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SETEMBRO/97
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Um problema patológico pode ser entendido como uma situação em que o edifício ou uma
sua parte, num determinado instante da sua vida útil, não apresenta o desempenho previsto.
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Para uma melhor compreensão dos problemas patológicos ocorridos com os revestimentos
e uniformidade de atuação frente às possíveis soluções, propõe-se empregar uma
metodologia de ação, baseada no trabalho de LICHTENSTEIN [1985], que pode ser
desenvolvida ou adaptada para cada situação específica, sendo as etapas propostas,
discutidas a seguir e ilustradas na figura 2.1.
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Esta etapa fundamenta-se na obtenção das informações necessárias para que se possa
compreender o problema ocorrido. Sua estruturação ocorre a partir da elaboração de um
quadro geral das manifestações presentes, onde devem ser devidamente relatadas as
evidências que provocaram a queda no desempenho do revestimento.
As informações podem ser obtidas por meio de quatro fontes básicas: vistoria do local;
levantamento do histórico do problema e do edifício (anamnese do caso), exames
complementares e pesquisa (bibliográfica, tecnológica e científica), discutidas a seguir.
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epossível epossível epossível 1
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DIAGNÓSTICO CAUSAS 2
MECANISMOS
PROGNÓSTICO $/7(51$7,9$6,17(59(1d2
DEFINIÇÃO DA CONDUTA
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A vistoria do local pode se dar a partir da insatisfação do usuário com o desempenho do
revestimento, acionando um profissional com o intuito de solucionar o problema ou pode
decorrer de um programa rotineiro de manutenção, onde através de uma inspeção constata-
se a existência de um problema patológico.
A vistoria, em um ou outro caso, deve seguir alguns passos específicos para que se possa
chegar a uma conclusão objetiva. Neste sentido, propõe-se a seguir, um procedimento
básico para a realização da vistoria do local. É evidente que se trata apenas de um
direcionamento das atividades, sendo recomendada uma postura de contínua adaptação ao
longo das experiências que forem sendo adquiridas.
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E'HILQLomRGDH[WHQVmRHGRDOFDQFHGRSUREOHPD
• buscar realizar um levantamento de dados gerais sobre a área em questão, como por
exemplo, a identificação das características climáticas, a incidência de chuvas, a
existência e nível do lençol freático e outros elementos que forem passíveis de serem
registrados.
Nesta fase, o profissional envolvido deve utilizar como instrumentos de trabalho a sua
experiência profissional, os sentidos humanos e as ferramentas disponíveis como por
exemplo nível de mangueira; fio de prumo; nível de mão; régua; metro; esquadro;
termômetro de contato; lupa; sacos plásticos; espátulas; prancheta; papéis para desenho e
anotações; máquina fotográfica, etc., que devem ser reunidos em uma maleta, por exemplo,
de forma a ficarem organizados e a facilitar a sua movimentação.
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Essa fase somente será desenvolvida quando for constatada a escassez de subsídios para
diagnosticar o problema na fase de vistoria do local.
A anamnese, palavra de origem grega que significa recordar, deve ser entendida como uma
ação capaz de levantar o histórico do edifício, envolvendo todas as atividades realizadas
durante o seu processo de produção que, de alguma maneira, possam ter contribuído para o
surgimento do problema.
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A entrevista pode variar em função de caso a caso; porém, algumas perguntas que
geralmente se repetem são apresentadas a seguir:
• quando foram constatados os sintomas pela primeira vez e de que forma?;
• os problemas foram objeto de intervenção anterior? Se sim, quais as intervenções
realizadas e quais os resultados obtidos?;
• no decorrer da construção foram feitas modificações no projeto, nos procedimentos de
execução ou na especificação de materiais?;
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As informações decorrentes dessa etapa são muito valiosas para a avaliação do problema;
entretanto, devem ser consideradas com muito cuidado pois estas podem retratar uma
realidade parcial, pois quase sempre existem interesses contraditórios em jogo ou ainda, o
informante pode não ter percebido o problema, tão logo tenha ocorrido, dando uma idéia
equivocada do período de ocorrência, além de que fatos importantes podem ter sido
omitidos por falhas de memória.
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Como anteriormente colocado, as informações obtidas das entrevistas podem não fornecer
um quadro suficientemente amplo e confiável para o estabelecimento da anamnese do
caso. Se isto ocorrer, pode-se utilizar como fonte complementar os documentos produzidos
durante a realização da obra e no período de utilização do edifício.
