Professional Documents
Culture Documents
Hegemonia Audiovisual e Fic çç ão Televisiva
Aprendemos...
Ø10% do que lemos
Ø20% do que ouvimos
Ø30% do que vemos
Ø50% do que vemos e ouvimos
Ø70% do que discutimos com outras pessoas
Ø80% do que experimentamos
Ø95% do que ensinamos a outras pessoas
William Glasser in Seven Ways of Knowing
Criado por Alex Sandro C. Sant’Ana – Dezembro/2006
Os Exerc
Os Exerc íí cios do Ver:
cios do Ver:
n Jes
n Jes ú
ú s Mart
Mart íí n
n Barbero é espanhol,
residente desde 1963 na Colômbia,
e um dos maiores te te ó
ó ricos
contemporâneos da comunica
contemporâneos da comunica çç ão e
MartínBarbero da cultura na Am
da cultura na Am é é rica Latina. Uniu
rica Latina. Uniu
se, neste livro, ao psic psic ó
ó logo e
professor colombiano Germ Germ á á n Rey
para an
para an áá lise de um fenômeno social
e cultural de crescente importância
tamb
tamb éé m no Brasil: o poder da
televisão sobre o imagin imagin á
á rio das
Rey
pessoas.
n
n A obra de Mart
Mart íí n
n Barbero é conhecida por realizar
deslocamentos e rupturas
rupturas . Deslocamentos dos lugares
tradicionais de onde são feitas as perguntas. Rupturas
com as respostas reducionistas e manique manique íí stas “à direita
e à esquerda
esquerda ”” . O resultado pode ser sintetizado num
trabalho de constru
constru çç ão tete ó
ó rico
rico metodol
metodol ó
ó gica conhecido
como mapa noturno
noturno , uma cartografia para explorar as
media
media çç ões que é um marco a partir do qual se podem
estudar as novas complexidades nas rela rela çç ões entre
comunica
comunica çç ão, cultura e pol
ão, cultura e pol íí tica.
tica.
n Proposta
n do autor: Seguir e explorar as
media
media çç ões que se dão entre as ll óó gicas de
produ
produ çç ão e as ll ó
ó gicas de recep
gicas de recep çç ão
ão , entre as
matrizes culturais e os formatos industriais
formatos industriais ..
n Seus estudos dos ú
n ú ltimos anos é um not
not á
á vel
esfor
esfor çç o no sentido de oferecer pistas para
elucidar ““ entre
entre ver
ver ” (como diz ele) cada vez
mais as rela
mais as rela çç ões entre meios e media media çç ões
ões ..
n Nele
n reaparece a centralidade ocupada
pela media media çç ão da cultura popular,
verdadeira marca registrada do autor. E a
novidade fica por conta da an an á
á lise do
meio televisão como media media çç ão ““ tecno
tecno
ll ó
ó gica
gica ” e cultural, pela qual a televisão é
tratada atravatrav éé s das hibrida
hibrida çç ões entre
tecnicidade e visualidade
visualidade ..
n Nos marcos dessas duas categorias a televisão
n
torna
torna se experiência comunicativa e cultural nos
processos de ““ des des constru
constru çç ão
ão ” e ““ re
re constru
constru çç ão
ão ”
das identidades coletivas, lugar onde se trava a
estrat
estrat éé gica batalha cultural do nosso tempo.
Desse referencial te te óó rico desenvolvido ao longo
dos cap
cap íí tulos I e II resulta, no cap cap íí tulo III, uma
pesquisa emp
pesquisa emp íí rica na forma de um not
rica na forma de um not á á vel estudo
de caso da fic
da fic çç ão televisiva na Colômbia.
