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NUM BOSQUE
RYUNOSUKE AKUTAGAWA
(1892-1927 I Japão)
V. A Confissão de Tajoomaru:
Eu o matei, mas não a ela. Onde ela está? Não sei
dizer. Ah, esperem um minuto.
Nenhuma tortura pode me fazer confessar o que eu
não sei. Agora as coisas chegaram a tal seriedade que
eu não vou esconder nada dos senhores.
Ontem, um pouquinho depois do meio-dia, eu
encontrei o casal. Naquele momento bateu um sopro de
vento, e levantou o lenço que a cobria, de tal maneira
que peguei um relance do seu rosto. Imediatamente ele
foi novamente encoberto da minha vista. Isto pode ter
tido uma razão: ela parecia uma Bodisatva [mulher que
pratica a virtude para, depois de morta, ser um Buda,
um espirito puro. (N. do Organizador.)]. Naquele
momento eu tomei a decisão de capturá-la, mesmo que
tivesse que matar o seu homem.
Por quê? Para mim, matar não é algo de tão grande
conseqüência como os senhores podem achar. Quando
uma mulher é capturada, de qualquer forma o seu
homem tem que ser morto. Para matar eu uso a espada
que levo ao lado. Sou eu o único que mata pessoas?
Vocês, vocês não usam as suas espadas. Vocês matam
pessoas com o seu poder, com o seu dinheiro. Às vezes
vocês matam-nas sob o pretexto de que estão fazendo
o bem delas. É verdade que não sangram. Estão
gozando da sua melhor saúde, mas, de qualquer forma,
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