Os documentos relativos à fase de uso do edifício são ainda mais escassos, exceto para os
edifícios em que existe um programa de manutenção, os quais, no entanto, são poucos
ainda, pois não há uma conscientização sobre essa necessidade.
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Para que seja estabelecido o diagnóstico nessa fase, faz-se necessária uma reavaliação e
confrontação dos registros cadastrados na fase de vistoria do local, com aqueles aqui
obtidos.
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Considerável parte dos problemas patológicos que ocorrem nos revestimentos verticais
apresenta sintomas bem característicos, possibilitando a formulação do diagnóstico com a
realização das etapas anteriores. Entretanto, quando isto não for possível, poderão ser
realizados exames complementares que devem ser direcionados e ou solicitados, a partir de
uma avaliação real de suas necessidades e dos resultados obtidos até então. Estes exames
podem ser de duas naturezas: ensaios em laboratório ou no local.
D(QVDLRVODERUDWRULDLV
Os ensaios laboratoriais, na maioria das vezes, servem para avaliar determinadas amostras,
coletadas com o objetivo de quantificar e qualificar o comportamento físico-químico dos
materiais, procurando reproduzir as condições de exposição a que estão submetidos quando
do seu emprego no edifício.
Cabe ressaltar que, nesta fase, o mais importante será o conhecimento que o profissional
possui para prescrever os ensaios adequados para cada caso, sendo imprescindível a
experiência adquirida frente a problemas já solucionados, pois os ensaios de forma geral,
atingem um elevado custo e muitas vezes são demorados.
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3HVTXLVD
Com os resultados dos ensaios devidamente avaliados e tendo-se chegado à conclusão de
que não se consegue diagnosticar o problema, tem-se uma última fase que seria a pesquisa
bibliográfica, tecnológica e científica.
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Uma vez equacionada a primeira etapa, os estudos devem ser conduzidos para a
formulação do diagnóstico do problema, o qual pode ser entendido como o
equacionamento do quadro geral da patologia existente.
Cabe lembrar, porém, que as patologias constituem um processo dinâmico e assim sendo,
as manifestações, numa determinada época, podem apresentar um aspecto completamente
distinto que numa outra, estando em constante evolução. Assim, o diagnóstico pressupõe
um processo dinâmico que, na realidade, não se inicia somente após a análise dos
resultados obtidos no levantamento de subsídios, mas tem início com ele, sendo que todas
as informações devem ser interpretadas no sentido de compor progressivamente o quadro
de entendimento do problema patológico.
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Esta etapa está relacionada a uma avaliação da necessidade ou não de se intervir no
problema patológico, referindo-se, portanto, às alternativas de intervenção e à definição da
terapia a ser indicada.
Para que se possa chegar a uma decisão, a partir do diagnóstico são levantadas as hipóteses
de evolução futura do problema, ou seja, realiza-se um prognóstico, que deve ser baseado
em dados fornecidos pelo tipo de problema; estágio de desenvolvimento; características
gerais do edifício e condições de exposição a que está submetido.
A relação custo/benefício, por sua vez, estabelece um confronto dos benefícios que possam
ser auferidos na obtenção do desempenho requerido, em relação ao custo de sua
recuperação no decorrer do restante da vida útil do edifício.
Caso seja empregada uma tecnologia incompatível com o problema ou ainda, caso ocorram
falhas na realização dos serviços de manutenção, o mesmo pode ser agravado podendo até
mesmo tornar-se irreversível.
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5HJLVWURGR&DVR
Equacionado o problema patológico e adotada a conduta, passa-se a confrontação dos
efeitos resultantes, com os esperados, gerando uma fonte de informações que retroalimenta
o processo de produção do edifício.
O registro do caso constitui-se numa fonte importante e segura para consulta, de modo que
os problemas detectados, tais como os abordados no item 3, possam ser evitados nos novos
empreendimentos. Além disso, servem de subsídios essenciais à eliminação do grau de
incerteza do diagnóstico de casos semelhantes, no futuro, e para a definição da conduta de
intervenção, possivelmente, mais rápida e mais eficiente.
