Informativo Café
Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ - IAC
Edição 02 abril de 2009
Câmara Setorial debate café Robusta no IAC
Lideranças do Estado de São Paulo debatem prioridades para a pesquisa com foco no fortalecimento das relações organizacionais
O
Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ recebeu,
em 16 de fevereiro, representantes do
agronegócio café para a primeira reunião de
2009 da Câmara Setorial de Café, tendo como tema a
cafeicultura sustentável e a viabilidade do cultivo de
café Robusta no Estado de São Paulo. Os resultados
desta linha de pesquisa, embora satisfatórios, ainda
não são conclusivos para a recomendação técnica da
espécie no Estado em escala comercial. O Programa
Café do Instituto Agronômico (IAC) mantém experimen-
tações e campos piloto, onde são realizados estudos
sobre o manejo da lavoura e a sua viabilidade sócio-
econômica. Os experimentos e campos de seleção, que
abrangem uma coleção com 300 plantas matrizes e
clones, estão localizados em Campinas, Mococa, Cássia
dos Coqueiros, Pindorama, Herculândia, Adamantina,
Matão e Getulina, totalizando 25 hectares em estudo.
Dia Nacional do Café
Afinal, em que dia devemos comemorar o café?
Embora no Brasil o Dia Internacional do Café seja
tradicionamente comemorado em 14 de abril, oficialmente,
no calendário de datas comemorativas divulgado pela
Universidade de São Paulo (USP), reserva-se o dia 14 de
abril para o Dia Panamericano do Café e, 21 de abril, o
Dia Internacional do Café. O desencontro de datas é um
tema polêmico e antigo. Segundo Néstor Osorio, não
existe consenso entre as datas e este é um tema que
merece ser revisto. No Brasil, desde 2005, por iniciativa
da ABIC (Associação Brasileira das Indústrias de Café),
foi instituído no Calendário Brasileiro de Eventos, o 24 de
maio como o Dia Nacional do Café. Mas, na verdade, os
brasileiros comemoram o café todos os dias, liderando o
Campinas - SP
De acordo com o diretor do Centro de Café, Luiz Carlos
Fazuoli, resultados preliminares surpreendem
pela qualidade do café selecionado. A importância
desta linha de pesquisa justifica-se pela demanda
crescente da indústria de café solúvel, que utiliza
cerca de dois milhões de sacas desta espécie
anualmente, sobretudo com origem no Espírito
Santo. O interesse da indústria foi ampliado com
a Lei que isenta o ICMS das indústrias que
compram matéria-prima no Estado. Para o
presidente da Câmara Setorial do Café, Nathan
Herszkowicz, o trabalho desenvolvido no IAC serve de
alicerce para o Programa Cafeicultura Sustentável
Paulista, que inclui a caracterização das regiões
cafeeiras, a integração entre os produtores e o esforço
de todo o agronegócio para ressaltar a qualidade dos
cafés produzidos no Estado.
consumo entre os
países produtores
(superior a 17 milhões
de sacas).
E pensar que no século
XVII, quando o café
chegou à Itália, foi
boicotado por cristãos
fanáticos que julgavam
a bebida uma invenção
do “demônio”. Sorte que o Papa Clemente XVIII
experimentou e gostou tanto do prazer e alerta que a
bebida lhe proporcionava que resolveu indicar o café para
os cristãos, como bebida abençoada. Graças a Deus!
 2 Informativo Programa Café do IAC
EDITORIAL
Cafeicultores: não
esmoreçam
Adequar-se para competir. Esta parece
ser a nova regra do jogo. Por certo que
os movimentos como SOS Cafeicultura
são legítimos em congregar o desânimo
e o clamor por justiça da classe
produtora. As transformações na
economia moderna têm estabelecido
uma turbulência e complexidade
crescente no âmbito das cadeias
produtivas. O contexto é ainda mais
conturbado em função dos condicio-
namentos advindos com a globalização
e novas tecnologias de informação.