ão televisiva na Colômbia.
n Fazer
n avan
avan çç ar metodologicamente a pesquisa
das media
media çç ões (at(at é agora referida como
sinônimo de pesquisa de recep recep çç ão ão ) é fazer do
cotidiano mediatizado o seu seu ll ó
ó cus
cus preferencial de
estudo, por
por é
é m mais ampliado, tal como aqui
sugerimos, por meio da incorporaincorpora çç ão das no no çç ões
de tecnicidade e de visualidade como novos
““ lugares metodol
lugares metodol ó ó gicos
gicos ”” ..
n Por
n meio da no no çç ão de
tecnicidade é poss
poss íí vel entender
a t
a t é
é cnica como constitutiva, como
dimensão imanente de uma visão
antropol
antropol óó gica de comunica
gica de comunica çç ão. ão.
n Na tt é
n é cnica h
h á novos modos de perceber, ver,
ouvir, ler, aprender novas linguagens, novas
formas de expressão, de textualidade e
escritura. Haveria uma esp
esp éé cie de
intermedialidade como experiência
comunicativa
comunicativa , ou seja, de muitas interfaces
entre os diferentes meios e destes nos
diferentes espa
espa çç os comunicativos do consumo
e cria
e cria çç ão.
ão.
n A t
n A t é
é cnica, portanto, est
cnica, portanto, est á recolocando o lugar
da imagem tanto na ciência (imagem não
mais como obst
mais como obst á
á culo, mas parte de um novo
modo de conhecer e de construir o
conhecimento) como na pr
conhecimento) como na pr á á tica cotidiana.
tica cotidiana.
n
n Encaminha para que se pesquise a partir do
reconhecimento da presen presen çç a central da cultura oral
como oralidade secund secund á á ria
ria , formada por aquelas
complexas rela rela çç ões que hoje se produzem na
Am
Am éé rica Latina entre a oralidade que perdura como
experiência cultural prim prim áá ria das maiorias e a
visualidade tecnol
tecnol ó ó gica, tecidas e organizadas pelas
gram
gram á á ticas tecnoperceptivas do rr á á dio, cinema, vv íí deo,
m
m ú
ú sica, computador.
sica, computador.
I ntrodu
n trodu çç ão
ão
n Desde o princ
n Desde o princ íí pio, a imagem foi ao
mesmo tempo meio de expressão,
de comunica
comunica çç ão e tamb
tamb é é m de
adivinha
adivinha çç ão e inicia
inicia çç ão, de
encantamento e cura.
encantamento e cura.
n O
n livro trata dos avatares
culturais, pol
pol íí ticos e
narrativos do audiovisual,
especialmente da televisão.
especialmente da televisão.
Primeiro Movimento
n A
n hegemonia audiovisual est est á
des
des localizando o of
of íí cio (e a
autoridade), dos intelectuais e
introduzindo, no mundo da
cultura ocidental, um acre
sabor de decadência
incoerc
incoerc íí vel, produzida pela des des
ordem de que sofrem as
autoridades e as hierarquias.
autoridades e as hierarquias.
n Na
n Am
Am éé rica Latina, a
hegemonia audiovisual des des
cobre
cobre , põe a descoberto, as
contradi
contradi çç ões de uma
modernidade outra, à qual
têm acesso e da qual se
apropriam as maiorias, sem
deixar a cultura oral,
mesclando
mesclando a com as
imag
imag íí sticas da visualidade
eletrônica.
eletrônica.
Segundo Movimento
n Mais que uma enfermidade
n
da polpol íí tica, a m
m íí dia de
massa televisiva indica a
dire
dire çç ão da crise da
representa
representa çç ão e as
transforma
transforma çç ões que est est á
atravessando a identidade
da m
da m íí dia.
dia.
n E
n isso por causa das rupturas
vividas pelo espa
espa çç o audiovisual
em seus of
of íí cios e alian
alian çç as, em
suas estruturas de propriedade e
gestão, e nas reconfigura
reconfigura çç ões do
discurso televisivo.
discurso televisivo.
n Por
n Por é
é m, pelo adensamento das media
m, pelo adensamento das media çç ões da
sensibilidade e da teatralidade da pol
sensibilidade e da teatralidade da pol íí tica, ao
mesmo tempo espa espa çç o de simula
simula çç ão e de
reconhecimento social, do fazer socialmente
vis
vis íí vel tanto a corrup
corrup çç ão como sua
fiscaliza
fiscaliza çç ão e den
den ú
ú ncia, tanto os dolorosos
avatares da guerra.
da guerra.
