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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


8ª VARA CÍVEL
Av. Engenheiro Caetano Álvares, 594, 2º andar, sala 242, Casa Verde - CEP 02546-000, Fone: 11- 3951-
2525, São Paulo-SP - E-mail: santana8cv@tj.sp.gov.br

Processo nº: 001.08.616770-8 - Possessórias Em Geral(reintegração, Manutenção,


Interdito)
Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo - Bancoop
Requerido: Álvaro da Silva Pires e outro

VISTOS.

A COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS


DE SÃO PAULO BANCOOP, devidamente qualificada na inicial, ajuizou a
presente ação contra ALVARO DA SILVA PIRES e ALZIRA DOS RAMOS
PIRES, pelo rito ordinário, buscando a reintegração na posse do imóvel situado na rua
José Martins Borges, nº 189, Tremembé, nesta Capital. Aduziu, para tanto, ter firmado
com os réus Termo de Adesão e Compromisso de Participação visando a construção da
unidade imobiliária em tela pelo sistema de cooperativa, ficando estimado o preço de
R$ 75.000,00 mas vindo os cooperados a inadimplir com as obrigações a seu cargo, a
despeito de a cooperativa ter honrado o compromisso de executar a obra e transmitir a
posse do imóvel. Ponderou ainda a autora ter notificado os réus para efeito de
constituição em mora, persistindo o inadimplemento e sendo eles, por isso excluídos
dos quadros da cooperativa, permanecendo entretanto na posse do imóvel e
esbulhando a posse da autora a partir de agosto de 2008, razão pela qual requereu o
decreto de reintegração na posse, bem como a condenação dos demandados ao
pagamento de indenização, calculada em percentual sobre o valor do imóvel, desde o
esbulho até a efetiva desocupação. Juntou, com a preambular, os documentos de fls.
19/67.

Adiantaram-se os réus e compareceram espontaneamente aos


autos, apresentando a contestação de fls. 69/104, na qual anunciaram a existência de
ação civil pública acerca do empreendimento.
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Pelo despacho de fls. 173, outrossim, foi determinado o


aditamento da petição inicial, no sentido da indicação da origem e composição do
débito dado por inadimplido, sobrevindo em atendimento a manifestação de fls.
175/178, com o esclarecimento de que teriam os réus deixado de pagar as parcelas da
arrecadação excedente feita por conta da superação do preço estimado da obra.

É O RELATÓRIO.
Passo a decidir.

A hipótese é de trancamento liminar do feito, sem a prolação de


despacho inicial de conteúdo positivo, por não estar presente uma das condições da
ação.

Com efeito, o pedido principal formulado é de reintegração de


posse, diretamente, nada requerendo a autora quanto ao negócio propriamente dito
entre as partes e partindo da premissa de que já rompido o vínculo existente no plano
extrajudicial, o que determinaria a caracterização desde logo da ofensa possessória,
pela falta de restituição do imóvel. A questão não comporta entretanto tratamento sob
esse enfoque.

Sem que caiba aqui discutir se o liame cooperativo simples pode


ser desconstituído, na generalidade dos casos, por manifestação unilateral da
cooperativa valendo-se de cláusula resolutória expressa, o fato é que a hipótese dos
autos não versa sobre o inadimplemento puro e simples de contribuições gerais
devidas por cooperado; o ingresso dos réus na cooperativa se deu, apenas e
exclusivamente, em função do negócio aquisitivo documentado a fls. 45/53, que tem
por objeto bem imóvel, e as obrigações dadas por descumpridas são justamente as
relativas a essa aquisição. A par disso, a “exclusão dos quadros sociais” com que acena
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a cooperativa não tem o significado de um desligamento puro e simples dos


cooperados, envolvendo mais que isso, e claramente, o rompimento do próprio
negócio relativo à aquisição do imóvel.

Em relação a esse, contudo, por sua própria natureza não se


concebe a possibilidade de resolução unilateral, cumprindo à autora que obtivesse
decreto desconstitutivo em juízo, por meio do devido processo legal, mormente em se
considerando a conclusão a esta altura das obras e a entrega da unidade aos
adquirentes. Agrava-se o quadro, outrossim, quando se tem em conta que o
inadimplemento afirmado não é do valor estimado para a aquisição da unidade no
instrumento particular firmado, mas de parcelas extras que, aliás, somam quantia
superior ao próprio valor projetado.

Vem daí que a perspectiva de reintegração de posse dependeria,


no caso, do prévio rompimento do ajuste, sendo decorrência lógica desse ato e não
comportando apreciação na pendência do contrato entre as partes. Ausente, pois, o
interesse processual para o requerimento imediato do interdito possessório.

Pelo exposto, INDEFIRO a petição inicial, com fundamento no


art. 295, III, do Código de Processo Civil, dando por extinto o processo a teor do art.
267, I, do mesmo Código. Arquivem-se os autos, oportunamente, com as cautelas de
estilo.

P.R.I.
São Paulo, 26 de novembro de 2008.

FABIO GUIDI TABOSA PESSOA


JUIZ DE DIREITO

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