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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

Relatório nº 2

SÍNTESE DO SILICONE

Realizado por:
- Cesário Camacho
- Duarte Paulo Correia
QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

ÍNDICE

Págs.

Resumo 3

Introdução Teórica 4

Descrição Experimental 6

Conclusão 7

Apêndices
Apêndice I 9

Apêndice II 10

Bibliografia 14

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

RESUMO

A realização deste trabalho teve por objectivo o estudo da química do silicone


tendo-se para tal preparado a borracha de silicone via hidrólise de um
diclorodimetilsilano. A esta reacção está inerente um mecanismo de polimerização de
condensação.
Relativamente ao rendimento para o óleo de dimetilsilicone obteve-se um valor de
83,12%.

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

INTRODUÇÃO TEÓRICA

Grande parte dos materiais que vulgarmente se usa no dia-a-dia são polímeros,
formados por unidades repetitivas simples- monómeros, os quais são caracterizados por
possuirem elevados pesos moleculares.
Os polímeros dividem-se em duas categorias: naturais e sintéticos. São exemplos
de polímeros naturais as proteínas, a celulose e a borracha [1]. A maioria dos polímeros
sintéticos são compostos orgânicos que podem ser classificados em três grupos:
elastómeros, que apresentam a elasticidade característica da borracha, cadeias muito
grandes com poucas ramificações e muito separadas; fibras, que têm cadeias lineares,
grande resistência, elevado grau de cristalinidade com ramificações não desejáveis; e
plásticos que são sólidos à temperatura ambiente, mas que por aquecimento tornam-se
fluídos. Exemplos mais comuns dos polímeros sintéticos são o Nylon, o Dacron, a
Lucite e o vidro acrílico. Vulgarmente este tipo de polímeros são obtidos pela união de
monómeros à molécula em crescimento, um de cada vez. Este processo é denominado
por polimerização, distinguindo-se dois tipos:
- polimerização por condensação
- polimerização por adição
Na polimerização de adição o produto resulta da reacção entre duas unidades
monoméricas que se ligam directamente, sem libertação de qualquer molécula. Por
outro lado, na polimerização por condensação, a cadeia constitui-se por intermédio de
reacções por passos entre grupos funcionais de monómeros e as moléculas do polímero
em formação com libertação de uma molécula pequena (por exemplo de água) [2,3].
Um exemplo de polímeros sintéticos são os silicones ou mais especificamente
organometalsilicanos, que são materiais poliméricos que contêm silicio, oxigénio e
grupos orgânicos. Resultam da condensação de compostos organossílicos tais como os
siloxanos, que são constituídos por silício e oxigénio.
Os silicones com grupo metilo (também chamados dimetilpolisiloxanos) são
provavelmente o grupo de materiais deste tipo mais importante, resultando da hidrólise
do diclorodimetilsilano, cuja unidade estrutural pode ser representada por:

 CH 3 
 
 | 
- Si - O -
 
 | 
 CH 
 3 n

Deste modo, a hidrólise do (Me)2SiCl2 dá origem ao respectivo silanol


(Me)2Si(OH)2 e cloreto de hidrogénio.
Mediante a extraordinária facilidade com que os silanois condensam formam-se
os polisiloxanos que são uma mistura de compostos ciclicos (onde n=3,4,5,...etc) e
compostos de cadeia aberta com grupos terminais hidroxilo [4].
Assim, a obtenção de um polímero de cadeia linear pode ser descrita da seguinte
forma:

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

CH3 CH3
| |
Cl — Si — Cl + 2H2O OH — Si — OH + 2HCl
| |
CH3 CH3

CH3 CH3 CH3 CH3


| | | |
OH — Si — OH + OH — Si — OH OH — Si — O — Si — OH + H2O
| | | |
CH3 CH3 CH3 CH3

A existência de um grupo OH reactivo em cada extremidade da cadeia permite


que a polimerização seja contínua e a cadeia aumente de tamanho.
Os silicones podem ser preparados com uma grande variedade de viscosidades,
propriedades lubrificantes e reactividades. São extensivamente utilizados na indústria
química como lustres de automóveis, em tecidos à prova de água, em vidraria, como
lubrificantes, como agentes de hidrofugação e de antiaderência e como componentes de
vernizes e misturas isoladoras [4,5].
Nesta experiência a química dos silicones vai ser investigada através da
preparação de um polímero de silicone, via hidrólise de um diclorodimetilsilano. O
silicone contendo resíduos do grupo hidroxilo resulta de reacções cruzadas com o ácido
bórico. Este ácido trifuncional, B(OH)3, que também contém grupos hidroxilo, forma
ligações –Si-O-B- resultando num tipo de goma peculiar [4].