Terceiro Movimento
n O
n das narra
narra çç ões televisivas
que encarnam a inextric
inextric áá vel
conexão das mem mem ó ó rias e dos
imagin
imagin á
á rios, a geografia
sentimental que, a partir do
bolero e do tango, se
reencantou na radionovela
radionovela , no
melodrama cinematogr
cinematogr á á fico e,
finalmente na telenovela
finalmente na telenovela
n Com tudo que a
n Com tudo que a í circula de experiência
do mercado em renovar o desgaste
narrativo – juntando o contar contos
com o saber fazer contas , por por é
é m
tamb
tamb é
é m com as lutas dos povos do sul
para passar a contar nas decisões,
que os afetam, isto é
é , pelo direito de
contar suas hist
hist ó
ó rias e
descobrir/recriar nelas – nos relatos
que as fazem local e mundialmente
reconhec
reconhec íí veis – sua identidade plural.
sua identidade plural.
n O
n estouro das fronteiras espaciais e
temporais que eles introduzem no campo
cultural, des des localiza os saberes,
deslegitimando as fronteiras entre razão e
imagina
imagina çç ão, saber e informa
ão, saber e informa çç ão, natureza
e artif
artif íí cio, ciência e arte, saber
especializado e experiência profana.
especializado e experiência profana.
Que rela
Que rela çç ões os professores e
alunos estão estabelecendo com
as tecnologias?
as tecnologias?
n Se j
n Se j á não se escreve, nem se lê como
antes, é porque tampouco se pode
ver, nem expressar como antes.
ver, nem expressar como antes.
Experiência Audiovisual e Des
Des Ordem
Cultural
Clique aqui e faça o download do curtametragem
“Compreme: Eu, Vontade de Morrer”
n Confundindo
n iletrado com
inculto, as elites ilustradas,
desde o ss é é culo XVIII, ao
tempo que afirmavam o povo
na pol pol íí tica, o negavam na
cultura, fazendo da incultura o
tra
tra çç o intr
intr íí nseco que
configurava a identidade dos
setores populares e o insulto
com que tapavam sua
interessada incapacidade de
aceitar que, nesses setores,
pudesse haver experiências e
matrizes de outra cultura.
matrizes de outra cultura.
n A televisão tem muito menos
n
de instrumento de ó ó cio de
diversão do que de cen cen áá rio
cotidiano das mais secretas
perversões do social e
tamb
tamb éé m da constitui
constitui çç ão de
imagin
imagin áá rios coletivos, a partir
dos quais as pessoas se
reconhecem e representam o
que têm direito de esperar e
desejar.
desejar.
n
n Os autores lan lan çç am então a
seguinte questão: Que pol pol íí tica
educativa seria cab cab íí vel em um
contexto em que a m m íí dia nos
idiotiza, nos poupa de pensar e
nos rouba a solidão? Os mesmos
em seguida afirmam que é a
televisão em si mesma, e não
algum tipo de programa, que
reflete e refor
refor çç a a incultura e a
estupidez das maiorias. Com o
argumento de que ““ para ver
televisão não se necessita
aprender
aprender ”” , a escola – que nos
ensina a ler – não teria nada a
fazer aqui.
fazer aqui.
