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50 -93,5
Enquanto o estômato permanece aberto e o gradiente de
20 -217,1 pressão de vapor existe entre a folha e a atmosfera, o vapor de água
Obs.: O potencial hídrico é calculado da seguinte relação que é derivado da lei de difunde-se para fora da folha. Isto significa que a transpiração pode
Raoult’s: ocorrer mesmo quando a UR do ar está em 100 %.
2,3RT e0
Ψ=− log
Vw e Efeito do vento – A velocidade do vento tem um efeito
marcante na transpiração, por modificar a velocidade da difusão das
moléculas de água que deixam a folha. Isto se deve pela existência da
camada de ar limítrofe na superfície da folha, já comentado
anteriormente (Fig. 3.3). Antes de alcançar o ar, as moléculas de vapor
de água que saem da folha, precisam difundir-se não só através da
espessa camada epidérmica, mas também através da camada limítrofe.
RELAÇÕES HÍDRICAS – FISIOLOGIA VEGETAL
O espessamento da camada de ar limítrofe traz maior dificuldade para
a difusão do vapor de água e conseqüentemente na taxa de A espessura da camada de ar limítrofe pode ser influenciado
transpiração. por uma variedade de fatores. A camada de ar limítrofe é mais
O espessamento da camada de ar limítrofe é em primeiro espessa na superfície de folhas mais largas. Além disso a forma da
instância uma função do tamanho e da forma da folha, da presença de folha pode influenciar na atuação do vento. Folhas com pubescência ou
tricomas, e da velocidade do vento (Nobel, 1991). O cálculo da tricomas ajudam a manter a camada de ar limítrofe, e
espessura da camada de ar limítrofe como uma função da velocidade conseqüentemente tendem a reduzir a transpiração, pela quebra do
do vento em uma folha típica é ilustrado na Figura 3.4. Com aumento movimento de ar sobre a folha.
na velocidade do vento, a espessura da camada de ar limítrofe, e
conseqüentemente a extensão da rota de difusão decresce. De acordo
com a lei de Fick enquanto a pressão de vapor existe, mantendo os EFICIÊNCIA DA TRANSPIRAÇÃO
outros fatores, a taxa de precipitação aumenta. Esta relação, no
entanto é verdadeira quando a velocidade do vento é baixa. Quando a Antes de deixar a discussão sobre transpiração, é importante
velocidade do vento aumenta há tendência de resfriar a folha podendo discutir algumas questões importantes. Por exemplo, como as plantas
causar suficiente dessecação para fechar o estômato. Alta velocidade conseguem perder quantidades enormes de vapor de água através de
do vento tem mais efeito na camada de ar limítrofe do que na poros de estômatos tão pequenos? Estima-se, que a difusão através
transpiração propriamente dita. dos estômatos é 50 a 70 vezes mais eficiente do que uma superfície
única com a mesma área total dos estômatos em considerados.
Observa-se que, embora os estômatos sejam diminutos são muito
eficientes para a difusão de gases. Uma discussão mais completa será
feita quando estudar-se-á fotossíntese.
.
ANATOMIA DA CONDUÇÃO DE ÁGUA
Figura 3.4 – O impacto da velocidade do vento na espessura da camada de ar limítrofe Uma característica que distingue as plantas vasculares é a presença
calculada para folhas de 1,0 cm (triângulos) e 5,0 cm (círculos) de largura. de tecido vascular, o xilema e floema, que conduzem água e nutrientes
A velocidade do vento de 0,28 m-1 = 1 km h-1.
entre os vários órgãos. Os tecidos vasculares começam a se
RELAÇÕES HÍDRICAS – FISIOLOGIA VEGETAL
Figura 3.5 – Tecido vascular de uma raiz jovem de Ranunculus sp, mostrando o vaso do
xilema em corte transversal. Figura 3.6 – Traqueídeos de (A) Pinus e (B) Quercus. Elemento de vaso de Magnólia e (C)
e (D) Tilla..
Figura 3.11 – Um manômetro simples para medir a pressão radicular. A pressão radicular
pode ser calculada pela altura do mercúrio no tubo de vidro. Figura 3.12 – Depósito de suberina (estria de caspari) nas paredes das células da
endoderme da raiz. A suberina deposita-se na parede radial
estabelecendo uma barreira ao movimento de água e sais no apoplasto da
depositados nos vasos do xilema. A acumulação dos íons no xilema endoderme.
