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Para exportar,
consulte quem
melhor entende do assunto.
GPEX
Uma publicação completa sobre legislação de exportação.
La Directoria
Directoria para el trienio 2006/2009
Presidente
1o Vicepresidente
Directores
Dedicação e sucesso. São com essas palavras que podemos definir a série de seminários
bilaterais de comércio exterior e investimentos organizados pela FEDERAÇÃO DAS CÂ-
MARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR, que chega ao seu terceiro ano tornando-se um dos
foros mais importantes sobre comércio exterior do país. Realizado no dia 10 de março de
2008, o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Peru teve como
objetivo tratar esses e outros temas, assim como traçar análises sobre possíveis influências
nas relações entre os dois países. A série de seminário promovida pela FEDERAÇÃO DAS
CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR conta com o apoio e participação do governo
federal, através dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria
e Comércio Exterior, das principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional
de Comércio (CNC), a Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas.
Para abrir a série de 2008, convidamos o Peru, um importante vizinho regional no qual
ainda buscamos elevar o nosso grau de relacionamento. De fato, essa busca faz-se necessária.
Depois de décadas de instabilidade política e econômica, o Peru é considerado hoje como
um dos mais seguros países para o investimento estrangeiro. Isso se comprova pela obtenção
do grau de investimento concedido pelas agências internacionais de classificação de risco e
alcançado no início deste ano.
Os dados macroeconômicos do país atestam esse bom momento. O Peru registrou, em CONSELHO DE
2007, índice de inflação de 3.9% e cresce há cinco anos a taxas acima de 5%. Tal conjuntura CÂMARAS DE COMÉRCIO
faz com que grandes empresas brasileiras, como Odebrecht e Petrobras, invistam cada vez DAS AMÉRICAS
mais para expandir atividades nesse país. Os papéis exercidos pelo BNDES e a Suframa se
destacam dentro desse ambiente promissor de fortalecimento bilateral.
Há também que ressaltar as boas relações políticas entre Brasil e Peru. O fato de o presi-
dente peruano, Alan Garcia, ter visitado o Brasil em sua primeira viagem ao exterior depois
de eleito, em 2006, comprova que os laços entre os países vizinhos podem ser intensificados.
É claro que apostar somente no bom diálogo político não fará com que as relações comerciais
caminhem a passos largos. Mas não se pode negar os efeitos positivos dessa aproximação, Expediente
pautada, de maneira estratégica, pelo pragmatismo político. E é com base no pragmatismo po-
lítico e econômico que o Brasil pode se beneficiar ao fortalecer as relações com o país andino. Produção
Isso porque, ao firmar o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, o Peru pode se Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Av. General Justo, 307/6o andar
transformar numa plataforma de exportação para empresas brasileiras, que terão vantagens Tel.: 55 21 3804 9289
em vender para o mercado americano com isenção tarifária. Não esquecendo de mencionar e-mail: fcce@cnc.com.br
que o Peru pode também ser a porta de entrada mais rápida para os produtos brasileiros, Editor
através do Pacífico. No entanto, para que tal tarefa se torne, de fato, factível, é preciso que o O coordenador da FCCE
projeto IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul Americana), que Textos e Repor tagens
Brunno Braga
integrará o Brasil e os países banhados pelo Oceano Pacífico, seja concluído. Esse projeto de
Edição e Ar te
integração, caso concretizado, possibilitará, ainda, criar meios para que o comércio bilateral Editora Aduaneiras
seja alavancado e mais equilibrado. Com efeito, apesar de ter havido crescimento de 20% no Rua da Consolação, 77
fluxo comercial entre Brasil e Peru em 2007 (US$ 281,27 milhões, de acordo com dados Tel.: 55 11 2126 9200
e-mail: comercial@aduaneiras.com.br
do MDIC), o Brasil ostentou um saldo de US$ 40 milhões, o que demonstra que ainda há
Impressão e Fotolito
muito a ser feito para que os números do comércio sejam incrementados. Graphic Express
No que tange às trocas comerciais entre Brasil-Peru, Alan Garcia já defendeu o livre Jornalista Responsável
comércio com o nosso País. Ele se comprometeu, inclusive, a apoiar, por intermédio de Brunno Braga (MTB 050598/00)
e-mail: carbrag29@yahoo.com.br
esforços diplomáticos, a antecipação do acordo firmado entre o Peru e o Mercosul, que Tel.: 55 21 9415 9365
estabelece, até 2019, a derrubada de barreiras comerciais a produtos brasileiros no mercado Estagiário:
peruano gradativamente. Vinicius Henter
e-mail: viniciushenter@gmail.com
E é neste contexto que a FCCE trabalha para apresentar, discutir e debater mecanismos
Fotografia
que propiciem o fortalecimento do comércio bilateral. As condições para que esse objetivo Ismar Ingber
seja realmente alcançado não são fáceis, não obstante serem elas mais céleres e menos res- Secretaria
tritivas do que em décadas passadas. E o leitor poderá comprovar tudo isso nas páginas desta Maria Conceição Coelho de Souza
publicação, a primeira de 2008. Sérgio Rodrigo Dias Julio
As opiniões emitidas nesta revista são de
Boa leitura responsabilidade de seus autores. É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
O Editor
SUMÁRIO
6 E N T R E V I S TA 3 6 F I N A N C I A M E N TO
Hugo de Zela Martinez Apoio às empresas brasileiras na
“O Peru tem um sistema América do Sul
econômico consolidado”
1 4 A B E RT U R A 3 6 ENERGIA
Apostando no mercado de energia peruano
Estreitando as relações Brasil-Peru
4 2 I N T E G R A Ç Ã O E I N F R A - E S T RU T U R A
1 8 PA I N E L I Marcando presença no Peru
Investimentos e parcerias
4 2 COMÉRCIO
2 4 PA I N E L I I “Câmara vai auxiliar o pequeno e médio
empresário a conhecer mais o Peru”
Tecnologia, infra-
estrutura e construção
civil em pauta
47 Z O N A F R A N C A
Produção em
crescimento
3 0 PA I N E L I I I
Integrando pelos setores da energia e de
serviços
49 G A S T RO N O M I A
Cebiche
3 3 E N C E R R A M E N TO
Trabalhando pela 5 2 C U LT U R A
integração
Mario Vargas Llos
3 5 POLÍTICA COMERCIAL 5 5 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
Estimulando o crescimento do fluxo de
comércio
6 2 C U RTA S
ENTREVISTA
“O Peru tem um
sistema econômico
consolidado”
Embaixador do Peru no Brasil fala, em
entrevista à Revista da FCCE, sobre a
estabilidade econômica peruana e as
relações bilaterais Brasil-Peru
O embaixador do Peru afirmou que cresce o número de empresas brasileiras querendo investir no país.
Isso faz, então, que o investidor es- do jogo, tenha do governo peruano com- Pacífico, e, assim, esquecemos a Amazônia,
trangeiro se sinta seguro em investir prometimento, por intermédio de uma assi- uma zona que é comum aos nossos países.
no Peru? natura de um acordo, que garante que todas Mas, agora, com as trocas de visitas presi-
as regras serão cumpridas, independente de denciais estão se desenhando projetos de
Zela Martinez – É verdade, pois o
mudanças na chefia de governo no Peru. aproximação entre os dois países.
mais importante para os investidores é a
Isso dá tranqüilidade para que o investidor
previsibilidade. Dessa forma, o investidor,
permaneça no país por um longo período. Já Quais seriam esses projetos?
hoje, se sente seguro em planejar a médio e
estabelecemos 30 contratos nesses moldes Zela Martinez – Bem, há muitos. Mas,
longo prazo investimentos no Peru. Além
com empresas estrangeiras. um dos mais avançados projetos é o que
disso, estabelecemos um mecanismo de
estabilidade jurídica com empresas es- trata da inclusão do Peru no Sistema de
O presidente do Peru, Alan Garcia, Proteção da Amazônia. A Amazônia é uma
trangeiras que queiram entrar no mercado
esteve no Brasil em 2006, onde fir- região extremamente importante, mas de
peruano.
