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Hayla Loureiro Saboia

Exercícios de Administração e Planejamento em Saúde

Tema: Qualidade em Saúde 8,0

Pressupostos:
O atual contexto da saúde no Brasil é marcado por um sério questionamento
quanto à qualidade das políticas públicas implementadas nos últimos anos, incluindo
aquelas diretamente relacionadas à saúde. Tem-se inclusive a noção de que maiores
recursos investidos no setor devem ser acompanhados pela melhoria da qualidade dos
sistemas de saúde sob o risco de desperdício de dinheiro. Esta situação não esta restrita
à subsistemas (público-privado); níveis de atenção (básico-hospitalar) ou regiões do
país.
A Qualidade é um tema ou área de ação que emerge como uma exigência e um
grande desafio. Como facilitador para a mudança temos a crescente regulação do
sistema tanto por meio de políticas públicas quanto pelo fortalecimento de mecanismos
reguladores dos planos de saúde privados.

Justificativa e motivação atual:


A Qualidade depende de uma série de ações individuais relacionadas entre si,
portanto é responsabilidade de vários profissionais que intervêm em processos
complexos. Os erros podem portanto originar-se em qualquer ponto desta cadeia. As
medidas corretoras dirigem-se não aos indivíduos que se desviam da norma, mas sim ao
Sistema Organizativo. Segundo Deming, somente 15% das oportunidades de melhoria
dos cuidados dependem dos profissionais. Os restantes 85% passam pela melhoria de
fatores deficitários dependentes do sistema organizativo. A Qualidade é resultado de
uma complexa interação entre as pessoas e sistemas. As melhorias organizativas, uma
vez conseguidas podem ser permanentes, enquanto que as melhorias individuais podem
variar com o tempo e com a mudança de pessoal.
O juízo de valor do que seja qualidade não se baseia em verdades definitivas ou
absolutas porque depende da evolução do conhecimento, dos valores e da realidade em
que se atua. “Tudo, inclusive o que não se faz mal, é susceptível de melhorar”. Parte-se
da premissa o melhor é fazer bem desde o inicio. Deve-se buscar, permanentemente, as
mudanças e os aprimoramentos na forma como os serviços são prestados,
comparativamente à outros, em uma dada realidade. É uma prática cotidiana que deve
responder positivamente às seguintes perguntas
• Fizemos o que devíamos fazer quando e como deveria ser feito?
• Os nossos usuários estão satisfeitos com os nossos serviços e produtos?

Conteúdos:
Conceito de Qualidade. Dimensões, Abordagens, Critérios, Padrões e Indicadores.
Efetividade e impacto sobre a saúde a partir da implantação de Programas de Qualidade
em sistemas e serviços de saúde.

Leitura obrigatória:
1. José Carvalho de Noronha. Qualidade nos serviços de saúde
Leitura Complementar:
S.M. Campbell, M.O. Roland, S. A. Buetow Defining quality of care. Social Science &
Medicine 51(2000) 1611-1625.
Enunciado do Problema:
É possível prover aos cidadãos serviços de saúde de boa qualidade, garantindo a
capacidade resolutiva em todos os níveis do sistema, a satisfação do usuário e a
melhoria das condições gerais de saúde da população? Quais são os principais desafios
para a qualidade à médio e longo prazos?

Questões:´

1. Qual a abordagem da qualidade que corresponde cada aspecto abaixo


(estrutura/processo/resultado)?

