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Erich Neumann
Capítulo 2 do livro “Pais e Mães”, organizado por James Hillman.
A fase em que a consciência de ego é ainda infantil, isto é, depender da relação com o
inconsciente, é representada no mito pelo arquétipo da Grande Mãe. A constelação dessa
situação psíquica, assim como suas formas de expressão e projeção, foi por nos chamada de “
matriarcado “ e, em contraposição, falaremos da tendência do ego de se libertar do inconsciente
e dominá-lo como a “ ênfase patriarcal “ no desenvolvimento da consciência.
A Etimologia tentou separar duas raízes: de um lado a raiz-lua que, com men ( lua ) e
mensis ( mes ) pertence a raíz ma do sacrifício mas; e de outro, a raiz sânscrita manas, com
menos ( grego ), mens ( latim ) etc., que representa o espirito por excelência.
Em nenhum lugar, seja ele qual for, essa raiz foi colocada em oposição a raiz-lua, men,
lua; mensis, mes; mas, que e ligado a ma, medir. Dessa raiz origina-se não só matra-m, medida,
mas também metis, inteligência, sabedoria; matiesthai, meditar, ter em mente, sonhar; e, mais
ainda, para nossa surpresa, verificamos que essa raiz-lua, pretensamente oposta a raiz-espírito,
e da mesma maneira derivada da raiz sânscrita mati-h, significando medida, conhecimento.
No culto da lua o papel desta como medida do tempo e de importância capital. Mas o
tempo não e o tempo abstrato e quantitativo da consciência patriarcal e cientifica. E um tempo
qualitativo que muda, e ao faze-lo, assume qualidades diferentes. O tempo lunar tem períodos e
ritmos, cresce e mingua, e favorável ou desfavorável. Como o tempo que rege o cosmos, rege
também a terra, todas as coisas vivas e o feminino.
A lua crescente e mais do que uma medida do tempo. E um símbolo, tal como a luz
minguante, a lua cheia e a lua nova, de uma qualidade interna e externa da vida e da
humanidade. Podemos claramente associar o carretar arquetípico das fases da lua a forca
mutável de suas radiações. Pois estas são centros de ondas de vibração, correntes de poder
que, dentro e fora, pulsam através do mundo, permeando a vida psicobiológica. O tempo lunar
condiciona também a vida humana. A lua nova e a lua cheia foram os primeiros tempos
sagrados. A lua nova, como vitoria do dragão da noite escura foi o primeiro tempo típico da
escuridão e da maldade. Alem disso, a semeadura e a colheita, o crescimento e a maturação, o
êxito e o malogro de todo empreendimento e de toda ação, também dependiam da constelação
do tempo lunar cósmico.
A periodicidade da Lua, com seu pano de fundo noturno, e símbolo de um espirito que
cresce e mingua, conforme os processos obscuros do inconsciente. A consciência lunar, como
poderia ser chamada a consciência matriarcal, nunca e divorciada do inconsciente, porque e ela
mesma uma fase, uma fase espiritual, do próprio inconsciente. O ego da consciência matriarcal
não tem liberdade, ou atividade própria independente; espera passivamente, afinado com o
impulso espiritual que lhe foi trazido pelo inconsciente.
O modo pelo qual uma idéia, uma inspiração, ou uma embriagues, que sobem do
inconsciente e tomam uma personalidade como se por um súbito e violento assalto, levando-a
ao êxtase, a insanidade, a poesia, ou a profecia, representa uma parte da atuação do espirito. O
traço correspondente da consciência matriarcal e o fato de depender, para qualquer intuição ou
inspiração daquilo que emerge do inconsciente, de forma misteriosa e quase que autônoma,
quando, onde e como quer. Sob esse aspecto, todo chamanismo, incluindo a profecia, e uma
manifestação passiva; sua atividade e mais uma “ concepção “ do que um ato de vontade, e a
contribuição essencial do ego consiste na prontidão em aceitar o conteúdo inconsciente
emergente e entrar em harmonia com ele. No entanto, uma vez que essa independência em
relação a consciência e característica da emergência autônoma de todos os conteúdos
inconscientes, a lua muito freqüentemente aparece como símbolo do inconsciente em geral.
