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Para que se compreenda como usar o controle biológico para conter o ataque da
broca é importante conhecer seu ciclo biológico. Os ovos são colocados,
geralmente, na face superior das folhas, de forma agrupada, assemelhando-se a
escamas de peixe. Os ovos são muito sensíveis ao ressecamento em umidades
relativas do ar inferiores a 70%. As lagartas recém eclodidas (primeiros ínstares)
alimentam-se das folhas do cartucho, raspando-as, onde se abrigam, alimentando-
se da nervura central e fazendo pequenas galerias nas bainhas das folhas,
caminhando em direção ao colmo. As lagartas mais velhas (segundo ou terceiro
ínstares) penetram no colmo pela parte mais mole e abrem galerias ascendentes na
região do palmito e durante essa fase abrem galerias verticais e transversais, onde
permanecem até o estágio adulto.
Após cerca de 40 dias, as lagartas abrem um orifício, fechando-o com fios de seda
e serragem. Nessa fase, transformam-se em pupa e, posteriormente, em
mariposas, as quais saem pelo orifício aberto e vão atingir novas plantas. O ciclo
completo do inseto varia de 53 a 60 dias, no entanto, após maio-junho, cinco a seis
meses, dependendo das condições climáticas. As lagartas de último ínstares podem
durar muito tempo no inverno, quando as condições climáticas são desfavoráveis e
o número de horas de luz diminui, passando por um período chamado de dia pausa
(dormência).
Como as lagartas ficam dentro do colmo é muito difícil o controle químico da broca
após sua entrada no colmo, pois os produtos químicos (inseticidas) não conseguem
atingir o alvo (broca dentro do colmo). Dessa forma, a única alternativa viável de
controle é a liberação de uma vespinha (Cotesia flavipes) que consegue localizar a
broca e parasitá-la no interior do colmo.
Antes da liberação da vespinha é importante que seja feito o levantamento da
quantidade de lagartas na área quinzenalmente, quando as plantas apresentarem
os primeiros internódios visíveis (plantas com três meses) e até quando não for
possível entrar no meio do canavial (12 meses).
Para a amostragem são analisados dois pontos por hectare. Em cada ponto são
avaliados os colmos de todas as plantas em 5 metros lineares de duas ruas
paralelas, num total de 10 metros lineares por ponto. Todas as plantas devem ser
avaliadas e os colmos com orifícios de entrada da broca abertos e observados.
Geralmente, a planta atacada apresenta o sintoma típico de “coração-morto” (folha
central seca), o que é um indicativo da presença da broca. O amostrador deve
anotar o número de lagartas menores e maiores que 1,5 cm, de pupas e de
“massas” (grupo de pupas) da vespinha encontradas. Os valores devem ser
extrapolados para 1 hectare para tomada de decisão.
Sintoma típico do ataque da broca-da-cana: plantas com as folhas centrais secas (“coração-morto”).
Canaviais em maturação não devem receber liberações, pois nessa fase já não há
mais tempo hábil para evitar danos. A maioria das grandes usinas sucroalcooleiras
apresenta um laboratório para a criação massal dessas vespas e posterior liberação
no campo em função do nível de infestação da broca-da-cana. Também existem
laboratórios particulares que comercializam a vespinha viabilizando a utilização
dessa estratégia biológica de controle por todos os produtores.
Verifica-se então que na cultura da cana existem dois casos de sucesso do uso do
controle biológico (vespinha X broca-da-cana; fungo X cigarrinha-das-raízes) para
manutenção do nível de equilíbrio de duas pragas bastante expressivas quanto aos
danos diretos e indiretos causados a cultura da cana.
O Rehagro está lançando uma nova linha de trabalho focada em manejo integrado
de pragas e no caso específico da cana-de-açúcar na adoção dessas duas
tecnologias de controle nas fazendas assistidas pelos técnicos de sua Equipe. Para
maiores informações, entrem em contato.
Site: www.rehagro.com.br