mou, junto com o presidente Lula, difícil acesso. É preciso, então, agir conjun-
acordos de cooperação. Como o tamente para melhor enfrentar os desafios
“As exportações crescem, a infla- senhor avalia a atual relação política existentes por lá. Estamos desenvolvendo
ção está controlada, a indústria entre os dois países? um sistema de sensoriamento remoto (for-
está crescendo e novos setores in- Zela Martinez – Muito boas. E isso é mas de obtenção de dados sobre um objeto,
dustriais estão surgindo no Peru” uma constatação histórica, pois jamais terreno, espécime, sem contato físico) cujo
EMBAIXADOR HUGO DE ZELA
houve qualquer problema nas relações entre recolhimento de dados será feito por aviões
Brasil e Peru. Em pesquisas realizadas no que vão sobrevoar a região. Estamos, tam-
Peru, nos últimos três anos, os peruanos bém, desenvolvendo um projeto para que
Como funciona esse mecanismo?
elegeram o Brasil como o país mais amigo. o Peru se integre ao sistema de radares. Isso
Zela Martinez – Esse mecanismo permi- Essa é a percepção dos peruanos em relação permitirá que o governo peruano tenha
te que o investidor estrangeiro, que queira ao Brasil. Na verdade, o único entrave que acesso às imagens da Amazônia em tempo
entrar no mercado peruano dentro de um podemos levantar nas relações entre os dois real, podendo, por exemplo, combater o
determinado período de tempo e precisa países é que, durante muitos anos, o Brasil narcotráfico que existe na região e identi-
ter a total segurança em relação às regras só olhava para o Atlântico, e nós, para o ficar zonas de desmatamento.
dem se beneficiar dos TLCs firmados pelo demanda muito grande de energia para os
Peru. Bem, se o Peru tem livre acesso ao no Brasil:
próximos anos. O Peru é um país que tem
SES – Av. das Nações – Quadra
mercado americano, isso pode fazer com superávit energético. No final de 2007, foi
811 Lote 43 – CEP: 70428-900
que empresas brasileiras se interessem em encontrada uma grande reserva de gás na Brasília-DF
fazer uma parceria com o governo peruano região de Cuzco. Além disso, o Peru tem
Estreitando as relações
Brasil-Peru
Embaixador do Peru no Brasil expõe as potencialidades do seu país para
investimentos brasileiros
Composição da mesa da Sessão de Abertura: Gilberto Ramos Filho, Carlos Thadeu, César Maia, ministro Luis Arribasplata, Theóphilo de Azeredo
Santos, Ivan Ramalho, embaixador Hugo de Zela, Armando Meziat, Arthur Pimentel e Gustavo Capanema.
O presidente da FCCE, João Au- para determinadas soluções e de- FCCE, Gustavo Capanema; o Chefe
gusto de Souza Lima, ao iniciar os terminados problemas que existam do Departamento Econômico da
trabalhos do seminário, afirmou no comércio bilateral. Em seguida, Confederação Nacional do Comér-
que a série de eventos promovida ele convidou para compor a mesa:a cio, CarlosThadeu; o Diretor de Co-
pela federação tem tido sucesso, diretoria da FCCE Diana Vianna De mércio Exterior do MDIC, Arthur
pois eles trazem o debate sobre o Souza; o vice-presidente da FCCE e Pimentel; o Presidente da Câmara
desenvolvimento e incremento do presidente da câmara Brasil-Rússia, de Comércio e Indústria bilateral
comércio exterior, e, também, ser- Gilberto Ramos Filho, o Vice-pre- Brasil-Peru, César Maia; o Secretário
vem como apoio aos empresários sidente do Conselho Superior da do Desenvolvimento da Produção,
Investimentos e parcerias
Palestrantes do Painel I comentam sobre a atual conjuntura econômica do
Brasil e do Peru para empreender investimentos
Fábio Martins Faria, Carlos Thadeu, Cesar Maia e Oldemar Ianck trataram do fluxo de investimentos bilaterais Brasil-Peru
Segundo Carlos Thadeu, chefe do Departamento Econômico da CNC, as altas taxas de crescimento do Peru fazem com que haja um grande fluxo de
investimentos para o país.
de produtos brasileiros, mas há um cresci- Em relação aos fornecedores, Martins demonstra que há uma tendência de maior
mento de 25% das exportações nacionais Faria informou que a Ásia se tornou a equilíbrio nesse mercado”, analisou.
para a América Latina E, em segundo lugar, principal origem dos produtos importa-
verifica-se uma expansão forte das vendas dos pelo Brasil, com uma expansão de
para a Ásia. ”Esse quadro é muito bom, já 60%, sobretudo liderado pelas compras “Acredito que tanto Brasil e
que as nossas importações de produtos originárias da China. “Isso não é uma par- Peru têm um cenário muito fa-
asiáticos também têm tido uma expansão ticularidade do Brasil, pois a China está se
muito forte”, disse. tornando o principal exportador mundial, vorável, não só comercial, mas
com perspectiva que, em 2008, esse país também das próprias econo-
ultrapasse a Alemanha na posição de líder mias como um todo”
Aumento das importações no setor de exportações”. A indústria
F Á B I O MA RT I N S F A R I A
O forte crescimento das importações brasileira compra da China componentes,
brasileiras no primeiro bimestre de 2008 partes e peças, e insumos para manter o
também foi objeto de análise por parte do seu nível de competitividade nos mercados
palestrante. De acordo com ele, a importa- nacional e externo. Comércio Brasil-Peru
ção brasileira cresceu 50.7%, mas, os bens No entanto, o expositor destacou o
de capital lideraram a pauta de importação. crescimento expressivo das importações Em relação ao comércio Brasil-Peru,
“Isso é muito salutar, pois demonstra que de produtos da Aladi, que registraram um o palestrante disse que o intercâmbio
o investimento na indústria brasileira vem, aumento de 56.1%, nos dois primeiros me- tem tido uma evolução positiva, que deve
de fato, crescendo”, afirmou. Os bens de ses do ano em comparação com o mesmo continuar em 2008. “É um quadro muito
capital tiveram um crescimento de 57.4% período de 2007. “Um crescimento bastan- favorável do comércio. Em 2008, há um
e os bens intermediários, que são produtos te vigoroso, seguramente influenciado por crescimento ainda forte, mas puxado,
que vão entrar em processo produtivo do esse programa de estímulo às aquisições de sobretudo pelas exportações brasileiras.
Brasil tiveram crescimento de 54,3%. As produtos dos países da América do Sul. Des- A perspectiva é o crescimento no fluxo
importações de petróleos e combustíveis taco o Mercosul, com 64% de crescimento de comércio. Temos todas as condições
subiram 37.2%, e a de bens de consumo, nas nossas aquisições. O Brasil tem um para que isso ocorra ao longo do ano”
46.2%. superávit histórico dentro do bloco, e isso considerou. O petróleo lidera a pauta de
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também o
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“A preservação ambiental é um
valor muito importante que
tem sido agregado ao processo
de integração e desenvolvi-
mento da Zona Franca de
Manaus”
OLDEMAR IANCK
Tecnologia, infra-estrutura e
construção civil em pauta
Painel aborda a importância dos setores portuário, de tecnologia e da
construção para o incremento das relações bilaterais
Da esquerda para direita: Alberto de Araújo Filho, Lucia Maldonado, Luiz Bonfim, Cesar Maia e José Valentin Alvarez: Investimentos em Infra-estrutura
foi tema do Painel II.