Historicamente, a cafeicultura enfrenta
crises cíclicas, e a cada tempestade são
exigidos ainda mais jogo de cintura de
todos os setores do agronegócio café,
sobretudo da classe produtiva.
Altera-se neste contexto o próprio sentido
de competitividade. Antes focado na
dimensão estática, hoje a dinâmica vem
demonstrando a importância de fatores
como especialização produtiva, interação
com o ambiente, capacidade de
aprendizado, cooperação e grande
flexibilidade para a inovação. Antes, as
rotinas produtivas eram exigidas em
nome da eficiência. Hoje, clama-se por
mudança e tecnologia em nome da
sobrevivência.
Nas duas épocas, as crises estavam na
ordem dos acontecimentos, acelerando as
transformações. Na época em que o
saudoso Dr. Krug elaborou o programa para
a cafeicultura no Instituto Agronômico de
Campinas, em 1932, ele também foi
chamado de visionário e louco em meio a
mais uma crise do produto e forte recessão
mundial. No entanto, o programa tornou-
se referência com o desenvol-vimento de
importantes cultivares e tecnologias para
a economia cafeeira.
Nossos pioneiros souberam se adequar
a cada nova demanda. Hoje, este continua
sendo nosso desafio. Neste processo de
evolução, diferentes organizações e
setores integram-se em um esforço
coletivo para incentivar as competências,
fortalecer os laços cooperativos e ampliar
as vantagens competitivas. É tempo de
aglutinação de forças. Não é tempo de
esmorecer. A tempestade haverá de
passar, restando ainda mais estímulos
para nosso progresso.
Luiz Carlos Fazuoli
Diretor do Centro de Café
Centro de Café adere ao
planejamento estratégico
Em conformidade com as
adaptações do mundo
coorporativo e organizacional, o
Centro de Café ‘Alcides Carvalho’
está utilizando a análise SWOT a
fim de avaliar o ambiente interno
e os cenários do ambiente
externo, para definir sua estratégia
de atuação. A análise levou em
consideração a opinião dos
pesquisadores e o próximo passo
será o estabelecimento de metas
e ações em áreas consideradas
prioritárias no planejamento.
Embora tenha sido criado na
década de 60, este tipo de destacou os editais e o apoio do
diagnóstico continua sendo Consórcio Brasileiro de Pesquisa
utilizado com sucesso por e Desenvolvimento de Café como
empresas privadas e públicas em importante favorecedor do
todo o mundo. A percepção do desenvolvimento das pesquisas
ambiente interno, ressaltado em no Centro de Café, uma vez que
pontos fortes e fracos, facilita a é específico para a área. O
tomada de decisões para realinhar grande número de editais abertos
as estratégias. No ambiente pelo CNPq, bem como as
externo, diversos fatores podem possibilidades de financiamentos
afetar a organização, e o seu pela Finep e pela Fapesp foram
conhecimento pode contribuir consideradas excelentes
para o melhor aproveitamento das oportunidades que deverão ser
oportunidades, bem como maior mais exploradas”, destaca a
eficiência para amenizar o risco diretora científica do Centro de
das ameaças. “Dentre as Café, Terezinha de Jesus Garcia
oportunidades, o levantamento Salva.
EXPEDIENTE
INFORMATIVO CAFÉ é uma publicação trimestral do Programa Café do
IAC/APTA/SAA, sendo uma iniciativa do Centro de Café ‘Alcides Carvalho’.
A distribuição é gratuita e dirigida a todos os segmentos que atuam no
agronegócio café. É permitida a reprodução de textos desde que citada a fonte.
Produção: Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ - IAC
Jornalista responsável: Cibele Aguiar (Mtb 06097)
Colaboração: Pesquisadores do Centro de Café e parceiros.