n
n Nenhuma possibilidade, nem necessidade,
de formar uma visão cr cr íí tica que distinga
entre informa
informa çç ão independente e
informa
informa çç ão submissa ao poder econômico
e pol
e pol íí tico, entre os programas que buscam
se conectar com as contradi
se conectar com as contradi çç ões, as dores
e as esperan
esperan çç as de nossos pa pa íí ses e
aqueles que nos oferecem evasão e
consolo, entre cc ó ó pias baratas do que é
imperante e trabalhos que fazem
experiência com as linguagens, entre o
esteticismo formalista que explora as
tecnologias de maneira exibicionista e a
investiga
investiga çç ão est
ão est é
é tica que incorpora o v
tica que incorpora o v íí deo
e o computador à construconstru çç ão de nossas
mem
mem ó ó rias e à imagina
imagina çç ão de nossos
futuros.
futuros.
n Inserida na experiência global,
n
a experiência cultural latino
latino
americana deste fim de s
americana deste fim de s é é culo
não pode ser pensada fora
das novas estruturas
comunicativas da sociedade,
uma vez que elas configuram
boa parte de suas apostas e
de seus pesadelos.
de seus pesadelos.
n
n Os autores se referem à hegemonia
da razão comunicacional que, diante
do consenso dialogal, do qual se
nutra, segundo Habermas
Habermas , a ““ razão
comunicativa
comunicativa ”” , se acha carregada
de opacidade discursiva e de
ambig
ambig üü idade pol pol íí tica, introduzida
pela media
media çç ão tecnol tecnol ó
ó gica e
mercantil, cujos dispositivos – a
fragmenta
fragmenta çç ão que desloca e
descentra, o fluxo que globaliza e
comprime, a conexão, que
desmaterializa e hibrida – agenciam
o devir mercado da sociedade.
o devir mercado da sociedade.
n A
n fascina
fascina çç ão tecnol
tecnol óó gica produz
densos e desconcertantes
paradoxos: a convivência da
opulência comunicacional com
debilidade do p p ú
ú blico, a maior
disponibilidade de informa
informa çç ão com
a deteriora
deteriora çç ão palppalp áá vel da
educa
educa çç ão formal, a explosão
cont
cont íí nua de imagens com o
empobrecimento da experiência, a
multiplica
multiplica çç ão infinita dos signos em
uma sociedade que padece do
maior d
maior d é é ficit simb
ficit simb óó lico.
lico.
n A
n convergência entre sociedade de
mercado e racionalidade tecnol tecnol óó gica
dissocia a sociedade em ““ sociedades
paralelas
paralelas ”” : a dos conectados à infinita
oferta de bens e saberes, a dos inforricos
e a dos exclu
exclu íí dos tanto dos bens mais
elementares como da informainforma çç ão exigida
para poder decidir como cidadãos.
para poder decidir como cidadãos.
n É imposs
n imposs íí vel saber o que a televisão faz
com as pessoas, se desconhecermos as
demandas sociais e culturais que as
pessoas fazem à televisão.
n Se a televisão atrai é porque a rua
n
expulsa, é dos medos que vivem as
m
m íí dias.
dias.
n Se as novas condi
n Se as novas condi çç ões de vida na cidade
exigem a reinven
reinven çç ão de la
la çç os sociais e
culturais, são as redes audiovisuais que
instauram, a partir de sua prpr óó pria ll ó
ó gica,
as novas figuras dos intercâmbios
urbanos.
urbanos.
n Enquanto a cultura do texto criou espa
n Enquanto a cultura do texto criou espa çç os
de comunica
comunica çç ão exclusiva entre os
adultos, instaurando uma marcada
segrega
segrega çç ão entre adultos e criancrian çç as, a
televisão provoca um curtocurto circuito nos
filtros da autoridade parental,
transformando os modos de circula
transformando os modos de circula çç ão da
informa
informa çç ão no lar.
