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Diagnóstico das Pulpopatias

Jesus Djalma Pécora


- Doutor em Reabilitação Oral pela FORP-USP
- Prof. Titular de Endodontia da FORP-USP
- Editor do Brazilian Dental Journal

Funções da Polpa

Langeland (1982), com muita propriedade, relata as funções da polpa, que são: de formação,
nutrição, sensorial e defesa.

Função Formadora:

O desenvolvimento da polpa é um processo gradual com variações individuais; assim sendo,


não é possível estabelecer uma época específica para seu início. O desenvolvimento também
varia com o dente em causa. Todavia, em cada germe dental o desenvolvimento da polpa
ocorre depois do crescimento da lâmina dentária para dentro do tecido conjuntivo e da
formação do órgão dental.

Durante a invaginação da lâmina dentária no tecido conjuntivo ocorre uma concentração das
células mesenquimatosas, conhecida como papila dental, diretamente abaixo do órgão dental.
A papila dental torna-se nitidamente evidente por volta da oitava semana embrionária nos
dentes decíduos anteriores, evidenciando-se mais tarde nos dentes posteriores e, ainda mais
tarde, nos dentes permanentes.

A dentina é um produto da polpa, e a polpa, por meio dos prolongamentos odontoblásticos, é


parte integrante da dentina. Assim, quando uma cárie ou preparo da cavidade envolve a
dentina, são envolvidos os prolongamentos odontoblásticos e a polpa. A polpa produz dentina
durante toda a vida.

Função Nutritiva:

Durante a fase de desenvolvimento, o importante papel da polpa é o de promover nutrientes e


líquido tecidual para os componentes orgânicos dos tecidos mineralizados circunjacentes.

Os prolongamentos odontoblásticos começam nas junções dentina-esmalte e dentino-cemento


e se estendem até a polpa, através da dentina. Esses prolongamentos constituem o dispositivo
vital necessário ao metabolismo da dentina.

(Brännströn verificou que em pacientes adultos, esses prolongamentos ocupam apenas 1/3 dos
canalículos dentinários, sendo o restante prenchido por líquido intersticial).

A despeito do estreitamento da câmara pulpar, que ocorre usualmente como resultado do


envelhecimento e de calcificação patológica, a polpa conserva a vitalidade e sua circulação
permanece intacta e funcionando.

Função Sensorial:

Uma das funções da polpa é a de responder às agressões com dor. Ela apresenta em seu
interior terminações nervosas livres.

Função Defensiva:

Uma das funções da polpa é a de responder às agressões com inflamação. Os irritantes, seja
qual for a origem, estimula uma resposta quimiotática que impede ou retarda a destruição do
tecido pulpar.
A inflamação, portanto, é uma ocorrência normal e benéfica. Todavia, também desempenha um
papel destrutivo na polpa. A polpa bem vascularizada tem surpreendente capacidade de defesa
e recuperação. A desintegração completa será o resultado final se os agentes nocivos forem
suficientementes intensos e duradouros.

Como foi dito anteriormente, o movimento circulatório pulpar tem capacidade de remover o
agente irritante. Devemos ter em mente que se atuarmos em dentina, estamos atuando em
tecido conjuntivo complexo dentina-polpa e qualquer distúrbio em um, refletirá no outro.

O organismo humano está constantemente submetido a estresse que podem ser de três
intensidades:

- Subfisiológico,
- Normo-fisiológico
- Suprafisiológico.

No estímulo subfisiológico, que está abaixo do limiar de excitação, o organismo não responde.
O normo-fisiológico determina resposta fisiológica do organismo, adaptando-o à vida. O
suprafisiológico desencadeará ruptura do equilíbrio, podendo levar o organismo à doença ou à
morte.

O tecido conjuntivo reage aos estímulos e o complexo dentina-polpa pode apresentar as


seguintes reações: Caso o agente agressor (cárie) estiver situado no esmalte, estará dentro do
estímulo subfisiológico para o complexo dentina-polpa, e esse não responderá (é o que se
conhece até agora).

O estímulo normo-fisiológico da mastigação, por exemplo, desencadeia a formação de dentina


secundária regular, durante toda a vida do dente. É uma resposta fisiológica a um estímulo
fisiológico.

Quando a agente agressor (cárie) estiver na dentina, mas sua agressão estiver dentro do
normo-fisiológico, o complexo dentina-polpa reage fisiologicamente, lançando mão dos meios
normais de mecanismos ativos de obliteração dos canalículos dentinários e formação de
dentina secundária irregular (dentina reparadora).

