O documento descreve as obrigações e rituais da religião Ketu, uma subdivisão da cultura iorubana. Detalha os cargos, rituais e orixás cultuados, como o culto a Exu, Ogum e Xangô. Também explica as obrigações de um, três e sete anos para os iniciantes, necessárias para sua independência e autorização para conduzir sua própria casa de candomblé.
O documento descreve as obrigações e rituais da religião Ketu, uma subdivisão da cultura iorubana. Detalha os cargos, rituais e orixás cultuados, como o culto a Exu, Ogum e Xangô. Também explica as obrigações de um, três e sete anos para os iniciantes, necessárias para sua independência e autorização para conduzir sua própria casa de candomblé.
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O documento descreve as obrigações e rituais da religião Ketu, uma subdivisão da cultura iorubana. Detalha os cargos, rituais e orixás cultuados, como o culto a Exu, Ogum e Xangô. Também explica as obrigações de um, três e sete anos para os iniciantes, necessárias para sua independência e autorização para conduzir sua própria casa de candomblé.
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Candombl Centro de Orientao !ro-Brasileiro e Culto aos Ori"as Babala#o $bualama rnaldo (%el&''()*()+*,-*'.) Ketu o nome de um antgo reno da Afrca, na rego agora ocupada pea Repbca Popuar do Benn e pea Ngra. Seu re tem o nome de aaketu, de onde vem o sobrenome da conhecda Iyaorx Oga de Aaketo. Tambm ndca o nome do povo dessa rego, que veo como escravo para o Bras. Em termos de dentdade cutura, forma uma subdvso da cutura orubana. Em gera, membros de orgem ketu so responsves por boa parte dos terreros mas tradconas da Baha. a maor e mas popuar nao do Candomb, e a dferena das outras naes est no doma utzado, no caso o Yorub, no toque dos seus atabaques, nas cores e smboos dos Orxs, e nas cantgas; Os fundamentos so passados oramente por sacerdotes de Orxs que so chamados de Babaorx (mascuno) Yaorx (femnno). Os rtuas mas conhecdos so: Pad, Sacrfco, Oferenda, avar contas, Oss, Xr, Ouba|, Aguas de Oxa, Ipet de Oxum, foguera de Ar, Axex, etc. Uma outra grande dferena em reao ao cuto dos Eguns; exste um sacerdote preparado para este rtua especfco chamado O| ou Baba O|, que faz o uso de um xn para domnar os Eguns; conforme nformaes de um antgo sacerdote de Ketu, chamado Babno de Xang, quem da com Orxs no da com Eguns; | no Ro Grande do Su, o prpro Sacerdote de orx quem faz os rtuas de Eguns. Os /argos 0rin/i0ais na nao Ketu -Babala#o - Babalori"1 - Yalori"1& autoridades m1"imas no Candombl - $2akeker3& me 0e4uena - Babakeker3& 0ai 0e4ueno - Yala"& mul5er 4ue /uida dos ob6e/tos ritual7 - Babala"& 5omem 4ue /uida dos ob6etos ritual7 - 6ibon ou 68bonan& me90ai /riadeira (o) su0er:isiona e a6uda na ini/iao7 - Egbomi& 0essoa 4ue 61 /um0riu sete anos de obrigao7 - $2abass3& mul5er res0ons1:el 0ela 0re0arao das /omidas de santo7 - $2a#o& !il5a (o) de santo (4ue 61 in/or0ora Ori"1)7 - bian& no:ato7 - "ogun& res0ons1:el 0elo sa/ri!8/io de animais7 - lagb3& res0ons1:el 0elos ataba4ues e 0elos to4ues7 - Ogan& to/adores de ataba4ues7 - 6oi3 ou Ekedi& /amareira de Ori"17 Os Orxs cutuados na nao Ketu so: Exu, Ogun, Oxoss, Logun Ed, Xang, Obauay, Oxumar, Ossan, Oy , Oxun, Yeman|, Nan, Ewa, Oba, Oxa, Ibe|, (Irco Ossae), Orunma. Na nao Ketu, exstente prncpamente na Baha, predomnam os Orxs de orgem Yorub, e os terreros mas conhecdos so: a Casa Branca do Engenho Veho, o I Ax Op Afon|, o Gantos; o Candomb de Aaketu e o I Ax Op Agan| ocazado em Lauro