You are on page 1of 16

Atllntico - MADEIRA

hm m p i e d a sigwjlimnt plocc in the enuironmentul imaginotion ofmanm (D. Worster, Natun's


b>

Economy. A HiMiy of Ewlogiml I d m , Cambridge, ign,p. ii5)

obrimentos europeus não foram apenas uma forma de afir-

teio 1
ia@ . do europeu no novo mundo mas também uma descoberta do

9
lores, plantas, animais exerceram um fascinio espe-
ia1 nqk#'prosa dos aventureiros e, por vezes, homens de Ciência.
rimeir afluem como troféu os animais exóticos. Depois sucedem-
ce as r ntas exdticas com valor económico e medicinal.
L

pam. SZo o campo A literatura de Antiguidade clAssica mediterranica


dos sonhos em fez do AtlAntico o seu lugar de sonho e ilusão.
tiguidade que as A l fez nascer ilhas paradislacas; os jardins das
&mistas. Espaços HespCrides, como tambbm se desfizeram algu-
kcaas navegadores mas, como a testemunha a mltica atlantica. Foi
W r m a extasiada. este fasclnio que acompanhou os navegadores
I-
CEHA. Centro de Estudos
de HisWrii do Atlantico - MADEIRA

acklanâs seem always to havc occupied a signj(iwnt place in tke environmsntd imagination ofmann (0.
Worster, ~Vaturs's

Ecanomy. A Hirtory of Em/ogica/ Ideas, Cambridge, ign,p. ii5)

Os descobrimentos europeus não foram apenas uma forma de afir-


mação do europeu no novo mundo mas também uma descoberta do
meio natural. Flores, plantas, animais exerceram um fascfnio espem
cial na prosa dos aventureiros e, por vezes, homens de Ciência.
Primeiro afluem como troféu os animais exóticos. Depois sucedem-
-se as plantas exóticas com valor eean6micú e medicinal.

s ilhas são um universo A parte. São o campo A literatura de Antiguidade clAssica mediterrsnica
A de fascfnio das lendas e dos sonhos em fez do AtlSntico o seu lugar de sonho e ilusão.
todos os tempos. Desde a Antiguidade que as Al fez nascer ilhas paradislacas; os jardins das
ilhas Atlãnticas são as protagonistas. Espaços Hesperides, como tambkm se desfizeram algu-
de utopia ou de sonho atraem aos navegadores mas, como a testemunha a mltica atlantica. Foi
do sbculo XV e revelam-se de forma extasiada. este fasclnio que acompanhou os navegadores
içlenha 122

. .
, , ., peninsulares que desde o s k u l o XIV as Os descobrimentos europeus n8o foram apenas
demandaram obstinados pela conquista e uma forma de afirmação do europeu no novo
ocupagão. O objectivo era trazer o paralso ao mundo mas tambCm uma descoberta do meio
seu mundo e fazer dele a sua morada. A ilusão, natural. Flores, plantas, animais exerceram um
a obstinaq30 do parafso biblico domina a chegada fasclnio especial na prosa dos aventureiros e,
dos navegadores portugueses 9 s ilhas, como por vezes, homens de CiCncia. Primeiro afluem
Colombo às Antilhas e os colonos de Mayflower como trofbu os animais exdticos. Depois suce-
as costas americanas. O seu reencontro era dem-se as plantas exóticas com valor económico
encarado como uma conciliação com Deus e de e medicinal.
apagar do pecado original de Adão e Eva. Tenha- A cana-de-açúcar, vinha, cereal e alguns legumes
-se em conta que as duas primeiras crianças serviram de troca ao cacau, cafe, tabaco e a
nascidas na ilha, filhas de Gonçalo Aires Ferreira inúmeros frutos, sementes e raizes exbticas que
tiveram nomes blblicos de Adão e Eva. rapidamenteconquistaram o europeu. Em ambos
A chegada foi sempre um aao de reconciliação os sentidos o prota-gonismo das ilhas nesta
e reencontro. O homem regressa ao paralço da permuta foi relevante. O seu chão oferecia
biblia. Foi este o pensamento que dominou a condições especiais para a aclimatação das
chegada dos povoadores europeus com a especies estranhas. Conhecer o mundo das ilhas,
passagem dos cientistas europeus, nomeada- em mais de cinco skulos de Histbria, C o mesmo
mente britanicos, a partir do s4culo XVIII. que acompanhar a par e passo o devir da
As expedições cientlficas imbricam-se de forma expansão europeia e o processo de mundia-
directa no tragado das rotas comerciais que liza~ãoda economia que o mesmo provocou.
ligam as metrdpoles i s col6nias. Deste modo
a Madeira assumiu de novo um desusado O MUNDO EM MOVIMENTO: HOMENS,
protagonismo. Aqui o paralso C sin6nimo de PLANTAS E MERCADORIAS.
conhecimento e investigação. A Europa maculada
e perdida pela presença humana procura nestes A valorização do Atl3ntico nos sCculos XV e XVI
rincões refazer o paralso perdido. resultou do traçado de rotas de navegasão e
Os epltetos da pena de cientistas e literatos slo comCrcio entre o velho continente e o litoral
por vexes repetitivos. A ilha conquista-os pelas atlhtico. A multiplicidade de rotas e rumos
condiçdes que oferece. O clima faz dela uma resultou de complementaridades econ6micas e
escala retemperada para a cura da tisica formas de exploração. Se é certo que estes
pulmonar ou a incessante busca dos segredos vectores geraram rotas, não C menos certo que
que a MBe-Natureza esconde. as condições mesolbgicas do oceano, dominadas
A terra foi descoberta e revelada em todos os pelas correntes, ventos e tempestades, delinea-
encantos, acabando por assumir papel fun- ram o rumo. As mais importantes e duradouras
damental na expansão europeia no Atlantico. A de todas foram sem dúvida as da India e Indias
descoberta C tambCm um aao de transformasão que galvanizaram as aten~óesdos monarcas,
do meio natural, adaptando-o b exigencias dos da populaçáo europeia e insular e tambgm de
novos habitantes. A arca de No4 acompanha os piratas e corsArios.
navegadores-povoadores e faz com que tudo se A Madeira surge, nos alvores do s&culoXV, como
transforme num Apice. a primeira experiencia de ocupação em que se
ensaiaram produtos, tçcnicas e estruturas
institucionais. Tudo isto foi, depois, utilizado,
em larga escala, noutras ilhas e no litoral africano
e americano. O arquipçlago foi, assim, o centro
de irradiasão dos sustentáculos da nova socie-
dade e economia do mundo atlantico: primeiro
os Açores, depois os demais arquipçlagos e
regiões costeiras onde os portugueses apartaram.
Daqui resultou o papel fundamental de difusáo
das culturas existentes na Europa com valor
para assegurarem a subsistencia e exportasão.
Depois, com a revelação de novos espasos d o
Atlãntico e indico tivemos n o retorno novas
culturas e produtos que enriqueceram o cardipio
i. Engenho de Açdcar.
europeu. E de novo as ilhas voltaram a assumir Gravura de Stradamus
papel disseminador. De acordo com Elizabeth B. Keeney [Thc Bota- ('536-'605)