Abordagem da família do paciente: processo


Acesso: resultado
Administração: estrutura
Alívio de Sintomas: resultado
Composição de RH: estrutura
Condutas e Procedimentos (preventivos, diagnóstico, tratamento): processo
Definição da gestão clínica: estrutura processo
Definição de problemas na Relação médico paciente: processo
Definições de Necessidades de Cuidados Clínicos: processo
Educação continuada: processo
Equipamentos: estrutura
Espaço físico: estrutura
Funções e atribuições: processo
Gestão da relação médico paciente: processo
Habilidades Profissionais: processo
Incapacidade: resultado
Materiais e insumos: estrutura
Melhoria da qualidade de vida: resultado
Melhoria da qualidade de vida: resultado
Melhoria do estado de saúde:resultado
Melhoria do estado de saúde: resultado
Melhoria do estado funcional: processo resultado
Normas técnicas: processo
Qualificação da equipe: estrutura
Recursos Financeiros: estrutura
Relacão interpessoal: processo
Rotinas e Fluxos: processo
Satisfação: resultado
Satisfação: resultado
Segurança e autonomia: processo (ou resultado?)
Segurança e autonomia: processo
Trabalho em Equipe: processo

2) Quais são os pontos positivos e limitantes para a aplicação da avaliação da


qualidade para cada uma destas abordagens (estrutura/processo/resultado)?

Em relação à abordagem baseada na Estrutura, podemos destacar que muitos


defendem que com a existência de boas condições prévias, é mais provável que se
obtenha um processo apropriado de assistência e um resultado mais favorável. No
entanto, a avaliação isolada da estrutura pode levar a conclusões errôneas, a menos que
o item específico examinado tenha uma relação demonstrada (positiva ou negativa) com
o resultado. Além disso, nunca foi realmente demonstrado que exista alguma relação
entre medidas retrospectivas da qualidade da assistência usando métodos estruturais e as
medidas obtidas usando técnicas de processos ou de resultados.

Em relação à abordagem baseada no Processo, pode-se defender este ponto de


visto baseado na proposta de que se em todas as fases da assistência o conhecimento
médico do momento e a tecnologia disponível estão plenamente aplicados, a
probabilidade de que o resultado seja favorável é maior do que se a aplicação do
conhecimento e da tecnologia for deficiente. No entanto, as medidas de processo
geralmente focalizam casos individuais e utilizam dados dos prontuários médicos. A
validade da medida então depende da qualidade desses prontuários e seus limites devem
ser reconhecidos. Outros problemas são a dificuldade de reconhecer com exatidão o
que deve ser feito para os pacientes, e o fato de que os poucos processos padronizáveis
existentes terem que ser aplicados a grupos largamente heterogêneos de pacientes.

Já em relação ao enfoque nos Resultados, as principais vantagens na utilização


destes para avaliar a qualidade incluem os seguintes: são intrínsecos à definição de
qualidade da assistência; não apresentam pré-concepções de como deva ser prestada à
assistência; existe uma relação estreita entre a avaliação da qualidade da assistência
dirigida para resultados e a avaliação tecnológica através de análises de dados de
observação. A principal razão para centrar a análise de resultados na avaliação da
qualidade da assistência é o reconhecimento de que as variáveis de estrutura e/ou
processos isoladamente podem não ser válidas e que a crença de que as medidas de
resultados são mais válidas uma vez que se focalizam diretamente na situação de saúde
das pessoas. No entanto, a maior parte dos estudos tem utilizado apenas a mortalidade
como um único resultado, poucos utilizando morbidade, e quase nenhum utilizando
status funcional, sanitário ou psicossocial. Outro problema são as dificuldades de se
ajustarem resultados à gravidade das doenças, à co-morbidade e outros fatores de
risco relacionados aos pacientes.

3) Procure definir à que dimensão da qualidade os indicadores abaixo se


relacionam:
Eficiência(a); Acessibilidade(b); Efetividade (c); Oportunidade (d); Centralidade
no Paciente (e)