de Fretas; As Oxumar. O Candomb de orgem ketu | se espahou por todos os grandes centros urbanos do Bras e tambm para o exteror, e nota-se um movmento de recuperao de razes afrcanas, que re|eta o sncretsmo catco, procurando reaprender o yorub como ngua orgna e tenta reproduzr os rtuas que estavam perddos ao ongo do tempo, h casos em que mutos sacerdotes procuram va|ar at Afrca para descobrr mas sobre a cutura dos Orxs. Obrigaes 0ara ini/iao de Yaos ;ar/erdo/io7 $2a#o So os novos ncados de Orx da Casa de Candomb, durante o perodo de sete anos, e sero subordnados peas pessoas de Cargos/Posto da casa. E deve obednca aos seus mas vehos. E devero concur suas obrgaes de 1, 3 e 7 anos. Ser Iyawo, am de outros precetos, permanecer recohdo por um perodo de 21 das, passando por doutrnas e fundamentos, para conceber a fora do Orx. Saem da vda matera e nascem na vda esprtua com um novo nome ornk. O Mcan e os Degn so os comprovantes e o dpoma do ncado. Obrigao do Ori de um ano (Odueta) ou (od< K8n8) s obrgaes muto mportantes consderada como fm do resguardo do Iyawo aps sua ncao. Somente esta obrgao dar ao ncado berdade de vver materamente sem restres na socedade e no seu convvo famar e pessoa. At fazer um ano de fetura ou pagar sua obrgao de um ano (od< K8n8), anda ter agumas restres (ewo temporro. como cortar cabeo, tomar banho de mar e outros. Ser feta na obrgao de um ano de fetura, uma nova festa para comemorar a data onde sero oferecdos comda rtua, frutas e fores. Obrigao de tr3s anos (Oduet1) Esta obrgao consderada a confrmao da contnudade do ncado no Ax, e | est autorzado a conceber o seu a|unt, e a comear ser berado e graduado peo seu babaorx, a usar fos com Segus e Br| dependendo do Orx, e poder dexar de usar Mcan e Degn. (conforme orentao do babaorx) Outra obrgao feta aos trs anos de fetura (od kt), agumas casas ou naes fazem tambm uma de cnco anos, mas no candomb ketu consdera-se um ano, trs e sete anos. Ee ou ea permanecer como Ia at competar os sete anos de fetura e fazer a obrgao de sete anos (odu e|). Obrigao de sete anos (Odui6) ou Odu e6 (a pronnca do acento fechada) uma das maores obrgaes de uma casa de Candomb, que todos os ncados sero obrgados a tomar sem exceo. Com essa obrgao o ncado poder receber posto, cargo, ttuo e dretos de ndependnca do seu babaorx. ;= 4uando !i>er a obrigao de sete anos Odu e6 4ue ser1 /onsiderado um Egbomi 7 A obrgao de sete anos to grande e mportante quanto a fetura, nessa obrgao que ser defndo se o Egbom r abrr uma casa ou no. A Iyaorx entregar para o Egbom no ato da festa seus pertences (|ogo de bzos, pembas, favas, sementes, tesoura, navaha, tudo que va precsar para ncar Ias) no Ketu chamdo Odu I| com Oy, em outras naes chamado de Dek, Penera, Cua, etc. Caso o Orx da pessoa no quera abrr uma casa e quera contnuar na roa da Iyaorx, o Orx depostar os ob|etos recebdos nos ps da Iyaorx e sua fha no abrr uma casa, contnuar na roa onde normamente receber um posto para a|udar a Iyaorx. Ouando o Orx aceta a Egbom receber todas as homenagens dos presentes pos est sendo consagrada como uma nova Iyaorx se for homem Babaorx. Nesse caso ter que provdencar uma casa para onde ser evado seu Orx e ncar um novo Ie ax. OIYE - Ouer dzer ttuo ndependnca, so pessoas que | tomaram seus sete anos e necesstam de um TITULO dado peo seu babaorx, para ser ndependente e Zeador (a) de Orxs, sacerdco. Esse Oye pode ser tambm um cargo na casa do babaorx onde fez a obrgao. DEKA - autorzao (dretos) de conduzr a sua prpra casa de Candomb, atendmento