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As Políticas de Imigração

Elaboração: Janete Rodrigues

31 de Março de 2009

Curso: Técnico/a de Controlo de Qualidade Alimentar

Governo da República
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Introdução

Este trabalho aborda algumas linhas gerais que permitem caracterizar


o fenómeno imigratório em Portugal, e a posição do estrangeiro na
sociedade portuguesa.

A pesquisa refere sinteticamente, as principais tendências dos fluxos


migratórios, a apresentação do enquadramento jurídico-político
construído para regular estes fluxos.

E termina com a análise das medidas adoptadas, tendo em vista


promover a integração social dos imigrantes.

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Imigração em Portugal
Principais Tendências

Portugal sempre foi o destino de muitos outros povos, e tornou-se a


partir do século, XV essencialmente, num país de «emigração», com
a saída de elevados fluxos populacionais para África, Ásia e América.

Já mais recentemente, nos anos 60 do século passado, a emigração


passou a ser orientada para a Europa e a América do Norte, como um
meio de superar as dificuldades políticas e económicas encontradas
no país.

A imigração para Portugal ganha uma dimensão mais significativa a


partir da independência das ex-colónias africanas, em meados dos
anos 1970, tendo aumentado progressivamente até aos nossos dias.
Para o aumento dessa afluência contribui em grande medida a
melhoria da situação económica do país e a adesão à Comunidade
Económica Europeia.

O primeiro fluxo migratório significativo de entrada foi, de naturais do


território de Cabo Verde. No entanto, não se pode falar tecnicamente
de imigração, dado que Cabo Verde estava integrado em Portugal,
pelo que os naturais desse território também eram portugueses.

De qualquer modo, este fluxo migratório viria a ter consequências no


futuro, pois se tivermos em consideração o papel que as redes sociais
e familiares têm na criação de canais de imigração, pode-se aferir a
importância que este primeiro fluxo viria a ter mais tarde para a
vinda dos imigrantes cabo-verdianos, que durante muito tempo foi a
primeira comunidade de imigrantes em Portugal.

Na sequência da crise brasileira nos finais dos anos 80, os fluxos


migratórios com origem no Brasil, assumiram uma importância
crescente, sendo que esta, comparativamente com a imigração dos
PALOP, era uma imigração mais qualificada, apesar de nos últimos
anos se ter assistido ao aumento do fluxo de
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imigrantes brasileiros pouco qualificados.

Deve-se salientar, pelo seu carácter especial, os fluxos de refugiados


com origem em Angola e na Guiné-Bissau, associados ao clima de
guerra civil vivido nesses territórios.

É nos anos 90 que a imigração entra na agenda política e ganha junto


da opinião pública portuguesa, uma visibilidade que até aí não tinha
tido, em resultado da conjugação de vários factores:

 Um afluxo importante de imigrantes, fenómeno a que o país


não estava habituado e preparado para lidar, dado que sempre
se tinha visto como um país de emigrantes.
 Um discurso anti-imigração do(s) partido(s) de direita, com
conceitos xenófobos e racistas.
 A entrada em vigor dos Acordos de Schenguen.
 O súbito afluxo de um número elevado de refugiados romenos,
solicitando asilo.
 O assassinato de um cidadão português negro por um grupo de
skinheads.

A conjugação destes factores permitiu gerar uma interessante


discussão pública, em que os portugueses apareceram como um povo
não racista, universalista, aberto à miscegenação, de que,
supostamente, a sua política colonial seria um exemplo.

Mas também permitiu tornar visível a questão da imigração e da


adequação das estruturas económicas, sociais, culturais e políticas
existentes, para a integração dos imigrantes.

Em 2001, a aprovação das autorizações de permanência veio tornar


mais evidente uma nova realidade na imigração para Portugal:

 A dos fluxos migratórios provenientes do Leste Europeu. Em


2002, os ucranianos eram a primeira comunidade de imigrantes
em Portugal, ultrapassando os cabo-verdianos nessa posição,
ou seja, a política de imigração portuguesa que até aí tinha
privilegiado os imigrantes lusófonos, estabelecendo um regime
mais favorável para estes, é confrontada com uma nova

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realidade migratória, com problemas diferentes


(não domínio da língua, subqualificações, etc.)