A aclimatação das plantas com valor econ6mic0, nizers-amateur scientits in nineteenth century
medicinal ou ornamental adquiriu cada vez mais America, Chapel Hill, 1992.1 na América do Norte
importancia. Aliás, foi fundamentalmente o a partir de r820 a BotAnica tornou-se popular,
interesse medicinal que provocou desde o século fazendo surgir a figura do «botanizers», isto 6,
XVII o desusado empenho e valorizaqão dos aqueles que por passatempo se dedicavam a
estudos botanicos. Em 1757 o inglCs Ricardo colecção, identificago e preservaqo das espécies
Carlos Smith fundou n o Funchal um dos jardins botgnicas. A Hist6ria Natural era vista como u m
onde reuniu vArias espécies com valor comercial. exerclcio para a mente dos jovens. Passados
JB em 1797 Domingos Vandelli (1735-1816) e João vinte anos o espectro mudou n o sentido da
Francisco de Oliveira, no estudo sobre a flora, especialização, surgindo as associações especia-
apresentaram u m projecto para u m viveiro de l i z a d a ~como Smithsonian Institldtion (1846) e
plantas, que foi criado no Monte e manteve-se American Association for the Advancement of
até 1828. O naturalista frances, Jean Joseph Science (1848). Em Londres havia tivemos desde
d'orquigny, que em 1789 se fixou n o Funchal 1838 a Botanical Society Club.
foi o rnentor da crias30 da Sociedade Patribtica, N a Madeira José Silvestre Ribeiro, Governador
Econdmica, de Comkrcio, Agricultura CiBncias e Civil, avançou em 1850 com o plano de criasão
Artes. Também na ilha de Tenerife, e m Puerto do Gabinete de História Natural, a partir da
de La Cruz, Atonso de Nava y Grim6n criou e m exposição inaugurada a 4 de Abril no Paldcio de
1791 u m jardim de Aclimataçáo de Plantas. Em 5. Lourenço. Mas foi tudo em v30 porque 3 sua
França, por iniciativa de C. Saint-Hilaire (1805- partida da ilha em 1852 tudo se desfez. Depois
-i86i), foi criada em 1854 a Societk Nationak de surgiu a proposta de Frcderico Welwistsch para
Protection de /a Nature et D'Acclimatation. Os a criasão de u m jardim de aclimatação n o
franceses a partir da obra de Buffon e Lamarck Funchal e e m Luanda. A Madeira cumpriria o
foram os principais difusores da noção e pritica papel de ligação das col6nias aos jardins de
de aclimatizafão. Lisboa, Coimbra e Porto. Este botanico alemão,
que fez alguns estudos em Portugal, passou em destacados investigadores botânicos que
1853 pelo Funchal com destino a Angola. Jd a procederam a estudos.
presença de outro alemão, o Padre Ernesto João Em qualquer dos momentos assinalados as ilhas
Schmitz, como professor do seminário dioce- cumpriram o papel de ponte e solo de adaptagão
sano, levou A criação em 1882 u m Museu de da flora colonial As condições do velho con-
Histdriu Natural, que hoje se encontra integrado tinente. Os jardins de aclimatação foram a moda
n o actual Jardim Botanico. que na Madeira e Açores tiveram por palco as
56 passado um seculo a temdtica voltou a amplas e paradisíacas quintas. O Marquez de
merecer a atensão dos especiafistas e vArias ] I c o m e Correia [A Ilha da Madeira, Coimbra,
vozes se ergueram em favor da criação de u m 1927, p.173, 1781 identifica para a Madeira as
jardim botanico na Madeira. Em 1936 refere- quintas d o Palheiro Ferreiro c Magnblia como
-se uma tentativa frustrada de criasão de u m jardins bot4nicos. Estas são tanto, viveiros de
Jardim Zooldgico e de Aclimataqbo nas Quintas plantas como hospital para acolher os doentes
Bianchi, Pavão e Vigia, que contava com o apoio da tísica pulmonar e outros visitantes com posses
d o Zoo de Hamburgo. A criação d o Jardim e entusiasmo para desfrutar da ilha.
BotPnico por deliberação da Junta Geral d o No sbculo X V t l l desvendou-se u m a nova
Distrito Aut6nomo d o Funchal a 3 0 de Abril de vocação: as ilhas como campo de ensaio das
1960 foi o corolArio da defesa secular das t k n i c a s de experimentação e observasão
condições da ilha para a cria530 e a demons- directa da natureza. A afirmação da Ciencia
tração da importancia científica revelada por na Europa fez delas escala para as constantes
251 islenha

expediçcies cientlficas dos europeus. O flora identificada c o m a cultura ocidental. N o