Sabemos que todas as vezes que a cárie atinge a dentina, a polpa responderá, porque a
dentina e a polpa formam um único complexo.

À medida que o estímulo vai passando do normo-fisiológico para o suprafisiológico, a polpa


lança mão de mecanismos de defesa cada vez mais intensos, até que, não resistindo mais, a
morte desse tecido se estabelece.

Como já dissemos, na polpa encontra-se apenas terminações nervosas livres, logo, sob
qualquer estímulo (térmico, elétrico) ela só responde de uma forma: DOR.

Etiologia da Doenças Pulpares

Microbiana:

Os agentes microbianos são os responsáveis pela maioria das afecções pulpares. A


contaminação, de início limitada à dentina, estende-se depois à polpa e ao periápice.

Em casos raros, os microrganismos penetram na cavidade pulpar pelo forame apical (via
retrógrada). No decurso de doenças septicêmicas, a contaminação poderá ocorrer por via
sangüínea. O incidente, no entanto, ocorre em polpas previamente inflamadas. Este fenômeno
é conhecido como anacorese.
Físicas:

Mudanças térmicas: frio e calor exagerados provocam alterações pulpares. Exemplo: calor
provocado pelo alta rotação sem refrigeração adequada.

Traumas acidentais, pancadas sobre o dente podem ocasionar a ruptura do feixe vásculo-
nervoso. Movimentos ortodônticos bruscos ou com força exagerada. Restaurações excessivas
no sentido oclusal podem ocasionar forças exageradas sobre o dente.

Químicas:

O uso de medicamentos incompatíveis com o tecido conjuntivo, ou seja, com o complexo


dentina-polpa, podem provocar lesões pulpares. Exemplo: fenol, timol, nitrato de prata, ácido
fosfórico, monômero de acrílico, etc.

Reações dos tecidos dentais submetidos à ação de irritantes:

Adotar normas de tratamento adequado ou empregar seguramente medicamentos racionais


num dente lesado, torna-se possível, somente, quando se está a par do significado biológico
das reações que ocorrem no complexo dentina-polpa, quando submetido a estímulo anormais.

Segundo Paiva, independentemente de sua natureza, ao atingir a polpa, o irritante provoca


reações defensivas (inflamatórias) que visam localizá-lo e destruí-lo. Essas reações podem
variar de acordo com a intensidade do irritante, indo desde a hiperemia até a morte pulpar.

A manifestação subjetiva é, sem dúvida, a dor, que surge quando a polpa sofre ação direta do
irritante, ou quando este a alcança indiretamente, através da dentina. A sensação dolorosa é a
resposta instantânea ao estímulo. Nem sempre, porém, há correspondência entre a gravidade
da lesão pulpar e a intensidade da dor provocada.

A presença de dor realmente insinua, no mínimo, distúrbio funcional da polpa. Não se conclui,
porém, que a ausência de fenômenos dolorosos revela polpa normal.

Sempre que ocorrer perda de substância dental, não importando a causa que desencadeou
(cárie, fratura, abrasão, trauma operatório), ficam dentina e polpa sujeitas a estímulos
anormais.

Assim, desde que a cárie atinja a dentina, esta fica diretamente sujeita aos estímulos do meio
bucal. Então, aumentam os produtos de agentes microbianos. A cárie caminha para a completa
destruição da coroa e os dentes não assistem inertes à sua ruína. O primeiro mecanismo de
defesa, quando a cárie atinge a dentina, é a obliteração dos canalículos dentinários, ao redor
do sítio atacado (dentina translúcida). Os canalículos obliterados tornam-se impermeáveis aos
microrganismos e às toxinas, mas raramente, porém, o estacionamento da cárie é definitivo.

Sob a ação de produtos microbianos (ácidos) a barreira defensiva é superada e, em


conseqüência, a lesão se agrava. A cárie, vencendo esta primeira barreira defensiva, avança e
o complexo dentina-polpa lança mão de outro mecanismo de defesa ou seja, a formação de
dentina secundária irregular (dentina reparadora), que se deposita na câmara pulpar, na
direção do ataque.

A dentina secundária irregular não deve ser confundida com a dentina secundária regular. Esta
junta-se à dentina primária durante toda a vida do órgão dental, submetido à excitação normal.
Sua deposição é centrípeta e uniforme por todo o contorno da cavidade pulpar, reduzindo
assim o volume, sem contudo modificar a forma geral.