Integração Social

Após a Segunda Guerra Mundial, na Europa, a adopção das políticas


imigratórias assentou numa percepção das migrações como
fenómenos transitórios. Com efeito, as políticas activas de
recrutamento de mão-de-obra destinadas a fazer face à reconstrução
do pós-guerra, tinham na sua base a ideia de que os imigrantes
regressariam aos países de origem.

Na prática, verificou-se que não foi isto que aconteceu, dado que os
imigrantes tenderam a permanecer por longos períodos, ou mesmo
definitivamente, na sociedade de acolhimento.

É a partir do momento em que os trabalhadores estrangeiros se


instalam permanentemente no país de acolhimento, que a questão
central para eles deixa de ser a política de imigração, para passar a
ser a do acesso à cidadania.

Assim os países receptores têm adoptado um conjunto de medidas


destinadas a facilitar a integração social dos imigrantes.

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Medidas Implementadas pelo Estado Português

Trabalho
Vigora um regime de equiparação de direitos laborais entre os
estrangeiros e os portugueses. Apesar deste regime, os estrangeiros
estão sujeito a um regime especial de contratação, em que o
imigrante deverá:

 Ser titular de um visto de trabalho, autorização de permanência


ou autorização de residência.
 Celebrar um contrato sob forma escrita.

Habitação
No que respeita à aquisição ou arrendamento de casa própria, vigora
o princípio da igualdade entre os portugueses e os estrangeiros. Na
prática, as condições de acesso à habitação podem ser diferentes,
pois a concessão de empréstimos bancários para compra de casa
própria acaba por ser dificultada aos estrangeiros, dado a
permanência supostamente temporária.

Relativamente à habitação social, a aprovação de diversos diplomas,


pretendia acabar com as barracas existentes. Estes diplomas
permitiram então o acesso a habitação condigna a todos os
indivíduos, independentemente da sua nacionalidade.

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Saúde
Todos têm direito à protecção da saúde, abrangendo os nacionais e
os estrangeiros a residir em Portugal. De referir que, no caso dos
estrangeiros residentes, eles podem beneficiar de cuidados de saúde,
apesar de não descontarem para a segurança social em Portugal, por
força de acordos bilaterais.

Educação

Para a frequência dos estabelecimentos de ensino em Portugal, os


jovens estrangeiros têm que ter a sua situação de residência
regularizada. Com a criação de Entreculturas, o Ministério da
Educação procurou não só garantir a promoção de actividades que
permitissem conhecer a diversidade de culturas existentes na
sociedade portuguesa e incentivar o diálogo intercultural, mas
também a elaboração e produção de conteúdos informativos e
formativos interculturais, destinados aos professores.

Para além disso, e na perspectiva da integração dos alunos de


minorias étnicas, foram igualmente tomadas outras medidas, de que
se destaca a criação da figura do mediador cultural para a educação,
através do qual se pretende fomentar a integração social dos jovens,
estabelecendo um elo de ligação entre o aluno, os pais e a escola.

Segurança Social
Os estrangeiros beneficiam de prestações sociais nos mesmos termos
que os cidadãos portugueses, desde que descontem para a segurança
social e tenham residência legal em território português.

Ao nacionais do Brasil, Cabo Verde ou Guiné-Bissau, por exemplo, em

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resultado das convenções internacionais celebradas


com Portugal, podem também beneficiar do pagamento de prestações
sociais aos

Seus familiares nos países de origem, tendo direito ao pagamento


das reformas quando regressarem aos seus países. Aos outros
estrangeiros, não abrangidos por convenções internacionais, não
beneficiam destas garantias de pagamento das prestações sociais.

Discriminação Racial
O racismo e a xenofobia são comportamentos que estão
estreitamente associados ao nosso relacionamento com o «Outro»,
visto como alguém diferente, ou mesmo estranho, em função das
suas características físicas ou costumes, e que o classificam como
inferior ou inimigo.