Os problemas originados na fase de projeto ocorrem, de modo geral, por dois motivos: ou
pela inexistência de um projeto específico em que sejam definidas as características do
revestimento como um todo, ou seja, da camada de regularização, de fixação e de
acabamento ou ainda por erros de concepção durante a elaboração do projeto, pois quando
este existe, está limitado aos efeitos arquitetônicos, em que muitas vezes suas diretrizes
são dadas independentemente das condições reais de exposição e dos requisitos básicos à
sua construção.
A não elaboração de um projeto ou mesmo os erros decorrentes de sua concepção são fatos
gerados, entre outros motivos, pela ausência de conhecimento tecnológico acerca do
assunto; falta de orientação específica para elaboração de projeto e falta de informações
acerca do comportamento de obras já construídas. Esses entraves, porém, devem ser
vencidos buscando-se o domínio tecnológico desta área, a fim de que os problemas não
sejam preconcebidos na fase de projeto.
Uma das formas de realizar a classificação é apresentada por SABBATINI [1986], onde as
patologias em revestimentos de argamassa são classificadas de acordo com suas origens:
• aderência insuficiente;
• inadequada capacidade de acomodação plástica (quando endurecida);
• deficiente resistência mecânica.
Uma outra forma, também proposta por SABBATINI [1997], e que será adotada neste
trabalho, classifica as patologias de revestimentos de argamassa de acordo com suas
formas de manifestação:
• perda de aderência ou desagregação;
• fissuras;
• manchas; e
• outras, as quais pela sua incidência esparsa, não serão abordadas no presente trabalho.
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A perda de aderência pode ser entendida como um processo em que ocorrem falhas ou
ruptura na interface das camadas que constituem o revestimento ou na interface com a base
ou substrato, devido às tensões surgidas ultrapassarem a capacidade de aderência das
ligações.
No caso de descolamentos por empolamento, esse autor explica que o fenômeno ocorre
devido às expansões na argamassa em função da hidratação posterior de óxidos; enquanto
o descolamento em placas ocorre quando há deficiência de aderência entre camadas do
revestimento ou das mesmas com a base. No caso do descolamento por pulverulência,
observam-se desagregação e conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser pressionada
pelas mãos e a película de tinta destaca-se juntamente com a argamassa que se desagrega
com facilidade.
As causas mais comuns para o descolamento por empolamento seriam: a cal parcialmente
hidratada que, ao se extinguir depois de aplicada, aumenta de volume e pode produzir a
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expansão, ou cal contendo óxido de magnésio, pois a hidratação desse óxido é muito lenta
e caso não tenham sido tomados os devidos cuidados, poderá ocorrer meses após a
execução do revestimento, produzindo expansão e empolando o mesmo [BAUER, 1997].
De acordo com esse mesmo autor, nos descolamentos com pulverulência, os sinais mais
observados são a desagregação e conseqüente esfarelamento da argamassa ao ser
pressionada manualmente. A argamassa torna-se friável, ocorrendo descolamento com
puverulência.
Outras causas para o descolamento com pulverulência seriam, segundo esse mesmo autor:
• “pintura executada antes de ocorrer a carbonatação da cal da argamassa;
• emprego de adições substitutas da cal hidratada, sem propriedades de aglomerante;
• hidratação inadequada da fração cimento da argamassa;
• argamassa mau proporcionada (pobre em aglomerantes);
• argamassa utilizada após prazo de utilização (tempo de pega do cimento);
• tempo de estocagem ou estocagem inadequada comprometendo a qualidade da
argamassa;
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• emprego de argamassa contendo cimento e adição de gesso, o que ocasiona uma reação
expansiva pela formação de etringita.
BAUER [1997] salienta que estão sendo avaliados para este tratamento adesivos à base de
resinas acrílicas, diluídos em água.
BAUER [1996] salienta que o substrato deve fornecer condições para que ocorra a ligação
mecânica com o revestimento, de maneira a se garantir adequada aderência, minimizando
problemas de descolamento. Conseqüentemente, os aspectos relacionados à limpeza da
base devem ser observados, como a eliminação de pó e resíduos e a presença de
desmoldantes em substratos de concreto.
Uma observação não sistemática parece indicar que, em geral, o descolamento acontece
depois de passado o primeiro ano da ocupação do edifício, podendo se manifestar através
de casos isolados ou em grandes painéis. Parece ocorrer, com maior freqüência, nos
primeiros e últimos pavimentos, provavelmente em função do maior nível de solicitação a
que estes estão sujeitos.