As exportações Brasileiras nas áreas de (CDRJ), Luiz Bonfim; e o Diretor da tecnológico no setor de engenharia e,
construção civil, siderurgia e moderni- segundo Araújo Filho, a Bull está cada vez
Odebrecht Logística e Exportação mais se caracterizando por ser uma grande
zação portuária foi tema do Painel da Construtora Norberto Odebre- fornecedora de soluções de engenharia de
II, e teve como presidente da sessão tecnologia da informação no mercado in-
cht, José Valentin Alvarez.
ternacional. O expositor acrescentou que
a vice-Presidente-Executiva da As- a Bull é uma companhia de porte médio
sociação de Comércio Exterior do européia, com faturamento na ordem de
um bilhão e meio de dólares em 2007, e
Brasil (AEB), Lucia Maldonado, e com um perfil de operação fortemente
moderado pelo diretor de Comércio Investindo no Peru orientado para projetos na área de setor
novos investimentos. O que nos chamou cações, o executivo disse que a empresa como grandes oportunidades de automa-
a atenção foi a desregulação dos investi- trabalha com vários centros de pesquisa ção e desenvolvimento da sociedade do
mentos no Peru e a forma eqüitativa que internacionais, em distintos domínios tec- Peru. Estamos nos referindo aos processos
o Peru dá ao tratamento sobre os capitais nológicos, com tecnologias de vanguarda de concessão de aposentadoria e de bene-
e investimentos, o que nos permite prever bastante representativas. Um dos centros fícios de forma bastante automatizada e
com maior clareza o retorno dos investi- de tecnologia da Bull de telecomunicações com um incremento grande da cidadania
mentos que a gente pode fazer a médio e fica em São Paulo. relacionada a esse tipo de aplicações”,
longo prazo”, afirmou o palestrante. Quanto ao mercado das utilities, ele explicou. Para ele, o campo de segurança
disse que a Bull atua como uma extensão pública é visto como um grande potencial
do modelo de negócios que a empresa de negócios no Peru, sobretudo em relação
“A super-computação é uma rea- consegue desenvolver ao longo de mais de ao controle de fronteiras. “Há um recru-
lidade e estamos investindo muito 15 anos em investimentos em telecomu- descimento da segurança nas fronteiras na
nessa tecnologia” nicações. Isso, de acordo com o expositor, América Latina decorrente do aumento
faz com que seja possível a empresa tratar do tráfico de drogas e da criminalidade
LEMOS ARAÚJO FILHO
esse mercado de inovações de forma bas- internacional, e isso exige que estados e
tante inovadora. Já em relação ao campo governos façam maiores investimentos
Levando tecnologia da energia, Araújo Filho disse que a Bull em segurança internacional”, afirmou.
também desenvolve tecnologias no cam- Ele acrescentou que no Brasil, a Bull im-
As demandas do mercado peruano para
po do petróleo. “Um bom exemplo de plantou, há dois anos, o novo sistema de
o setor de investimentos em infra-estrutura
empresa que emprega essa tecnologia é a controle de fronteiras. “Entendemos que
também serviram como motor de atração
Transpetro, que a utiliza na gestão dos seus o Peru possa ter grandes benefícios no uso
da empresa, segundo informou Araújo
dutos há muitos anos”, afirmou. Dentro dessas tecnologias”, disse.
Filho. “Investimentos em infra-estrutura
do mercado de desenvolvimento de novas
demandam suporte de tecnologia de in-
tecnologias, o executivo disse que a empre-
formação para que possam ser otimizados Supercomputadores
sa levanta a bandeira em favor do software
e bem desenvolvidos”, explicou. A trans-
livre. De acordo com ele, os investimentos
parência governamental foi, também, um A integração de plataformas e de tecno-
em software livre de grande envergadura
outro aspecto apontado como interessante logias de vanguarda é um outro domínio
para computadores têm permitido a Bull
pela empresa, pois a demanda crescente de negócios que, segundo Araújo Filho, a
ter maior independência tecnológica.
da sociedade peruana por um governo Bull pode contribuir com o Peru. Ele falou
”Todo esse acervo tecnológico também vai
mais transparente tem levado o país a que a empresa tem experiência nesse setor,
ser disponibilizado no desenvolvimento
um incremento na utilização de canais de pois trabalha, há mais de 15 anos, no de-
dos negócios no Peru”, disse. Em relação
comunicação entre governo e sociedade. senvolvimento de todas as tecnologias de
a modelos de software livre, ele destacou
Tal processo exige maiores investimentos faixa intermediária da IBM para o mundo
duas iniciativas. A primeira delas é o desen-
em modernização dos canais para melhor inteiro. “Detectamos no Peru a demanda
volvimento de um robô, que vai trabalhar
atender à sociedade peruana. “Tudo isso está por esse tipo de plataforma. Podemos vir
em conjunto com centros de tecnologia do
totalmente em linha com a nossa visão de a ajudar. Outro exemplo de tecnologia que
Brasil e da Europa com o objetivo de criar
desenvolvimento do mercado. Tomamos, nos parece importante para a sociedade
um gerador de aplicações automatizado. A
assim, a decisão de abrir nossa subsidiária peruana como um todo é o desenvolvi-
segunda iniciativa refere-se a um consór-
no Peru, que começou a operar no início mento das tecnologias de armazenamento
cio com mais de 100 membros, baseado
de 2008. Vislumbramos oportunidades no e estocagem de alta complexidade, e
na Europa, mas com braços na China e
campo da infra-estrutura, da energia, do pe- tecnologias de servidores abertos, como
também no Brasil, no sentido de desen-
tróleo, do gás e das telecomunicações, onde Linux e Windows”, comentou.
volvimento de tecnologia de vanguarda
nós temos bastante experiência na América O palestrante informou, ainda, que,
de software livre.
Latina e internacionalmente”, disse. este ano, foram inaugurados no Brasil os
três maiores computadores da América
do Sul, fora do sistema Petrobras (maior
Suporte Parceria com o setor público usuário de alta potência do país), e que há
Araújo Filho disse que, ao longo dos O desenvolvimento da tecnologia de outros em andamento. “Estamos falando
últimos anos, a Bull está desenvolvendo informação, por intermédio da atuação de novidades e tecnologias que vão estar à
tecnologias de suporte às operadoras da empresa, também ganha espaço dentro disposição do desenvolvimento da socieda-
de telecomunicações. “Hoje, dois terços do setor público peruano. “No campo da de, como no setor da agricultura. A super-
das operadoras brasileiras operam com seguridade social, tivemos a oportunidade computação é uma realidade e estamos
tecnologias que implantamos”, informou de implantar todo o sistema de previdência investindo muito nessa tecnologia”, disse,
o palestrante. No campo das telecomuni- do Uruguai, que também deslumbramos concluindo a sua participação.
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Atuação no Peru
Alvarez comentou na palestra que o
Peru é um marco da internacionalização
da Odebrecht, em razão de ser o primeiro
projeto executado fora do país, que foi a
construção da usina hidrelétrica de Charca-
José Valentin Alvarez, da Odebrecht: “O centro de tudo da empresa é a confiança nas pessoas, na niV. “As obras começaram em 1979 e, desde
capacitação e no desejo de evoluir”. então, estamos presentes no Peru”, disse o
executivo. Ele revelou que o faturamento
destacou as obras de dragagem do canal de da Odebrecht, em 2006, foi de US$ 214
Odebrecht
acesso, dos aprofundamento dos berços milhões, e, em 2007, a empresa exportou
do porto do Rio de Janeiro para que ele José Valentin Alvarez, diretor da Ode- US$ 4 milhões em bens para o Peru.
brecht foi o último palestrante do Painel
possa receber navios com um calado maior.
II. A empresa, fundada em 1944, atua na
Além das obras, o palestrante informou “Atuamos nas três Américas,
área de engenharia e construção, química
que Docas está implantando o sistema de
balanças e de interligação através de uma
e petroquímica, sendo líderes nessas duas África, Europa e Oriente Mé-
últimas na América Latina, investimentos em dio. O nosso faturamento, em
rede wireless entre as balanças e os portões
infra-estrutura, e açúcar e álcool e hoje se
do porto do Rio de Janeiro.