enciclopedismo e as classificações de Linneo retorno foram as plantas d o Novo Mundo que
(1735) tiveram nas ilhas u m bom campo tiveram de novo passagem obrigatbria pela
de experimentação. Tenha-se e m conta as ilha. A riqueza bot%nica d o Funchal resulta
campanhas da Linnean Society e o facto de o disso.
pr6prio presidente da sociedade, Charles Lyall, O processo de imposição da chamada biota
ter-se deslocado e m i838 de propbsito 3s portdtil europeia, no dizer de Alfred Crosby, foi
CanArias responsável por alguns dos primeiros e mais
As ilhas recriavam os mitos antigos e reser- importantes problemas ecolbgicos. Quem não
vavam ao visitante u m ambiente paradislaco se lembra da praga dos coelhos d o Porto Santo?
e calmo para o descanso, ou, c o m o sucedeu Que dizer do i n d n d i o que lavrou na ilha durante
n o s6culo dezoito, o laboratbrio ideal para os sete anos? Estas situações são assiduamente
estudos científicos. O endemismo insular referenciadas pela actual historiografia norte
propiciava a última situação. As ilhas foram o americana sobre a Histbria d o meio ambiente.
principal alvo de atenQo de botAnicos, ictib- Outro facto tambem insistentemente referido
logos, geblogos. A situaçáo & descrita p o r é o da prbpria ilha da Madeira. O nome foi o
Alfredo Herrera Pique [Las idas Canarias, Escala atributo para referenciar a abundancia e aspecto
Cientlfica en e/ Atldntico Viajeros y Naturalistas luxuriante d o bosque. Mas em pouco tempo,
an eI siglo XVIII, Madrid, 19871 a considerar as queimadas para abrir clareiras de cultura e
c o m o « a escala cientlficu do Atldnticon. 0 s habitação, o desbaste para fruifão das lenhas
ingleses foram os primeiros a descobrir as e madeiras, fizeram-na desmerecer tal epíteto.
qualidades d o clima e paisagem e a divulga- Da Madeira quase 56 ficou o nome...!
-las junto dos seus compatriotas. É esta dimen- A tradição refere que os navegadores portugue-
são quase esquecida, motivo despertador da ses atearam u m incêndio h densa floresta para
citncia e cultura europeia desde o século XVIII, poder penetrar, mas este ganhou tais propor-
que importa realqar. ções que os atemorizou. Diz-se que foram sete
anos de chama acesa. Todavia, hoje ninguem
0 MADEIRENSE E O MEIO NATURAL acredita nesta versão, divulgada por Francisco
Passamos a grande ilha da Madeira Alcoforado e repetida e m Cadamosto e João de
Que do muito arvoredo assim se chama Barros. A ser verdade teria reduzido a ilha a
Das que povoamos a primeira carvão...
mais cklebre por nome que porfama Todavia estamos perante uma realidade que

C-.) p a u t a r l a expansão europeia e que 56 nos


(Camões, Luslodos, est.5, canto V, 1613) ú l t i m o s anos t e m cativado 'a atenção d o
historiador. Tudo isto tem origem num produto
A Madeira náo se posiciona apenas nos anais devorador que conquista a economia de
da História universal como a primeira Area de mercado e que pautou a evolução da economia
ocupação atlantica, pioneira na cultura e atlantica a partir do sCculo XV. O carrasco foi
divulgação d o açúcar ao Novo Mundo. Foi o o aqúcar. A dis-ponibilidade s6 foi posslvel com
viveiro de aclimataçáo nos dois sentidos. Da processo de degradação do meio que viu nascer
Europa propiciou a transmigração da fauna e os canaviais.
islenha [26

O CONFLITO ENTRE A FLORESTA E O ESPAGO As madeiras de til, vinhático, aderno, barbuzano,


AGRICOtA cativaram a atenção de colonos e forasteiros.
As serras de água que proliferaram por toda a
A intervenção do homem na floresta causou ilha, com maior incidência da encosta Norte,
efeitos destrutivos, por vezes catastrbficos. A podem ser consideradas o slmbolo da busca
situas30 foi mais evidente nas ilhas onde o desenfreada de Arvores para abate.
hinterland era reduzido. A primeira imagem está certo que a necessidade de lenhas como
testemunhada nos anais da História da ilha de combustlvel para o dia - dia caseiro, para a
Chipre, onde a constru~ãonaval e a exportação indústria de panificação, forjas e engenhos de
de madeiras levaram a que perdesse o eplteto açúcar levaram paulatinamente A diminuiçáo
de ilha verde, dado pelos antigos. A situação das reservas florestais. Mas foi sem dúvida o
repete-se na Madeira, CanBrias e na maioria das desbaste para a agricultura que conduziu
Antilhas. inevitavelmente ao processo destrutivo.
Um dos aspectos significativos do recurso A Perante esta continggncia do processo de
floresta foi a construsão naval. A expansão aproveitamento económico da ilha, o espaço
europeia desde o século XV implicou uma florestal desapareceu a olhos vistos perante o
revolução no sector. Os s&culosXVI I e XVII I de olhar atbnito das autoridades e cientistas de
forte compet&ncia das potências europeias no passagem peta ilha. Daqui resultou uma
dominio do mar e do Novo Mundo conduziram situação particular da ilha, insistentemente
ao incremento da construção naval. At& 1862, evidenciada por quase todos os visitantes. O
altura em que se atingiu a idade do ferro, a Sul escalvado contrasta com o Norte, onde
madeira era a matéria-prima da construção naval. ainda persistia a floresta indlgena. Era já
O caso mais evidente disto está na Inglaterra evidente o perigo de desaparecimento de
que, ao ver perdida a floresta se socorreu das algumas espécies da flora indlgena. Em 1792
madeiras de Arndrica do Norte para assegurar 1. Barrow refere a situação o cedro, enquanto
o poderio naval. AliBs, este continente foi a em meados do século 1. Mason junta tambdm
principal reserva europeia: a Nova Inglaterra o dragoeiro, folhado a vinh8tico.
para os ingleses e o Canada para os franceses. O processo de desflorestaç50 C uma realidade
A Madeira assume aqui um lugar de destaque. bem presente nos textos de todos os
A ilha ganhou o nome do denso arvoredo, mas observadores, sejam locais ou visitantes, e
a presença do homem desde o século XV mereceu alguns reparos. Em 1817 Paulo Dias
rapidamente conduziu ao desaparecimento na de Almeida acusava os carvoeiros da situação
vertente Sul. Tal como afirma S. Pyne [Fire in em que encontrava a ilha: «...as montanhas que
Amarica, 1982) p. 124.1 a situas30 da Madeira não há muitos anos vi cobertos de arvoredos, hoje
não C uma caricatura do processo de des- os vejo reduzidas a um esqueleto. O Centro da
florestago, mas uma das principais evidencias. ilha se acha, todo descoberto de arvoredo, com
A par do usufruto da floresta como fonte de apenas algumas dwores dispersas, e isto em lugares
combustlvel C de assinalar o aproveitamento onde os carvoeiros ndo tem ckagadon.
das madeiras, consideradas a primeira riqueza Se a atenção e preocupação dos cientistas estava
dos povoadores, a fazer f4 naquilo que referem na descoberta e classificação das novas espécies,
Zurara, Valentim Fernandes e Gaspar Frutuoso. o empenho das autoridades incidia na preserva-
271 islenha