As causas do descolamento dos componentes podem ser diversas sendo uma das mais
importantes a instabilidade do suporte, isto é, do conjunto formado pela base (alvenaria e
ou estrutura) e pelo substrato (emboço), devido à acomodação do conjunto da construção, à
fluência da estrutura de concreto armado e às variações higroscópicas e de temperatura.
O ritmo de construção atual tem levado a que a aplicação dos componentes cerâmicos
ocorra num estágio da obra em que o suporte foi recentemente executado, apresentando-se
ainda muito úmido e, em conseqüência disto, as modificações dimensionais devido à
acomodação ou à retração do conjunto não foram desenvolvidas completamente.
Além disso, pode-se citar ainda como possíveis causas: o grau de solicitação do
revestimento; as características das juntas de assentamento e de movimentação; a ausência
de detalhes construtivos (contravergas, juntas de canto de parede etc.) e de especificação
dos serviços de execução; a imperícia ou negligência da mão-de-obra; a utilização do
adesivo com prazo de validade vencido; a fixação dos componentes cerâmicos após o
vencimento do tempo de abertura da argamassa colante e a presença de pulverulência ou de
materiais deletérios nas superfícies de contato (base-regularização-componente cerâmico),
fatores que nem sempre são observados quando da execução do revestimento.
A partir das informações obtidas busca-se realizar um diagnóstico do problema, sendo que
qualquer que seja ele, dever ser registrado através de documentos devidamente elaborados,
obtendo-se, como resultado, parte do domínio tecnológico sobre o assunto, além de
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promover uma possível retroalimentação das informações obtidas com relação ao projeto e
execução de obras, a fim de prevenir ou detectar os principais agentes responsáveis pelos
descolamentos, para aplicação em futuros empreendimentos.
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Entre vários trabalhos realizados no período de 1983 a 1986 investigou-se na França os
problemas patológicos com o objetivo de determinar as manifestações que ocorriam com
maior freqüência em fachadas [LOGEAIS, 1989]. Analisou-se 5.832 casos, onde 2.486
casos relacionavam-se às fissuras “não-passantes”, ou seja, que não atravessam toda a
espessura da parede e 3.346 casos corresponderam às fissuras “passantes”.
De acordo com BAUER [1996], a incidência de fissuras em revestimentos sem que haja
movimentação e ou fissuração do substrato ocorre devido a fatores relativos à execução do
revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e também por retração hidráulica da
argamassa.
Observa-se, então, que vários fatores intrínsecos à argamassa podem ser responsáveis pela
fissuração do revestimento, dentre os quais citam-se: consumo de cimento, teor de finos e
quantidade de água da amassamento [BAUER, 1996].
No caso de argamassa composta por alto teor de finos, há um maior consumo de água de
amassamento, o que ocasiona maior retração por secagem e, se o revestimento não for
executado corretamente, podem aparecer fissuras na forma de “mapas” por todo o
revestimento.
Outro fator que influencia no surgimento de fissuras é a umidade relativa do ar. Segundo
BAUER [1996], em regiões onde a umidade relativa do ar é baixa, a temperatura é alta e
há a presença de ventos, deve-se dar preferência à utilização de SULPHU apropriado,
aplicado à base, do que realizar molhagem abundantemente.
As fissuras por retração hidráulica, de modo geral, não são visíveis, a não ser que sejam
molhadas e que a água, penetrando por capilaridade, assinale sua trajetória. No caso de
umedecimentos sucessivos, pode-se gerar mudanças na tonalidade, permitindo a
visualização das fissuras, inclusive com o paramento seco. Tal fenômeno ocorre porque a
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água contendo cal livre sai pelas microfissuras, formando carbonato de cálcio quando em
contato com o ar, ficando com cor esbranquiçada, ou então, as fissuras podem ficar
escurecidas devido à deposição de fuligem.
BAUER [1996] aponta como uma das causas comuns de fissuração nos revestimentos, por
exemplo, o fato desse revestimento ser, muitas vezes, executado de maneira contínua sobre
juntas de dilatação da estrutura, podendo ocasionar o desprendimento da argamassa nessa
região.