de seus adeptos e consuentes, |ogar bzos, trar ebs e ncar pessoas no Orx, ou Vodum dependendo da nao etc.. Na nao |e|e receber um Hn|b o Ttuo de sacerdcoexcusvo da nao |e|e e um amueto do Egbnme, o dpoma dado peo Voduno para dar contnudade do aprendzado dos fundamentos dos Voduns. Ori o ?eus 0ortador da indi:idualidade de /ada ser 5umano. Representa o mas ntmo de cada um, o nconscente, o prpro sopro de vda em sua partcuarzao para cada pessoa. Or mora dentro das cabeas humanas, tornando cada um aquo que . Como ao morrer, a cabea de uma pessoa no separada para o enterro, Or conhecdo como aquee que pode fazer a grande vagem sem retorno, pos os outros orxs, mesmo quando morrem seus fhos, so bertados da cabea (Or) e retornam ao Orun (cu, ou mundo exteror). A cermna de equbro do Or d-se o nome de Bor (bo = oferenda, or = cabea => dar oferenda para a cabea, fortaece-a). No se deve no entanto confundr Bor com Incao. O Bor pode ser feto em quaquer momento e no mpca quaquer vncuo com o Orx ou com a casa. Durante o processo nctco a prmera entdade a ser equbrada |ustamente o Or, a ndvduadade pessoa, para que a pessoa no se transforme num mero espeho do orx. Um dos mtos sobre Or dz que ee pode depos de enterrado votar ao Orum, evado por Nan ou Ew. Dz este mto que um da Or percebeu que era o momento de nascer outra vez e fo faar com Oorum, o Unverso, soctando permsso para nascer na mesma fama em que hava nascdo antes. Oorum permtu, com a condo de que apenas ee, Oorum, pudesse conhecer o da de sua morte, sem que Or pudesse opnar sobre esta questo e que o destno de Or s pudesse ser mudado quando If fosse consutado. Este orx no tem caracterstcas esttcas pos no ncorpora. Apenas cutuado |untamente com os orxs, possundo um nmero no |ogo de bzos onde "faa". 4ui>ila de Ori a mentira7 @BAKB Sucessvos abortos numa mesma muher, partos segudos da morte da crana recm nascda, morte de cranas ou |ovens, repentnas e assocadas a estgos sgnfcatvos de vda, tas como mudanas nas fases de crescmento, anversros, casamento ou nascmento do prmero fho, so dentfcados como acontecmentos gados aos Abk. O 4ue C@b8k<DE A traduo tera "nascdo para morrer" (a b ku) ou "o parmos e ee morreu" (a b o ku), desgnando cranas ou |ovens que morrem antes de seus pas. H, assm, dos tpos de Abk: o prmero, Abk - omode, desgnando cranas e o segundo, Abk - Agba, referndo-se a |ovens ou adutos que morrem, va de regra, em momentos sgnfcatvos de suas vdas e sempre antes dos pas, apresentando nsso uma aterao da ordem natura que socamente aceta e entendda como: aquees que chegaram ao Ay (mundo fsco) prmero, votam prmero ao Orn (mundo esprtua). Nessa questo, am da gca natura, est presente a garanta da contnudade no Ay e a certeza da embrana e do cuto ao ancestra que dexa descendentes que recontaro sua hstra ao ongo dos tempos, garantndo sua "sobrevvnca" na comundade. No Orn vve um grupo de cranas chamadas Emere ou Eegbe e este grupo consttu o Egbe Orn Abk, ou se|a, socedade das cranas que nascem para morrer. Contam os mtos que a prmera vez que os Abk veram para a terra fo em Awaye e consttuam um grupo de duzentos e otenta, trazdos por Aawaye, chefe dees no Orn. Na encruzhada que une o Orn ao Ay, korta meta, todos pararam e vros pactos foram fetos, defnndo o momento partcuar do retorno de cada um ao Orn. Aguns votaram quando vssem pea prmera vez o rosto da me, outros quando casassem, um tercero grupo votara quando competassem determnado tempo de vda, um quarto grupo votara quando tvessem o prmero fho, e assm