çáo d o parco manto florestal necessirio h


sobreviv&ncia humana e ao equillbrio da eco-
nomia. Deste modo, desde o s6culo XV at& ao
presente sucede-se u m interminhel conjunto
de regulamentos, ordenaçaes e posturas. A
legislasão florestal madeirense 4 prolixa, sendo
de destacar o regimento das Madeiras de 1562,
o mais antigo que se conhece pois faltam notícias
sobre o de 1515, o regimento das matas e
arvoredos de 1839, o plano de organizaçáo dos
Serviços Florestais de i886 e o Regimento do
Serviço de Polkia Rural e Florestal de 1913. Estas
3. Trapiche nas Antilhas.
reguiamentações genbricas tiveram réplica nas Foi com u m violento incendio que os povoadores, G~~~~~~de ,es5

posturas Municipais e recomendações dos segundo Cadamosto, <wwrerarngrande parte da


corregedores lavradas nas correições completam dita madeira, fazendo terra de lavoura». As
o quadro das medidas protectoras do manto queimadas sucederam-se infinitamente e levaram
florestal. Daqui se conclui que não houve a coroa a estabelecer um travão. Outros violentos
esquecimento e falta de regulamentação. As incendios se sucederam. 0 s que ficaram para
contingencias de cada bpoca ditaram, sem a Histbria, fruto da acção humana são de os
dúvida, a inefidcia da aplicaçáo. 1807 e depois e m i g i o e igig. Em 1593 docu-
Estas medidas poderão resumir-se h preserva- menta-se o fogo do céu que causou elevados
ção daquilo que existe atravbs de medidas danos na cidade e manto florestal. Muitos dos
limitativas do abate de hrvores e recuperação do incendios na floresta foram resultado da incúria
coberto florestal com uma polftica de reflorestação o u mal&vola iniciativa dos carvoeiros. Estes são
das zonas ermas o u em abate. A salvaguarda da considerados em finais d o século passado como
floresta passava não 56 pelo estabelecimento de os principais inimigos da floresta. Sobre eles
medidas rigorosas que controlassem o abate, que incidiam as culpas quanto h origem dos diversos
deveria estar sujeito a licenças camargrias, mas incendios que se ateavam com insistgncia nas
tamb4m ao ataque e m todas as frentes aos serras da ilha. Paulo Perestrelo da Camara [Bmw
agentes devastadores, onde se inclulam o fogo Noticia sobre a Ilha da Madeira, Lisboa, i841, 34-
e o gado solto. As queimadas, tão comuns desde -35.1 C incisivo nas acusações: *os bdrbaros
o povoamento, foram u m dos principais agentes carvoeiros cortam e queirnão ksapiedadamente,
devastadores e por isso insistentemente proibidas. as brvores mais robustas e úteis e quazi todos os
O gado 6 obrigatoriamente acantonado a espaços annos deixam atear fogos, que por dias e mezes
circundados por u m bardo. consomem as vezes Iegoas de mato*.
A floresta não era para os nossos avoengos u m A luta não permitia tréguas. Assim sucediam-
espaço de diversão mas sim algo fundamental -se as medidas que procuravam assegurar a
para a economia da ilha. Vedar-lhe o acesso era preservação da floresta e a reposição do coberto
imposslvel. Dai as medidas disciplinadoras d o vegetal. Mas a polltica de reflorestas30 da ilha
uso de acordo com u m processo econ6míco assumiu apenas uma dimensão adequada na
harmonioso. segunda metade ,do sCculo XIX. A primeira
islenha [2s

4. Engenho ms Antilhaq
&. XVII

indicação C de i677,altura em que se recomendava propostas era a amoreira, que «alimenta bicho-
o plantio de amoreiras em Machico, Santa Cruz -da-seda e distraem lagartixas ndo comam uvas*.
e Porto Santo. O grande promotor da polltica foi Note-se que s6 nos dois anos que antecederam
o Corregedor Francisco Moreira de Matos. Em a visita do corregedor em 1795 a Ponta de Sol
1769 ele dava conta dos infractores de Santa Cruz se plantaram 35.000 Arvores. Esta salutar medida
quanto fiscalização das medidas que deter- teve diversas formas de concretização. Assim
minavam a obrigatoridade de plantar Arvores nas em 1800 aquele que cortasse uma Srvore era
terras baldias, o que prova estar jA em execução. obrigado a plantar outra no seu lugar. Esta
Na Ponta de Sol em 1789 explicita-se que este situasão C testemunhada por W. Combe em 1821.
plantio deveria ser de Arvores silvestres e de fruto. Todas as ordens no sentido da defesa e recuperação
A solução tornou-se extensiva a toda a ilha através do meio natural passaram para o articulado das
da carta circular de 25 de Dezembro de 1770. posturas. Assim em Machico (1840) e Funchal
Em Santa Cruz sabemos que a medida era (1849) reclamava-se que aqueles que viviam da
fiscalizada pelos prbprios moradores, nomeando serra com a lenha e carvão deveriam plantar em
a vereação dois homens por cada localidade. Janeiroseis Arvores na terra. ]os& Silvestre Ribeiro,
Aos baldios juntam-se as escarpas montanhosas como governador (1846-1851)
teve uma actuaeo
e as Areas de cultivo. Assim em 1791recomen- exemplar na defesa das florestas e de reposição do
dava-se aos lavradores das meias terras acima coberto. Em 1849 apostou na distribuição de
são obrigados a plantar meio alqueire ou uma sementes de pinhão e no ano imediato propor 3
quarta, dependendo da extensáo das terras, de JuntaGeral a criago de um viveiro geral para toda
castanheiros, enquanto os outros deveriam a ilha. Nesta proposta recomendava-se o plantio
plantar pelo menos duas laranjeiras e um de Arvores indigenas: vinhhtico, loureiro, aderno e
limoeiro. Por outro lado as terras escalvadas e perado. Uma das formas de incentivo da polltica
do interior deveriam ser semeadas no decurso de reflorestamento estava na atribuigo de prémioç
do m&ç de Setembro de pinheiros. Outra das aos que mais se distinguiam nesta tarefa. A S & d d
zs] i s l e n h a