diminui o potencial osmótico (S), e conseqüentemente do potencial
hídrico (ψ) da seiva xilemática. Em resposta a redução do potencial forte o suficiente para dirigir a ascensão da água a grandes alturas,
hídrico, a água direciona-se das células corticais para dentro do estelo como no caso de árvores. Muitas razões concorrem para isso: Primeiro,
através das membranas das células da endoderme. Uma vez que a a concentração de íons no xilema não é suficiente para elevar a coluna
estria de caspari evita o retorno livre da água para o córtex, uma de água a grandes alturas. Valores de 0,1 a 0,5 MPa são comuns, o que
pressão hidrostática positiva é estabelecida no xilema. Assim, as representa aproximadamente 16 % da pressão requerida para mover a
raízes formam um verdadeiro osmômetro, na qual a endoderme água até o topo das árvores mais altas. Além disso, a pressão radicular
constitui a membrana semipermeável, os íons acumulados no xilema não tem sido detectado em todas as espécies, e mesmo dentro da
representariam os solutos dissolvidos, e os vasos do xilema como o mesma espécie não é constante. Durante o período de ativa
tubo vertical. Tão logo as raízes continuam a acumular os íons no transpiração, quando o movimento de água através do xilema é muito
xilema, a água continua a ascender nos vasos ou exsudar da superfície rápido, o xilema está sob tensão (pressão negativa). A pressão
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radicular como descrito, não serve como um mecanismo para ascensão menor dos traqueídeos. Claramente, a capilaridade é inadequada como
da seiva xilemática em todos os casos. um mecanismo geral para explicar a ascensão da seiva xilemática.
A pressão radicular é importante em plantas herbáceas e
mesmo em plantas que precisam retornar o crescimento como o caso A TEORIA DE TENSO-COESO-TRANSPIRATÓRIA
de frutíferas e dirigir a nova brotação (desenvolvimento das gemas).
Uma importância grande da pressão radicular ocorre em plântulas que A mais ampla e aceita teoria para o movimento de água através
possuem baixa área transpiratória. Neste caso a transpiração não é das plantas é conhecida como teoria tenso-coeso-transpiratória. Esta
suficiente para a demanda de água e sais minerais que as plantas teoria considera que há a formação de uma coluna desde as pontas das
necessitam. Assim, a pressão radicular pode compensar a falta de raízes, seguindo pelo caule (xilema), chegando até as células do
transpiração. mesofilo das folhas. Esta teoria tem sido creditado ao H. H. Dixon
(1914), que primeiro teceu detalhes da mesma.
A ÁGUA ASCENDE POR CAPILARIDADE A força diretora – de acordo com a teoria tenso-coeso-
transpiratória, a força diretora para o movimento de água no xilema é
Se um tubo de vidro capilar (pequeno diâmetro) for inserido
dentro de um recipiente contendo água, a mesma sobe no tubo a uma
determinada altura acima da superfície da água contida no recipiente.
Este fenômeno é chamado de capilaridade. Ela se deve a interação de
muitas forças. Isto inclui a adesão entre a água e o grupo polar ao
longo da parede capilar, tensão superficial (devido a forças coesivas
entre as moléculas de água), e a força gravitacional atuando na coluna
de água.
O aumento na altura calculado no tubo capilar é inversamente
proporcional ao raio do tubo. Em um grande traqueídeo ou em um vaso
pequeno, com um diâmetro de 50 µm (r = 25 µm), a água atingirá a
altura de aproximadamente 0,6 m. Para um vaso grande ( r = 200 µm),
a capilaridade seria responsável pela altura de apenas 0,08 m. Com
base nestes números a capilaridade poderia contribuir para ascensão
de água em traqueídeos e pequenos vasos em plantas de pequeno
porte, ou seja, menos do que 0,75 m de altura. Entretanto, para
alcançar a altura de uma árvore de 100 m por capilaridade, o diâmetro
do capilar deveria ser em torno de 0,15 µm, muito menor do que o
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tende a tirar mais água da superfície. Uma vez que a coluna de água é
contínua, esta pressão negativa, ou tensão, é transmitida através da
coluna toda para o solo. Como resultado, a água é literalmente puxada
através da planta das raízes para a superfície das células do mesofilo
da folha.
Da teoria da coesão vem duas importantes questões: (1) a seiva
xilemática de uma planta com alta taxa transpiratória está sob tensão
(2) como é mantida a integridade de uma coluna de água a grandes
alturas? Na ausência de evidências diretas, a resposta para esta
questão provê suporte para esta teoria.