por dante. E o carnho dos pas, o amor que recebessem ou os presentes no seram capazes de ret-os no Ay. Aguns assumram o compromsso de que nem nasceram. Esse pacto devera ser cumprdo e os seus companheros no Orn manterem-se presentes na sua vda, nteragndo no seu da a da, para que no o esquecessem e retornassem ao Orn to ogo o momento pactuado ocorresse. Como chega a ocorrer o nascmento ou a manfestao de um Abk em uma gravdez? O Ioruba acredta que a aco do Abk ocorre por determnao do destno da me, ou por fora de maga/fetara, ou por condes acdentas. O Prof. Skru Saam e a Profa. Dra. Iyakem Rbero, na sua monografa "Ayedungbe: a terra doce para nea se vver - rto na uta contra a morte de Abk", defnem essas condes acdentas como "aquso nadvertda de um Abk por uma muher grvda que no tenha tomado os necessros cudados para evtar sso". Exste a crena de que uma muher grvda, ao passar por determnados ocas em que os Abk se estabeecem, se no estver devdamente protegda, pode ver-se nvadda por este "esprto" e tornar-se su|eta gravdez de um Abk. Por sso cudados especas so tomados peas muheres to ogo tenham conscnca do estado de gravdez. No raro que muheres grvdas carreguem |unto a barrga um "ota", devdamente preparado, para evtar essa "nvaso" por parte de um Eegbe. Sacrfcos, oferendas e rezas so fetas tambm com o ob|ectvo de evtar que uma muher tenha fhos Abk ou que, grvda, venha a ser "nvadda" por um dees. Dexando de ado condes acdentas ou efeto de maga/fetara, temos observado que a ocorrnca de Abk numa me nvaravemente repete uma hstra famar que podemos reconhecer procurando os seus antecedentes. Ou se|a, podemos procurar nos antecedentes famares da me para constatar, nvaravemente, que este Abk vem se fazendo presente na fama, gerao aps gerao, em nha drecta ou no. Outra questo nteressante que podemos afrmar com grande precso que aguns Od de nascmento predspem a ocorrnca de Eegbe. Assm, temos que muheres regdas peo Od Ogundabede (Ogunda + Ogbe) so naturamente predspostas a gerarem fhos Abk e, dentfcadas, quando anda no so mes, certas oferendas so reazadas e amentos so-hes dados para prevenr a ocorrnca. Eb guamente feto nas stuaes em que | geraram fhos ou pane|am gerar - um pre coocado acma da porta de entrada da casa e um pexe acma da porta de trs, para proteger os moradores da vsta dos Eegbe que a vm em busca de seus companheros. Neste caso, dexam de ter acesso ao nteror da casa e evaro, no ugar da pessoa que veram buscar, o pre e o pexe. Um Orn Egbe , cantga dedcada a Aragbo ou Ere Igbo, Orx protector das cranas Abk, faa-nos desse Eb. Entendemos, assm, que Egbe cutuado e ouvado com a fnadade de defender as cranas da morte prematura e oferendas he so fetas para que "desstam" de evar os Abk de vota para o Orn, sendo um de seus ob|ectvos a questo da manuteno dessas cranas no Ay. Segundo o Prof. Skru Saam e a Profa. Dra. Iyakem Rbero, na obra | ctada, ". Estabeece-se assm um |ogo de foras entre Aragbo e a comundade de Abk que dese|a evar seus membros do Ay, mundo fsco, para o Orn, mundo dos mortos, mundo esprtua. Cutos e oferendas so reazados tanto para que a comundade de Abk abra mo de ev-os de vota, como para que Ere gbo os prote|a de serem reconduzdos terra esprtua." Todas as pessoas nascdas dentro do Od Ogundabede, homens e muheres, devem cutuar Egbe. Entende-se tambm que quem o cutua evoca as suas bnos em benefco das cranas do nceo famar. As, o cuto de Egbe e suas festas trazem muta semehana com as festas e o cuto que se fazem para "Cosme e Damo" e que so, mutas