1.Percentual de adultos acima de 50 anos que tiveram pesquisa de sangue oculto nas
fezes investigado no último ano ( a/b )
2.Percentual de pacientes com diabetes que realizaram perfil lipídico no último ano(
a)
3.Percentual de idosos que receberam a vacina anti-pneumocócica ( a )
4.Tempo médio decorrido entre o início dos sintomas e o uso de antibiótico em
crianças com pneumonia ( d/b )
5.Percentual de crianças com diagnóstico de gripe que receberam antibióticos ( b/
a )
6.Percentual de pacientes com diagnóstico de tuberculose que completaram o
tratamento no período de um ano ( b/c )
7.Percentual de pacientes com seqüelas de AVC que experimentaram melhoras em seu
estado funcional no último ano ( c )
8.Percentual de pacientes que obtiveram a medicação prescrita ( a )
9.Percentual de pacientes com pneumonia que receberam antibióticos em até quatro
horas após a confirmação diagnóstica ( a/d )
10.Percentual de pacientes que se mostram esclarecidos à respeito de sua doença ( e
)
11.Percentual de pacientes que se mostram esclarecidos a respeito de sua prescrição
(e)
12.Percentual de pacientes que foram orientados na recepção da unidade com relação
ao seu problema( e )
13.Doses de vacinas/mês não utilizadas e descartadas( a )
14.Números de turnos de atendimento não realizados por problemas de insumos( c a)
15.Número de exames realizados que não foram avaliados até 15 dias em consultas( c
a d)
16.Tempo médio de espera para consulta de referência a especialista maior de 15 dias
(d)
17.Tempo médio de espera para a consulta agendada maior de 60 minutos ( c b e )
18.Percentual de pacientes que se sentem confortáveis para falar de suas preocupações
e problemas ( e )
19.Número de crianças que conseguiram marcar consultas de rotina dentro do prazo
estabelecido ( a/d )
Proponha outros indicadores que possam avaliar as mesmas dimensões

4. Exemplifique 5 casos reais vividos pelo Grupo em que houve falha do tempo de
oportunidade no atendimento acarretando em grave prejuízo para a Qualidade da
Assistência á saúde e como poderia ter sido resolvido por meio de mudanças
organizacionais no serviço

1- Homem que deu entrada com suspeita de IAM ficou esperando por mais de 10
horas quando foi atendido por escândalo da família após paciente ficar
desacordado, frio e pálido.
2- Homem vítima de PAF na cabeça que procurou atendimento em 2 hospitais
públicos antes de ser atendido. Segundo os hospitais, ele não foi atendido por
falta de vagas e/ ou por falta de aparelho de TC e/ou por falta de neurologista na
unidade. Ele só conseguiu ser atendido mais de oito horas após o acontecido
numa instituição muito distante. E, mesmo assim, não foi encaminhado a UTI
também por falta de vagas.
3- Criança com crise de asma grave ficou horas esperando para uso de máscara de
oxigênio e inicio tardio da nebulização com b2 agonista e do uso de
corticosteróide. Quando foi atendida a saturação de oxigênio estava muito baixa
e a criança cianótica e letárgica.
4- Outros casos são as pessoas que têm doença crônica e que não conseguem
atendimento ambulatorial nos serviço público para tratamento e controle da
enfermidade e viram fregueses dos PS nas inúmeras crises por descontrole da
doença. Estes casos são vários e todos os dias, nas emergências, presenciamos
isso.
5- No Hospital Salgado Filho, a internação de pacientes precisamente indicados
muitas vezes é impossibilitada por falta de vagas. Com isso, os pacientes que
procuram atendimento são obrigados a procurar outro hospital ou recebem alta
quando não deveriam ou quando admitidos, ficam pelos corredores com péssimo
atendimento (já que são poucos médicos pra quantidade de pacientes). Nesta
ultima situação, muitos casos são subdiagnosticados e o tratamento ineficaz com
alta taxa de morbimortalidade em problemas que apresentam soluções.

Em todos estes casos, a solução é praticamente a mesma:


1- Contratar mais médicos e outros profissionais de saúde.
2- Pagar melhor os profissionais, pois pelos péssimos salários oferecidos, bons
profissionais se recusam a trabalhar nestas unidades.
3- Melhorar recursos e organização: equipamentos, estrutura, segurança, maior
informação aos pacientes.
Com todas estas medidas, as condições de trabalho e, consequentemente, o
atendimento seriam melhores e otimizados. Logo, todos os indicadores de qualidade
de saúde melhorariam.

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