Além disso, esse autor aponta, ainda, algumas outras causas que podem ser responsáveis
pelas fissuras nos revestimentos de argamassas, destacando entre elas: consumo elevado de
cimento; teor de finos elevado; consumo elevado de água de amassamento; número e
espessura das camadas; argamassa com baixa retenção de água e cura deficiente.
Além desses problemas, em edifícios altos, os últimos pavimentos ficam sujeitos a uma
maior movimentação por dilatação dos elementos de concreto, mais expostos ao raios
solares. Nesse caso, é comum o aparecimento de fissuras no encontro alvenaria-estrutura.
Além desse tipo de manifestação, CINCOTTO [1986] registra, ainda, que no caso de não
ocorrer tempo suficiente para a secagem, entre a aplicação de duas camadas de
revestimento sucessivas, a retração na secagem da camada inferior poderá provocar
fissuras com configuração de mapa na camada superior.
Quando o teor de finos é elevado, o tempo para o desempeno pode ser maior, pois há um
maior consumo de água. Nesse caso, muitas vezes a mão-de-obra, em função das
condições de trabalho, não têm como esperar o tempo correto para proceder o acabamento
superficial. Por conseqüência, o revestimento endurecido apresentará um elevado volume
de vazios, levando à ocorrência de fissuras na forma de mapas, decorrentes da retração da
argamassa na secagem.
O ato do desempeno com força suficiente e no tempo correto é importante, pois nessa fase
é possível comprimir a pasta e aproximar os grãos, reduzindo o potencial de fissuração da
argamassa.
Segundo BAUER [1996], as microfissuras geradas por retração hidráulica podem ser
cobertas pela película de tinta, ou seja, através de pintura. Essa alternativa também é
proposta por THOMAZ [1989] que recomenda, para esses casos, utilizar pintura elástica
encorpada com três ou quatro demãos de tinta à base de resina acrílica com reforço com
telas de náilon nos locais mais danificados.
Esse mesmo procedimento é recomendado por THOMAZ [1989]. Para esse autor, as
fissuras intrínsecas à argamassa de revestimento, sem fissuração da base, manifestam-se
por retração da argamassa e em conseqüência de solicitações higrotérmicas. A incidência
dessas fissuras será tanto maior, quanto maiores forem a resistência à tração e o módulo de
deformação da argamassa. Assim, para que se evite o aparecimento de fissuras esse autor
recomenda que as argamassas de revestimento contenham consideráveis teores de cal.
Para as regiões altas dos edifícios, BAUER [1996] sugere para as junções entre a estrutura
e a alvenaria, a utilização de uma tela em toda a extensão, inserida no revestimento dos
últimos andares, visando minimizar a fissuração.
A trinca, pode ser entendida como a ruptura no corpo da peça, sob a ação de esforços,
provocando a separação de suas partes e é manifestada através de linhas estreitas que
configuram o grau de sua abertura, sendo que, em geral, apresenta-se com dimensões
superiores a 1 mm. O gretamento e a fissuração, por sua vez, são aberturas liniformes que
aparecem na superfície do componente, provenientes da ruptura parcial de sua massa, ou
seja, a ruptura que não divide o seu corpo por completo. São caracterizadas por
apresentarem, aberturas inferiores a 1 milímetro.
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%RORU
O termo ERORUou PRIR é entendido como a colonização por diversas populações de fungos
filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se inclusive as argamassas
inorgânicas [SHIRAKAWA et al., 1995].
Além da questão estética, SHIRAKAWA et al. [1995] destacam também que a ocorrência
de problemas respiratórios nos moradores de residências com bolor deve ser considerada,
sendo assim, assunto de grande importância no que se refere à qualidade dos ambientes
internos.
SATO [1997], do mesmo modo, afirma que a absorção e incorporação de água é um fator
inerente ao processo de construção durante a execução da obra. Se não eliminada
convenientemente, pode provocar o aparecimento de fungos nas superfícies de fachada.
CINCOTTO et al. [1986] apontam alguns fatores causadores de umidade, que favorecem o
acúmulo de bolor na superfície dos revestimentos: a umidade de condensação; a ventilação
insuficiente num ambiente e a permeabilidade da alvenaria à umidade exterior.