consagra como uma das maiores companhias 2007, foi de US$ 3,5 bilhões,
Já no porto de Itaguaí, os investimen- do mundo nesses setores. Esse reconheci- dos quais 65% no mercado
tos do governo federal foram da ordem mento internacional se traduz na posição de
de R$ 1,2 milhão em infra-estrutura da externo”
líder na área de hidrelétricas e a 29ª empresa
parte terrestre, como a pavimentação das no ranking mundial de faturamento fora do J O S É V A L E N T I N A LVA R E Z
pistas do porto. O palestrante informou país de origem, segundo dados de publica-
que, da mesma forma que se deram os ções internacionais especializadas no setor Entre os principais projetos desenvolvi-
investimentos no porto do Rio de Janei- de construção. dos no país vizinho, ele citou o Chavimochic
ro, foram realizadas obras de melhoria “O centro de tudo da empresa é a con- (projeto de irrigação desenvolvido no norte
da pavimentação de pistas internas e a fiança nas pessoas, na capacitação e no desejo do Peru) e a rodovia Ilo-Desaguadero (obra
reconstrução da subestação elétrica. “Em de evoluir. Nas ações sociais, além das que já de saneamento em Lima e o sistema de água
termos de instalações prediais, temos no são desenvolvidas em cada país e em cada em- potável). “Estamos, atualmente, atuando
porto de Itaguaí a construção de comple- preendimento, a fundação Odebrecht tem com investimentos em obras públicas e
xo administrativo portuário, orçado em centrado na educação dos jovens”, disse Al- contratos privados. No setor privado,
R$ 400 mil, e a construção de instalação varez, no início da sua apresentação. Ele citou temos um porto em Lima e, em parceria
portuária para inspeção fito sanitária, que como exemplos o projeto desenvolvido na com o setor público, estamos trabalhando
teve investimentos da ordem de R$ 100 região conhecida como Baixo Sul, na Bahia, nas obras do sistema de água potável em
mil”, afirmou, finalizando a sua partici- considerado uma referência de combate à Iquitos”, disse o executivo da Odebrecht,
pação no painel. AIDS, e que, devido ao sucesso dessa ação finalizando a sua exposição.
Da esquerda para a direita: Milas Evangelista de Sousa (Petrobras), ônsul-Geral do Peru, Luis Arribasplata, André de Barros Rüttimann (BNDES),
Jovelino Gomes Pires (AEB).
Presidido pelo secretário de Co- mento Econômico e Social (BNDES) Caribe. “Esses seminários nos ajudam
mércio e Serviços do MDIC, Edson André de Barros Rüttimann; e o a conhecer melhor nossos parceiros,
Lupatini, o Painel III teve como tema: presidente da Câmara de Logística da identificar oportunidades e aumentar
O relacionamento Brasil-Peru nos setores Associação de Comércio Exterior do cada vez mais o comércio com esses
de serviços e energia. As exposições Brasil (AEB) Jovelino Gomes Pires. países vizinhos”, afirmou. Em segui-
ficaram a cargo do cônsul-Geral do O secretário de Comércio e Serviços da, ele mencionou estudos feitos pelo
Peru, ministro Luis Arribasplata; o do MDIC, Edson Lupatini, abriu os Banco Mundial que apontam o Peru
gerente de Avaliação de Desempenho trabalhos de exposição do Painel III como um país competitivo, não só
Internacional da Petrobras, Milas do seminário bilateral Brasil-Peru, em razão da abundância de recursos
Evangelista de Sousa; o gerente do dizendo que o evento vai ao encontro minerais, mas também pela evolução
Departamento de Comércio Exte- do movimento de integração que o gradativa para uma economia que faz
rior e Integração da América do Sul governo brasileiro está promovendo uso eficiente dos fatores de produção
do Banco Nacional de Desenvolvi- na América Latina e também no existentes no país. ”Nos últimos anos,
Trabalhando com a Petroperu em ativos e o patrimônio líquido do BN- Quanto à linha de investimento direto
DES atingiu, em 2007, US$ 14 bilhões. externo, o gerente considerou que o obje-
O gerente da Petrobras disse que a “As liberações do banco vêm dobrando a tivo do BNDES é apoiar investimentos em
estatal brasileira busca parcerias com a cada três anos, e alcançou US$ 34 bilhões projetos de empresas brasileiras no exterior,
Petroperu (estatal petrolífera peruana) ano passado. Este ano, os financiamentos mas a grande parte desse tipo de operação
e ambas assinaram, recentemente, dois devem alcançar ou superar os 40 bilhões”, ocorre na América do Sul. “O BNDES
memorandos de entendimento “Estamos previu o gerente. pode apoiar tanto na construção como na
em vias de assinar um outro, para suporte aquisição de ativos ou na ampliação e mo-
técnico e modernização da refinaria de dernização de novas unidades industriais no
Talara”, afirmou. Ele acrescentou que “Já investimos US$ 75 milhões país, bem como serviços associados, mas
estão em análise outras oportunidades de para ampliar a nossa os beneficiários nesse caso são as empresas
negócio na área de distribuição e na área de produção no Peru e, para os brasileiras de capital nacional”, disse, con-
colocação de lubrificantes da Petrobras na cluindo a sua apresentação.
Petroperu. Ao concluir a sua exposição, o próximos quatro anos, esta-
gerente da Petrobras passou a palavra para remos investindo mais
o gerente do Departamento de comércio US$ 350 milhões” Corredores multimodais
exterior da América do Sul do BNDES,
M I L A S E VA N G E L I S T A DE SOUSA
André de Barros. O último palestrante do Painel III
foi Jovelino Gomes Pires, presidente da
Em relação ao apoio das exportações, Câmara de Logística da Associação de
“Estamos, agora, tentando fa- Ramos explicou que o BNDES tem duas Comércio Exterior do Brasil – AEB. De
zer um turismo de maior nível linhas: pré-embarque e pós-embarque. início, ele teceu elogios ao desempenho
para pessoas que gostam de um A primeira linha refere-se ao apoio a econômico do Peru, lembrando que o país
produção das empresas brasileiras para vem tendo um desenvolvimento muito
turismo de aventura e que não exportação. Já a linha pós-embarque bom e que está atraindo investimentos
querem fazer só o tipo de turis- consiste no apoio à comercialização de para lá. Em razão disso, Gomes Pires
mo tradicional” bens de alto valor agregado para qualquer defendeu uma reavaliação de mecanismos
país. No entanto, o gerente afirmou que o que permitam uma maior aproximação
L U I S A R R I B A S P L ATA
banco tem dado prioridade para os países entre Brasil e Peru. Para que isso seja
da América do Sul. “O BNDES tem dado concretizado, o expositor disse que é pre-
BNDES um foco especial à integração da América ciso dar maior agilidade na construção de
do Sul, também na parte institucional, corredores multimodais. “Acredito que as
Barros fez, de início, comentários a procurando se aproximar das instituições obras de transporte para o Peru precisam
respeito da linha de financiamento a ex- financeiras da região e viabilizando maio- ser terminadas. Para vender serviços para
portações do BNDES, explicando que ela res projetos nesses países”, considerou. esse país, precisamos ir de caminhão. Mas,
inclui tanto financiamento a bens quanto a André de Ramos informou que as quando chove na fronteira, o transporte
serviços. Em seguida, ele disse que o banco exportações financiadas pelo BNDES fica impossibilitado”, disse. Ele fez críticas
tem, também, uma linha de investimento alcançaram US$ 6 bilhões e, para 2008, a à legislação ambiental brasileira que impe-
direto no exterior, onde a instituição previsão é que o financiamento às vendas de a utilização de alguns rios para o trans-
presta apoio às empresas brasileiras que para o exterior volte ao patamar de US$ porte. “Em alguns rios brasileiros, como o
queiram investir em projetos em outros 5 bilhões, com tendências de crescimen- rio Madeira, não podemos utilizá-lo com
países.”O BNDES tem mais de 50 anos to para os anos seguintes. Desde 2003, reclusas por questões ambientais. Essas
de experiência e já participou de grandes o apoio às exportações de serviços pelo barreiras param o país.Temos necessidade
projetos de integração, como a Itaipu BNDES teve um fortíssimo crescimento. de integração entre o Brasil e o Peru”,
binacional, a rodovia que liga o Brasil a Chegou a quase 300 milhões e ano passado disse. Ele explicou que para mandar uma
Venezuela, entre outros. Desde a década chegou à marca de 650 milhões de dólares. carga mais volumosa para o Peru, é preciso
de 90, o Banco tem operado com a linha A previsão é de que nesse ano chegue aos fazer o trajeto São Paulo- Rio Grande do
de financiamento às exportações, sendo 800 milhões de dólares. O banco não apóia Sul-Argentina-Chile, tendo às vezes, que
que a partir de 97 nós temos apoiado as exportação de commodities, porque essa passar pela Bolívia até chegar a Lima. “É
exportações de serviços especificamente”, parte o mercado já atende com outros um trânsito enorme para chegar lá. Por
afirmou. recursos, então o foco do banco está nos isso, é muito importante que as rodovias e
André de Barros disse que o BNDES é a bens e serviços. As garantias que o BNDES as ferrovias sejam acionadas”, avaliou.
principal fonte de crédito a longo prazo do trabalha para esse tipo de financiamento Após o pronunciamento de Gomes
Brasil. Os dados financeiros da instituição são basicamente seguro de crédito para as Pires, o presidente do Painel, Edson Lu-
mostram que o banco tem US$ 114 bilhões exportações. patini, encerrou a sessão.