Com algumas exceções, tal como quando a pressão radicular
está ativa, a pressão do xilema é raramente positiva. Por outro lado,
muitas evidências suportam a conclusão que a água do xilema está
sempre sob tensão. Primeiro, pode se escutar quando o xilema de uma
planta transpirando rapidamente é cortada e em algumas vezes é
possível se ouvir o som do ar que penetra no locar danificado ou
ferido. Se o caule é cortado dentro de uma solução de tintura, a
Figura 3.14 – Tensão (pressão negativa) na coluna de água. Evaporação dentro dos
espaços das folhas causa retração da água para dentro dos espaços que tintura será rapidamente absorvida pelos elementos traqueais próximo
unem as células do mesofilo. Como a água retrai, a tensão superficial do corte. Uma segunda linha de evidência envolve medições comando
resultante puxa a água das células adjacentes. Uma vez que a coluna de com dispositivos sensíveis, chamado de dendrográficos que pode ser
água é contínua, esta tensão é transmitida através da coluna, e por
usado para medir pequenas mudanças no diâmetro de caules lenhosos.
conseqüência na água da raiz e do solo.
O diâmetro diminuem significativamente durante períodos de
transpiração ativa (Dobbs e Scott, 1971).
determinado pela evaporação de água da folha que gera uma tensão ou
Isto acontece porque o caule é ligeiramente elástico e a tensão
pressão negativa no xilema. A água cobre a superfície das células do
na coluna de água puxa as paredes dos elementos traqueais para
mesofilo com um fino filme, aderido a celulose e outras superfícies
dentro. À noite, quando a transpiração declina, a tensão é liberada e o
hidrofílicas. Como a água deste filme evapora, a interface ar-líquido
diâmetro do caule volta ao normal.
retrai em pequenos espaços entre as microfibrilas de celulose e a
Uma variedade de experiências demonstrou que a parte aérea
junção angular entre as células adjacentes. Isto cria superfícies
transpirando rapidamente pode puxar uma coluna de mercúrio para
curvas muito pequenas ou meniscos microscópicos (Fig. 3.14). Como o
alturas maiores do que a pressão atmosférica poderia fazer.
raio deste menisco decresce progressivamente, a tensão superficial na
Medição direta da tensão dos vasos do xilema é possível pela
interface ar-água gera uma grande pressão negativa, o que por sua vez
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introdução da técnica da “Bomba de Pressão” inventada por P. F. Uma coluna de água sob tensão, é desta forma instável fisicamente.
Scholander (Scholander et al., 1965) (Fig. 2.6 D). Se a solução do Os físicos denominam esta condição de “estado metaestável”. Quando
xilema está sob tensão, o líquido no locar do corte desaparecerá. a água se encontra neste estado pode ocorrer alterações repentinas,
Todavia a solução será forçada a reaparecer através de pressões mas somente com estímulo externo. A estabilidade pode ser
aplicadas na câmara. Com tal dispositivo, Scholander e outros tem encontrada em uma coluna de água sob tensão pela introdução de uma
medido tensões na ordem de –0,5 a –2,5 MPa em árvores rapidamente fase de vapor. As moléculas de água na fase de vapor tem coesão
transpirando de zonas temperadas. muito menor, o que permite o vapor expandir-se rapidamente, isto é
Observa-se que o potencial de água próximo a base da árvore é causando uma ruptura na coluna e liberando a tensão.
menos negativo do que o potencial hídrico na ponta da árvore. Como pode uma fase de vapor ser introduzida na coluna de
O peso da evidência claramente suporta a hipótese que a água do xilema? A água do xilema contém muitos gases dissolvido,
coluna de água do xilema é literalmente puxada para cima nas árvores incluindo o C02, o 02 e o N2. Quando a coluna de água está sob tensão,
em resposta a transpiração. há tendência destes gases penetrarem na solução. Bolhas
microscópicas primeiro formam-se na interface entre a água e a
MANUTENÇÃO DA COLUNA DE ÁGUA parede do traqueídeo ou vaso, provavelmente nos pequenos poros da
parede. Estas pequenas bolhas podem redissolver-se ou podem
Volta-se agora a segunda questão. Como a integridade da coalecerem-se e se expandirem-se rapidamente e preencher o
coluna de água é mantida? A habilidade para resistir a quebra é uma conduto. Este processo de formação rápida de bolhas no xilema é
função da força tênsil da coluna de água. A força tênsil é uma medida denominado de cavitação. Como resultado estas bolhas de gás formam
da tensão máxima que um material pode suportar sem quebrar. A força uma obstrução no conduto chamada de embolismo. O embolismo trás
tênsil é também outra propriedade da água atribuída as fortes forças sérias conseqüências a coesão da água e portanto na coluna de água,
coesivas intermoleculares, ou pontes de hidrogênio entre as moléculas porque um conduto contendo embolismo, não pode mais conduzir água.
de água. Claramente o efeito da cavitação e do embolismo na sobrevivência das
A força tênsil depende também do diâmetro do conduto, das plantas seria desastroso se a planta não tivesse mecanismos para
propriedades da parede do conduto e da presença dos gases ou solutos minimizar os seus efeitos. O principal mecanismo para minimizar o
dissolvidos. É aceito que para a água pura, livre de gás dissolvido, é
capaz de resistir tensões menores do que -25 a – 30 MPa a 20 °C. Isto
é aproximadamente 10 % da força tênsil do cobre, e 10 vezes maior do
que a força requerida (-2,5 a –3,0 MPa) para puxar uma coluna de água
para o topo das árvores mais altas.