Agrícola Madeirense (1849-1880)aderiu a esta e o decreto de 21 de Setembro de 1867. A aposta


política, afirmando-se c o m o promotora da continuou n o nosso s&culo, tornando-se mais
sementeira de Arvores e da preparação de legis- evidente a aposta com o avanço das encostas
lação adequada. escalfadas fruto de desbastes ou dos incendios que
O Porto Santo é u m caso extremo da necessidade ocorreram. Em face disto a aposta estava na
de rearborização, dependendo disso a reanimaçlo arboriza~áocomo testemunham os estudos de
agrícola da ilha. Pelo menos assim se entendeu Manuel Braz Sequeira (1913)
e João Henriques
em 1771com o Regimento de Agricultura, onde se Camacho (igzo). A prbpria camara d o Funchal
insistia no plantio, nas montanhas, de pinheiros, apostou no montado do Barreiro.
zimbreiros, castanheiros e junto das Areas de
cultura, de amoreiras e espinheiros. A razão estava A CANA-DE-ASÚCAR DEVORA A PAISAGEM
em que elas faziam <<sombraa terra e attrahião a
umidade da gizo da que a mesma terra hd aDifici/mente se encontrarão formas de
sumamente estdriln. utilizaqão dos recursos dos solos que se
Os resultados da politica florestal são vislveeis e possam rivalizar com a agro indústria
testemunhados pelos estrangeiros. Em 1851 Robert canavieira q u a n t o d capacidade da
W h i i [ M a d i a , p. 69.1deiíaca a expansão do pinheiro condicionar um tipo de sociedade e da
face A floresta indigena. Dois anos apbs Isabella de economia, de modelar um tipo de paisagem
França Voumal of a Hsit to Madeira, pp. 48-49, 63, e de estruturar um tipo de arranjo
76, 138-1391 depara-se com uma floresta de económico do cspago». (M6rio Lacerda de
castanheiros, loureiros e pinheiros: *no cimo dos Melo, O Açúcar e o homem, i 975)
r n o m plantaram uma it$nidade de pinheiros, a mais r<Jd afirmou algukm, com muita m z h ,
parte nas duas últimas dkcadas.n. )iem 1854 E. que o cultivo da cana-de-a~úcar
se processa
Worteley destaca este trabalho e a presença de em regime de a u t o ~ aa: cana devorando
e s w i e s da China, AustrAlia e Japão, nomeadamente tudo em tomo de si, engolindo terras e mais
no Jardim da Serra. JA no nosso s6culo o Marques terras, dissolvendo o húmus do solo,
de JAcomeCorreia testemunha o esforço de plantio aniquilando as pequenos culturas indefesas
de iwores, de iniciativa pública e privada. Neste e o prdprio capital humano, do qual a sua
último caso tivemos o Visconde Cacongo e Luiz de cultura fim toda a vida. E d a pura verdade...
Ornelas e Vasconcelos. De acordo com o mesmo Donde a caracterização inconfundlve/ das
em 1823foram distribuidas por toda a ilha vinte mil dijerentes áreas geogntfrcas aqucareims, com
Arvores de eucaliptos, acácias, carvalhos e pinheiros. seu cicio econdmiw, com asfases de rdpida
Na verdade as dCcadas de quarenta e cinquenta ascensão, de esplendor transitbrio e de
foram tempos de reflorestago. Tal como referia a irremedidvel decad8nciu. Ciclo asta que se
Junta Geral no relatório de 1864 «a necessidade da processa tonto mais rapidamente quanto
ahrização nas serras da Madeira, não se demonstm, menores os recursos de berras disponiveis.
sente-se*. Daqui resultou a necessidade da aposta Dal a ssmelhanç~de aspectos entre áreas
seguindo-se o exemplo dos franceses (1860) e diferentes corno o Haiti, Cuba, Porta Rico,
espanhdis (1863).Sucederam-se varias medidas Java e o Nordeste brasileiro». (JosuC de
para fazer desta polltica uma realidade na Madeira Castro, Geografia da Fome, R. Janeiro,
como foi o caso do alvari de 31 de Agosto de 1863 1952, P- 73)
islenh