A dentina secundária irregular, também de deposição centrípeta, aparece somente no ponto


onde incide o irritante. Nesta condição, deforma a câmara pulpar, além de diminuir o volume.
Sua finalidade é a compensação das perdas de substâncias, pelo restabelecimento da
espessura primitiva da dentina.

Nesta fase inicial do processo patológico há, portanto, equilíbrio entre as agressões e as
defesas. Até a cárie atingir a metade da espessura da dentina, o agente agressor pode estar
dentro do normo-fisiológico. No momento em que ela atinge metade da espessura da dentina
(relação esmalte-polpa), a intensidade da agressão será mais acentuada.

Daí para frente, o irritante transpõe o limite normo-fisiológico e modifica as reações de defesa.
Não se elaborará mais dentina secundária irregular. Os odontoblastos começam a se deficitar e
aparece uma dentina osteóide, que se caracteriza por defeitos de calcificação.

Assim que a cárie transpõe 3/4 de dentina, os odontoblastos se atrofiam e fica inibida a
formação da dentina. A polpa, neste estado, será rapidamente colocada em contacto com a
cavidade bucal (polpa exposta).

Em qualquer fase do desenvolvimento da cárie, podem aparecer reações inflamatórias da


polpa, dependendo da intensidade do agente agressor. É necessário sempre ter em mente que
o fator desencadeante da pulpopatia não é, necessariamente, o fator microbiano, pois existem
os fatores químicos e físicos.

As doenças da polpa são classificadas em:

A) Inflamatórias
B) Degenerativas

O importante, sob o ponto de vista do tratamento, é saber se a pulpopatia é curável ou


incurável, isto é, se a polpa pode ser conservada ou se impõe sua extirpação. As alterações
degenerativas são definitivas.

As doenças inflamatórias, porém, quando combatidas em tempo, podem regredir, retornando a


polpa à normalidade. Em vista do exposto, nota-se a importância do exame semiológico para
detectar a doença no estado reversível ou irreversível e estabelecer um tratamento correto. Os
fenômenos inflamatórios ligam-se por transição graduais.

Assim, as designações hiperemia (pulpite focal reversível), pulpite serosa, pulpite supurativa,
indicam apenas estados evolutivos do mesmo processo patológico e não doenças distintas da
polpa, como poderá parecer ao menos avisados.

No exame clínico, podem ocorrer dificuldades em se determinar, precisamente, os estados


evolutivos da inflamação. Descrevemos, agora, esquematicamente e cronologicamente, os
fenômenos inflamatórios que se processam na polpa submetida a estímulos nocivos.

Hiperemia (pulpite focal reversível)

Consiste numa ligeira inflamação da polpa na tentativa de se defender contra o agente


agressor.

Nesta fase da inflamação, chega à polpa excessiva quantidade de sangue. Se o agente


agressor persistir, a hiperemia agrava-se e, desta forma, a circulação de retorno torna-se
dificultada.

Neste estado, a inflamação pode regredir sem deixar estigmas, desde que seja eliminado a
causa que a motivou. Porém, se o agente agressor continua, a inflamação se agrava de tal
modo que maior quantidade de exsudato difunde-se no interior do tecido conjuntivo. Esse
exsudato, de natureza serosa, infiltra-se na malha conjuntiva exercendo pressão sobre os
vasos e nervos.
Como a polpa está circunscrita por paredes não-elásticas (dentina), ela tem uma capacidade
de dilatação limitada e, então, a inflamação, na tentativa de vencer o agente agressor, acaba
por destruir os próprios tecidos da mesma. A esse estado de inflamação mais intensa dá-se o
nome de pulpite. A partir desse momento, a polpa está irremediavelmente perdida.

Há dois tipos de pulpites

Pulpite aguda: É aquela em que a morte ocorre em curto lapso de tempo.

Pulpite crônica: É aquela em que os fenômenos inflamatórios instalam-se com lentidão,


sobrevindo tardiamente a mortificação pulpar.

Influi decisivamente na evolução da inflamação pulpar a intensidade do irritante, e


principalmente, as condições da câmara pulpar.

Na chamada pulpite crônica (forma aberta), a polpa comunica-se com o meio bucal, e nesta
condição, à medida que os exsudatos são formados, vão sendo drenados para o exterior.
Nesse caso, os sintomas subjetivos atenuam-se e a morte pulpar requer algum tempo para se
efetuar. Concomitantemente, surgem reações no periápice.