vezes, confunddas com o cuto do Ors Ibe|. Este Ors e Egbe (ou Aragbo) so de dstntas naturezas, |ustfcam abordagens e tratamentos dferencados, tm formas partcuares de serem ouvados, so cutuados por dferentes razes e necessdades, e os seus cutos no podem ser confunddos sob pena de ncorrermos em erro de fundamento. Por tmo, dos aspectos so mportantes de serem nomeados: o prmero, dz respeto ao que podemos chamar de comportamento pecuar da crana Abk. So, certamente, cranas que se dstnguem por este aspecto. Segundo, a resstnca, na nossa cutura, que os pas tm em acetar o facto de terem um fho Abk e a dfcudade consequente em dar com esta crana e todas as necessdades decorrentes da uta pea sua permannca no Ay. Cabe a um mportante pape para o sacerdote que pode a|ud-os a compreender a questo, dar-hes orentao e acompanhamento durante todo o processo. Onil a Frimeira ?i:indade da %erra7 Os antgos povos que deram orgem aos atuas orubs ou nags, de cu|as trades se modaram o candomb no Bras, cutuavam uma entdade da Terra, a Terra-Me, que recebeu mutas denomnaes em dferentes adeas e cdades que formam o compexo cutura orub e seus entornos prncpas, entre os quas os |e|es mahs e daomeanos e os tapas ou nupes e os bos. Esta antga dvndade at ho|e cutuada e recebe o nome de On, a Dona da Terra, a Senhora do paneta em que vvemos. Outros nomes da Terra-Me so: A, I, Ia, tambm I|e, Ae, Aa, An, Oger, e mesmo Buku e Buruku. Entre os |e|es do Maranho e da Baha chamada As. Creo que grande parte dos segudores do candomb nunca ouvu faar ou teve apenas vagas referncas sobre On, mas em certos candombs de nao Keto, que preservam ou reconsttuem trades que em grande parte se perderam na dspora orubana, pratca-se um cuto dscreto, mas sgnfcatvo a Terra-Me, para a qua se canta, ou no nco do Sr ou no fna da chamada roda de Sngo, a cantga que dz "Mo|ub, ors/ b, ors/ b On", que pode ser traduzdo como "Eu sado o ors/ Sado On/ Save a Senhora da Terra". On uma dvndade femnna reaconada aos aspectos essencas da natureza, e orgnamente exerca seu patronato sobre tudo que se reacona aproprao da natureza peo homem, o que ncu a agrcutura, a caa e a pesca e a prpra fertdade. Com as transformaes da socedade orub numa socedade patrarca ou patrnear, que mpcou a consttuo de nhagens e cs famares fundados e chefados por antepassados mascunos, as muheres perderam o antgo poder que tveram numa prmera etapa (um mto reata que, numa dsputa entre Oy e Ogum, os homens teram arrebatado o poder que era antes de domno das muheres). Os antepassados dvnzados tomaram o ugar das dvndades prmordas e houve uma redvso de trabaho entre os orss. As dvndades femnnas antgas tveram ento seu cuto reorganzado em torno de entdades femnnas genrcas, as Y M Osorong, consderadas bruxas mafcas peo fato de representarem sempre um pergo para os poderos mascunos, e vros orss tveram dvddo entre s as atrbues de zear pea Terra, agora dvdda em dferentes governos: o subsoo fcou para Omuu-Obauaye e para Ogum, o soo para ors-Oko e Ogum, a vegetao e a caa para os Odes e Osonyn e assm por dante. A fertdade das muheres fo o atrbuto que restou s dvndades femnnas, | que a muher que par que reproduz e d contnudade vda. Consttur-se-am eas ento em orss dos ros, representando a prpra gua, que fertza a terra e permte a vda: so as Yagbs Yemon|, Osun, Ob, Oy, Yew e outras e tambm Nan, que como antga dvndade da terra, representa a ama do fundo do ro, smbozando a fertzao da terra pea gua. On teve seu cuto preservado na Afrca, mas perdendo mutas das antgas