A cana-de-aqúcar poder8 ser considerada como cinco sCculos, em que ela assumiu u m estatuto
uma das culturas agrícolas mais importante da de produgão em larga escala, assim o confirma.
Hist6ria da Humanidade. Provocou o maior Aquilo que aconteceu na Madeira nos s&culos
fenbmeno e m termos de mobilidade humana, XV e XVI repetiu-se nas Ganirias, Caralbas e
econbmica, comercial e ecoldgica. A afirmação s6 não atingiu idCnticas proporçaes no Brasil,
agrlcola C milenar e abrange vario5 quadrantes porque a mata atlantica era extensa. Gilberto
do planeta. E entre todas as plantas domesticadas Freire afirma que «o canavial desvirginou todo
pelo Homem a que lhe acarretou maior número essa mato grosso de modo mais cru pela
de exigencias. Ela quase que o escraviza, esgota queimada. A cultura da cana... valorizou o
o solo, devora a floresta e desçedenta os cursos canavial e tornou despmzível a matam. O
de água. processo C simples. Para plantar a cana
A exploração intensiva desde o s4culo XV gerou derruba-se o u queima-se a floresta. Depois
grandes exigencias em termos de mão-de-obra, para fabricar o açúcar a floresta faz falta para
sendo responsAvel pelo maior fenbmeno manter acesa a chama dos engenhos, ou
migratbrio à escala mundial que teve por palco construir as infra-estruturas. A cana tem na
o Atlantico: a escravatura de milhões de africanos. floresta o maior amigo e inimigo.
Ligado a tudo isso estd, ainda, tambem u m Os arquip4lagos da Madeira e CanArias foram
conjunto variado de manifestaçaes culturais que os primeiros a sentir os efeitos devastadores
vão desde a literatura h música e 3 dança. da cultura. O espaso limitado das ilhas náo
Nenhuma outra cultura teve tanto impacto. permitiu a continuidade da cultura açucareira
O Oriente que descobriu a d o ~ u r ada planta, porque rapidamente devastou a reserva
tendo a Papua Nova GuinC como Berço. Os florestal.
Arabes fizeram-no chegar ao ocidente e foram A M a d e i r a foi buscar o n o m e ao d e n s o
os principais arautos da sua expansão. Genoveses arvoredo que a cobria à chegada dos primeiros
e venezianas encarregaram-se do comCrcio e europeus. Cem anos mais tarde a situação
Europa. Foi nas ilhas que encontrou u m dos da vertente Sul era distinta. O processo
principais viveiros de afirmasão e divulga@o: agrlcola e m tarno da cana sacarina fez abater
Creta e Skllia no Mediteraneo, Madeira, Açores, as árvores de grande porte para abrir caminho
CanArias, Cabo Verde e S. Tom4 n o AtlAntico aos canaviais. A Iaborasão dos engenhos
Oriental, Puerto Rico, Cuba, jamaica, Demerara. obrigou ao desbaste de madeiras e lenhas
A realidade s6ci~econ6micaque serve de suporte para alimentar os engenhos. Em pouco tempo
ao aqúcar diferencia-se no percurso da cultura as encostas sobranceiras ao Funchal ficaram
do ~aclficolíndicopara o Mediterraneo/Atlsntico. escalvadas.
Assim, n o primeiro caso não assume a posisáo Os reflexos da situa@o fizeram-se sentir muito
dominante na economia, primando pelo carácter cedo obrigando as autoridades a intervir n o
secundairio, enquanto n o segundo 6 patente o s e n t i d o de l i m i t a r o avanço das Areas de
efeito dominador na economia e sociedade1 cultivo e de controlar o abate de madeiras e
/associação ao escravo, que comesa no Mediter- lenhas. Em 1466 os moradores do Funchal
r%neoe se reforsa n o AtlBntico. contestavam o regime de concessão de terras
A cana, tal c o m o afirma Josuk de Castro, & de arvoredos e do modo de as esmoutar, pelos
autofagica. A realidade histórica dos últimos efeitos nefastos q u e causava h safra açu-
311 islenka

careira. Perante tal reclamação, o senhorio terfos, mas era na de Machico que se encon-
ordenou aos capitães e almoxarifes que trava o mais importante manto florestal neces-
cumprissem os prazos estabelecidos e que sário para alimentar os engenhos. Deste modo
fosse interdito o uso do fogo. N o entanto, o Vedor da Fazenda Real determinava e m 1581
e m 1483, o Capitáo de Machico continuava a que a fruição das madeiras destinadas ao
distribuir de sesmarias os montes pr6ximos fabrico do açúcar fossem de fruição comum.
d o Funchal, c o m excessivo prejulzo para os A situação manteve-se nos anos imediatos
lavradores d o aqúcar e, por isso, D. Manuel sendo necessAria a intervenção da coroa. No
repreende-o, solicitando que tais concesç6es sentido de controlar o consumo de lenhas
deveriam ser feitas na presença do Provedor. pelos engenhos a carnara nomeava u m esti-
E, finalmente, e m 1485, o mesmo proibiu a mador de lenhas, que através de uma bitolha
distribui@o de terras de seçmaria nos montes «de sinco palmos e meio de largo e de altura
e arvoredos d o N o r t e da ilha, para e m dou5 e meio».
princfpios d o s6culo XVI (1501 e 1508) acabar Nas ilhas onde o espaço florestal C limitado,
definitivamente c o m a concessão de terras o equillbrio entre estes recursos e a agro-
e m regime de sesmaria, a única ressalva -industria de exportaçlo C sempre precArio. A
estava as terras que pudessem ser apro- hist6ria d o açúcar revela-nos que o período
veitadas para canaviais e vinhedos. m&dio de afirmação da cultura não chegava a
As reclamações dos moradores e as conse- u m skculo. Sucedeu assim na Madeira, como
quentes medidas do senhorio atestam a pres- e m algumas ilhas das Canairias e nas Antilhas,
são do movimento demografico sobre a conces- como foi o caso de Jamaica.
s l o de terras. N a Madeira, das facilidades da Muitas inovações n o d o m l n i o da indústria
dCcada de 20 entra-se na dkcada de 6 0 com açucareira surgem por necessidade de poupar
normas limitativas, como forma de preservar energia. A partir d o século XVII a generalizaçso
o pascilgo de usufruto c o m u m e de apoio aos do chamado trem jamaicano pode ser consi-
principais propriet8rios de canaviais, cuja derado u m contributo significativo. A solução
exploração dependia da existencia de montes estava em apenas urna fornalha alimentar as
e arvoredos. As exorbit3ncias dos capitães, tres caldeiras. Assim o fabrico de um quilo de
desrespeitando as ordenações régias e senho- açúcar deixa de necessitar de 15 quilogramas
riais, conduziram A d i m i n u i f ã o da Area de de lenha, passando para u m terqo. No s&culo
pascilgo. Saliente-se que o pr6prio D. Manuel XIX generalizou-se a miquina a vapor, que veio
contrariou, em 1492, o regimento de dadas de dar descanso A floresta u m a vez que os
terras ao permitir que o capitáo do Funchal engenhos passaram a ser alimentados por car-
distribui-se terras na serra para currais e cultura vão mineral.
de cereais e as bermas das ribeiras para a N o s&culo XV a aposta na cultura dos canaviais
plantação de árvores de fruto. e fabrico do açúcar conduziram inexoravel-
O l i t l g i o entre as capitanias do Funchal e mente A destruição da parca floresta da ilha.
Machico quanto ao usufruto da floresta foi A tradição anota que para o fabrico de u m
uma constante n o sbculo XVI. Acontece que quilograma de asúcar era necessdrios 1 5 Kgs
a capitania d o Funchal dispunha da maior Area de lenha. Algumas evidencias provam esta
de produqão de açúcar da ilha, superior a dois situasão para a Madeira.
i s l e n h a [32