Nos rituais e nos cultos, a espera e a expectativa são idênticas ao ato de circundar e a
circum-ambulação. Na historia maravilhosa contada pelo Irmãos Grimm sobre o gênio no lago
do moinho assim como em muitos outros contos de fadas, a mulher tem que esperar ate que a
lua esteja cheia de novo. Ate então, deve continuar a rodear o lago em silencio, ou deve fiar
todo o seu carretel. Somente quando o tempo tiver se esgotado que o entendimento vem como
uma iluminação. De maneira semelhante, nos mistérios primordiais da mulher, ou seja, no
processo de ferver, cozer, fermentar, assar, o amadurecimento, “ o ponto “, e a transformação
estão sempre ligados com um período de espera. O ego da consciência matriarcal costuma
permanecer quieto ate que o tempo seja favorável, ate que o processo esteja completo, ate que
o fruto da arvore lunar tenha amadurecimento e ficado como uma lua cheia, isto e, ate que a
compreensão tenha nascido do inconsciente. Porque a lua não e somente senhora do
nascimento, mas também, enquanto arvore lunar e arvore da vida, um crescimento em si, “ o
fruto que gera a si mesmo “.
Mas esse simbolismo feminino não para aqui, porque o que entrou tem que “ vir a luz “.
A frase “ vir a luz “ expressa maravilhosamente o duplo aspecto da consciência matriarcal, que
experimenta a luz da consciência como a somente que brotou.
Mas, quando algo entra e depois vem à luz de novo, esse “algo “ envolve toda a
psique, que é então permeada por completo pela percepção de que deve compreender, tornar
real, com a totalidade do seu ser. Isso significa que a concepção e o entendimento terão
realizado uma mudança de personalidade. O novo conteúdo tomou e revolveu a totalidade do
ser, enquanto na consciência patriarcal teria por certo preenchido apenas mais um
campartimento intelectual. Assim como a consciência patriarcal tem dificuldade de
compreender plenamente e não apenas se encontrar com um “soberbo “entendimento, da
mesma maneira a consciência matriarcal tem dificuldade para entender sem primeiro “perceber
“. E aqui perceber significa “conceber “, dar à luz; significa submissão a uma relação mútua e
uma interação como a da mãe com o embrião na gravidez.
O tempo qualitativo matriarcal é sempre uma ocorrência única e singular, como uma
gravidez, em contraste com o tempo quantitativo da consciência patriarcal. Porque, para a
consciência patriarcal de ego, todas as subdivisões do tempo são iguais; mas a consciência
matriarcal aprendeu, a partir do ritmo do tempo lunar, a conhecer a individualidade do tempo
cósmico, senão a do ego. A singularidade e a indestrutibilidade do tempo são consteladas aos
olhos daqueles preparados para perceber o crescimento das coisas vivas, capazes de
experimentar e de perceber a gravidez de um momento e a proximidade de um nascimento. Um
conto de fadas relata que uma vez cada cem anos, num certo dia, numa hora definida, um
tesouro emerge de profundezas e vai pertencer a quem achá-lo nesse momento exato de seu
crescimento. Somente uma consciência matriarcal, ajustada aos processos do inconsciente,
pode reconhecer o elemento de tempo individual; uma consciência patriarcal, para quem este é
um dentre inumeráveis e semelhantes outros momentos, irá necessariamente deixar de notá-lo.
A esse respeito, a consciência matriarcal, é mais concreta e próxima da vida real, enquanto a
patriarcal é mais abstrata e distante da realidade.
O fato da sede da consciência matriarcal no coração e não cabeça significa - para indicar
apenas uma das implicações do simbolismo - que o ego da consciência patriarcal, nosso familiar
ego cerebral, muitas vezes não sabe nada do que acontece no centro mais profundo de
consciência, no coração.
Pois é essencial ter em mente que os processos da consciência matriarcal têm relação
com um ego e não podem, em conseqüência, ser descritos como inconscientes. É claro que este
ego é de uma espécie diferente daquela que nos é familiar na consciência patriarcal, mas não
obstante exerce um papel ativo no processo da consciência matriarcal. Sua presença constitui a
diferença entre o funcionamento humano no estágio matriarcal e uma existência totalmente
inconsciente.
Há muito sentido no ocultamento desses momentos de concepção que são muitas vezes
vitalmente importantes . O crescimento necessita de imobilidade e invisibilidade, sem ruído e
sem luz. Não é por acaso que os símbolos da consciência patriarcal são a luz do dia e o sol. A
validade desta lei, tanto para o crescimento biológico quanto para o psicológico, é confirmada
por Nietzsche, o grande conhecedor da alma, criativa, quando diz: “no estado de gravidez nós
nos entendemos “.