Instituto Agronômico (IAC)
Caixa Postal 28 - 13001-970 - Campinas - (SP) Brasil
Telefone: +55 (19) 32120458
www.iac.sp.gov.br
 Informativo Programa Café do IAC 3

Resgate genealógico do Híbrido de Timor

Venda de
progênies F2 e F3
CIFC – cooperação
publicações:
(19) 3231-5422 - recebidas do CIFC a internacional para
Ramal 190 partir de 1968. o melhoramento
vendas@iac.sp.gov.br O híbrido natural entre as do cafeeiro
espécies Coffea arabica e
Coffea canephora encon- Fundado em 1955, em
de autoria dos trado na Ilha de Timor foi Oeiras (Portugal), com
pesquisadores, decisivo e valioso para os iniciativa do professor
Aníbal Jardim programas de melhora- Branquinho d’Oliveira e
Bettencourt (CIFC) mento visando à resis- apoio dos governos de
e Luiz Carlos tência a Hemileia Portugal e dos Estados
Fazuoli (IAC). A vastatrix, agente causa- Unidos, o Centro de
obra faz um res- dor da ferrugem alaran- Investigação das Ferru-
gate histórico da jada do cafeeiro. Além gens do Cafeeiro (CIFC),
população originada desta contribuição, pes- do Instituto de Investi-
do Híbrido de Timor, quisas desmistificam a

O
IAC e CIFC
(Centro de
Investigação das
Ferrugens do Cafeeiro),
em mais uma parceria de
sucesso, lançaram a
publicação “Melhora-
mento Genético de
Coffea arabica: trans-
ferência de genes de
resistência a Hemileia
vastatrix do Híbrido de
Timor para a cultivar Villa
Sarchí de Coffea arabica”,
Pesquisa identifica novos usos
para o café como protetor solar
Com o objetivo de
encontrar novas funções
e adicionar valor ao óleo
do café, pesquisa desen-
volvida no IAC, com apoio
financeiro da FAPESP,
concluiu que o fator de
proteção solar encontrado
no óleo do café pode ser
usado como ativo na
composição de protetores
solares naturais. A
pesquisa vem sendo de-
senvolvida como dis-
sertação de mestrado de
Tais Aleriana Lucon Wage-
maker, no curso de Pós
graduação do IAC, sob
orientação do pesqui-
com destaque para as
cultivares brasileiras
desenvolvidas nos cen-
tros experimentais do IAC,
EPAMIG, UFV, Iapar e
Fundação Procafé/MAPA.
As cultivares Tupi e Obatã
são resultados do
programa de melhora-
mento no IAC derivadas
dos mais diversos
cruzamentos de Híbrido
de Timor com cultivares
de C. arabica, graças às
sador do Centro de
Café, Oliveiro Guer-
reiro Filho.
Pelos resultados
preliminares ressalta-
se que as seleções de
Coffea canephora
analisadas possuem
fator de proteção que
variou entre 0,05 e
2,93. Entre as culti-
vares de C. arabica o
fator de proteção
oscilou entre 1,37 e 3,26.
A pesquisa reforça a
possibilidade de utilização
de componentes da
matéria graxa do café em
produtos cosméticos e
gação Científica Tropical
idéia de que cultivares (IICT), mantém sólido
derivadas de Híbrido de acordo de cooperação
Timor não teriam potencial com mais de 40 países
para o mercado de cafés produtores de café. O IAC
especiais. Com o apri- reconhece no CIFC o
moramento de análises grande motivador para o
de avaliação da desenvolvimento de
qualidade da bebida e a pesquisas sobre a
intensificação de concur- ferrugem, a principal
sos, cultivares derivadas doença do cafeeiro.
desses cruzamentos Foi por meio de parcerias
têm surpreendido pro- com o CIFC que o IAC
vadores e obtido bons ampliou seu banco de
resultados. germoplasma, favore-
cendo o cruzamento entre
distintas espécies e
origens e o desenvol-
vimento de materiais
competitivos com resis-
tência à doença. O CIFC
também tem contribuição
efetiva no treinamento de
profissionais ligados ao
sistema agroindustrial do
café, sobretudo de países
produtores. Pesqui-
sadores do IAC, desde a
época do Dr. Alcides
Carvalho, valorizam o
Tais Wagemaker: aperfeiçoamento ofere-
foco na proteção
cido pelo CIFC nas áreas
de avaliação de resis-
farmacêuticos em vista tência, detecção e manu-
de sua característica de tenção de raças, e no
absorver luz no com- estabelecimento de um
primento de onda dos conjunto internacional de
raios UVB e ser rica em clones diferenciadores de
ácidos graxos essenciais. raças de ferrugem.