ão no lar.
n Enquanto
n o livro disfar
disfar çç a seu controle
atrav
atrav é
é s de seu estatuto de objeto cultural
e da complexidade de seus temas e de
seu vocabul
vocabul á á rio, o controle da televisão
não admite disfarces, tornando expl
não admite disfarces, tornando expl íí cita a
censura.
censura.
n Que
n aten
aten çç ão estão prestando as
escolas, e inclusive as faculdades de
educa
educa çç ão, à
à s modifica
modifica çç ões profundas
na percep
percep çç ão do espa
espa çç o e do tempo
vividas pelos adolescentes, inseridos
em processos vertiginosos de
desterritorializa
desterritorializa çç ão da experiência e da
identidade, apegados a uma
contemporaneidade cada dia mais
reduzida à atualidade, e no fluxo
incessante e embriagador de
informa
informa çç ões e imagens?
ões e imagens?
n Que significam aprender e saber no tempo
n
da sociedade informacional e das redes
que inserem instantaneamente o local no
global?
global?
n
n Que deslocamentos cognitivos e
institucionais estão exigindo os
novos dispositivos de produ
produ çç ão e
apropria
apropria çç ão do conhecimento a
partir da interface que enla
enla çç a as
telas dom
telas dom é é sticas da televisão com
as laborais do computador e as
ll ú
ú dicas dos videogames?
n Est
n Est á a educa
a educa çç ão se encarregando
dessas indaga
dessas indaga çç ões?
ões?
n E,
n se não o est
est á fazendo, como pode
pretender ser hoje um verdadeiro espa
espa çç o
social e cultural de produ produ çç ão e
apropria
apropria çç ão de conhecimentos?
ão de conhecimentos?
n O
n problema de fundo est est á no desafio
proposto por um ecossistema
comunicativo no qual o que emerge é
outra cultura, outro modo de ver e de ler,
de aprender e conhecer.
de aprender e conhecer.
n A realidade cotidiana da escola demonstra
n
que a leitura e a escritura não são uma
atividade criativa e prazerosa, por por é
é m,
predominantemente uma tarefa obrigat
predominantemente uma tarefa obrigat ó ó ria
e entediante
entediante , sem possibilidades de
conexão com dimensões
dimensões chave da vida
dos adolescentes.
dos adolescentes.
n Diante
n da cultura oral, a escola se
encontra tão desprovida de modos de
intera
intera çç ão, e tão na defensiva, como diante
do audiovisual.
do audiovisual.
n
n Pela maneira como se apega ao livro, a escola
desconhece tudo o que de cultura se produz e circula
pelo mundo da imagem e das oralidades: dois
mundos que vivem, justamente, da hibrida
hibrida çç ão e da
mesti
mesti çç agem, do revolvimento de mem
agem, do revolvimento de mem ó ó rias territoriais
com imagin
com imagin á á rios des
des localizados
localizados ..
n Ao reivindicar a presen
n Ao reivindicar a presen çç a da cultura oral e da
audiovisual, não estamos desconhecendo,
de modo algum, a vigência da cultura
letrada, mas desmontando sua pretensão de
ser a ú
ú nica cultura digna desse nome e o
eixo cultural de nossa sociedade.
eixo cultural de nossa sociedade.
n
n Estamos diante de uma mudan mudan çç a nos
protocolos e processos de leitura, que
não significa, nem pode significar, a
simples substitui
substitui çç ão de um modo de ler
por outro, senão a articula
articula çç ão complexa
de um e outro, da leitura de textos e da
de hipertextos, da dupla inser
inser çç ão de uns
em outros, com tudo o que isso implica de
continuidades e rupturas, de
reconfigura
reconfigura çç ão da leitura como conjunto
de modos muito diversos de navegar
pelos textos.
pelos textos.
n É
n por essa pluralidade de escritas que
passa, hoje, a constru
constru çç ão de cidadãos,
que saibam ler tanto jornais como
notici
notici á
á rios de televisão, videogames,
videoclipes e hipertextos.
videoclipes e hipertextos.