Não é sob os raios causticantes do sol mas na fria luz refletida da lua, quando a
escuridão da inconsciência atinge sua plenitude, que o processo criativo se completa: a noite, e
não o dia, é que é o momento da procriação. Esta requer escuridão e quietude, segredo, mudez
e ocultamento. Em conseqüência, a lua é senhora da vida e do crescimento em oposição ao sol
letal e devorador. O tempo úmido da noite é o tempo do sono, mas também da cura e de
recuperação . Por esta razão, o deus da lua, Sin, é um médico; uma inscrição cuneiforme
representando sua planta curativa diz que “depois que o sol se põe e com a cabeça velada, ela
( a planta ) deve ser circundada com um anel mágico de farinha e cortada antes que o sol
nasça”. Aqui vemos, associado com o círculo mágico e com a farinha, o símbolo misterioso de
“velar , que pertence à lua e ao segredo da noite. Cura e terapeuta, planta curativa e
crescimento recuperador se encontram nessa configuração. É o poder regenerador do
inconsciente que na escuridão noturna sou sob a luz da lua executa seu trabalho, um mysterium
dentro de um mysterium, trabalhando a partir de si mesmo e da natureza, sem qualquer ajuda
do ego cerebral. É porisso que as pílulas e as ervas curativas são associadas à lua e seus
segredos guardados por mulheres, ou melhor, pela natureza feminina, que está ligada à lua.
Não é, como se pensou, porque a lua muitas vezes parece verde no leste, que se supôs
ser o verde a cor da lua; é por causa da inerente afinidade da lua com a vegetação da qual se
diz: “Quando a palavra de Sin desce sobre a terra, o verde aparece “. Esse verde de Osíris, de
Chidher, do broto de shiva e da pedra verde alquímica, não é somente a cor do
desenvolvimento físico mas também do desenvolvimento do espírito e da alma. A lua como
regente da consciência matriarcal, está ligada a um conhecimento específico e a uma forma
particular de compreensão. Isso é a consciência que nasceu, o espírito que veio à luz como
fruto da noite.
A compreensão, enquanto fruto, pertence à essência da consciência matriarcal. Como
Nietzsche coloca : “Tudo o que se refere à mulher é um enigma e tem uma solução. Chamava-
se gravidez “. Uma vez mais a Ärvore da Vida é uma árvore lunar e seu fruto é o fruto delicioso
da lua cheia. A poção ou a “pílula da imortalidade “, o conhecimento sublime, a iluminação, o
êxtase, todos são frutos radiantes da árvore do crescimento transformador. Também na Índia, a
lua é o Rei Soma, o suco embriagador, do qual se diz: “Como Rei Soma, a essência do
alimento, eu o venero “.
Vimos que a lua é senhora da fertilidade e de suas mágicas propiciatórias. Essa mágica,
associada à consciência matriarcal, é sempre usada para aumentar ou garantir o crescimento,
em contraste com a magia dirigida da vontade, ato mágico que, como por exemplo, o
encantamento na caça primitiva, é um instrumento da consciência patriarcal ativa e masculina.
Processos de crescimento são processos de transformação e sujeitos ao Si-mesmo. A
consciência matriarcal espelha esses processos e a seu modo específico os acompanha e os
sustenta. Por outro lado, os processos formativos, em que a iniciativa e a atividade residem no
ego, fazem parte da espírito masculino e patriarcal.
Uma vez que o processo de cognição nessa “consciência lunar “ é uma gravidez e seu
produto um nascimento, um processo em que toda a personalidade participa, seu
“conhecimento “não pode ser partilhado, relatado ou provado. É uma posse interior, realizada e
assimilada pela personalidade, mas não facilmente discutida, porque a experiência interna que
está por trás dela não se presta a uma exploração verbal adequada, e dificilmente pode ser
transmitida a alguém que não tenha passado pela mesma experiência.
Por essa razão, uma consciência masculina pura e simples considera o “conhecimento”
da consciência matriarcal não verificável, caprichoso e místico por excelência. Esse é, de fato,
no sentido positivo, o cerne da questão. É a mesma espécie de conhecimento revelado nos
mistérios e no misticismo. Consiste não de verdades partilhadas mas de transformações
experimentadas, portanto necessariamente só tem validade para as pessoas que passaram pela
mesma experiência. Para estas, o conselho de Goethe ainda vale:
Isto quer dizer que as percepções de consciência matriarcal são condicionadas pela
personalidade que as realiza. Não são abstratas nem desemocionalizadas, pois a consciência
matriarcal conserva o vínculo com o reino do inconsciente do qual seu conhecimento brota.