Como exemplo dessa situação, cita-se um caso descrito por ALLUCI et al. [1988], onde foi
observado o desenvolvimento de bolor sobre películas de tinta. Através de observações, os
autores constataram que o crescimento do fungo sobre a película aumenta a retenção de
poeira, que fica fortemente aderida entre as hifas, e as partículas podem representar uma
fonte adicional de nutrientes. Os autores constataram também que o desenvolvimento de
fungos é muito mais intenso quando existem trincas na película de pintura, o que pode ser
explicado pelo fato de ocorrer um maior acúmulo de poeira na região trincada.
BAUER [1991] apresenta um outro caso, em que houve ocorrência de bolor no interior de
alguns apartamentos. Nesse empreendimento, o revestimento externo do edifício foi
executado parcialmente por argamassa constituída por grãos de quartzo pigmentados e
aglutinados por meio de resinas. Os locais onde ocorreram bolor no interior das alvenarias
coincidiam com a fachada sul e com as paredes revestidas externamente com o
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Na fase de uso, SATO [1997] descreve que a umidade nas fachadas é proveniente
principalmente das chuvas incidentes. O acúmulo ou escoamento de água na superfície
pode ocorrer em função dos seguintes fatores:
• FRQVWLWXLomRHSURSULHGDGHVGRVPDWHULDLVTXHFRPS}HPDIDFKDGD;
No caso de remover as áreas afetadas por fungos, ALLUCI et al. [1988] recomendam uma
limpeza com escova de piaçaba, aplicando-se uma solução de fosfato trissódico,
detergente, hipoclorito de sódio e água nas partes afetadas. Em seguida, a superfície deve
ser enxaguada com água limpa e seca com pano limpo.
Para ALLUCI et al. [1988], uma das formas para prevenir e combater o bolor nas
edificações consiste em adicionar fungicidas à argamassa. A utilização de fungicida, em
concentração adequada, inibe o desenvolvimento dos fungos e, mesmo em concentrações
menores, provoca um desenvolvimento mais lento e desuniforme dos fungos.
Porém, SATO et al. [1997] ressaltam que, apesar da adição de fungicida no revestimento
ser a forma tradicionalmente utilizada no controle e prevenção do problema, o fato de
serem solúveis em água permite a sua migração para a superfície do revestimento. Dessa
forma, esse fato contribui para a limitação da vida útil do fungicida, pois podem ser
lixiviados pela água da chuva.
Medidas preventivas podem ser tomadas na fase de projeto da edificação, para evitar, por
exemplo, problemas relativos à falta de ventilação e à condensação do vapor de água,
sendo essa última situação freqüente em ambientes como o banheiro e a cozinha. No
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Porém, ALLUCI et al. [1988] ressaltam que há casos em que, a edificação, apesar de
devidamente dimensionada quanto à ventilação, pode apresentar problema devido a um
desempenho térmico inadequado do componente - principalmente paredes - quando em
presença de água no interior dos mesmos, pois, conforme observa-se na tabela 3.1, a
resistência térmica de alguns componentes reduz-se em função da presença de água em seu
interior. Essa água pode ser decorrente de infiltração e ou umidade remanescente da fase
de construção da obra.
No caso dos revestimentos cerâmicos, o bolor é comum apenas no rejunte, sendo que as
suas causas são praticamente as mesmas que ocorrem nos revestimentos argamassados.
(IORUHVFrQFLDV
Segundo UEMOTO [1988], nas edificações, o termo eflorescência significa “a formação
de depósito salino na superfície de alvenarias, como resultado da exposição à intempéries”.
O fenômeno ocorre porque a argamassa apresenta vazios e canais em seu interior, devidos,
principalmente, à presença da água destinada a promover a trabalhabilidade desejada ao
material e necessária às reações de hidratação do cimento. Em função desses vazios no
interior da argamassa, pode ocorrer o fluxo da água por capilaridade ou por pressão,
podendo introduzir substâncias agressivas, presentes no substrato, na rede capilar ou
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Segundo UEMOTO [1988], a eflorescência é causada por três fatores: o teor de sais
solúveis presentes nos materiais ou componentes; a presença de água e a pressão
hidrostática para propiciar a migração da solução para a superfície. Todas essas três
condições devem existir e, se uma delas for eliminada, não haverá a ocorrência de
eflorescência.
BEICHEL [1997] ressalta ainda que, quando os sais estão dissolvidos não há problemas.
Somente quando a água evapora e os sais se cristalizam, ocorre a eflorescência.
