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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as idéias de Jürgen Habermas e de Paulo Freire sobre o
diálogo como um fenômeno humano fundamental, dados sobre suas trajetórias de vida, aproximações ideológicas
ao situar o humano através da história e sua relevância como referenciais teóricos para o estudo da comunicação no
processo de trabalho do enfermeiro.
RESUMEN
El objetivo de este trabajo es presentar las ideas de Jürgen Habermans y Paulo Freire sobre el diálogo como
un fenómeno humano fundamental, datos sobre sus trayectorias de vida, acercamientos ideológicos al situar el
humano a través de la historia y su relevancia como referenciales teóricos para el estudio de la comunicación en
el proceso de trabajo del enfermero.
ABSTRACT
The present work has the objective of introducing the ideas of Jürgen Habermas and Paulo Freire about the
dialogue as a fundamental human phenomenon, data on their trajectories of life, ideological approaches when
locating the human being through history and their relevance as theoretical referrals for the study on communication
in the process of the nurse’s work.
a
Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná, UFPR, e Membro do Grupo de Estudos de
Metodologia da Assistência, GEMA.
Larocca LM, Mazza VA. Habermas y Paulo Freire: referenciales Larocca LM, Mazza VA. Habermas and Paulo Freire: theoretical
teóricos para el estudio de la comunicación en enfermería [resumen]. referrals for the study on communication in nursing [abstract]. Rev
Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2003 ago;24(2):169. Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2003 ago;24(2):169.
Larocca LM, Mazza VA. Habermas e Paulo Freire: referenciais teóricos para o estudo da co-
170 municação em enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2003 ago;24(2):169-76.
mória coletiva que torna possível a comunica- meiros na construção de seu processo de traba-
ção entre os membros de uma coletividade lho. Sob essa perspectiva, os enfermeiros de-
historicamente situada”(18:288). vem observar, sentir, sofrer influências, des-
Segundo Minayo(19), Habermas coloca vendar e acompanhar a comunicação.
como fundamento da comunicação as relações Segundo Habermas (22) vários fatores
sociais historicamente dinâmicas, antagôni- não são contemplados quando enfatizamos
cas e contraditórias entre classes, grupos e cul- unicamente a técnica, pois ela não se utiliza-
turas, nas quais a linguagem possibilita, mas do mundo dos fenômenos únicos, contem-
também dificulta a comunicação. E é com essa plados pelos Mundos Objetivo, Social, Sub-
mesma infinita versatilidade que a comunica- jetivo mas sim, do mundo da regularidade
ção permeia todas as relações estabelecidas quantificada.
durante o encontro dos seres humanos. Portanto, para subsidiar seu agir, a Enfer-
Para Bordenave(20) a comunicação é um magem deve buscar elementos das ciências
processo natural, uma arte, uma tecnologia, sociais, usando o instrumento que Stotz(1)
uma situação e uma ciência social. Pode ser define como imaginação sociológica. Essa
um instrumento de legitimação de estruturas imaginação é a qualidade de saber relacionar
sociais e de governos, como também a força a vida dos indivíduos (suas experiências, valo-
que os contesta e transforma. Ela pode ser res e expectativas) com o tempo histórico da
veículo de auto-expressão de relacionamento sociedade.
entre as pessoas, mas também pode ser útil Precisamos estar sensibilizados sobre a
recurso de opressão psicológica e moral. A importância da comunicação no processo de
comunicação excita, ensina, vende, distrai, en- cuidar para desenvolver uma Enfermagem mais
tusiasma, dá status, constrói mitos, destrói re- humanizada, de maneira a transformar essa
putações, orienta, desorienta, faz rir, faz chorar, relação enfermeiro-paciente numa relação de
inspira, narcotiza, reduz a solidão e – num cuidado, na qual exista uma comunicação efe-
paradoxo digno de sua infinita versatilidade – tiva(23).
produz até incomunicação. O processo de trabalho do enfermeiro trans-
Enfatizando que a comunicação significa cende a simples utilização correta de técnicas e
co-participação dos sujeitos no ato de pensar e amplia o cuidado para além do quantificável,
que o conhecimento se constrói por meio das tornando-o um processo comunicativo, em que
relações entre atores sociais e o mundo, Paulo relações éticas possibilitam ao cidadão a ado-
Freire(21) define comunicação como a situação ção de um comportamento saudável e o acesso
social em que as pessoas criam conhecimento consciente a um direito conquistado(10).
juntas, ao invés de transmiti-lo. A comunicação Nosso trabalho é desempenhado por e para
é uma interação entre sujeitos iguais e criati- atores sociais, na qual a conjugação entre o
vos, devendo estar fundada no diálogo. Esse saber histórico e as experiências individuais
diálogo-comunicação não significa invadir, permitirem o diálogo e o desenvolvimento de
manipular ou criar slogans, mas sim, traba- relações pessoais, políticas, éticas e educativas
lhar permanentemente para a transformação permeadas pelas relações científicas, e não por
da realidade. elas suplantadas.
Nas obras de Bordenave o diálogo e o Ao atuarmos nos diversos cenários como
entendimento encontram-se questionados e atores sociais, produziremos um encontro dinâ-
analisados profundamente e sua visão a res- mico entre as mulheres e homens que ali circu-
peito da comunicação está em consonância lam, embasado no agir comunicativo, gerador
com as idéias de Habermas, Paulo Freire e, de entendimento e capaz de transformações
conseqüentemente, com o caminhar dos enfer- sociais.
Larocca LM, Mazza VA. Habermas e Paulo Freire: referenciais teóricos para o estudo da co-
municação em enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2003 ago;24(2):169-76.
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