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A respiração normal e tranqüila é efetuada quase inteiramente pelo primeiro desses dois
métodos, isto é, pelo movimento do diafragma. Durante a inspiração, a contração do
diafragma traciona as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. A seguir, durante a
expiração, o diafragma simplesmente se relaxa, e é a retração elástica dos pulmões, da
parede torácica e das estruturas abdominais que comprime os pulmões. Todavia, durante
a respiração intensa, as forças elásticas não são poderosas o suficiente para causar a
expiração rápida necessária, de modo que a força adicional necessária é obtida
principalmente pela contração dos músculos abdominais, que força o conteúdo
abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma.
O segundo método para expandir os pulmões é efetuado pela elevação da caixa torácica.
Esse processo determina a expansão dos pulmões, visto que, na posição natural de
repouso, as costelas estão voltadas para baixo, permitindo ao esterno inclinar-se para
trás, em direção à coluna vertebral. Todavia, quando a caixa torácica é elevada, as
costelas se projetam quase diretamente para frente, de modo que o esterno também
passa a se mover para frente, afastando-se da coluna; em conseqüência, a espessura
ântero-posterior do tórax passa a ser cerca de 20% maior durante a inspiração máxima
do que durante a expiração.
Por conseguinte, os músculos que elevam a caixa torácica podem ser classificados cm
músculos da inspiração, enquanto os que abaixam a caixa torácica são conhecidos como
músculos da expiração.
Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os intercostais externos;
entretanto, outros músculos que também participam do processo incluem: (1) os
músculos esternodeidomastóides, que elevam o esterno; (2) os serráteis anteriores, que
elevam muitas das costelas; e (3) os escalenos, que elevam as duas primeiras costelas.
Os músculos que tracionam a caixa torácica para baixo durante a expiração são: (1) os
retos abdominais, que têm o poderoso efeito de tracionar as costelas inferiores para
baixo, ao mesmo tempo em que, juntamente com os outros músculos abdominais,
comprimem o conteúdo abdominal para cima, contra o diafragma, e (2) os intercostais
internos.
A Fig. 37.1 ilustra o mecanismo pelo qual os intercostais externos e internos atuam para
produzir a inspiração e a expiração.
À esquerda, as costelas, durante a expiração, formam um ângulo para baixo, e os
intercostais externos estão alongados para frente e para baixo. Quando eles se contraem,
puxam as costelas superiores para a frente em relação às costelas inferiores, causando
um efeito de alavanca sobre as costelas, o que determina sua elevação, causando, assim,
a inspiração. Os intercostais internos funcionam exatamente do modo oposto, atuando
como músculos expiratórios, visto que formam um ângulo entre as costelas na direção
oposta, causando o efeito oposto de alavanca.
PRESSÃO ALVEOLAR
A pressão alveolar refere-se à pressão existente no interior dos alvéolos pulmonares.
Quando a glote está aberta, e não ocorre fluxo de ar para dentro ou para fora dos
pulmões, às pressões em todas as partes da árvore respiratória, ao longo dos alvéolos,
são exatamente iguais à pressão atmosférica, considerada como 0 centímetro de água.
Para provocar a entrada de ar durante a inspiração, a pressão nos alvéolos deve cair para
um valor ligeiramente inferior à pressão atmosférica. O segundo painel da Fig. 37,2
ilustra a redução da pressão alveolar para cerca de menos 1 cm de água durante a
inspiração normal.
PRESSÃO TRANSPULMONAR
A diferença de pressão entre a pressão alveolar e a pressão pleural. Trata-se da
denominada pressão transpulmonar, que é a diferença de pressão entre os alvéolos e as
superfícies externas dos pulmões. Na verdade, trata-se de uma medida das forças
elásticas dos pulmões que tendem a ocasionar seu colapso a cada ponto da expansão,
denominada pressão de retração.
TRABALHO DA RESPIRAÇÃO
Durante a respiração tranqüila normal, a contração dos músculos respiratórios só ocorre
durante a inspiração, enquanto a expiração é um processo totalmente passivo,
ocasionado pela retração elástica dos pulmões e das estruturas da caixa torácica. Por
conseguinte, os músculos respiratórios normalmente só "trabalham" para produzir a
inspiração, e não para causar a expiração.