Imagens e Pol
Imagens e Pol íí tica
Apresentação: Impactos das Tecnologias na Sociedade
n As
n televisões p p ú ú blicas deveriam encontrar
um equil
equil íí brio dif
dif íí cil entre uma programa
programa çç ão
generalista, isto é é , orientada para a maioria
do p
do p ú
ú blico, com uma programa
blico, com uma programa çç ão que leve
em conta os direitos das minorias, aquelas
que não costumam se acomodar à à s
descri
descri çç ões das popula
ões das popula çç ões ões objetivos.
objetivos.
n Uma
n televisão que
transmita futebol junto com
encena
encena çç ões de ó ó pera e de
filmes, que não costumam
ser exibidos normalmente
nas salas comerciais, com
eventos pr pr ó
ó ximos à à s
sensibilidades mais
contemporâneas dos
jovens.
jovens.
n Se
n as televisões comerciais aumentam as
possibilidades de contraste cultural, bem
como o acesso à informa
informa çç ão ou à recorrência
a modelos de vida diferentes dos prpr ó
ó prios,
tamb
tamb é
é m segmentam, padronizam e
submetem as realidades a incisivos
processos de redu
processos de redu çç ão e banaliza
ão e banaliza çç ão.
ão.
n Seria de supor que as televisões p
n Seria de supor que as televisões p ú
ú blicas se
defrontam com o desafio de oferecer outros
âmbitos de fic
fic çç ão e imagina
imagina çç ão, outras
entradas compreensivas aos problemas
cotidianos, outras maneiras de confrontar
publicamente os temas concernentes aos
cidadãos.
cidadãos.
n Como afirmou Umberto Eco para a leitura,
n
todo texto gera seu leitor
leitor modelo. Canais
e programas criam audiências
e programas criam audiências modelo que
são muito mais do que espectadores
fortuitos. Trata
Trata se de grupos ou de tribos
identific
identific á
á veis tanto por suas preferências
midi
midi á
á ticas como por suas decisões vitais.
como por suas decisões vitais.
n A
n renova
renova çç ão dos p
p ú
ú blicos é
acompanhadas pelas modifica
modifica çç ões
cognitivas, isto éé , pelas diferentes formas
de interpreta
interpreta çç ão e apropria
apropria çç ão das
mensagens televisivas e de sua
localiza
localiza çç ão em outros contextos de suas
vidas cotidianas.
vidas cotidianas.
n A
n empresarializa
empresarializa çç ão produz uma gama
importante de efeitos: ao lado das
necessidades de adequar as propostas
comunicativas à
à s exigências do consumo
estão os processos de padroniza
padroniza çç ão,
reduzindo as especificidades para circular
mais facilmente em circuitos comerciais
que requerem produtos bastante
homogêneos e que, al al é
é m disso,
costumam ter uma r
costumam ter uma r á á pida obsolescência.
pida obsolescência.
n Os
n tempos internos da elabora
elabora çç ão midi
midi á
á tica
variam ao ingressar nas ll ó
ó gicas da produ
produ çç ão
industrial, enquanto suas realiza
industrial, enquanto suas realiza çç ões são mais
perme
perme áá veis à intersec
intersec çç ão de gêneros, à
experimenta
experimenta çç ão e à espetaculariza
espetaculariza çç ão
ão ..
n
n A diversifica
diversifica çç ão da produ
produ çç ão da empresa
multimidial (que integra recrea recrea çç ão, acesso ao
conhecimento, educa educa çç ão, informa
informa çç ão, etc.) gera
especializa
especializa çç ão ainda mais sofisticadas tantos dos
tipos de jornalismo como de suas modalidades
narrativas e de integra
narrativas e de integra çç ão das m
ão das m íí dias.
dias.
n A
n consolida
consolida çç ão de um ““ n
n ó
ó ss ” da sociedade
civil diante das manifesta
manifesta çç ões autorit
autorit á
á rias,
venham de onde vierem, a forma forma çç ão de um
espa
espa çç o comum e de revela
revela çç ão, onde a
sociedade civil se expresse em sua
pluralidade, são desafios com que hoje se
defrontam as m
defrontam as m íí dias na busca de visibilidade.
dias na busca de visibilidade.
n O que se viu na hist
n hist ó
ó rica da televisão foi
uma paulatina moldabilidade do p p ú
ú blico a
qual emerge das tensões entre o
comercial e o cultural, da significa
significa çç ão do
massificado inaugurada pela m m íí dia diante
de uma tradi
de uma tradi çç ão marcada por experiências
mais elitistas, das intera
intera çç ões – quase
sempre conflituosas – entre as iniciativas
privadas e os limites regulamentares dos
Estados protetores.