Para BAUER [1996], as eflorescências podem alterar a aparência da superfície sobre a qual
se depositam, e em determinados casos seus sais constituintes podem ser agressivos,
causando desagregação profunda, como no caso de compostos expansivos.
UEMOTO [1988] distingue três tipos de eflorescência, as quais serão denominadas neste
trabalho de Tipo I, II e III. O Tipo I é o mais comum e caracteriza-se por um depósito de
sal branco, pulverulento, muito solúvel em água. Pode ocorrer em superfícies de alvenaria
aparente, revestimentos de argamassa, juntas de assentamentos, regiões próximas a
esquadrias mal vedadas, ladrilhos cerâmicos, juntas de ladrilhos cerâmicos e azulejos. Esse
tipo de patologia somente modifica o aspecto estético, não sendo prejudicial ao substrato.
A patologia Tipo II caracteriza-se pela aparição de um depósito de cor branca com aspecto
de escorrimento, muito aderente e pouco solúvel em água. Esse depósito, quando em
contato com o ácido clorídrico, apresenta efervescência. Esses sais formam-se em regiões
próximas a elementos de concreto ou sobre sua superfície e, às vezes, sobre superfícies de
alvenaria.
A eflorescência do Tipo III manifesta-se como um depósito de sal branco entre juntas de
alvenaria aparente, que se apresentam fissuradas devido à expansão decorrente da
hidratação do sulfato de cálcio existente no tijolo ou da reação tijolo-cimento. Como essa
patologia não é de interesse deste trabalho, não serão descritos maiores detalhes.
Pode-se também eliminar mais rapidamente tal patologia removendo os sais depositados na
superfície com escova de aço, seguida de lavagem com água abundante.
A eflorescência do Tipo II, além de apresentar um efeito estético negativo, é difícil de ser
eliminada. UEMOTO [1988] recomenda que, em casos de depósito abundante, o problema
pode ser solucionado removendo os sais com escovação mecânica. Em seguida, realiza-se
uma lavagem com solução de ácido muriático, devendo-se saturar anteriormente a parede,
para preencher os vazios existentes com água e evitar a impregnação do ácido através dos
poros. Porém, há casos em que a eliminação dos sais é muito difícil e a aplicação freqüente
de solução ácida pode comprometer a durabilidade do componente.
Além das recomendações acima, UEMOTO [1988] destaca alguns cuidados a serem
tomados para evitar a ocorrência de eflorescência, destacados a seguir:
• não utilizar materiais com elevado teor de sais solúveis. A presença de sais pode ser
detectada através de ensaios realizados em laboratório;
• em caso de alvenaria aparente, a redução da absorção da água da chuva pode ser obtida
utilizando-se pintura impermeável, resistente à exposição em solução salina;
• reduzir a lixiviação da cal através da utilização de cimento que libere menor teor de cal
na sua hidratação, como é o caso do cimento pozolânico ou de alto forno.
UEMOTO [1988] ressalta ainda que apesar da eflorescência, de uma maneira geral,
constituir-se num fenômeno onde os danos são apenas estéticos, ela é o efeito de um
problema mais grave e freqüente da edificações, que é a umidade.
Existem tratamentos especiais que podem ser empregados para a eliminação desses sais na
fase de produção do componente cerâmico, como por exemplo o tratamento com carbonato
ou hidróxido de bório que é introduzido na massa de fabricação do biscoito. Porém, seu
alto custo o inviabiliza, sendo raramente empregado. Outra solução é a queima dos
componentes a temperaturas sempre superiores a 1100oC que permite a dissociação dos
sais fazendo com que sua parte leve seja queimada e a pesada seja incorporada à malha
cristalina, estabilizando-se.
Tendo em vista que os atuais processos de produção dos componentes cerâmicos envolvem
sempre temperaturas superiores a esta, a probabilidade da presença de sais solúveis nos
componentes fica reduzida. Entretanto, uma vez aplicados, existem outras fontes de sais
tais como: os componentes de alvenaria; a argamassa da camada de regularização e de
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Deve-se ressaltar que a ação dos sais solúveis do cimento Portland, principal aglomerante
das argamassas, é importante fonte de eflorescência nos revestimentos, devendo-se buscar
minimizar o seu emprego.
