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Preâmbulo...............................................................................................................................5
O ALUNO COM DEFICIÊNCIA Auditiva ou Surdez...........................................................6
As implicações dos diferentes tipos de surdez....................................................................7
Mitos acerca da surdez........................................................................................................9
A postura ideal da escola inclusiva para com os alunos surdos............................................11
A importância da Língua Gestual para o desenvolvimento e a aprendizagem na criança
surda..................................................................................................................................11
A aquisição da língua gestual e portuguesa na criança surda............................................13
Sugestões de actividades viáveis na escola inclusiva para alunos surdos.........................16
Epílogo .................................................................................................................................18
Reflexão final....................................................................................................................18
O DESAFIO À ESCOLA INCLUSIVA: EDUCAÇÃO BILINGUE PARA SURDOS PAG. 5
PREÂMBULO
pertencentes a uma minoria, que imersos num mundo oralista, ficam quase sempre
experiência profissional com um aluno com deficiência auditiva ou surdez, tenciona ser
uma criança surda na sala de aula, faria isso com facilidade? Provavelmente não.
diferenças individuais que fazem de cada um de nós pessoas singulares. Somos únicos
e diferentes devido a inúmeros factores: o lugar onde nascemos, as pessoas com quem
É por esse motivo que, ao relacionarmos com uma pessoa surda, devemos lembrar,
em primeiro lugar, que a perca auditiva que ela possui é apenas um aspecto de sua
características e comportamentos muito próprios. Algo que jamais deva ser esquecido.
Sendo assim, o conjunto de orientações que constitui este texto, não pretende
trazer informações definitivas sobre como relacionar e ensinar alunos surdos, mas
levar cada professor a reflectir sobre a sua prática pedagógica, quando nela estiver
barulho das cidades, os sons da natureza, a música, e, é claro, a fala das pessoas.
pessoas surdas. Como a grande maioria de nós comunica por meio da oralidade,
sociais nos diferentes contextos, com destaque na escola, os alunos surdos aí têm o
a perda auditiva pode impedir a perfeita percepção dos fonemas das palavras,
fala. É comum que percas auditivas leves e moderadas não sejam percebidas pela
família, vindo a ser detectadas apenas na escola, o que contribui para que a criança
indicados à intervenção.
já que, nem sempre, a criança teve acesso à língua gestual pela interacção com adultos
surdos e acaba por devolver uma linguagem gestual própria, limitada ao contexto
familiar.
sons da fala, ainda que de forma incompreensível para a grande maioria das pessoas.
visual da fala (a chamada leitura labial). A leitura labial, embora facilite a comunicação
com pessoas ouvintes, por si só, é uma estratégia insuficiente para a compreensão da
pronunciados pela pessoa que fala. É uma tarefa que exige um esforço extremo de
atenção, já que são poucos os fonemas que têm a sua visualização facilitada pela
observação dos lábios (bilabiais /p, b, m/; labiodentais /f, v/ dentais /t, d/, entre
Mesmo para os surdos que receberam instrução para o domínio desta técnica, há
estudos e pesquisas que indicam que a leitura labial por si só, é um meio ineficaz para a
compreensão plena, entre os interlocutores, uma vez que, na melhor das hipóteses,
compreensão da mensagem, que acaba sendo deduzida pelo contexto, o que nem
sempre é fiável.
Seria uma postura excessivamente optimista acreditar que uma criança, na faixa
etária entre 7 e 14 anos, permaneceria 100% do tempo que passa na escola atenta aos
lábios dos professores para ter acesso ao conhecimento científico veiculado pela
escola.
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relativa aos surdos que, pela falta da audição, necessitam do acesso a experiências
linguísticas mediadas por uma língua que não ofereça barreiras à sua interacção e
Na verdade, pessoas que não aprendem uma língua oral, por falta de audição, não
fazem isso utilizando um outro canal – a visão – e uma outra forma de comunicação – a
língua gestual.
espacial para sua realização: sua produção é realizada através de signos gestuais e
universal a todos os povos. Porém, tal como ocorre com as línguas orais, cada país tem
a sua própria língua gestual que reflecte a cultura e as tradições daquele povo,
gestual pelas crianças surdas são semelhantes àquelas apresentadas por crianças
ouvintes com a língua oral, demonstrando que para o cérebro não importa se a língua é
deva ser bilingue, assegurando o acesso à língua própria das comunidades surdas e à
duas línguas na escolarização dos surdos: a língua gestual portuguesa – LGP e a língua
portuguesa.
aprender, primeiro, a língua gestual no ambiente familiar, para ter assim plenamente
O ideal seria que a aprendizagem da língua portuguesa iniciasse por volta dos 3
desenvolvem a proposta de educação bilingue para surdos nas escolas para surdos,
como é exemplo a Casa Pia de Lisboa, ou, em casos excepcionais, no ensino regular.
alfabetização, tendo em vista que acedem primeiro à sua segunda língua - o português
(oral e escrito)- sem que na sua maioria tenha tido acesso à linguagem através da
facto de que, nas escolas, a escrita é ensinada com base na oralidade, situação que em
natural, ou seja, é aquela que é aprendida sem barreiras de qualquer ordem para sua
Todavia, para as crianças surdas, devido à perca auditiva, este meio está impedido,
surdos. Basta que a criança esteja em contacto com surdos adultos ou pessoas
ouvintes que a utilizam e, naturalmente, ela vai incorporando seu vocabulário, assim
emprega como método de ensino a exposição oral e utiliza como recurso material o
não são compreendidos pelo aluno surdo que ignora ou não atinge os objectivos
veiculada.
surdos adultos que a utilizam, ou realizando cursos de LGP. Existem igualmente muitos
materiais didácticos que podem facilitar todo este processo. (ver anexo I)
Mas, por ser uma língua ainda desconhecida pela grande maioria das pessoas, o
socializadas na sala de aula não são compartilhadas pelos alunos surdos. Isso faz com
que não tenham acesso aos conteúdos académicos, dificultando a sua aprendizagem e a
Como esse processo, por estar ainda em construção e implicar uma série de
alunos surdos.
etc).
EPÍLOGO
produções no contexto escolar. Daí ser importante que esta tomada de decisão deva
construção, que exige, primeiro, uma postura e atitude positiva perante as diferenças
Reflexão final
cada escola de propostas que possam ser viabilizadas, com o intuito para que a
pedagógicas:
escolar;
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nas aulas;
Projecto Curricular de Escola, documento que deveria ser partilhado com outras
escolas que também se deparam com alunos surdos que, por direito, igualmente logram