atrbues. Ho|e ea representa nossa gao eementa com o paneta em que vvemos, nossa orgem prma. a base de sustentao da vda, o nosso mundo matera. Embora sua mportnca se|a cruca do ponto de vsta da concepo regosa de unverso, os devotos a ea poucos recorrem, pos seu cuto no trata de aspectos partcuares do mundo e da vda cotdana, preferndo cada um drgr-se aos orss que cudam desses aspectos especfcos. No Bras, como aconteceu com outros orss, seu cuto quase desapareceu. Certamente um fator que contrbuu para o esquecmento de On no Bras o fato de que este ors no se manfesta atravs do transe rtua, no ncorpora, no dana. Outros orss mportantes na Afrca e que tambm no se manfestam no corpo de ncados foram guamente menos consderado neste Pas que, por nfunca do Kardecsmo, atrbu um vaor muto especa ao transe. Fo o que aconteceu com Orunm, Oduwduwa, Ors-Oko, A|a, am da Y M Osorong. nteressante embrar que o cuto de Osonyn sofreu no Bras grande mudana, passando o ors das fohas a se manfestar no transe, o que o vrou certamente do esquecmento. O cuto da rvore Iroko tambm se preservou entre ns, anda que raramente, quando ganhou fhos e se manfestou em transe, sorte que no teve Apaok. Na Ngra mantm-se vva a da de que On base de toda a vda, tanto que, quando se faz um |uramento, |ura-se por On. Nessas ocases, anda costume pr na boca aguns gros de terra, s vezes dssovda na gua que se bebe para sear a |ura, para embrar que tudo comea com On, a Terra-Me, tanto na vda como na morte. Um mto que | tve o prazer de contar em outras ocases ensna qua so a atrbuo prncpa de On, como ea est assocada ao cho que psamos e sobre o qua vvemos ns e todos os seres vvos que formam o nosso habtat, nosso mundo matera. Assm conta o mto: On era a fha mas recatada e dscreta de Oodumare. Vva trancada em casa do pa e quase nngum a va. Ouase nem se saba de sua exstnca. Ouando os orss seus rmos se reunam no paco do grande pa para as grandes audncas em que Oodumare comuncava suas decses, On faza um buraco no cho e se esconda, pos saba que as reunes sempre termnavam em festa, com muta msca e dana ao rtmo dos atabaques. On no se senta bem no meo dos outros. Um da o grande deus mandou os seus arautos avsarem: havera uma grande reuno no paco e os orss devam comparecer rcamente vestdos, pos ee ra dstrbur entre os fhos as rquezas do mundo e depos havera muta comda, msca e dana. Por todos os ugares os mensageros grtaram esta ordem e todos se prepararam com esmero para o grande acontecmento. Ouando chegou por fm o grande da, cada ors drgu-se ao paco na maor ostentao, cada um mas beamente vestdo que o outro, pos este era o dese|o de Oodumare. Yemon| chegou vestda com a espuma do mar, os braos ornados de puseras de agas marnhas, a cabea cngda por um dadema de coras e proas, o pescoo emodurado por uma cascata de madreproa. Oss escoheu uma tnca de ramos macos, enfetada de pees e pumas dos mas extcos anmas. Osonyn vestu-se com um manto de fohas perfumadas. Ogum preferu uma couraa de ao brhante, enfetada com tenras fohas de pamera. Osun escoheu cobrr-se de ouro, trazendo nos cabeos as guas verdes dos ros. As roupas de Osumar mostravam todas as cores, trazendo nas mos os pngos frescos da chuva. Oy escoheu para vestr-se um sbante vento e adornou os cabeos com raos que coheu da tempestade. Sngo no fez por menos e cobru-se com o trovo. Os traza o corpo envoto em fbras avssmas de agodo e a testa ostentando uma nobre pena vermeha de papagao. E assm por dante. No houve quem no usasse toda a cratvdade para apresentar-se