Para que seja constatada a eflorescência, é necessário que a água evapore e deixe um
depósito salino. Há, contudo, casos em que a solução não chega a cristalizar-se como em
ambientes constantemente úmidos, ou no caso de sais de difícil secagem, como o cloreto
de cálcio, carbonato de potássio e silicatos alcalinos. Portanto, esse tipo de eflorescência
aparecerá como uma exudação na superfície, mais ou menos viscosa dependendo da sua
composição e concentração.
De acordo com LOGEAIS [1989], a causa mais freqüente para esta aparição é o fenômeno
físico conhecido como WHUPRIRUHVH. Trata-se simplesmente de depósitos diferenciais de
poeiras na superfície: as poeiras da atmosfera depositam-se sobre as paredes com uma
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intensidade que é função da temperatura superficial dessas paredes, sendo o depósito tão
mais intenso à medida em que a temperatura é mais baixa.
Os “fantasmas” interiores têm a sua origem nas pontes térmicas constituídas pelas juntas;
enquanto os “fantasmas” exteriores ocorrem devido às diferenças de temperatura que
existem sobre a face do revestimento no decorrer do período de secagem, uma vez que a
base de aplicação do revestimento é heterogênea, ou seja, é constituída pelas juntas de
argamassa e pelos componentes de alvenaria, os quais apresentam diferentes coeficientes
de absorção de água, secando, desta forma, com velocidades diferentes [LOGEAIS, 1989].
Segundo LOGEAIS [1989], não haveria o fenômeno de aparição dos “fantasmas” caso não
existisse diferenças de espessura no revestimento ou as juntas e a alvenaria apresentassem
o mesmo coeficiente de absorção. O primeiro dos fatores é realizável; porém, o segundo é
mais aleatório. O aumento da espessura da camada do revestimento constitui um fator
favorável ao não aparecimento dos “fantasmas”.
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Além das patologias anteriormente citadas, para o caso dos revestimentos cerâmicos, deve-
se considerar, ainda, as patologias que comumente ocorrem nos rejunte.
Os rejuntes, segundo SABBATINI; BARROS [1990], não vêm sendo considerados como
um serviço técnico de importância para o desempenho do conjunto do revestimento. Na
realidade, desconhecem-se as suas verdadeiras funções, atribuindo-lhes somente aquelas
referentes à estética do conjunto. Não se considera que este componente é o principal
responsável tanto pela estanqueidade da camada de acabamento como pela possibilidade
de absorver as deformações a que o conjunto estiver sujeito, em função das solicitações de
uso. Tal postura, assumida pelo meio técnico, tem sido em grande parte a responsável
pelos principais problemas originados pela deterioração deste componente, que pode
ocorrer através de dois mecanismos: perda de estanqueidade ou envelhecimento.
Quanto ao desgaste do rejuntamento por envelhecimento, dois tipos de juntas devem ser
abordadas: as juntas entre componentes executadas quase que generalizadamente em pasta
de cimento e as juntas de movimentação em que, preferencialmente, devem ser utilizados
materiais com maior poder de absorver deformações.
No que se refere às juntas entre componentes, como são à base de cimento apresentam uma
excelente durabilidade, desde que bem executadas, caindo seu desempenho somente
quando há uma associação de agentes agressivos, tais como ataque de fungos e
aparecimento de fissuras.
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Atualmente, não é difícil encontrar problemas patológicos nos revestimentos verticais. E,
segundo LICHTENSTEIN [1985], a grande maioria dos problemas patológicos tem origem
relacionada com alguma falha na realização de uma ou mais das atividades no processo da
construção de edifícios e os maiores problemas patológicos ocorrem em edifícios com
menor quantidade e qualidade de documentos que possam ser a fonte para o estudo das
anomalias que surgem.
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Para o momento, acredita-se que seja necessária uma revisão nas fases de elaboração de
projetos e de especificação dos procedimentos executivos, a fim de serem atingidos níveis
tecnológicos compatíveis com a complexidade dos empreendimentos que estão sendo
desenvolvidos. E, para que se evolua na tecnologia de produção destes revestimentos faz-
se necessário que exista um projeto específico, que integre as exigências arquitetônicas
com as possibilidades técnicas; um projeto que venha a compatibilizar os materiais a serem
empregados com as reais condições de solicitação dos revestimentos. É pois na fase de
concepção do projeto que se encontra o caminho para a melhoria de qualidade das
construções e a conseqüente diminuição dos problemas patológicos.
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