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL

Com o objectivo de obter-se silicone procedeu-se à adição, num erlenmeyer, de


20 mL de diclorodimetilsilano a 40 mL de éter, colocando-se a mistura reaccional num
banho de gelo e hidrolizando-se posteriormente com 40 mL de água adicionada gota a
gota. A adição do éter permitiu desta forma arrastar a fase orgânica, onde se encontrava
o produto desejado.
Terminada a reacção de hidrólise, separou-se a fase aquosa da fase orgânica e
lavou-se com uma solução diluida de bicarbonato de sódio de forma a neutralizar o
excesso de HCl formado aquando da hidrólise. Tornou-se a lavar o éter com água e
secou-se a fase orgânica com uma pequena quantidade de sulfato de magnésio anidro.
De forma a isolar a fase do éter da respectiva solução de óleo de dimetilsilicone,
procedeu-se a uma filtração a vácuo permitindo desta maneira a separação do sulfato de
magnésio e a extracção do éter por evaporação e sucção. Obteve-se uma massa de
10,2200 g de óleo dimetilsilicone. Finalmente para a obtenção do respectivo polímero
de silicone, adicionou-se 0,5112g de óxido bórico ao óleo de dimetilsilicone e agitou-se
continuamente com uma vareta de vidro durante alguns minutos. Procedeu-se então ao
aquecimento do óleo num tubo de Pyrex a uma temperatura de cerca de 200 ºC num
banho de óleo durante cerca de 3 horas. Deixou-se o produto obtido arrefecer e retirou-
se-o do tubo obtendo-se um produto opaco com uma massa de 5,0821g.

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho experimental pretendeu-se sintetizar o silicone


recorrendo à hidrólise do diclorodimetilsilano por intermédio de uma polimerização por
condensação. Contudo, o processo experimental a que se recorreu implica alguns
cuidados, nomeadamente a adição da água ao diclorodimetilsilano uma vez que esta
reacção é muito violenta e exotérmica o que justifica a utilização do banho de gelo
aquando da hidrólise. Por outro lado, a mistura reaccional acidifica devido à formação
do HCl pelo que a adição do bicarbonato de sódio foi essencial para a neutralização da
solução. Por outro lado, verificou-se que a adição do éter é essêncial dada a volatilidade
que este apresenta permitindo assim a remoção fácil da fase orgânica onde se encontra o
produto pretendido. Contudo, o processo a que se recorreu para a eliminação do éter
possívelmente não é o mais aconselhado pelo que, era conveniente ter-se recorrido ao
evaporador rotativo.
Obtido um óleo incolor de dimetilsilicone constatou-se que o rendimento da
reacção foi de 83,12%. Este rendimento apesar de ter sido consideravelmente
satisfatório, pode estar afectado por pequenas perdas ocorridas durante a realização das
várias extracções efectuadas. Contudo podemos concluir que o processo para a obtenção
do dimetilsilicone é realmente adequado.
Saliente-se que a utilização do diclorodimetilsilano como material de partida
deve-se sobretudo ao facto das ligações Si-Cl serem facilmente hidrolisadas permitindo
assim que o composto seja muito reactivo, bem como à dupla funcionalidade que advém
da existência dos dois cloretos. A cadeia assim pode propagar-se nas duas direcções
resultando num polímero de alto peso molecular.
Quanto à obtenção do polímero de silicone verificou-se que a adição do óxido
bórico ao óleo obtido tem como função catalizar a reacção no sentido de se obter um
grau de polimerização mais avançado.
Finalmente verificou-se que o composto obtido é inclolor, opaco e ligeiramente
moldável apresentando alguma flexibilidade.
A massa de silicone obtida foi de 5,0821 g.

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

APÊNDICE I

CÁLCULOS EXPERIMENTAIS

Cálculo do nº de moles de diclorodimetilsilano

MM( C2H6Cl2Si) = 129,06 g.mol-1

( C2H6Cl2Si) = 1,07 g.ml-1

Sabendo que: =m
V

Virá que:

m(C2H6Cl2Si) = 1,07 x 20 = 21,4 g

Como:
n=m n = 21,4 = 1,658 x 10-1 mol(C2H6Cl2Si)
M 129,06

Cálculo da massa do óleo de dimetilsilicone para um rendimento de 100%

Atendendo à estequiometria da reacção tem-se que:

n Me2SiCl2 + n H2O (Me2SiO)n + 2n HCl

Então o nº de moles de cada um dos reagentes será igual ao nº de monómeros formados.

Como:

MM ((Me)2SiO) = 74,169 g.mol-1

Então, tem-se que:


74,169g ((Me)2SiO  1 mol
x  1,658x10-1 mol
x = 12,2972g ((Me)2SiO)

 Cálculo do rendimento

Como m((Me)2SiO) obtida = 10,2200g, então o rendimento é dado por:

= 10,2200 x 100 = 83.12 %


12,2972

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Assim sendo, obteve-se um rendimento para o óleo de dimetilsilicone de 83,12%.