ao grande pa com a roupa mas bonta. Nunca se vra antes tanta ostentao, tanta beeza, tanto uxo. Cada ors que chegava ao paco de Oodumare provocava um camor de admrao, que se ouva por todas as terras exstentes. Os orss encantaram o mundo com suas vestes. Menos On. On no se preocupou em vestr-se bem. On no se nteressou por nada. On no se mostrou para nngum. On recoheu-se a uma funda cova que cavou no cho. Ouando todos os orss havam chegado, Oodumare mandou que fossem acomodados confortavemente, sentados em esteras dspostas ao redor do trono. Ee dsse ento assemba que todos eram bem-vndos. Oue todos os fhos havam cumprdo seu dese|o e que estava to bonto que ee no sabera escoher entre ees qua sera o mas vstoso e beo. Tnha todas as rquezas do mundo para dar a ees, mas nem saba como comear a dstrbuo. Ento dsse Oodumare que os prpros fhos, ao escoherem o que achavam o mehor da natureza, para com aquea rqueza se apresentar perante o pa, ees mesmos | tnham feto a dvso do mundo. Ento Yemon| fcava com o mar, Osun com o ouro e os ros. A Oss com as matas e todos os seus bchos, reservando as fohas para Osonyn. Deu a Oy o rao e a Sngo o trovo. Fez Os dono de tudo que branco e puro, de tudo que o prncpo, deu-he a crao. Destnou a Osumar o arco-rs e a chuva. A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com ee, ncusve a guerra. E assm por dante. Deu a cada ors um pedao do mundo, uma parte da natureza, um governo partcuar. Dvdu de acordo com o gosto de cada um. E dsse que a partr de ento cada um sera o dono e governador daquea parte da natureza. Assm, sempre que um humano tvesse aguma necessdade reaconada com uma daqueas partes da natureza, devera pagar uma prenda ao ors que a possusse. Pagara em oferendas de comda, bebda ou outra cosa que fosse da predeo do ors. Os orss, que tudo ouvram em snco, comearam a grtar e a danar de aegra, fazendo um grande aardo na corte. Oodumare pedu snco, anda no hava termnado. Dsse que fatava anda a mas mportante das atrbues. Oue era precso dar a um dos fhos o governo da Terra, o mundo no qua os humanos vvam e onde produzam as comdas, bebdas e tudo o mas que deveram ofertar aos orss. Dsse que dava a Terra a quem se vesta da prpra Terra. Ouem sera? Perguntavam-se todos? "On", respondeu Oodumare. "On?" todos se espantaram. Como, se ea nem sequer vera grande reuno? Nenhum dos presentes a vra at ento. Nenhum sequer notara sua ausnca. "Pos On est entre ns", dsse Oodumare e mandou que todos ohassem no fundo da cova, onde se abrgava vestda de terra, a dscreta e recatada fha. A estava On, em sua roupa de terra. On, a que tambm fo chamada de I, a casa, o paneta. Oodumare dsse que cada um que habtava a Terra pagasse trbuto a On, pos ea era a me de todos, o abrgo, a casa. A humandade no sobrevvera sem On. Afna, onde fcava cada uma das rquezas que Oodumare parthara com fhos orss? "Tudo est na Terra", dsse Oodumare. "O mar e os ros, o ferro e o ouro, Os anmas e as pantas, tudo", contnuou. "At mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-rs, tudo exste porque a Terra exste, assm como as cosas cradas para controar os homens e os outros seres vvos que habtam o paneta, como a vda, a sade, a doena e mesmo a morte". Pos ento, que cada um pagasse trbuto a On, fo sentena fna de Oodumare. On, ors da Terra, recebera mas presentes que os outros, pos devera ter oferendas dos vvos e dos mortos, pos na Terra tambm repousam os corpos dos que | no vvem. On, tambm chamada A, a Terra, devera ser propcada sempre, para que o mundo dos humanos nunca