Na chamada pulpite aguda (forma fechada), em que a polpa não se comunica com o meio
exterior, o desfecho da inflamação dá-se rapidamente e os fenômenos de pericimentite são
mais perigosos.

As pulpites crônicas resultam da ação de irritantes de intensidade moderada, incapazes,


portanto, de produzir rapidamente a morte pulpar. A inflamação se estabelece com lentidão. os
fenômenos vasculares são moderados, dando ensejo às reações proliferativas, podendo notar-
se áreas de reparação e, outras de necrose.

A pulpite crônica pode apresentar duas formas distintas:

1- Pulpite crônica ulcerativa

2- Pulpite crônica hiperplásica


Pulpite crônica ulcerativa: A superfície da polpa, em contacto com o meio bucal, transforma-se
em úlcera tópica de aspecto granuloso e que sangra facilmente. Encontramos nesse local uma
zona ulcerada e abaixo dela, uma barreira leucocitária. Subjacente a essa barreira há tecido
com aparência normal. Progressivamente a polpa é envolvida no processo.

Pulpite crônica hiperplásica: Ela ocorre, principalmente, em molares jovens com ampla abertura
da câmara pulpar. A polpa exposta apresenta-se com formação de um pólipo de cor
avermelhada.

Doenças degenerativas da polpa:

Esclerose Pulpar

A esclerose pulpar é comum em dentes idosos. Seu aparecimento prematuro denuncia a


aceleração patológica de um processo normalmente relacionado com a idade. Pode-se notar
uma calcificação em toda extensão do tecido esclerosado, ou localizada em determinados
sítios. No primeiro caso, o que ocorre é a acelera-ção do processo fisiológico de formação de
dentina circum pulpar, reduzindo as dimensões da câmara pulpar. Os nódulos pulpares,
ilustrados abaixo, que se localizam esparsamente nas traves conjuntivas, denunciam circulação
deficiente, pois sabe-se que tecido conjuntivo com circulação entorpecida pode calcificar-se.

Nódulos pulpares

Degeneração Hialina:

A degeneração hialina resulta da ação de irritantes com intensidade moderada. Caracteriza-se


pela presença de massas translúcidas de formas redondas ou poligonais, com parte central
calcificada.

Degeneração Gordurosa:

Na degeneração gordurosa, observa-se a infiltração de granulações gordurosas ao redor dos


vasos e dos nervos. Aos poucos, o tecido pulpar é envolvido totalmente.

Reabsorção Interna (mancha rósea)

A reabsorção interna (ilustrada abaixo) recebe o nome de mancha rósea quando o processo de
reabsorção ocorre na coroa dental, porque a cor da polpa é refletida, por transparência, pelo
esmalte. A reabsorção interna pode afetar a coroa e a raiz do dente e pode determinar, com
sua evolução, a perfuração da parede do canal radicular.
Reabsorção interna

Diagnóstico das Doenças da Polpa

O confronto direto entre o cirurgião-dentista e o paciente sempre foi e será o verdadeiro banco
de prova de nossa capacidade profissional, pois nesse estado, muito melhor que em qualquer
outro, pode demonstrar-se a vocação pela arte de curar.

O paciente mais simples pode tornar-se, quando bem orientado, um cuidadoso intérprete do
próprio sofrimento, e mesmo uma linguagem pobre pode transformar-se em instrumento eficaz,
contanto que o interlocutor saiba traduzi-la em termos exatos da semiologia clínica.

Para estabelecer o diagnóstico das pulpopatias, faz-se necessário conhecer os sintomas. A dor,
como sabemos, não se manifesta de uma só forma, porém, apresenta, características
diferenciais importantes, podendo ser agrupadas em quatro categorias: dor espontânea;
pulsátil; atenuada e constante, e dor noturna.