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APÊNDICE II

 Tabela 1 - Lista de material e reagentes

Material Reagentes
Âmpola de decantação de 100 mL Água destilada
Balança analítica Bicarbonato de sódio
Bureta de 50ml Diclorodimetilsilano
Erlenmeyer Dietiléter
Espátula Óxido bórico
Funil de Buckner Sulfato de magnésio anidro
Gobelets
Kitasato
Papel de filtro
Papel indicador de pH
Pipeta de Pasteur
Pipetas graduadas de 20 e 50ml
Placa de aquecimento
Suporte para âmpola de decantação
Suporte universal
Termómetro
Tina

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 Tabela 2- Fichas de segurança

Massa Ponto de Ponto de Densidad


Composto molecular fusão ebulição e Solubilidade Riscos e Segurança Outros
g.mol-1 (ºC) (ºC) (L/Kg)
Diclorodimetilsilano Tóxico/Inflamável
129,06 -76 70 1,07 - R11-36/37/38
( C2H6Cl2Si) nD : 1,4038
Muito inflamável
Dietiléter R12-19
74,12 -116 34 0,71 água/20ºC: 12g/l ignição: 170ºC
(C4H10O) S 9-16-29-33
Sulfato de magnésio
água/20ºC: 269g/l
anidro 120,36 1124 - - - Higroscópico
(MgSO4)
Hidrogenocarbonato
água/20ºC: 100g/l Dec. term. desde
de sódio 84,01 270 - - -
50ºC
(NaHCO3 )
Óxido bórico
69,62 450 - - água/25ºC: 36g/l - Higroscópico
(B2O3 )

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

 Tabela 3 - Quadro de registo de ensaio

Sequência
Procedimentos Tempo Observações/Registos Segurança Operador
De acções
1 Ligar a hote. docente
2 Colocar um banho de óleo a 200ºC. docente
Líquido muito volátil e
Medir 40ml de dietiléter para um
3 altamente inflamável. Duarte
erlenmeyer de 250ml.
Trabalhar na hote.
Adicionar 20ml de diclorodime- Produto tóxico/inflamável.
4 Duarte
tilsilano. Trabalhar na hote.
Efectuar uma montagem com uma
bureta de 50ml, adicionar água
5 Trabalhar na hote. Cesário
destilada e preparar um banho de
gelo.
Adicionar 40ml de água, gota a gota, Reacção muito violenta
6 à solução preparada anteriormente e (exotérmica). Duarte
em repouso no banho de gelo. Trabalhar na hote.
Efectuar uma montagem com uma
7 Cesário
âmpolade decantação.
Deitar a respectiva solução
8 hidrolisada numa âmpola de Cesário
decantação.
Produto muito inflamável.
Trabalhar na hote.
9 Separar a fase orgânica (éter). Direccionar a âmpola para Duarte
um local onde não haja
perigo.
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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

Verificar o pH com o papel


10 Cesário
indicador.
11 Lavar finalmente com água. Duarte
Deitar a fase orgânica no
12 Duarte
erlenmeyer.
Secar a solução de eter com sulfato
13 Cesário
de magnésio anidro.
14 Pesar o kitasato. m(kitasato)=318,39g Cesário
Filtrar a vácuo o sulfato de
15 Duarte
magnésio.
16 Pesar o Kitasato + óleo. m(Kitasato+óleo)=328,61g Cesário
17 Calcular o rendimento. rendimento obtido=83,12% Duarte
18 Pesar 5% de óxido bórico (em peso). m(B2O3)=0,5112g Cesário
Adicionar o óxido bórico, agitando
19 Duarte
continuamente.
Continuar a agitar durante alguns
20 Duarte
minutos.
Deitar a solução para um tubo de
21 Cesário
Pyrex.
22 Aquecer o tubo de pyrex 3 horas. Cesário
23 Deixar arrefecer. Docente
24 Remover o produto do tubo. Duarte

NOTA:
(*) Não se utilizou o evaporador rotativo, uma vez que a quantidade de éter a evaporar era muito pequena, tendo-se prolongado assim, a
filtração a vácuo.

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QUÍMICA DOS MATERIAIS E AMBIENTE

BIBLIOGRAFIA

[1]- Chang, Raymond, “Química”, 5ª Edição, McGraw-Hill;

[2]- Morrison, R. and Boyd,; “Química Orgânica”, 13ª ed., Fundação calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1996;

[3]- NN. Greenwood and A.Earnshaw, “Chemistry of the Elements”, Pergamon Press;

[4]- Szafran, Zvi, et all; “Microscale Inorganic Chemistry-A Comprehensive


Laboratory Experience”, John Willey & Sons, Inc., New York, 1991;

[5] J.R., Fred W. Billmeyer, “Text Book of Polymer science”, 3rd edition, Canadá, 1984;

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