a ser percorrida: 1 km
• Grau de dificuldade: fácil
• Tempo de Duração: Aproximadamente 1 hora
Público Alvo
Por se tratar de um assunto relativamente difundido nas escolas primárias e do ciclo
básico (1ª à 4ª série), o público alvo, ao que a trilha e as atividades desenvolvidas se
destinam, são preferencialmente crianças de até 10 anos.
Modalidade e Meios
A estação ecológica já dispõe de monitores que acompanham visitantes regularmente
durante as caminhadas. Dessa forma, o modo de realização será desenvolvido pelos
próprios monitores existentes de acordo com a necessidade de diversificação na estação.
Esses visitantes são estudantes de diversas faixas etárias e com diferentes objetivos.
A elaboração e desenvolvimento da Trilha do FOLCLORE seria uma opção para
diversificar as caminhadas já realizadas na estação.
A proposta presente é que a trilha do folclore seja guiada, uma vez que os monitores
são fundamentais para auxiliar as crianças na interpretação da trilha. Os monitores
também são importantes, pois agregam valor à atividade e são capazes de instigar as
crianças durante o percurso.
Os meios interpretativos são fundamentais para uma boa interpretação e envolvimento
do público alvo. Pensando nisso, será interessante e de grande importância, os monitores
fazerem além das explanações orais, exposições visuais, onde esses mostrariam objetos,
desenhos e outros itens relacionados ao tema abordado. As exposições visuais durante a
trilha serão complementos fundamentais para uma melhor compreensão do público e
também para prender mais a atenção dos mesmos.
Um outro fator a ser pensado durante a elaboração do planejamento da trilha é sua
“capacidade de carga”, ou seja, o número máximo de pessoas que não comprometam o
bom andamento da atividade e não tragam conseqüências ao ambiente. Dessa maneira,
ficou definido que o número ideal será de 10 pessoas incluindo o monitor, uma vez que
a atividade não será comprometida assim como o desgaste da trilha.

Tópico e Tema a ser Abordado


Como já foi dito anteriormente, o nome é: Trilha do Folclore, e a partir disso
pretendemos trabalhar o tema: Como o FOLCLORE, seus personagens e lendas podem
ajudar na conservação das matas.

Desenvolvimento do Tema Interpretativo e da Atividade


A atividade será dividida em paradas, onde o monitor irá trabalhar e desenvolver o
tema interpretativo de maneira dinâmica e divertida, principalmente em se tratando do
caráter do público alvo. Em cada uma das paradas o monitor deverá incentivar os
visitantes a reflexões e indagações sobre o que está sendo abordado durante a trilha. Ao
final é muito importante o resgate do que foi “trabalhado” durante o percurso.

1ª Parada
Localização: Início da trilha, próximo à sede administrativa da Estação Ecológica;
Nessa primeira parada o monitor deverá fazer sua apresentação e fazer um breve
histórico sobre a estação ecológica. Após essa apresentação, ele deverá falar um pouco
sobre a trilha, dando informações sobre a extensão do percurso, o tempo de caminhada e
algumas recomendações de segurança (andar somente na trilha, não correr, andar
sempre junto com os monitores, dentre outras).

Fig 1. Sede Administrativa da EECO Fig 2. Início da Trilha do FOLCLORE

O monitor deve falar também sobre o tema que será abordado durante a caminhada,
procurando esclarecer possíveis dúvidas aos visitantes e instigá-lo a percorrer a trilha.

2ª Parada
Localização: Meio do Bosque do Sossego
Nesse ponto, o monitor deverá fazer uma breve introdução sobre o Folclore brasileiro,
a relação dos seres mágicos com a mata e o que eles representam para a manutenção
das mesmas. Nesse local, o monitor poderá levantar algumas questões relativas ao
cotidiano dos visitantes, fazendo perguntas: “Vocês já ouviram falar do Saci? Do
Curupira? Quem são eles?”

Fig 3. Local onde será a 1ª parada Fig 4. Bosque do Sossego

3ª Parada
Localização: Saída do Bosque do Sossego e início da estrada;
O monitor deverá fazer uma breve parada, um giro de 360º, demonstrando as
diferentes paisagens e comparando-as com o que foi observado no bosque do sossego.

Fig 5. Saída do Bosque do Sossego Fig 6. Estrada que corta a EECO

Nesse ponto é importante demonstrar para o visitante como a paisagem se modificou,


que barulho de carros pode ser facilmente ouvido, que a vegetação se modificou e até
mesmo a diferença da temperatura, que pode ser detectada devido à falta de mata.
Construções

Fig 7. Construções ao fundo Fig 8. Diferença da vegetação


(paisagem modifica)

4ª Parada
Localização: Encruzilhada das Estradas
Na encruzilhada das estradas, o monitor deverá fazer uma parada e relatar um pouco
da estória da MULA-SEM-CABEÇA mostrando desenhos, e alguns artefatos utilizados
para capturar esses seres fantásticos. O monitor deve também fazer perguntas aos
visitantes se eles conhecem ou já ouviram falar sobre a mula.
Fig 9. Encruzilhada onde será trabalhado a lenda da Mula
5ª Parada
Localização: No meio do Bambuzal;
Já é trabalhada na estação, a lenda do SACI dessa maneira, os monitores continuarão
abordando a lenda e agregar a questão da armadilha (buraco para estudos pedológicos)
usada para captura de caçadores.
Nessa parada seria interessante que os monitores apresentassem uma armadilha de
saci, um cachimbo e até um gorro utilizado pelo mesmo, isso irá gerar grande interesse
nos visitantes e muita curiosidade.
O monitor deverá abordar também nesse local, os malefícios da monocultura, uma vez
que só existe bambu no local. Ele deverá enfatizar a importância de se ter uma grande
variedade de espécies vegetais.