Estados protetores.
n As id
n As id é
é ias de uma globaliza
ias de uma globaliza çç ão do pol
ão do pol íí tico que
““ respeite os dialetos
dialetos ”” , segundo Vattimo
Vattimo , mas
que, por sua vez, enfrente efetivamente o
poder das grandes instâncias transnacionais
– diante das quais têm muito pouco a fazer os
Estados nacionais – – , faz parte das discussões
mais candente hoje.
mais candente hoje.
n Diante da televisão não existem somente
n
telespectadores: cada vez são mais
complexas as intera
intera çç ões entre mm íí dias e
cidadania, entre televisão e pol
cidadania, entre televisão e pol íí tica.
tica.
n Acostumada
n aos silêncios
e ao subterfsubterf úú gio, a
corrup
corrup çç ão tem uma
capacidade de mimetismo
assombrosa; com relativa
facilidade se adapta à à s
exigências da informa
informa çç ão
e se, no passado, sua
for
for çç a consistia em proteger
a qualquer pre pre çç o a sua
privacidade, agora
consiste em se acomodar
com cinismo à visibilidade.
visibilidade.
n No
n que concerne à à s ind
ind ú
ú strias culturais,
digamos, para come
come çç ar, que elas constituem
hoje a mais complexa reorganiza
reorganiza çç ão da
hegemonia.
hegemonia.
n As
n contradi
contradi çç ões latino
latino americanas que
atravessam e sustentam sua globalizada
integra
integra çç ão desembocam decisivamente
na pergunta acerca do peso que as
ind
ind ú
ú strias do audiovisual estão tendo
nesses processos, jj á que elas jogam no
terreno estrat
terreno estrat é é gico das imagens que de si
mesmos fazem os povos e com as que se
fazem reconhecer pelos demais povos.
fazem reconhecer pelos demais povos.
n Se
n h
h á um poderoso movimento de
integra
integra çç ão – entendida esta como
supera
supera çç ão de barreiras e dissolu
dissolu çç ão de
fronteiras , este é o que passa pelas
ind
ind ú
ú strias culturais das m
m íí dias de massa e
das tecnologias da informa
das tecnologias da informa çç ão. ão.
n Por
n Por é
é m, por outro lado, são essas mesmas
ind
ind ú
ú strias que refor
strias que refor çç am e tornam mais densa
a desigualdade do intercâmbio e as que mais
fortemente aceleram a integra integra çç ão da
heterogeneidade cultural de seus povos à
indiferen
indiferen çç a do mercado.
a do mercado.
n A crise do cinema, por um lado, e a supera
n A crise do cinema, por um lado, e a supera çç ão
dos extremismos ideol
ideol ó
ó gicos, por outro, iam
incorporando a televisão, sobretudo atrav
incorporando a televisão, sobretudo atrav é é s da
telenovela, muitos artistas, escritores, atores,
que aportam tem
tem áá ticas e estilos pelos quais
passam dimensões
dimensões chave da vida e das
culturas nacionais e locais.
culturas nacionais e locais.
n
n O melhor exemplo da complexidade adquirida,
nesses anos, pela ind
nesses anos, pela ind ú ú stria telenovelesca talvez seja
Roque Santeiro:
n M
n M é
é dia de 100 cap
cap íí tulos e 300 min de fic
fic çç ão por
semana;
n Custo de uma novela: entre 1 milhão e 1 milhão e
n
meio de d
meio de d óó lares.