Composição da mesa da Sessão Solene de Encerramento que teve o pronunciamento especial do secretário de Desenvolvimento da Produção, Ar-
mando Meziat (ao centro).
Armando Meziat: “Os investimentos feitos por nossas empresas já colocam o Brasil com um dos principais países investidores no Peru”.
7.8%. Já a participação da comunidade do Mercosul desde 2003, o Peru é parte nos últimos cinco anos. Esse montante de
andina passou de 3,5% para 6,7% neste fundamental no processo de integração recursos é proveniente da Petrobrás,Vale,
mesmo período”, afirmou o secretário. regional. E o profícuo relacionamento Ambev, Votorantim Metais e Gerdau, que
bilateral entre Brasil e Peru demonstra lá se instalaram. “Os investimentos feitos
que há um grande potencial a ser explo- por nossas empresas já colocam o Brasil
“Os investimentos feitos por rado”, disse. com um dos principais países investidores
nossas empresas já colocam o no Peru atrás apenas dos Estados Unidos,
Brasil com um dos principais do Chile e da União Européia”, afirmou.
“Os países do Mercosul já re-
países investidores no Peru presentam 10,8% do total
atrás apenas dos Estados Uni- do comércio exterior brasilei- Infra-estrutura
dos, do Chile e da União ro, considerando os dados de Meziat destacou, também, a importância
Européia” do desenvolvimento de projetos de integra-
2007” ção de infra-estrutura de transporte como
A R M A N D O M E Z I AT
A R M A N D O M E Z I AT uma meta para apoiar a expansão do nosso
comércio bilateral. “Cito a Rodovia Intero-
Ele revelou que dentro do objetivo do Na sua visão, as empresas brasileiras ceânica como um exemplo da construção
governo brasileiro em buscar a consolida- podem contribuir para o crescimento de uma nova etapa no relacionamento entre
ção do Mercosul e ampliar a integração de econômico peruano, uma vez que a eco- os nossos países Algumas outras iniciativas já
toda a América do Sul, estão sendo con- nomia desse país oferece oportunidades estão em curso, como a instalação do Fórum
sideradas as assimetrias existentes entre a de investimentos em setores nos quais os Mercosul de Madeira e Móveis e o acordo
economia brasileira e seus congêneres no brasileiros atuam com grande competi- automotivo atualmente em negociação entre
continente. De acordo com o palestran- tividade. “Há um renovado interesse das os nossos países”. Para ele, os benefícios da
te, para diminuir as grandes diferenças empresas brasileiras em se expandir ou em integração, além de da redução de con-
existentes, o governo brasileiro trabalhou implantar novos investimentos em setores tenciosos comerciais bilaterais, refletirão,
de forma intensa para firmar acordos de como de biocombustíveis, siderurgia, por exemplo, nas melhores condições de
livre comércio entre Mercosul e demais mineração e petróleo”, detalhou Meziat. inserção internacional das cadeias produti-
países sul-americanos não pertencentes ao Ele contou, ainda, que o Brasil tem pre- vas integradas, com a geração de maiores
bloco (Chile, Bolívia,Venezuela, Equador, sença econômica crescente no Peru, com exportações e, consequentemente, de maior
Colômbia e Peru). “Membro associado investimentos da ordem de US$ 1,3 bilhão número de empregos e de renda.
Estimulando o crescimento do
fluxo de comércio
Secretário do MDIC diz que a diminuição do saldo comercial é resultado
do bom desempenho da economia brasileira
Para Ivan Ramalho, o Brasil precisa importar mais dos países vizinhos.
O crescimento da economia brasi- Exterior do Ministério do Desenvol- mundo, sobretudo com os países da
leira vem fazendo com que o País vimento, Indústria e Comércio Exte- América do Sul.
aumente as importações. Contudo, rior (MDIC), Ivan Ramalho. Muitas
grande parte das nossas compras no vezes presente aos seminários bilate-
exterior estão voltadas mais para o rais organizados pela FCCE, Ramalho O Peru é o primeiro país convidado a
participar da série de seminários bi-
incremento da produção industrial disse, em entrevista, que o cenário do laterais promovida pela FCCE. Qual é
interna, dando, assim, mais dinamis- comércio exterior brasileiro vai bem, o peso desse país no comércio exte-
rior brasileiro na visão do MDIC?
mo à indústria nacional. A análise é uma vez que se verifica o aumento
Ramalho – Em relação ao Peru, o
do secretário-executivo de Comércio do fluxo comercial do Brasil com o MDIC aplaude a iniciativa de convidar
esse país para o seminário, uma vez que Ramalho – Sim, é isso mesmo. Obser- vendas brasileiras nos tradicionais
o governo busca, cada vez mais, trabalhar ve que tivemos um crescimento do PIB e nos novos mercados?
para a integração da América Latina. superior a 5%, em 2007. Este ano, a
Ramalho – Nós do MDIC estamos
Além disso, uma parcela considerável economia brasileira continua crescendo.
trabalhando no sentido de dar maior
do superávit brasileiro se dá justamente A atividade industrial está aumentando
diversificação nos destinos. Hoje, o
com o comércio dos países da região, e bastante. No entanto, ao analisar a pauta
principal comprador de produtos brasi-
isso inclui o Peru. Mas hoje, o governo brasileira de importação com mais pro-
está estudando projetos, juntamente com fundidade, verificaremos que a grande leiros continua a ser os Estados Unidos,
muitos países da América Latina para maioria das compras brasileiras no mas comprando menos de 20% de tudo
estimular as importações de produtos exterior está vinculada ao crescimento o que o Brasil exporta. Assim, 80% de
da região. Felizmente, no caso do Peru, da produção industrial. O Brasil vem tudo que nós vendemos ao exterior con-
isso aconteceu no ano passado. Em 2007, importando bens de capital, princi- segue estar muito bem distribuído, e de
as importações brasileiras de produtos palmente máquinas e equipamentos, e forma muito satisfatória. E a distribuição
peruanos cresceram bem mais do que as que correspondem a mais de 20% do também se dá nas vendas, uma vez que
nossas exportações para o Peru. total das nossas importações atualmente. o Brasil não exporta apenas um grupo
Além disso, temos também um aumento de produtos.
considerável de importação de matérias-
primas utilizadas para processamento
“Tivemos um crescimento do PIB
industrial, representando 50% de toda “Nós do MDIC estamos tra-
superior a 5%, em 2007. Este a nossa pauta. Os bens de consumo im-
ano, a economia brasileira conti- portados representam algo em torno a balhando no sentido de dar
nua crescendo” 10% do total. maior diversificação nos
I VA N R A M A L H O destinos”
Mas existem setores da indústria
I VA N R A M A L H O
que fazem reclamações em rela-
Como o MDIC observou a diminui- ção ao aumento das importações
brasileiras, sobretudo em razão do Muitos críticos da política de co-
ção do saldo comercial brasileiro
câmbio valorizado. mércio exterior brasileira alegam
em 2007 e a tendência de cair ainda
mais em 2008? que as exportações estão muito
Ramalho – É claro que, dentro desses
atreladas à forte demanda por
Ramalho – No que diz respeito 10% de bens de consumo importados,
há certo desconforto por parte de alguns commodities no mercado mundial.
ao comércio exterior, um dos focos Como o senhor observa essas crí-
principais do governo é estimular o setores que se sentem prejudicados,
como os setores de brinquedos, têxtil, ticas?