Por isso, este tipo de comportamento é responsável pela


marginalização e exclusão de determinados segmentos da população
residente num dado local. As implicações que estes comportamentos
têm, em termos de coesão da sociedade, e o elevado desvalor social
que lhe está associado, estão na base da sua punição penal,
consagrada no artigo 240º do Código Penal Português.

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Direitos Políticos
A participação dos imigrantes na sociedade de acolhimento é um dos
instrumentos essenciais para permitir a sua integração social. Com
efeito, é através dela que os imigrantes têm a possibilidade de
influenciar na adopção de políticas e medidas destinadas a fazer face
aos problemas que enfrentam, assim como lhes permite canalizar as
suas reivindicações para o debate público. Essa participação recorre a
instrumentos muito diversos e poderá ser feita individual ou
colectivamente.

Tradicionalmente, os direitos políticos e os direitos eleitorais


estiveram reservados aos nacionais. No entanto, nos últimos anos,
esta situação tem mudado com a progressiva concessão de direitos
de participação política aos estrangeiros, embora esta possibilidade
esteja condicionada em Portugal, por dois factores:

 O princípio da reciprocidade, ou seja, só pode beneficiar


destes direitos, os estrangeiros cujo país de origem
reconheça os mesmos direitos aos cidadãos portugueses.
 Um período mínimo de residência regular em território
português, variável conforme a nacionalidade do
interessado.

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Associativismo Migrante

Com o aumento e estabelecimento de uma dada corrente migratória,


começam normalmente a surgir estruturas associativas de imigrantes
que, numa fase inicial, têm por base os imigrantes com a mesma
origem geográfica e destinadas a apoiar a respectiva comunidade.

Elas permitem ao imigrante obter apoio mútuo que facilite a sua


integração na sociedade de acolhimento, bem como, manter a ligação
com a sua cultura de origem.

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Alto - Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas


(ACIME)

As competências do Alto – Comissariado são, promover o


conhecimento e a aceitação da língua, das leis e dos valores morais e
culturais da Nação Portuguesa, por parte dos imigrantes, como
condições de uma plena integração.

Assim o ACIME foi criado para fomentar a integração social dos


imigrantes e das minorias étnicas, através do diálogo com as
associações, a realização de estudos, a apresentação de propostas e
a coordenação da intervenção dos vários ministérios, para que
permitam a integração social daqueles grupos.

Passa a ter também nas suas atribuições a defesa da língua


portuguesa e a formação dos valores morais e culturais portugueses,
como instrumentos de defesa da identidade nacional.

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Nacionalidade Portuguesa

De acordo com o artigo 15º da Declaração Universal dos Direitos do


Homem «todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade».

Os critérios fundamentais para a atribuição da nacionalidade, e cujo


peso varia de país para país, de acordo com as suas tradições
jurídico-políticas. A ordem jurídica portuguesa acolheu alguns
critérios, uma vez que considera como portugueses de origem
aqueles que sejam:

Filhos de pai ou mãe portuguesa nascidos em território


português, ou nascidos no estrangeiro se declarem que querem
ser portugueses.
Nascidos em Portugal, filhos de estrangeiros residentes
regularmente em território português, desde que declarem que
querem ser portugueses.
Nascidos em território português quando não possuam outra
nacionalidade.

A titularidade da nacionalidade do país de acolhimento poderá ser um


dos melhores instrumentos para a integração social dos imigrantes,
ao eliminar as restrições a um pleno gozo dos direitos de cidadania.

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Conclusão

As mudanças ocorridas permitem-nos afirmar que os imigrantes


ocupam agora um lugar diferente na sociedade de acolhimento, não
podendo ser considerados como meros estrangeiros, à margem da
comunidade nacional.

No entanto estas modificações não são apenas o resultado das


dinâmicas internas, sofrendo também a influência das alterações
verificadas na comunidade internacional.

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Índice

Introdução……………………………………………………………….1

Imigração em Portugal…………………………………………….2

Integração Social……………………………………………………..4

Medidas Implementadas Pelo Estado Português………5

Conclusão………………………………………………………………….12

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Bibliografia
Costa, Paulo Manuel, (2004) Políticas de Imigração, Lisboa, Instituto
Piaget, (pp 10-78).

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