ANO PRODUÇAO DE TOTAL ANO PRODU@O DE LENHA


A ~ O C A REM KCS. AÇUCAR EM KCS KGS
'455 36.309 54.4.635 . 1520 i.291.659 19.374-894
1 220.500 3.307.500 1521 1.571.238 23.568.583
1 z.gq-000 1.410.0m 1522 1.393.618 20.904.282
C #i.ooo 6.615.ooo 1523 1.465.090 21.976.353
76.000
i.i i7.640.000 1524 1.194.477 17.917.168
-

1491
- i.478.290 22.174.362 1525 957-396 14360.944

-
1497
. inj
1.517.187
1.468.191
22.578.805
22.022.878
i526 848.836 12.732.552
1527 1 .ozo.i 06 15.301-597
' ~ Y Y i.764.000 26.460-000 i528 1.242.591 18.638.865
1501 1.687.236 25.308.549 1529 i .050.447 15.756.709
150.6 1.665.774 24.986.61g 1530 823.023 12.345.3M
I 3.077.621 46.164.321 1 534 794.93' i1.923.978

I. 3.384-175 50.762.628 1535 760.239 ii.403.598

1507 2.601-679 39.025.192 1536 756.947 i r .354.206


1 5 d 2.544.452 38.166.786 1537 687.827 10.317.415
1S O ~ 2.1 52.080 32.281.200 t 581 539.049 , 95.735
151a 2.1 17.755 31.766.332 i582 544.620
L

1512 1.946.662 29.199.933 1583 517.469 7.762.04


- 544.018 24.660.279 1584 632.555 9-488.33
1.794399 26.923.491 1585 475.427 7.131.41 .
1.367-173 3.507.602 i586 464-490 6.967.359
i518 1.695.527 ~5.432.911

ANO PRODUÇAO Dt LENHA e floresta foi suficiente para manter a cultura


AÇÚCAR EM KGI KCS num curto lapso de tempo. A crise afucareira
750.64~ da segunda metade do século XVi não surge
774.39f apenas como resultado da concorr&ncia do
.385.401 açúcar de novas Areas, mas acima de tudo das
386.971 dificuldades internas da pr6pria cultura. A ilha
320.00~ apresenta recursos limitados que facilmente se
esgotam. Sucedeu assim na Madeira como nas
As Canlrias foram o segundo grupo de ilhas a Canirias.
receber o impacto negativo da cultura açucareira. Para o Brasil n o seculo XVIII cada quilo de
Desde finais d o sCculo XV que os canaviais açúcar equivale a 15 kg de lenha queimada,
trazidos da Madeira tiveram grande incremento dando media anual de 210.000 toneladas. A
nas ilhas de Cran Canaria, La Palma e Tenerife, cada hectare devera corresponder 200 tonela-
as únicas do arquiplago onde a reserva de Agua das. A evoluçáo recente da mata atlsntica no
Brasil, passados mais de cem anos sobre o atribulda A falta de lenhas, o que levou a uma
incremento da rniquina a vapor nos engenhos, tomada de medidas desde 1540. A situação
continua a ser tragada por outros agentes. repete-se na Madeira e Canarias, o que provoca
Assim entre 1985 a 1990 ela perdeu 5.330 kmz, uma reacção dos proprietArios de engenho,
ficando em 83.5ookm2, isto cerca de 8% da materializada em medidas exaradas em ordens
floresta encontrada portugueses em 22 de Abril rbgias e posturas municipais.
de 1500. Esta continuada a g l o devastadora C As ilhas, pela limitação do espaço, foram as
assim descrita: fcDurunte quinhentos anos, a primeiras a ressentir-se. Sucede assim em
Mata Adllntica propiciou lucrosfiiais: papagaios, ambos os lados do Atlantíco, apontando-se
corantes, escravos, ouro, ipecacuanha, orquídeas como única excepção em S. Tom6 e Prlncipe.
e madeira para o proveito de seus senhores colo- Nas Caraibas a situaçPo 6 igual. A ilha de Santo
niais e, queimada e devastada, uma camada Domingo, hoje Haiti e Rep. Dominicana, a
imensamente fkrtil de cinzas que possibilitavam cultura da cana teve um apogeu curto de pouco
uma agricultura passiva, imprudente e insusten- mais de cinquenta anos, pois que em 1550 a
kfvel. A população crescia cada vez mais, o capital notdria escassez de lenha conduziu ao
"se a t ~ m ~ l a v aenquanto
~', as florestas desapa- abandono de muitos engenhos desde 1570. )i
reciam; mais capital então "se acumulava" - em em jamaica, a promoção pelos ingleses da
barreiras r ) erosão de t e i s de lavoura, em aque- cultura, levou h busca de solu$ies. Primeiro o
dutos, controle de Juxos e enchentes de rios, trem jamaicano que ter8 sido a solução mais
equipamantos de drugagam, berras de mata eficaz. Com este sistema de fornalha o apro-
plantada e a industrializaç~ode sucedtinios para veitamento de lenha era evidente, poi
centenas de produtos outrora apanhados de graça com uma s6 fogueira se conseguia
na porestu. Nenhuma restn'@o se observou duraniz tr#s fornalhas. Concomitantemente tivemos o
esse meio milknio de gula, muito embora, quase recurso ao bagaço como combustlvel. Note-se
desde o inlcio, fossem entoadas intermitentes que ambas as situaçtíes difundem-se primeiro
inrerdiçães solenes que, nos dias atuais, são nas Antilhas inglesas a partir da década de
contfnuas e frendticas.» oitenta do sçculo XVII e 56 depois atingem as
Esta situação, não obstante a extensa mata demais Areas açucareiras. A generalizasão do
disponlvel, provocou alguns problemas. Deste sistema aconteceu primeiro nas ilhas, carentes
modo em 1660 o municlpio de Salvador da de lenha, e sb depois chegou ao Brasil. A
Bala definiu um conjunto de medidas, que não entrada definitiva na inddstria açucareira do
foram suficientes uma vez que em 1804 no Brasil 6 de 1806, altura em que Manuel Ferreira
Recbncavo era evidente a falta de lenhas e da Camara, na Bala, adaptou o seu engenho a
madeiras. O desaparecimento da floresta esta nova situação. Todavia nesta época a
prhxima dos engenhos fazia aumentar os custos grande inovação era ja a maquina a vapor, que
de fabrico do ydcar, agora onerados com os começou a ser usada no Brasil a partir de 1815.
da lenha. Entretanto a Caldeira de vacum, inventada em
O processo é similar nas regiaes que antece- 1830 por Norbert Rillius de New Orleans, foi
deram o boom do açúcar americano. Em Motril a tgcnica que revolucionou o fabrico do açúcar
a primeira metade do sCculo XVI 4 definida por a que mais contribuiu para a economia de
uma situação de quebra da produção açucareira, com bustlvel.
islenha 134