crescimento do fluxo de comércio. Evi-
dentemente que algumas circunstâncias e de calçados. Mas é bom lembrar que Ramalho – Muito se fala do peso das
fazem com que, em alguns momentos, as exportações, mesmo com o câmbio commodities nas exportações brasileiras, o
as exportações crescem mais do que as desfavorável, continuam crescendo e é que é, de certo modo, verdadeiro, mas,
importações, e, em outros momentos, provável que elas mantenham o ritmo, é preciso especificar que muito do que
provocados até pelo crescimento da sobretudo porque nós conseguimos di- é considerado como commodities por
própria economia brasileira, as impor- versificar os destinos das exportações. analistas de mercado, na verdade são
tações cresçam mais. E é o que está produtos que passaram por um processo
acontecendo agora. As importações es- de industrialização. Temos o exemplo do
tão apresentando crescimento superior “É bom lembrar que as expor- aço, do alumínio, do açúcar que, apesar
ao crescimento das exportações, devi- de serem cotados como commodities, na
do, em grande parte, ao crescimento da tações, mesmo com o câmbio verdade sofreram transformações indus-
economia brasileira. desfavorável, continuam triais, sendo considerados como produ-
crescendo” tos semi-industrializados. Mas, quando
Significa, então, que o governo já I VA N R A M A L H O
observamos as commodities básicas, como
trabalha com a expectativa de um minério de ferro, soja, algodão e café em
saldo menor na balança comercial grão, verificaremos que elas represen-
este ano, em razão do crescimento Em relação aos destinos, como tam menos da metade de tudo o que o
econômico? o MDIC vem acompanhando as Brasil exporta atualmente.
André de Barros Rüttimann é portação, que, em 2007, alcançou serviços de obras de infra-estrutura
gerente do Departamento de Co- níveis recordes para o continente para os anos seguintes.
mércio Exterior e Integração da sul-americano. Segundo Barros
América do Sul do Banco Nacional Rüttimann, a tendência é que haja
Como o senhor avalia a atuação do
de Desenvolvimento Econômico e um aumento expressivo nos de- BNDES no ano passado?
Social (BNDES). Em entrevista à sembolsos em 2008, sobretudo em Barros Rüttimann - O ano de 2007 foi
o período em que o BNDES viu consoli-
Revista da FCCE, ele falou sobre o função do crescimento econômico dando o seu apoio à área de exportação,
desempenho do banco no processo de vários países da região, sobre- especialmente na região sul-americana.
Foi quando alcançamos o recorde de
de liberação de financiamentos à ex- tudo do Peru, e que demandarão desembolsos, isto é, de liberações para
US$ milhões
Histórico dos desembolsos concedidos pelo BNDES nos últimos dez anos.
o apoio à exportação de bens e serviços a exportação de equipamentos para obras exportações de bens. Temos aí o exemplo
para os países da América do Sul, che- no metrô e de construção de uma hidre- de exportação de ônibus para o sistema
gando à quantia de US$ 433 milhões, um létrica e apoiamos a exportação de ônibus TRANSLIMA, que ainda está em análise,
aumento superior a 50% em relação ao para o Chile. Assim, todas essas operações já mas há também outros projetos como
ano anterior. contratadas vão gerar um expressivo volume construção de hidrelétricas e linhas de
de liberações ao longo de 2008 e superarão, transmissão que, por ventura, o BNDES
com bastante folga, o recorde de 2007. pode apoiar empresas brasileiras que quei-
Em quais áreas do setor de exporta-
ram atuar nesses mercados no Peru.
ção houve mais destaque?
Qual o índice usado pelo BNDES
Barros Rüttimann – As liberações do
na cobrança dos financiamentos à A atual crise financeira pode afetar
BNDES para as exportações se destinaram,
exportação? os financiamentos do BNDES para
em sua maioria, a projetos de infra-estrutu-
este e para os próximos anos?
ra. Há também financiamentos a vendas de Barros Rüttimann – O BNDES utiliza
máquinas agrícolas, a ônibus e outros bens, o índice Libor como referência de juros Barros Rüttimann – Não, porque a linha
mas a parte mais expressiva se destinou às para o financiamento às exportações. Es- de financiamentos que o BNDES trabalha
exportações de bens e serviços para obras ses financiamentos à exportação de bens está focada em produtos de alto valor agre-
de infra-estrutura, engenharia e construção de infra-estrutura e serviços geralmente gado, que é o setor de infra-estrutura. Os
civil. têm prazos superior a cinco anos. Assim, o países do nosso continente vêm apresentan-
BNDES aplica o índice Libor mais extenso do crescimento econômico muito forte, o
do mercado que, hoje, apresenta uma taxa que demanda investimentos nessa área, e
Quais são as expectativas do banco
de juros 3,5% ao ano. Além da Libor, nós isso tem gerado muitas oportunidades para
para 2008?
também incluímos o spread cobrado pelo os exportadores brasileiros. E essas são ex-
Barros Rüttimann – Para 2008, em Banco. portações que tem longa maturação e, uma
relação à América do Sul, a perspectiva é vez fechado o contrato, independente de
que o volume cresça significamente e pode turbulências que ocorram em curto prazo,
vir a alcançar entre US$ 600 milhões e Em relação ao Peru, como o banco
as obras são tocadas.Assim, a nossa previsão
US$ 700 milhões. Já temos operações re- está auxiliando as empresas brasilei-
de aumento nos desembolsos para 2008,
levantes contratadas com a Argentina, por ras que atuam nesse país?
pode até não chegar a US$ 700 milhões,
exemplo, num projeto de expansão de gaso- Barros Rüttimann – A relação do mas ficará muito próxima a isso, indepen-
dutos. Na Venezuela, estamos financiando banco com o Peru está concentrada nas dente da crise financeira mundial.
O BNDES-exim, além de ser o mais importante instrumento de financiamento às exportações de produtos brasileiros,
é também o caminho mais curto entre as empresas de serviços e o mercado global. Se você trabalha com projetos, obras,
desenvolvimento de software e outras atividades na área de serviços, consulte as soluções BNDES-exim e leve seus
Apostando no mercado de
energia peruano
Gerente da Petrobras comenta sobre as recentes ações da empresa no Peru
Divulgação: Petrobras
Ativo de produção do bloco 57. Localizado na região de Camisea, na zona central do Peru, o bloco poder trazer uma série de outros novos negócios
na área de gás.
O Peru representa um país de gran- atuação internacional da empresa, a Odebrecht, desde então, nunca
de importância para a Construtora com a construção da Hidrelétrica mais saiu do país. Na década de 90,
Norberto Odebrecht, uma das mais de Charcani V (135 MW), na en- fundamos a Odebrecht-Peru para
importantes empresas exportado- costa do vulcão Misti, na região intensificação da nossa presença no
ras de serviços de engenharia do andina, em 1979. O sucesso do em- país, disse o diretor Logística e Ex-
Brasil. De fato, o país foi a primeira preendimento foi tão grande que portação da Construtora Norberto
Cesar Maia é presidente da Câ- reais potencialidades existentes. graduação em comércio exterior,
mara de Comércio e Indústria A falta informação por parte dos César Maia falou, em entrevista à
Brasil –Peru no Rio de Janeiro. pequenos e médios empresários Revista da FCCE, sobre algumas
No cargo desde fevereiro de 2008, é um dos entraves apontados por ações da Câmara e a avaliação dos
ele avalia que as relações brasi- ele para que não haja um maior movimentos das relações bilate-
leiro-peruanas estão evoluindo interesse por investimentos no rais entre Brasil e Peru. Confira,
de forma satisfatória, apesar de país vizinho. Formado em admi- a seguir, os principais trechos da
ainda estarem muito aquém das nistração de empresas e com pós- entrevista:
44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U
Enquanto alguns elegem a segurança como
bandeira, outros ainda preferem correr riscos.
Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Outras regiões Se a sua região ainda não é atendida E-mail:
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Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U 45
C OMÉRCIO
Produção em crescimento
Superintendente da Suframa fala sobre o aumento da produção e do
faturamento da Zona Franca de Manaus e das relações entre o pólo
industrial e o Peru
Oldemar Ianck, superintendente-adjunto da Suframa, disse estar otimista com o projeto de integração sul-americano.