Sempre que estivermos diante de um problema de análise de dor devemos pensar nas
sequintes situações:

- Condição do aparecimento da Dor = PROVOCADA ou ESPONTÂNEA

- Duração da Dor = DECLÍNIO RÁPIDO ou LENTO

- Freqüência da Dor = : INTERMITENTE ou CONTÍNUA

Sede da Dor = LOCALIZADA ou DIFUSA

Para a análise da dor, utiliza-se os seguintes TESTES CLÍNICOS:

Térmicos

Frio - gelo, cloreto de etila, nitrogênio líquido, tetrafluoroetano etc:


Calor - guta-percha aquecida:

Elétrico - pulpo teste:

Palpação - verificar edema ou dor na região apical:

Percussão - sensibilidade ou não:


Hiperemia - Pulpite Focal Reversível

A hiperemia ou pulpite focal reversível precede a pulpite aguda. Trata-se de uma lesão
reversível, mas não deixa de ser um sinal de alarme, indicando que a resistência pulpar vai
chegando ao limite extremo. Seu diagnóstico é de suma importância para evitar o sacrifício
inutil da polpa.

Se a hiperemia for acudida em tempo, eliminando a causa, ela regride e a polpa volta à
normalidade. Mas, se a hiperemia for abando-nada à própria sorte, caminha inexoravelmente
para a pulpite aguda.

A diferença clínica entre a hiperemia e a pulpite é, principalmente, de ordem quantitativa.

1 - Na hiperemia ou pulpite focal reversível, a dor é sempre PROVOCADA

A dentina exposta (cárie, fraturas ou infiltração em restaurações) mostra-se extremamente


sensível às substâncias açucaradas, ácidas (pressão osmótica).

2 - Os dentes hiperêmicos, ainda que restaurados, são sensíveis às mudanças súbitas de


temperatura, por algum tempo.

3 - A dor é deflagrada, sobretudo pelo frio e cessa assim que se estabelece o equílibrio térmico.

Na fase inicial da hiperemia, a dor é provocada e de curta duração, e desaparece num pequeno
espaço de tempo.

4 - À medida que o processo inflamatório evolui, o total desaparecimento das dores provocadas
se torna cada vez mais demorado, devida ao progressivo retardamento da drenagem venosa.

5 - Num estado mais avançado surgem dores aparentemente espontâneas, mas na verdade
são dores provocadas por estímulos mínimos, tais como o aumento do fluxo sangüíneo
cefálico, que ocorre no decúbito dorsal ou depois de trabalho muscular prolongado.

6 - Na hiperemia ou pulpite focal reversível, a dor é sempre: PROVOCADA, de CURTA


DURAÇÃO e LOCALIZADA.

Estabelecido o diagnóstico de hiperemia ou pulpite focal reversível, o tratamento consiste na


remoção da causa que a defragou.

O prognóstico da hiperemia é favorável ao dente e à polpa.

Fase de Transição:
Nesta fase, as dores se tornam incômodas e o paciente necessita do emprego de
ANALGÉSICOS para eliminá-las. As dores são intermitentes, isto é, comportam intervalos
assintomáticos.

O encurtamento destes intervalos e a ineficácia cada vez mais acentuada dos analgésicos
indicam que a polpa vai esgotando sua capacidade defensiva e que está iminente o
estabelecimento da pulpite aguda. Nesta situação a reversibilidade é problemática.

Pulpite Aguda

Os fenômenos dolorosos dominam o quadro clínico na fase de pulpite aguda. A dor


ESPONTÂNEA é a característica desta fase e elas são VIOLENTAS, lancinantes e aparecem
em crises mais ou menos prolongadas.

Ela é exacerbada com o aumento da irrigação cefálica (paciente deitado). Nos curtos intervalos
entre duas crises o alívio é quase completo. A DOR da pulpite aguda é contínua sem ser
permanente.

Nos períodos de relativo alívio ela pode ser provocada, ou mais exatamente, exacerbada pelo
CALOR. Tocando-se o dente com guta-percha aquecida, produz-se DOR VIOLENTA que
persiste mesmo após o restabelecimento da temperatura anterior. O frio, exceto nos períodos
de acalmia, alivia a dor.

Nesta altura dos acontecimentos, torna-se fragante a participação do periápice. Observa-se,


muitas vezes, sensibilidade da região periapical à percussão vertical.

Na pulpite aguda a dor é espontânea, exacerbada pelo calor, contínua e raramente localizada.
Em fases mais adiantadas, as dores assumem um caráter nevralgiforme e pode irradiar-se para
todo o hemi-arco e mesmo, para regiões mais distantes.

Freqüentemente, otalgias são oriundas de pulpite aguda nos molares inferiores. Dores
provinientes de caninos e incisivos superiores projetam-se para zona infra-orbitaria e a dos pré-
molares e molares superiores irradiam-se, respectivamente para o sinus e para a região
temporo-occipital.