BIBLIOGRAFIA Fundamental:
ARNOLD, Dawd. Th Wlkm of Natvrc Emimnmni, C u h m and Eumpsan Expamion(Nw hp%üvts oii thc Past), Oxiord, 1996;
BARROS E SOUSA, Abflio. &na I Arúorizaçao L Mo& do h m i m , Funchal, 1946; BLUME, Hdmut, Cqwphy $Sugar GM.
Envimnmtmal, Stnictaiml and E m m m i ~Arpnts
! 46nu Sugar W u c f i o n , brlirn, 1920;BOTELHO,Teresa Maria 3., Tecno!ogia Popular
t En* no Sxtor Resldtmial nrml. Um Estudo sobre o Fogão a Lcnha, R. de Janeiro, 1486; CROSBY, Aifred W., Edogiwl Imps&lism:
thc Biofogiml ofEumpb w r g o o , Cambridge. 1986(cdiçio em Parbigues, S. hulo. 19931,IDEM, ThQ Columbbn Exdiang,~.
Bdogi~llland Cultural Cbnstqutncsr af ~ 4 9 2 Westpwt,
, 1973; DEAN, WARREN, A km n hp. A AiEidria c a ~~ de Matu
Atldntim Bmsikim, S. Paulo, 1996: DEER, Noel, Himry ofSugar, 2 wls. London, 1949;FERRAO,1. E., A inj?uancm hrtugu& na
Expansão dar Plantas no Mundo, Lisboa, 1980: IDEM, A Avtntum das Pianas t as Dcw*ibrimsmos Portuguarss, Lisboa, 1992, IDEM,
Tmnspbnr@o da dQmsds Com'mks para Conlinãnlsr no S h l o XVI, Llsboa. r*; IDEM, A DlfusBo das Plantas no Mundo a t r d s
dos üeicobrirncntos, in Mam tibuum, n.' r, iggo, 131-142; FREIRE, Gilberto, No&, Rio de Janeiro, 1985;CALLOWAY, j. H., Tht
Sugur C ~ M JAhrstry. A H i ~ r i w Cmgmphyjjom
! its Ongim to t g i q Cambridge. 1 9 9 ; GROVE, Richard, Gmsn Imprialiwn. toloniol
Expnsion, Tm@l Islandr Edsrtr. and the Origins of EnvironmeMlism, i60c-r860, Cam bridge, i995; LAPUS, C., Lãr Pmduits íoloniouw
&Origine Wgktals. Parls, rg30; MACKENZIE, J. (ed.), Imprialism and thcir NuWiiml Worid, Manchester, 1990; MALPICA, Antonio, E1
Aaimr tt~e/ E n a i s m tntm dor Mudos. Barcelona, 1992; MELVILLE, Elinor, A Phps of S h a p E n v i m m e ~ ~ t gConquinms
l oJ t h ~
H i m q ofMwAnm, Cambridge, 1994MINE, Sidney W.. Swttrntn a d Pawr, N. Y o k 1985; FIEEDHAM, joseph. 5ci.w afCiviIimtiOn
h China, vol. VI15 (C. Daniels and N. K. Menzies). London, 1996; NOVAK, Barbara, Naiurs and G i h m m t r i m n L a n h p Paidng.
i-7875, N . Y., 1980;Paiwger L I Puucar. Aclas del Quinto Stminario Intsrnaciona/, Motrll, 1995; OSBORNE, Mlch-ael, Natute, tht
Emtic, a d t h s S&nu ojFmmh Coimbli$m, Bloorningtm,1994; PREST, I., ?%
tu&ni$€&a: Tm Botanic Ganlsn and tht R-tion
, H a m , 1981;W N E , S. 1.. Fim in Amctim, 1982; SILVA, k Maques da, mPreowpç&s Ecológias do Estrela do
p f h r n i k ' ~ ~New
Nonew. in A&&, ig ( i g g ) , 203-208; THIRCOOD; j. V,. Man and thQ Msditsrmnwn For&. A History ofRaroum Dq~ktion,London,
1981;THOMAS, K. Man and tks Natuml Wodd. Çhanging Attitudss in Engiand. r ~ o ~ i 8 0 Oxford, 0, 1983; VIEfRA, Alberto, A Rota do
Apimrna Modtiru, Funchal, 1996:IDEM, Do c&n d Arta ds Na6, funchal, 1999;VIEIRA, Rui, -Sobre o 'Jardim Botlnico' da Madeira=,
in Atldnti'60~2,1985;WAiiS, D, Envimnmtmal Chaap. Slawq and Agricuhuml D s v d o p t M i~ ths 15ribbean sinu 3492. Cambridge,
19% (com ediçBo em castelhano em 1992)8: WHEATW, Helen, Agkuhm, h o u r c s h p b t d o n and E n v i m m t m l Changq i 997;
WHITE, Richard, h n d Use, Envimnm6#1#and Sucial Chungc, Seattie, 1480:WORSTER, O., Nmum's Emiicimy: A Hirtory of Waprsrn
Emlogh! Idas, Carnbridge, i 985

You might also like