O ano de 2007 foi bastante repre- perintendente-adjunto da Suframa, entre o pólo e o país sul-americano.
sentantivo para Superintendência da Oldemar Ianck, um dos participantes Criada em 1967, a Zona Franca sur-
Zona Franca de Manaus (SUFRA- do Seminário Bilateral de Comércio giu, inicialmente, como um projeto
MA). O aumento no faturamento Exterior Brasil-Peru. Palestrante do que visasse ao desenvolvimento da
das empresas localizadas na região da Painel I do seminário, Ianck disse, região amazônica. Hoje, ela atua,
Zona Franca de Manaus vem fazendo em entrevista concedida à Revista além das suas atribuições originais,
com que haja espaço para maiores in- da FCCE, que o projeto IIRSA vai como um pólo de exportação e
vestimentos, o que faz com que haja representar ganhos para o comércio importação importante para o Brasil
um ciclo virtuoso na economia local, exterior brasileiro, sobretudo para a e, segundo ele, estreitar as relações
sobretudo no que tange à geração de Zona Franca de Manaus, em virtude com o Peru. Leia, a seguir, os prin-
empregos diretos e indiretos. O su- da proximidade geográfica existente cipais trechos da entrevista:
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U 47
Z ONA F RANCA
Cebiche
Prato tradicional peruano, o cebiche con-
quista pelo aroma, sabor e mistura de peixe
cru e ingredientes de variadas origens étnicas.
Um pescado bem fresco, cru, branco e fir- listas do setor de gastronomia como um dos
me posto sobre um camada rasa de suco de mais saborosos e inventivos pratos de toda a
limão, uma pitadinha de alho, sal, aji, e pou- América Latina. Conhecido por vários nomes,
cas lascas de cebola, podendo ser adiciona- mas sendo o Cebiche o termo mais popular,
do ainda a batata doce ou aipim e o milho o prato consegue traduzir toda a diversida-
para acompanhar. Essa é uma das inúmeras de étnica existente no Peru, passando pela
receitas de um dos pratos mais populares da origem indígena e chegando até mesmo a
culinária peruana e tido por muitos especia- ter influência da culinária japonesa.
História
Por um longo período, os habitantes da costa viviam às Uma outra explicação para o surgimento do o nome reside
custas dos frutos, como a garoupa ou a corvina, que haviam no fato de a palavra ter origem árabe “Sibech” – que é como
em abundância no Oceano pacífico. Freqüentemente os se designa a comida ácida –, pelo uso do limão para o tem-
peixes eram temperados com aji ou outras pimentas da terra. pero do prato. O limão é de origem norte-africana, região do-
No século XVI, os espanhóis trouxeram os limões, da África do minada e habitada pelos árabes desde o século VII d. C.
Norte, e as cebolas e alhos, das cidades Mediterrâneas. Com Por fim, há a hipótese de a palavra ter tido origem em ra-
a contribuição de diversas culturas, os ingredientes foram se zão do seu preparo com o peixe bonito. Considerado como
complementando e inspiraram a criação da sua majestade um prato exclusivo dos pescadores, negros, mulatos, índios
o cebiche, o rei entre os pratos crus do Peru. A origem da e mestiços, o peixe bonito, que tem um forte sabor oleoso,
palavra cebiche é incerta, mas há algumas hipóteses. Sabe- quando usado para a preparação, diziam que o prato era feito
se que em quechua ( língua que era falada na região central como um “Sebo” com cebola e limão. Da conjugação destes
dos Andes desde bem antes da época do Império Inca) este conceitos vem o nome de “Cebiche”. O cebiche inicialmen-
prato se chama siwichi. Por outro lado, há historiadores que te era um prato das camadas mais pobres da população do
dizem que o nome sebiche vem da palavra viche (’fresco’ en Peru, entrando para o cardápio de restaurantes no século XX.
chibcha, língua indígena falada no Panamá, Colombia, Equa- No norte do país, é comum encontrar cebiche de conchas.
dor e norte do Peru). Seu significado seria ‘pescado fresco’. Em Lima, de linguado e corvina, e no sul, de frutos do mar.
Num país onde as comidas que marcam país são as da palavra – estiradito- que é a forma japonesa de estirar
mais picantes, o cebiche consiste em pedaços miúdos de o pescado para o corte diagonal. No caso do tiradito, o
pescado ou camarões que se mesclam ao suco de limões pescado passa apenas por uma camada de limão e é co-
com muito aji; cebola roxa, azeite e se conservam assim berto com um creme de aji, em qualquer tipo de acompa-
por algumas horas até que o pescado se impregna de pi- nhamento. Além de poder ser feito de peixe, os cebiches
menta e quase cozinha com a ação da acidez do limão. podem levar camarão, lagostins, ouriços do mar, ostras e
Uma variedade do cebiche é o tiradito, nome proveniente mexilhões.
Ingredientes
- 1 xícara (chá) de peixe branco picado
- 1 colher (chá) de azeite extra virgem
- suco de 2 limões
- 1/3 xícara (chá) de maçã verde picada
- 1 colher (sopa) de cebola roxa picada
Modo de Preparo
- 1 colher (café) de raiz forte (opcional)
- 1/2 xícara (chá) de manga Haden picada Numa tigela misture peixe branco picado, azeite extra vir-
gem, suco de limão, maçã verde picada, cebola roxa picada,
- 1 colher (sopa) de ciboulette picada raiz forte (opcional), manga Haden picada, ciboulette picada
- pimenta-de-cheiro a gosto e pimenta-de-cheiro a gosto. Bom apetite.
Em defesa da
liberdade
muito instrutiva. Aprendi realmente conhecer o país que primeiro governo, quis nacionalizar os bancos, as com-
eu havia nascido”, disse em entrevista a uma TV espa- panhias de seguros e todas as empresas financeiras. E
nhola. Mas, se o romance A Cidade e os Cães o projetou isso me pareceu um retrocesso terrível para o país, uma
internacionalmente, o livro Pantaleão e as Visitadoras, ameaça à democracia, pois quem controla a economia
lançado em 1973, que marcou, de vez, o escritor como pode se eternizar no poder”. Logo após as eleições, Llosa
um dos mais importantes representantes literários da mudou-se para Londres e retornou às suas atividades
América Latina e da língua espanhola como um todo. O literárias. Apesar do auto-exílio (Em 1993, Llosa obteve
livro conta a história de um militar (Pantaleão Pantoja) nacionalidade espanhola sem renunciar à nacionalidade
dotado de um senso de disciplina profundo, e que foi en- peruana), o escritor peruano continuou a manifestar as
carregado pelo Exército peruano a organizar um bordel suas posições políticas em favor do liberalismo demo-
itinerante. Sua missão é reduzir as taxas de estupro nas crático. Por várias vezes teceu críticas ao mandato do
zonas militarizadas, oferecendo prostitutas aos soldados. presidente Alberto Fujimori, chamando-o de ‘ditador
Em cartas enviadas aos seus superiores, ele relata o seu sutil’. No entanto, apesar dos seguidos comentários
sucesso e os testes que faz pessoalmente com as “visita- políticos, Vargas Llosa afirma que jamais concorrerá a
doras”. Tudo vai bem até ele se apaixonar pela mais bela nenhum cargo eletivo.
das prostitutas, a Colombiana. Era a dicotomia entre a Em 1993, Mario Vargas Llosa fez a estréia mundial de
rigidez e autoritarismo, representada pelo personagem sua peça “Loco de los Balcones” (Louco dos Balcões). A
Pantaleão, e a liberdade, vivida na pele da visitadora história da peça se passa em um dos bairros de Lima, a ca-
Colombiana. Em 1981, Vargas Llosa publica A Guerra pital peruana, El Rimac. Inicialmente ocupada por famílias
do Fim do Mundo, que tem a Guerra de Canudos como ricas do Peru, o bairro hoje se tornou um grande cortiço.
tema para a sua narrativa. As Travessuras de uma Menina Esses casarões são marcados pela presença dos Balcões em
Má é o último romance publicado por Llosa. Nele, é suas fachadas.A peça de Llosa discute se deve-se preservar
contada a história do peruano Ricardo, um jovem ide- ou não os balcões. O personagem principal da peça, um
alista e sonhador, que vive em Paris (a cidade dos seus professor italiano que vive em Lima, sofrendo ao ver a
sonhos) e seus encontros e desencontros com Lily, seu história da cidade ser totalmente destruída e apagada, sai
amor de adolescência, que tem como características o na defesa dos balcões, enfrentando problemas dos mais
inconformismo e o pragmatismo no trato das questões variados. O tema sobre a dicotomia velho e novo, atraso
da vida. Como pano de fundo, o escritor traça a traje- e modernidade. A sua última investida teatral aconteceu
tória das transformações políticas vividas na Europa, em 2008, quando adaptou trechos da famosa obra As Mil
do idealismo dos anos 60 até o fim das utopias políticas e uma Noites. Além da adaptação, Vargas Llosa também
vividas nos anos 90. atua, interpretando o rei Chahryar, que escuta as histórias
de Chahrzad.
