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UNIVERSIDADE DA MADEIRA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

ELECTROQUÍMICA

EXPERIÊNCIAS DEMONSTRATIVAS DO
FENÓMENO DE CORROSÃO:

CORROSÃO POR AREJAMENTO

Turno P1

Grupo 3:Duarte Correia


João Marques
Lúcia Nascimento

Docente: Dr. José Mesquita

Funchal, 28 de Novembro de 2000


INTRODUÇÃO

A corrosão é um processo espontâneo para os metais mais vulgarmente usados, e se


não fossem empregues mecanismos de protecção, ter-se-ia a destruição completa dos
mesmos, já que as reacções químicas envolvidas neste fenómeno ocorrem na sua superfície,
e obedecem a certas condições. [1]
Mesmo em atmosferas secas ocorre a formação de camadas superficiais de óxido,
inicialmente de espessura tão pequena que são transparentes; essas camadas, ao irem
aumentando de espessura, poderão em certos casos impedir cada vez mais o acesso dos
agentes oxidantes ao substrato metálico, atenuando a velocidade de oxidação. Ela
prossegue sempre que as condições lhe sejam favoráveis, sendo uma delas o aumento da
temperatura.
A corrosão do metal em meio aquoso pode dever-se a diferenças na composição
química do meio em que se encontra, sobretudo a nível da concentração de oxigénio
(corrosão por arejamento diferencial).
Esta ocorre na parte metálica que estiver em contacto com um meio de menor
concentração de oxigénio. [2]
A corrosão por arejamento, pode ser representada pelas semi-equações genéricas:

M → M n+ (aq) + n e- (1)
Sendo que em meio aquoso, e na presença de ar:

½ O2 + H2O + 2e- 2OH- (2)

Estes iões são os principais responsáveis pela corrosão dos metais em solução, pois
todos aqueles que possuam um potencial de redução menor que o do oxigénio sofrerão
corrosão.
Nas zonas mais arejadas, e portanto, com maior concentração de oxigénio, ocorre a
redução deste, a solução fica ligeiramente básica devido à formação de iões OH-, e o metal
passa ao estado passivo diminuindo a velocidade de corrosão, devido à formação do
hidróxido metálico.
Nas zonas de menor arejamento ocorre também a oxidação do metal havendo, no
entanto, a passagem dos iões para a solução, o que origina uma diferença de potencial, em
que o metal perde continuamente electrões, prosseguindo assim a oxidação. [1]
A corrosão por arejamento acontece, por exemplo, em estruturas metálicas
parcialmente imersas em água do mar, ou em canalizações que estão enterradas em solos
com diferentes graus de permeabilidade em relação ao ar.
PARTE EXPERIMENTAL

• MATERIAL:
- Tubo em U com placa porosa;
- Suporte universal, garra e noz;
- Multímetro, fios de cobre;
- 2 Pinças da madeira.

• REAGENTES:
- 2 Placas de zinco;
- Soluções aquosas de: NaCl (3%), Na2SO3 (20%), HCl (concentrado),
H2O2 (110 volumes).

• MONTAGEM:

BRAÇO I BRAÇO II
V

Fig. 1- representação esquemática da montagem para a demonstração da corrosão por arejamento.

• PROCEDIMENTO:

- ExperiÍncia 1:

Depois de se terem polido bem as placas de zinco, encheu-se o tubo em U com a


solução de NaCl e colocaram-se as placas, uma em cada braço do tubo.
Mediu-se a diferença de potencial entre os dois eléctrodos, devendo ser entre 1 e 2
mV.
Se a diferença de potencial fosse maior, os eléctrodos seriam polidos novamente.
De seguida adicionaram-se 2 ml de H2O2 à solução colocada no braço da direita,
fazendo aumentar aí a concentração de oxigénio.
Registaram-se os valores de potencial após a adição e durante os 10 minutos
seguintes, de minuto a minuto.
Verificou-se também o estado das placas de zinco.

- ExperiÍncia 2:

Limparam-se novamente as placas, lavou-se o tubo e encheu-se de novo com a


solução de NaCl.
Adicionou-se à solução do braço esquerdo, 1 ml da solução de Na2SO3
ligeiramente acidificado com HCl concentrado (cerca de 2 gotas), o que provoca a redução
da concentração de oxigénio na solução.
Mediu-se a diferença de potencial após a adição e durante os 10 minutos
seguintes, de minuto a minuto.
Observou-se também o estado das placas de zinco.
RESULTADOS

- ExperiÍncia 1:

Neste ensaio, e por erro da nossa parte, usou-se uma solução de NaCl (1 g/L), em
vez da solução de concentração 3%.
O valor de diferença de potencial (E) inicial entre os dois eléctrodos de zinco foi
de 1.6 mV. Na tabela 1 apresentam-se os resultados de E em função do tempo, após a
adição de H2O2.

Tabela 1- Valores de diferença de potencial obtidos na experiÍncia1.