Uma vez que a água no xilema está sob tensão, ela precisa
permanecer no estado líquido bem abaixo de sua pressão de vapor.
RELAÇÕES HÍDRICAS – FISIOLOGIA VEGETAL
pontuações areoladas, o embolismo é barrado devida a estrutura da
pontuação (Fig. 3.14 A). Uma diferença na parede entre o elemento de
vaso contendo o embolismo e o elemento de vaso preenchido com água
faz com que as bolhas passem através dos traqueídeos. Ao mesmo
tempo a tensão superficial evita que as bolhas passem através dos
traqueídeos. Ao mesmo tempo a tensão superficial evita que as bolhas
passem através das pequenas aberturas da placa de perfuração entre
elementos de vasos sucessivos (Fig. 3.15 B). Assim a água continua a
percorrer lateralmente através das pontuações disponíveis que não
estão com embolismo.
As plantas podem evitar danos a mais longo prazo, reparando o
embolismo. Isto pode acontecer a noite por exemplo, quando a
transpiração é baixa ou ausente. A baixa tensão do xilema permite que
os gases se dissolvem novamente na seiva xilemática. Uma explicação
alternativa, principalmente em espécies herbáceas, é que o ar pode ser
forçado para dentro da solução a noite pela pressão radicular positiva.
Figura 3.17 – Pêlo radicular e a absorção de água. (A) Pêlo radicular de Raphanus sativus. Uma vez que a água ter sido absorvida pelos pêlos ou células
(B) Os pêlos radiculares aumentam a absorção de água pela sua habilidade epidérmicas, ela precisa atravessar o córtex para alcançar os
de penetrar em capilares contendo água entre os espaços das partículas do elementos do xilema no estelo central. Em princípio, a rota da água
solo.. (C) O pêlo radicular aumenta muitas vezes o volume de solo que pode
ser extraído água.
através do córtex é relativamente direta. Há duas opções. A água
pode passar pelas células através do apoplasto do córtex ou de célula
ponta e pode estender-se por mais de 10 cm em direção a base da a célula através dos plasmodesmos do simplasto. Na prática, estas
planta (Fig. 3.16). POuca água é absorvida na zona meristemática duas rotas não são separadas. A água apoplástica está em constante
propriamente dita, provavelmente devido ao protoplasma nesta zona equilíbrio com a água do simplasto e com os vacúolos das células. Isto
ser muito denso e não haver elementos vasculares diferenciados para significa que a água está constantemente sendo trocada através da
RELAÇÕES HÍDRICAS – FISIOLOGIA VEGETAL
célula e da membrana vacuolar. Assim, a água flui através do córtex refletida no retardamento da absorção comumentemente observada
envolvendo duas rotas.O córtex consiste de células com numerosos quando a perda de água da transpiração é comparada com a absorção
espaços intercelulares. O apoplasto desta forma oferece a mínima pelas raízes (Fig. 3.18). O retardamento é devido a resistência na raiz
resistência e provavelmente é responsável por uma grande proporção e pose ser demonstrado experimentalmente. Se uma raiz de uma
do fluxo de água.
Zona de Absorção de
Taxa de Transpiração
água (cm da ápice)
Baixa Alta
0 - 2.5 100 132
2.5 – 5.0 103 213
5.0 – 7.5 54 216
7.5 – 10.0 27 270
10.5 – 12.5 19 285
Dados de Brouwer, 1965.
Figura 3.18 – O atraso ou retardamento na absorção de água em uma árvore (Larix).
Na região menos madura próximo do ápice radicular, a água flui Acima: Absorção de água, medido pelo fluxo de água através do colmo.
diretamente do córtex para os elementos de vasos se desenvolvendo, Observa-se o atraso na absorção. O declínio na taxa de transpiração
próximo ao meio dia pode ocorrer se o atraso é suficiente para criar um
encontrando pouca resistência. Movendo-se da ponta para regiões mais
“deficit” e estimula temporariamente o fechamento estomâtico. Abaixo:
maduras, a água encontra a endoderme. A suberização das células A rápida transpiração causa um decréscimo no potencial hídrico da folha ,
endodérmicas impõem uma barreira a entrada de água, forçando a e vai se recuperando lentamente quando a água move-se no sentido de
água absorvida nesta região passar através da membrana celular. minimizar o “deficit”