n Cada cap
n Cada cap íí tulo: entre $10.000 e $15.000.
tulo: entre $10.000 e $15.000.
n
n O que torna especialmente tenso o di di á
á logo do
campo liter
liter á
á rio com a televisão é a dificuldade
de captar que o que faz o sucesso dessa m
de captar que o que faz o sucesso dessa m íí dia
remete – mais al al é
é m da superficialidade dos
assuntos, dos esquematismos narrativos e dos
estratagemas do mercado – à à s transforma
transforma çç ões
tecnoperceptivas que permitem à à s massas
urbanas se apropriar da modernidade sem
deixar sua cultura oral, incorporar
deixar sua cultura oral, incorporar se por fora da
escola à alfabetiza
alfabetiza çç ão das novas linguagens e
das novas escritas do ecossistema comunicativo
e informacional.
e informacional.
n As
n maiorias que apreciam a telenovela
não mais desfrutam tanto do ato de vê
não mais desfrutam tanto do ato de vê la,
senão mais de cont cont á
á la e é nesse relato
que se faz ““ realidade
realidade ” a confusão entre
narra
narra çç ão e experiência, em que a
experiência se incorpora ao relato, que
narra as perip
narra as perip é é cias da telenovela.
cias da telenovela.
Concluindo...
n
n Concluindo, Jes
Jes ú
ú s Mart
Mart íí n
n
Barbero percorre o caminho das
identidades culturais e a coloca
no plano do descentramento
descentramento .
Para Ana Carolina Escosteguy
Escosteguy ,
Mart
Mart íí n
n Barbero vê os meios de
comunica
comunica çç ão como lugar de
constru
constru çç ão de identidades, al al é
é m
de ser um fenômeno marcado
por modernidades e
descontinuidades e de onde se
origina uma id
id é
é ia de
mesti
mesti çç agem.
agem.
n
n A leitura de Mart
Mart íí n
n Barbero
Barbero , que parte da obra 'Dos
meios à à s media
media çç ões', por exemplo, é povoada de
questões que se desencontram durante o percurso
te
te ó
ó rico do autor. É difdif íí cil tra
cil tra çç ar um roteiro que indique
com precisão o que Mart Mart íí n
n Barbero entende por
identidades na Am Am é é rica
rica Latina
Latina , mas é indiscut
indiscut íí vel sua
contribui
contribui çç ão com conceitos como o de media media çç ões,
embora não haja uma reflexão maior a partir da da í por
parte do autor.
parte do autor.
n
n Escosteguy e Jacks Insistem que o pensamento
de Mart
Mart íí n
n Barbero
Barbero , mesmo que ainda em
andamento, configura uma proposta te te ó
ó rico
rico
metodol
metodol óó gica fundada no deslocamento do
estudo dos meios em si mesmos ou por si
mesmos para sua inser inser çç ão na cultura.
Entretanto, essa "outra" percep
percep çç ão da cultura,
pelo menos na obra ““ Dos meios à à s media
s media çç ões
ões ”
(1997), reivindica a observa
observa çç ão de dimensões
do conflito social.
do conflito social.
REFERÊNCIAS
MARTÍNBARBERO, Jésus; REY, Germán. Os exercícios do ver: Hegemonia audiovisual e ficção televisiva. 2.
ed. São Paulo: SENAC, 2004.
ESCOSTEGUY, Ana Carolina D.; JACKS, Nilda A. Objeções à associação entre estudos culturais e
folkcomunicação. Disponível em: < http://www.versoereverso.unisinos.br/index.php?e=1&s=9&a=10>. Acesso
em: 2 dez. 2006.
MORTARI, Elisangela Machado. Ordenando os Estudos Culturais. Disponível em: <
http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera03/resenha/txtresen2.htm>. Acesso em: 2 dez. 2006.
REFERÊNCIAS