Fig 10. Entrada do Bambuzal Fig 12. Buraco de Estudos Pedológicos

6ª Parada
Localização: Lagoa Assoreada
Nesse local, existia uma lagoa que foi assoreada. Aproveitando essa degradação da
lagoa, o monitor deverá discutir com os visitantes, a importância da manutenção dos
cursos d´água para a manutenção dos animais, das plantas e do ser humano.
É importante, que nesse local o monitor fale sobre a IARA e a relação dela com as
águas, mostrando que ali ela não está mais presente, devido à degradação da lagoa.
Fig 14. Trilha da Lagoa Assoreada Fig 15. Lagoa Assoreada
7ª Parada
Localização: Subida do Bosque do Sossego;
Essa é a parada localizada no caminho de volta, onde os visitantes entrarão
novamente na mata mais densa. Nesse local, o monitor deverá chamar a atenção para os
barulhos da mata, pássaros, insetos e possíveis animais. Após essa pausa para “ouvir a
mata”, o monitor deverá falar um pouco a importância em manter a vegetação e sobre o
protetor dos animais e da mata: o CURUPIRA.

Fig 16. Início do Caminho do Curupira Fig 17. Caminho do Curupira


Seria interessante mostrar desenhos e esculturas do curupira, uma vez que seus pés
são diferentes, o que despertaria a curiosidade dos mesmos.

8ª Parada
Localização: Mesmo local onde a trilha se iniciou;
Essa última parada é para uma reflexão sobre a trilha e os assuntos abordados
durante a mesma. Momento de descontração e brincadeiras.

CONCLUSÂO
O estudo e prática da Interpretação Ambiental, encontram-se em fase embrionário no
Brasil. São poucos e quase inexistentes os locais, nos quais são desenvolvidas atividades
relacionadas à Interpretação. Durante a elaboração do trabalho, observou-se que, muitas
vezes, confunde-se uma trilha interpretativa com aquela que, repleta de informações, não
se preocupa com a interação e maior participação dos visitantes. Constata-se que, muitas
vezes, as placas e intérpretes não alcançam a Interpretação Ambiental, sendo essa,
conseqüência da falta de conhecimento dos administradores e planejadores das áreas
destinadas ao fim de visitação.
Observou-se que a Estação Ecológica desenvolve um programa interessante,
destinado a sensibilização dos visitantes para a importância da conservação dos recursos
naturais. Porém, não existe um projeto de interpretação ambiental, mas uma tentativa de
se obter e seguir os princípios da mesma. Dentro dessa, podemos observar atividades
desenvolvidas com qualidade, que buscam informações e ensinamentos de forma que os
visitantes, saiam, de fato, sensíveis aos objetivos do local.
Foi possível perceber que a participação da comunidade é muito importante no
planejamento, desenvolvimento e gestão da atividade interpretativa. Entende-se por
comunidade, aqueles que moram no entorno das áreas protegidas e que, de alguma
forma, são afetados pela atividade de visitação e que também irão visitar os locais de
proteção.
A Interpretação Ambiental é uma importante ferramenta para a aproximação entre
visitantes e meios naturais preservados. Faz-se entender essa importância, quando, após
a realização de uma atividade interpretativa, os visitantes se mostram mais sensíveis à
causa ambiental.
Baseando nas discussões feitas em sala de aula e a leitura de bibliografias
complementares, foi proposto no presente trabalho uma trilha interpretativa guiada que,
de alguma maneira, agregasse todos os princípios da Interpretação Ambiental, retratando
e resgatando a cultura brasileira.
O Folclore com seus personagens, que possuem estreita relação com a natureza e o
homem, foi usado como ponto de partida para o alcance do objetivo principal da atividade.
Optando por elaborar uma trilha interpretativa destinada ao público infanto – juvenil, aliar
o folclore à conservação das matas torna-se de grande valia, pois as lendas e
personagens povoam o imaginário de todos.
Tentou-se transformar a caminhada ecológica da Estação pela Trilha do folclore, em
um momento de extremo prazer e aprendizado, possibilitando futuras discussões dos
visitantes com os pais, professores e amigos.
Ao final deste trabalho, conclui-se que, a Interpretação Ambiental, por mais simples
que pareça ser, constitui-se como uma forma eficaz de aproximação - e entendimento -
entre pessoas e meios naturais, de maneira a aliar a recreação à conservação. Releva-se
o planejamento e, posterior gestão, como ferramenta estratégica das atividades, que
desenvolvidas com responsabilidade, faz do Turismo o mais sustentável possível.

BIBLIOGRAFIA

• MURTA, Stela Maris; GOODEY, Brian; Cidades Mineiras. Interpretação do


patrimonio para o turismo sustentado: um guia. Belo Horizonte: 1995. 114p.

• Projeto Doces Matas/Grupo Temático Interpretação Ambiental Manual de Introdução


à Interpretação Ambiental. Belo Horizonte, 2002. 108p.

• DOBE, C. S; TAGLIANE, L. G. La importancia de la interpretación ambiental en la


calidad de la experiencia ecoturística

• CASTRO, Paulo Valadas de.Turismo Sostenible y Conservación Del Paisaje.


DRAEDM. Portugual

• PAGANI, Maria Inez. As Trilhas Interpretativas da natureza e o Ecoturismo

• TILDEN 1977 in Recomendações para Planejamento do Uso Público em


Unidades de Conservação. Projeto Doces Matas. Belo Horizonte, 2005.

You might also like