fosse destrudo. Todos os presentes apaudram as paavras de Oodumare. Todos os orss acamaram On. Todos os humanos propcaram a me Terra. E ento Oodumare retrou-se do mundo para sempre e dexou o governo de tudo por conta de seus fhos orss1. E assm este mto, de modo ddtco e com muta beeza, stua o pape de On no panteo dos deuses orubs. Como estrutura nos mtos, o tempo da narratva no hstrco, dando a mpresso que os cutos dos dferentes orss foram nsttudos a um s tempo, num s ato do supremo deus. A narratva enfatza, contudo, a concepo bsca da rego dos orss, sto , que cada ors um aspecto da natureza, uma dmenso partcuar do mundo em que vvemos. Ees so o prpro mundo, com suas foras, eementos, energas e propredades, mundo que tem por base On, a Terra, o paneta que habtamos o nosso ar no unverso. Gito de Onil7 Na Afrca orub, On ocupa ugar centra no cuto da socedade mascuna secreta Ogbon. A escutura em bronze aqu mostrada, provavemente do scuo XVIII, orgnra dessa socedade tem os ohos em semcrcuos, que tudo observam em snco, e as mos fechadas e anhadas, uma sobre a outra, na atura do umbgo, num gesto que smboza o conhecmento ancestra, conforme os smboos Ogbon, socedade que, at o scuo XIX, cudava da |usta, |ugava crmnosos e fetceros e executava os condenados morte. Louvar On ceebrar as orgens. Por sso, quando aparecem |unto aos humanos, os antepassados egungun sadam On, embrando-nos que ea anteror a tudo o mas, mesmo s nhagens mas antgas da humandade. On assentada num montcuo de terra vermeha, que representa o corao da Terra, podendo tambm ser montado com terra de cupnzero, que trazda de dentro do soo peos nsetos trabahadores, e que vermeha. Dentro do montcuo fxa-se uma quartnha com gua, pos no h vda na terra desprovda de gua. A quartnha dentro da terra smboza que a gua vem de dentro da Terra e que assm a prmera ddva de On. A gua que |orra do soo forma os regatos, ros, agos e o prpro mar, de onde sobe para as nuvens e se precpta em chuva, votando ao soo e subsoo, num cco permanente de propcao da vda. O assentamento coberto com moedas ou bzos, que entre os antgos orubanos era dnhero, representando toda a rqueza e prosperdade que est na Terra, que dea extramos e na qua vvemos. Vermeho e marrom, cores da terra, so as cores apropradas para coares de contas que homenageam On. Na Afrca, os sacrfcos fetos a On ncuem caracs, aves fmeas e tartarugas (Abmboa, 1977: 111). No Bras a egsao pune como crme nafanve o sacrfco de anmas ameaados de extno e assm a tartaruga substtuda pea cabra. As, matar um anma em extno sera uma ofensa mperdove a On, que a prpra natureza, a grande me da ecooga. Am desses anmas, d-se para On tudo o que a terra produz e que o homem transforma: obs, orobs e todas as demas frutas, nhame e outros tubrcuos, fe|es, mho, favas, me, dend, sa, vnho e tudo mas que vem da terra pea mo do homem. Cutuada dscretamente em terreros antgos da Baha e em candombs afrcanzados, a Me Terra tem despertado recentemente curosdade e nteresse entre os segudores dos orss, sobretudo entre aquees que compem os segumentos mas nteectuazados da rego. On, sto , a Terra, tem mutos nmgos que a exporam e podem destru-a. Para mutos segudores da rego dos orss, nteressados em recuperar a reao ors-natureza, o cuto de On representara, assm, a preocupao com a preservao da prpra humandade e de tudo que h em seu mundo. Pos On quem guarda o paneta e tudo que h sobre ee, protegendo o mundo em que vvemos e possbtando a prpra vda de tudo que vve sobre a Terra, as pantas, os bchos e a humandade.