Com relativas freqüências registram-se as sinalgias dento-dentais, que podem dificultar o


diagnóstico. Esse fenômeno parece ser mais encontrado nos pré-molares. Nestas condições,
em casos de pulpite no pré-molar superior, o paciente pode acusar sensação dolorosa no pre-
molar inferior homólogo.

O epílogo da pulpite é a necrose da polpa. Todos os sintomas desaparecem, de modo geral, e


a polpa torna-se assintomática.

A seguir, o que pode ocorrer são as periapicopatias. Estabelecido o diagnóstico de pulpite


aguda, o tratamento será a pulpectomia. O prognóstico será favorável ao dente, mas
desfavorável à polpa.

Pulpites Crônicas

Pulpite Crônica Hiperplásica

O sintoma subjetivo desta pulpite crônica é a ausência de dor espontânea. A dor só ocorre
quando provocada, por exemplo, durante a mastigação ou ao toque de algum instrumento. O
sinal, ou sintoma objetivo marcante, é a presença de cárie profunda com exposição da câmara
pulpar e a presença de um pólipo.
O tratamento desta pulpite depende de uma análise bem aprimorada, pois se o dente
apresentar estrutura coronária suficiente para receber uma restauração, se responder negativo
à percussão vertical e se as polpas dos canais radiculares estiverem sadias, pode-se optar por
uma pulpotomia, caso contrária, pela pulpectomia.

Normalmente, a pulpite crônica hiperplásica ocorre em dentes de pacientes jovens.

Pulpite Crônica Ulcerativa

Esta pulpite também apresenta dor provocada ao toque ou à mastigação de alimentos sobre a
polpa. Como sinal observa-se cárie profunda com exposição pulpar e esta, com aspecto de
uma úlcera.

A pulpite crônica ulcerativa, normalmente, ocorre em paciente mais idosos e a pulpectomia é a


indicação de escolha em nossa escola, uma vez que esta polpa envelhecida apresenta menor
capacidade de recuperação.

As pulpites crônicas podem tornar-se agudas clinicamente, quando por qualquer motivo a
câmara pulpar for obliterada. O exsudato, não tendo via de drenagem, comprime os tecidos da
polpa, dando o quadro típico de pulpite aguda.

Diagnóstico das Doenças Degenerativas

As doenças degenerativas são definitivas e, via de regra, não são acompanhadas de sintomas
subjetivos.

Ainda falta muito estudo semiológico dos sintomas dessas doenças. Por esse motivo, seu
diagnóstico é estabelecido por acaso. No exame radiográfico de rotina pode-se diagnosticar
doenças degenerativas insuspeitáveis, tais como nódulos e reabsorções internas.
Eventualmente, dores nevralgiformes originam-se de processos degenerativos cálcicos,
principalmente nos molares (hipóteses).

Quando a reabsorção da dentina ocorre ao nível do colo, observa-se uma tonalidade rósea na
porção cervical da coroa, originando o nome de mancha rósea.

Chegada a termo a degeneração pulpar, o incidente revela-se pela perda da translucidez,


característica dos dentes vitais.

Em qualquer exame clínico há que se fazer o uso de radiografias, pois elas indicam a presença
de cárie, material restaurador, relação cárie-polpa, condições do periápica, reabsorções
internas, calcificação do órgão pulpar.

As doenças degenerativas são definitivas e, via de regra, não se acompanham de sintomas


subjetivos. Com o desenvolver dos conhecimentos semiológicos e da tecnologia, talvez em
futuro próximo o dentista poderá contar em seu arsenal terapêutico de aparelhos capazes de
realizar o diagnóstico pulpar com mais precisão do que a análise dos sintomas subjetivos, uma
vez que este são, normalmente, acompanhado de alta carga emocional.

Alertamos que diagnosticar as pulpopatias é um ato difícil e exige do profissional bastante


dedicação, estudo, concentração e uma grande dose de percepção. Portanto, recomendo aos
que desejam, realmente, aprender essa matéria, frequentar os plantões de emêrgencias das
faculdades, bem como as unidades básicas de saúde.

Update 29 de julho de 1997. Esta página foi elaborada com o apoio do Programa incentivo à
Produção de Material didático do SIAE - Pró-Reitorias de Graduação e Pós-Graduação da
USP.
Artigo publicado no Odontologia.com.br em 1 de Outubro de 2001, no endereço:
http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=272

Data do acesso: 27 de Maio de 2009

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