You are on page 1of 4

Tendências da Educação Ambiental

Ao longo da história, a EA esteve associada a diferentes valores e interesses,


gerando um quadro bastante complexo de educações ambientais com orientações
metodológicas e políticas bastante variadas. A EA tem sido abordada de diferentes
modos: como um conteúdo, como um processo, como uma orientação curricular e
também tem apresentado objetivos diversos: a conservação da natureza, o
gerenciamento de recursos, a resolução de problemas ambientais, a compreensão do
ecossistema, a melhoria dos espaços habitados pelo ser humano, a discussão das
questões ambientais globais (ZAKRZEVSKI, 2003b).

Segundo Sato & Santos (2003),

do conservacionismo extremo à compreensão mais ampla, a EA deu


um salto quanti e qualitativo no cenário nacional. Embora a maioria
ainda compreenda que ambiente seja sinônimo de natureza, esta visão
tem sido modificada ao longo dos anos, dando lugar à uma percepção
mais crítica, com elementos culturais e naturais, conferindo uma
preocupação social adequada na dimensão ambiental.

De acordo com Zarkzervski (2003b) atualmente não é possível entendê-la no


singular: inúmeras são as percepções sobre a EA, permitindo deste modo que diferentes
práticas educativas, desenvolvidas em diferentes espaços, sejam identificadas como de
EA. Dentro dessa perspectiva temos quatro eixos principais dentro da EA: positivismo,
construtivismo (ou interpretativismo), sócio-construtivismo (ou teoria crítica) e pós-
estruturalismo, onde destacamos os três primeiros no Quadro 1 (SATO & SANTOS,
2003; ZAKRZEVSKI, 2003b).
Quadro 1: Eixos da Educação Ambiental
Positivista Construtivista Crítica
Proposta para a Conhecimento Ações "para" o
Atividades "no" ambiente
EA "sobre" o ambiente ambiente
Proposta
Vocacional Liberal/progressiva Socialmente crítica
Educacional

Teoria de
Behaviorista Construtivista Reconstrutivista
aprendizagem
Pré-determinado, Intuitivo, semi-estruturado,
Generativo, emergente,
Conhecimento sistematizado e subjetivo e derivado de
colaborativo e dialético
objetivo experiências
Papel do Autoridade e detentor Organizador de Colaborador /
professor do conhecimento experiências no ambiente participante
Receptor passivo do Aprendizagem ativa
Papel do Gerador ativo de novos
conhecimento através de experiências
estudante conhecimentos
disciplinar ambientais
Organização dos
Disciplinas Experiência pessoal Questões ambientais
princípios
Ambivalência na relação
Relações de poder Reforça o poder Desafio e poder
de poder

Fonte: Robottom e Hart apud Zakrzevski, 2003b

Robotton & Hart (1993) apud Zakrzevski (2003b) retrata os domínios “sobre” e
“no” (apresentados no Quadro 1), como aspectos primordialmente necessários, mas não
como os objetivos finais da EA, já que a mesma deve, além de colaborar na construção
de conhecimentos, favorecer mecanismos de participação das comunidades, com o
intuito de possibilitar um diálogo reconstrutivista no processo educativo “para o
ambiente”. Sato & Santos, (2003) ainda desta que,

Em geral podemos dizer que o positivismo (grifo nosso) é marcado


pelo método analítico, pelo privilégio da técnica, pela conduta
observável empiricamente, onde os pesquisadores são sujeitos
externos e utilizam argumentos hipotéticos dedutivos. A linha
construtivista (grifo nosso) é marcada pelo significado contextual
iluminativo, pela construção intersubjetiva, e os pesquisadores
(internos) estabelecem uma adoção de um acordo responsável para
esclarecer motivos, experiências e significados comuns. Na teoria
crítica, (grifo nosso) o significado prático e teórico é emancipatório,
com reflexão crítica, com pesquisadores externos e internos (ação
conjunta), e, além de recapitular as políticas de pesquisa, estimula a
ação para a transformação das realidades.
Ao observar as formas de fazer EA, seja ela positivista, construtivista ou crítica,
apresentadas por diversos autores, percebemos a dificuldade de unificá-las, pois são
ideológica, metodológica e epistemologicamente distintas (ZAKRZEVSKI, 2003b).

Em relação ao eixo pós-estruturalista Sato & Santos (2003) relatam que é uma
tendência que tenta a conjugação entre a sociedade e a natureza; no diálogo necessário
entre os diversos conhecimentos existentes, mergulhando a racionalidade na emoção; na
necessidade da compreensão das ciências que estudam as partes, com as ciências que
estudam o todo e as suas partes; e, sobretudo no resgate da ética, solidariedade e
coletivismo como alternativas possíveis para alcançarmos uma humanidade mais
responsável.

Esses autores ressaltam também que para que a EA se realize não é necessário
trilhar somente um caminho. Inúmeras são as formas de desenvolver pesquisas,
oferecendo potencial de estudos e descobertas, igualmente adequados e pertinentes,
dependendo de cada campo e esfera de atuação. Neste contexto, a pesquisa é o meio e a
educação é o fim, ou seja, a pesquisa não se basta em ser princípio científico, pois
precisa também ser princípio educativo. Não se faz antes pesquisa, depois educação,
mas ao mesmo tempo, no mesmo processo (DEMO, 1996).

Na compreensão de Sato & Santos (2003) no caso específico da EA, onde a sua
natureza exige um trabalho interdisciplinar, o grande desafio consiste em como a
pesquisa deverá conciliar a base epistemológica das ciências naturais (natureza) com as
ciências sociais (cultura). Assim, é necessário construir um novo olhar do ser humano
sobre o ambiente como fruto de um processo histórico, na tentativa de que se possa
edificar uma verdadeira consciência ambiental (FREIRE et al, 2006). E Sato & Santos
(2003) complementam,

A curiosidade, a incerteza, a dúvida ou a coragem de assumir riscos


nos faz crer que a EA perde o seu significado, se não for
compreendida dentro de suas limitações. Obviamente, ao assumirmos
que a EA é realmente um processo educativo, cabe questionar qual é
a base pedagógica que orienta as nossas ações.

Com isso e sabendo que não tem um eixo “certo” e um “errado”, o presente
estudo fundamentou-se na proposta construtivista, onde o propósito da pesquisa baseou-
se na compreensão e interpretação das estruturas sociais relacionadas ao Parque
Metropolitano de Pituaçu tendo com natureza do conhecimento os fatos compreendidos
através da interpretação, na perspectiva da interação com o contexto social dos alunos.

You might also like