 4 Informativo Programa Café
Pós-colheita do café será nova linha de pesquisa no IAC
A
integridade fisiológica dos
grãos de café e a qualidade
final da bebida podem ser
prejudicadas quando a temperatura
na massa dos grãos atinge 60°C
durante a secagem. Esta é uma das
conclusões do estudo realizado pelo
pesquisador do IAC, Gerson Silva
Giomo, em curso de pós-doutorado,
no Departamento de Engenharia da
Universidade Federal de Lavras -
UFLA (MG), com ênfase no proces-
samento e secagem do café visan-
do à qualidade da bebida. O pesqui-
sador recebeu bolsa de pós-doutorado
do CNPq e teve a orientação do
professor Flávio Meira Borém,
conceituado especialista da área. O
projeto foi financiado pela FAPEMIG.
A retomada desta linha de pesquisa
é uma demanda verificada pelo IAC,
visto que o Estado de São Paulo é o
terceiro maior produtor e onde se
concentram grandes indústrias de
Sintomas da mancha aureolada confundem cafeicultores
A mancha aureolada, causada pela
bactéria Pseudomonas syringae pv.
garcae tem-se tornado uma preo-
cupação em lavouras em formação
ou podadas, especialmente as situ-
adas em regiões cafeeiras mais fri-
as, de altitude, em faces expostas a
ventos. Pesquisadores do Instituto
Biológico (IB) e do Instituto Agronô-
mico (IAC) alertam para a ocorrên-
cia em importantes regiões produ-
toras e para as dificuldades em re-
conhecê-la. As pesquisadoras do
IB, Flávia Patrício e Irene Gatti Al-
meida, alertam que no Estado de
São Paulo a doença foi consta-
tada em amostras das regiões
de Franca, Mococa, Serra Ne-
gra, Garça, bem como do sul do
Estado, Piraju e Arandu.
O pesquisador
Gerson Giomo
dará continuidade
aos trabalhos
sobre pós-colheita
no Centro de Café
do IAC
café com crescente demanda. A
parceria interinstitucional entre IAC
e UFLA contribuiu para a atuali-
zação do pesquisador e redire-
cionamento das prioridades de
estudo em projetos conjuntos. O
estudo desenvolvido por Giomo
também terá continuidade em tese
a ser defendida na Universidade
Estadual de São Paulo (UNESP -
Início da seca dos ponteiros
Os sintomas são lesões foliares de
coloração parda, que podem ser
acompanhadas por um halo
amarelado. A doença também
incide sobre rosetas, frutos novos
e ramos do cafeeiro. A bactéria
pode causar seca de ramos e
desfolha. A mancha-aureolada
também incide sobre mudas em
Botucatu), onde será avaliada a
preservação das características
sensoriais do café ao longo do
período de armazenamento. Giomo
e Borém são juízes certificados pela
Specialty Coffee Association of
America (SCAA) para avaliação de
cafés especiais e os estudos de-
senvolvidos pelo pesquisador se-
guiram a metodologia internacional.
viveiros, causando lesões nas
folhas e seca de hastes, ramos e
até do ponteiro.
É importante iniciar as medidas de
controle ainda na fase de formação
das mudas. “Mudas com sintomas
devem se isoladas das demais,
para que a doença não se
propague. Caso a doença ocorra
nos viveiros, as mudas podem ser
protegidas com aplicações de
fungicidas cúpricos ou de
antibióticos, a cada 15 dias”, sugere
a pesquisadora do IB. Para o
consultor do CBP&D/Café - IAC,
Roberto Antônio Thomaziello, o
controle deve ser principalmente
preventivo, por meio da instalação
de quebra-ventos, se possível, ainda
durante a formação da lavoura.