Política e teatro
Em 1990, convencido de que poderia trazer moderni-
dade e i firtalecimento da democracia no Peru,Vargas
Llosa resolveu concorrer à presidência do seu país.
Candidatou-se pela Frente Democrática (Fre-
demo) e chegou ao segundo turno, mas foi
derrotado pelo então desconhecido profes-
sor universitário, Alberto Fujimori. “Fo-
Mario Vargas Llosa
ram as circunstâncias que me levaram
a algo que nunca havia pensado antes.
Na verdade, a minha participação
M
política veio para protestar contra
uma tentativa de nacionalizar todo
o sistema financeiro peruano. O
presidente Alan Garcia, em seu
RELAÇÕES BILATERAIS
O saldo comercial peruano, que apresentou déficits até 2001, sofreu uma inversão em
2002 e passou a apresentar superávits crescentes. O maior saldo positivo ocorreu em
2006, total de US$ 8,5 bilhões. No ano de 2007, o saldo somou US$ 7,8 bilhões.
Intercâmbio Comercial
Brasil – Peru
A R T I G O E L A B O R A D O P E L A E Q U I P E D O D E PA RTA M E N TO D E
P L A N E J A M E N TO E D E S E N VO LV I M E N T O
D O C O M É R C I O E X T E R I O R DA S E C R E TA R I A
DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC
US$ 894 milhões, 5,8%; ferro a aço, US$ 583 milhões, 3,8%; cereais,
US$ 525 milhões, 3,4%; artigos de ferro e aço US$ 435 milhões, 2,8%;
papel e cartão, US$ 385 milhões, 2,5%; e produtos farmacêuticos, US$
272 milhões, 1,8%.
O maior parceiro comercial do Peru são os Estados Unidos. Em 2006,
24,0% das exportações se destinaram a este mercado, totalizando US$
5,7 bilhões. O segundo maior destino das vendas peruanas é a china, com
participação de 9,6% no total e soma de US$ 2,3 bilhões; seguida por
Suíça, 7,1%, e total de US$ 1,7 bilhão; Canadá, 6,8%, US$ 1,6 bilhão;
e Chile, 6,0% e US$ 1,4 bilhão.
Nas importações, os Estados Unidos foram origem de US$ 2,5 bilhões
das compras peruanas, representando 16,4% do total. A China foi o
segundo maior fornecedor ao país com US$ 1,6 bilhão, 10,3%; seguida
pelo Brasil, com US$ 1,5 bilhão, participação de 9,9%; Equador, US$
1,1 bilhão, 7,1%; e Colômbia US$ 951 milhões, 6,2%.
Como visto acima, o Brasil é o terceiro maior fornecedor de produtos
ao mercado peruano, com participação de 9,9% na pauta importadora
do país. Em 2007, esta participação reduziu-se para 8,2%. Quanto as
vendas do Peru, o Brasil foi destino de 3,6% da pauta em 2007, acima
da participação de 2006, de 3,3%.
Elaboração: DEPLA/SECEX
* Jan./Dez. 2007
Brasil
Corrente de comércio, em 2007 = US$ 281,259 bilhões.
Aumento de 22,2% em relação a 2006.
O governo quer aumentar exportações.
125 professores
Agência Brasil
Desenvolvimento Econômico com afastamento, alcançada
e Social (BNDES), Luciano em março. A obra, executada
Coutinho, considera que a a 200 km de Lima, inclui
elevação do Brasil à categoria o projeto de engenharia,
de investment grade representa fornecimento e construção
reconhecimento por parte de uma ponte de atracação de
do mercado internacional 1.350 m de comprimento,
do êxito das mudanças pelas instalações para
quais passou a economia carregamento de navios GLP,
do país. Ao mesmo tempo, incluindo uma plataforma de
sinaliza que o “ciclo GLP e bóias de amarração,
virtuoso de crescimento um canal de aproximação
Coutinho, presidente do BNDES, disse que a obtenção do grau de inves-
com estabilidade” terá e um quebra-mar offshore
timentos é fruto da boa condução da política econômica brasileira.
prosseguimento. “O PIB de 800 m de comprimento.
está crescendo a mais de Iniciado no segundo semestre humor da economia mundial, o mercado internacional
5% ao ano, impulsionado de 2006, o projeto deve ser é crescente a influência dos de etanol, garantido a
pelo mercado interno e, concluído em 2011. Criada produtos mais simples no liderança brasileira na área
particularmente, pela alta do em 2003, a Peru LNG é saldo (ainda) positivo do de Biocombustíveis, uma
investimento”, afirmou. uma empresa peruana de comércio exterior brasileiro. vez que com uma logística
O presidente do BNDES propriedade da texana No entanto, analistas alertam adequada, o Brasil poderá
considera que a medida Hunt Oil Company, da sul- que essa mesma volatilidade ter preços competitivos
permitirá maior fluxo de coreana SK Corporation e da faz com que seja difícil para a exportação deste
financiamento externo e de espanhola Repsol YPF. prever o que acontece com combustível.
novos investimentos diretos, esses preços para antecipar os O alcoolduto é parte do
contribuindo para sustentar Impacto dos preços no resultados da conta comercial Corredor de Exportação
o ciclo de investimento comércio externo em curto e médio prazos. de Etanol que começa
da economia brasileira • Estatísticas apresentadas no Terminal de Senador
e, conseqüentemente, o pelo Ministério do Petrobras cria empresa Canedo, em Goiás, passa por
crescimento econômico. Desenvolvimento, Indústria e para projetos de Uberaba, em Minas Gerais,
“Com isso, reduz-se o Comércio Exterior mostram alcoolduto Ribeirão Preto, Paulínia e
custo de capital para o que o efeito da crise
financiamento da dívida internacional no comércio • A Petrobras, Mitsui&Co. Guararema, em São Paulo.
LTD e Carmargo Correa Do Terminal de Guararema,
pública e dos grandes externo brasileiro não deve S/A criaram no dia 28/3 o duto segue para o Terminal
projetos de longo prazo. causar grandes impactos, a empresa PMCC Projetos de São Sebastião, no Litoral
Abrem-se, assim, novas frente a uma eventual de Transporte de Álcool Norte de São Paulo e para o
oportunidades para o correção nos elevados preços S.A., com vistas à execução Terminal da Ilha d’Água, no
BNDES viabilizar os recursos das commodities. A alta do projeto do alcoolduto Rio de Janeiro, através do
necessários à expansão do dos preços internacionais que será construído entre poliduto OSRIO, já existente,
investimento.” dos produtos primários Senador Canedo(GO) e que passará a ser exclusivo
comercializados pelo Paulínia (SP), além do trecho para etanol.
Projeto da Odebrecht no Brasil para o exterior são que interligará a Hidrovia
Peru bate recorde em os principais responsáveis Tietê-Paraná ao Terminal Arqueólogos descobrem
segurança pelos valores crescentes das de Paulínia. Segundo o cidade de 5.500 anos no
• A Peru LNG Company, exportações e importações diretor de Abastecimento Peru
contratante das obras da do país. Como os preços dos
Planta de GLP de Pampa produtos industrializados são
da Petrobras Paulo • Um time de arqueólogos
Roberto Costa, a criação peruanos e alemães descobriu
Melchorita, concedeu à menos sensíveis que os das desta empresa é um fator recentemente uma praça
Odebrecht, Saipem e Jan commodities às flutuações de importante para desenvolver circular do complexo
Conselho Superior
Membros Vitalícios
Bernardo Cabral
Ernane Galvêas
Giulite Coutinho
Milton Cabral