Tempo (s) E (mV)


0 23.1
60 27.1
120 32.2
180 36.7
240 40.7
300 44.3
360 46.8
420 49.7
480 52.3
540 54.4
600 56.1

A placa de zinco onde se aumentou a concentração de oxigénio, através da adição


de H2O2, ficou ligeiramente mais escura.

- ExperiÍncia 2:

Usando a solução de NaCl (3%), mediram-se –0.7 mV de diferença de potencial,


inicial, entre os dois eléctrodos.
Os valores de diferença de potencial entre os eléctrodos, após a adição de Na2SO3,
encontram-se na tabela a seguir.
Tabela 2- Valores de diferença de potencial obtidos na experiÍncia 2.

Tempo (s) E (mV)


0 107.2
60 102.8
120 102.0
180 100.9
240 99.9
300 99.1
360 98.4
420 98.0
480 97.4
540 97.0
600 96.6

As placas ficaram um pouco mais escuras, mas no braço onde a concentração de


oxigénio era maior (aonde não se aplicou a solução de Na 2SO3), apareceram umas
pequenas manchas castanhas.
TRATAMENTO DE RESULTADOS e DISCUSSÃO

No primeiro ensaio, a adição de H2O2 contribuiu para aumentar a concentração de


oxigénio no braço II do tubo.
As reacções que ocorrem são:

Braço I – Ânodo (oxidação):


Zn (s) → Zn 2+ (aq) + 2 e- E0Zn/Zn2+= -0.76 V

Braço II – Cátodo (redução):

½ O2 (g) + H2O (l) + 2e- 2OH- (aq) E0O2/O2-= 0.40 V

O potencial padrão da pilha é dado por:

E0 = E0O2/O2- - E0Zn/Zn2+

E0 = 0.40 – (- 0.76) = 1.16 V

A equação que representa a reacção global, é dada por:

Zn (s) + ½ O2 (g) + H2O (l) → Zn 2+ (aq) + 2OH- (aq)

Para se determinar o potencial tem que se usar a equação de Nernst:


0.0591
E = E0 − × log K
n

E = 1.16 −
0.0591
× log
[
Zn 2 ⋅ OH −
+
][ ] 2

n PO2
12
( )
A adição de H2O2 ao braço II do tubo aumenta a concentração de oxigénio,
segundo a reacção de decomposição:
1
H 2 O2 ( aq) → O2 ( g ) + H 2 O(l )
2
Dado que há um aumento da concentração de oxigénio, pela equação de Nernst vÍ-
se que a sua pressão também aumenta, fazendo diminuir o valor da parcela (menor do que
1). Uma vez que o logaritmo de um número decimal positivo dá um valor negativo, a
segunda parcela vai ser adicionada à primeira, aumentando cada vez mais o valor de
potencial da célula.
Este facto foi verificado pelos valores experimentais (tabela 1), já que o potencial
medido ia aumentando com o decorrer do tempo, se bem que o intervalo de variação ia
diminuindo continuamente.
Tal facto advém da formação de uma película, um pouco mais escura, de
+
hidróxido de zinco, devido à reacção dos iões Zn 2 com os iões OH − provenientes do
braço II do tubo, por difusão através da placa porosa. A reacção é representada pela
seguinte equação:
Zn 2 (aq ) + OH − (aq ) → Zn( OH ) 2 ( s )
+

Na segunda parte do trabalho, ao adicionar-se Na 2 SO3 acidificado no braço I,


diminui-se aí a concentração de oxigénio, devido ao seu consumo pelo Na 2 SO3 para
originar Na 2 SO4 , segundo a equação:
1
Na 2 SO3 (aq ) + O2 ( g ) → Na 2 SO4 (aq )
2
Assim, segundo a equação de Nernst,

E = 1.16 −
0.0591 [
× log
][ +
]
Zn 2 ⋅ OH −
2

n ( ) PO2
12

verificar-se-ia uma diminuição do potencial da célula, já que diminuiria a pressão de


oxigénio, o quociente seria superior a 1 e logaritmo positivo, pelo que a segunda parcela
seria subtraída à primeira.
Este facto é corroborado pelos valores experimentais, aonde o valor de potencial
medido vai sempre diminuindo com o tempo.
Apesar disso o valor de potencial medido no instante da adição, no segundo ensaio,
é muito superior ao do primeiro, e tal facto sem dúvida que advém do facto de terem sido
usadas soluções de NaCl a duas concentrações diferentes. A que foi usada no segundo
ensaio tinha uma concentração superior à da que foi usada no primeiro ensaio.
A introdução de um gás inerte na solução do braço I (borbulhando N 2 ), removeria
o oxigénio dissolvido na solução, fazendo diminuir a concentração deste gás nesse braço.
Isso causaria uma variação de potencial entre os dois eléctrodos, que acentuaria o
potencial medido nos dois ensaios.

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