O trabalho da inspiração pode ser dividido em três partes distintas:
(1) trabalho da complacência, necessário para expandir os pulmões contra suas forças
elásticas, denominado trabalho de complacência ou trabalho elástico, (2) trabalho da
resistência tecidual, necessário para superar a viscosidade do pulmão e das estruturas da
parede torácica, denominado trabalho de resistência tecidual; e (3) trabalho da
resistência das vias aéreas, necessário para superar a resistência das vias aéreas durante
o movimento de ar nos pulmões, denominado trabalho de resistência das vias aéreas.
Todas as mulheres possuem cerca de 20 a 25% a menos do que os homens nos volumes
e capacidades pulmonares.
VENTILAÇÃO ALVEOLAR
A importância final do sistema ventilatório pulmonar consiste em renovar
continuamente o ar nas áreas de troca gasosa dos pulmões, onde o ar fica em íntima
proximidade com o sangue pulmonar. Essas áreas incluem os alvéolos, os sacos
alveolares, os dutos alveolares e os bronquíolos respiratórios. A intensidade com que o
ar novo alcança essas áreas é denominada ventilação alveolar. porém, durante a
respiração tranqüila normal, o volume de ar no ar corrente é suficiente apenas para
encher as vias respiratórias até os bronquíolos terminais, e apenas parte muito pequena
do ar inspirado flui realmente até o interior dos alvéolos. o ar novo percorre esta última
e curta distância dos bronquíolos terminais até o interior dos alvéolos por difusão. A
difusão é causada pelo movimento cinético das moléculas, cm que cada molécula de gás
se movimenta com alta velocidade entre as outras moléculas. Felizmente, a velocidade
do movimento das moléculas no ar respiratório é tão grande e as distâncias tão curtas
entre os bronquíolos terminais e os alvéolos que os gases percorrem essa distância em
apenas uma fração de segundo.
REFLEXO DA TOSSE
Os brônquios e a traquéia são tão sensíveis ao toque leve que a presença de quantidades
excessivas de qualquer substância estranha ou qualquer outra causa de irritação
desencadeiam o reflexo da tosse. A laringe e a carina (o ponto onde a traquéia se divide
nos brônquios) são particularmente sensíveis, e os bronquíolos terminais e, até mesmo,
os alvéolos são muito sensíveis a estímulos químicos corrosivos, como dióxido de
enxofre e cloro. Os impulsos aferentes provenientes das vias respiratórias passam
principalmente pelos nervos vagos e dirigem-se para o bulbo. Aí é desencadeada uma
seqüência automática de eventos pelos circuitos neuronais do bulbo, causando os efeitos
que se seguem. Primeiro, cerca de 2,5 1 de ar são inspirados. Segundo, a epiglote se
fecha, e as cordas vocais se cerram fortemente para aprisionar o ar no interior dos
pulmões. Terceiro, os músculos abdominais se contraem fortemente, empurrando o
diafragma para cima, enquanto outros músculos expiratórios, como os intercostais
internos, também se contraem intensamente. Como conseqüência, a pressão nos
pulmões eleva-se para 100 mm Hg ou mais. Quarto, as cordas vocais e a epiglote se
abrem subitamente, de modo que o ar contido sob pressão nos pulmões explode para o
exterior. Com efeito, esse ar é algumas vezes expelido com velocidades de até 120 a
160 km por hora. Além disso, outro aspecto muito importante é que a forte compressão
dos pulmões também causa colapso dos brônquios e da traquéia, fazendo com que as
partes não-cartilagínosas se invaginem para o lúmen, de modo que o ar expelido passa,
na realidade, através de fendas brônquicas e traqueais. O ar, em movimento rápido,
geralmente carrega consigo qualquer corpo estranho que esteja presente nos brônquios
ou na traquéia.
REFLEXO DO ESPIRRO
O reflexo do espirro assemelha-se muito ao da tosse, exceto que ele se aplica às vias
nasais, e não às vias aéreas inferiores. O estímulo que desencadeia o reflexo do espirro é
a irritação das vias nasais; os impulsos aferentes passam pelo quinto par e dirigem-se
para o bulbo, onde o reflexo se inicia. Ocorre uma série de reações semelhantes às
observadas no reflexo da tosse; entretanto, a úvula é deprimida, de modo que grandes
quantidades de ar passam rapidamente pelo nariz, ajudando, assim, a limpar as vias
nasais, eliminando os materiais estranhos.
Bibliografia
Tratado de Fisiologia Médica, Nona Edição, 1999 - Guyton/Hall
Material resumido por Ualisson M. Santos – contato : <ualissonms@hotmail.com>