Suas descobertas interiores, estão, em conseqüência, em oposição direta às da consciência
masculina, que consiste idealmente de conteúdos conscientes abstratos, livres de
emocionalismo e possuidores de uma validade universal não afetada por fatores pessoais.
O espírito lunar também proporciona cultura, mas não no sentido em que a observação
das estrelas e a astrologia levaram à matemática e à astronomia; mais propriamente, o
protótipo celestial de sua influência cultural é o “fruto que se engendra a si mesmo “, o
conquistador da morte e aquele que traz nascimento. Como senhor dos fantasmas e dos
mortos, convida os poderes naturais e espirituais do inconsciente a subir das profundezas
aquáticas, quando lhes é chegada a hora, e portanto provê a humanidade não só de crescimento
e sustento, mas também de profecia, poesia, sabedoria e imortalidade.
Assim, a Lua não tem somente uma manifestação masculina como centro do mundo
espiritual da consciência matriarcal; tem também uma manifestação feminina com a mais alta
forma do Si-mesmo espiritual feminino, como Sofia, como a sabedoria. É uma sabedoria
relacionada à indissolúvel e paradoxal unidade entre vida e morte, natureza e espírito, às leis
do tempo e do destino, crescimento, morte e conquista da morte. Essa figura da sabedoria
feminina não se ajusta a nenhum código de lei abstrato e desligado, pelo qual estrelas mortas ou
átomos circulam num espaço vazio; é uma sabedoria que está e continua ligada com a terra,
com o crescimento orgânico e com a experiência ancestral. É a sabedoria do inconsciente, dos
instintos, da vida e do relacionamento.
Por essa razão a sabedoria da Sofia Lunar não tem o caráter abstrato, não individual,
universal e absoluto que o patriarcal masculino afirma ser a mais alta espiritualidade
reverenciando-a como a esfera espiritual celeste do sol e da luz do dia, colocando-a acima do
mundo lunar. Sob esse aspecto, o espírito lunar da consciência matriarcal é “apenas” espírito
lunar, “apenas” alma e o eterno feminino. Mas ao perder o caráter de “remota” divindade, a
consciência matriarcal retém a luz mais suave e menos ofuscante do espírito humano. A
sabedoria da mulher não é especulativa; aproxima-se da natureza e da vida, ligando-se ao
destino e à realidade viva. Sua visão sem ilusões da realidade pode chocar uma mentalidade
masculina idealista; no entanto, relaciona-se com essa realidade como alguém que alimenta,
auxilia e conforta e como amante, conduzindo-a além da morte para a transformação sempre
renovada e ao renascimento.
No entanto, enquanto toda realização cultural criativa - ao menos em sua forma mais
elevada - representa uma síntese entre as consciências matriarcal receptiva e patriarcal
formativa, a dependência predominante da mulher com respeito à consciência matriarcal e sua
forma de sabedoria acarreta, a despeito de seus benefícios, alguns perigos inerentes. É
certamente em consonância com o espírito lunar e com o processo de crescimento que o
silêncio e a percepção devem vir antes da formulação e da compreensão; mas a tendência da
mulher à percepção, um dos elementos criativos da consciência matriarcal, muitas vezes de
confunde com um mero naturalismo.
No entanto, aqui a natureza da mulher costuma pregar uma peça. Em vez de perceber,
ela concretiza e, através de uma projeção natural, transpões o processo criativo da gravidez
para o plano externo. Isto que dizer que a mulher toma literalmente os símbolos dessa fase de
consciência matriarcal. Ela ama, engravida, dá a luz, alimenta, cuida e assim por diante, e vive
sua feminilidade externamente mas não no mundo interior. Essa tendência pode explicar porque
suas realizações espirituais são pequenas quando comparadas com as do homem, e sua falta de
produtividade criativa. Para uma mulher parece ( certa ou erradamente? ) quer ser fonte de vida
na gravidez e no parto é suficientemente criativo. A consciência matriarcal está inscrita no
corpo da mulher e, através deste, ela vive na realidade externa tudo o que para um homem deve
ser tornar um acontecimento psicológico, se tem que ser percebido. Nesse sentido o homem,
com sua desenvolvida consciência patriarcal, está uma passo à frente uma vez que a natureza
lhe permite experimentar a fase matriarcal da consciência somente como um progresso
espiritual, e não de forma concreta.
Como resultado, quando a humanidade é forçada a chegar a uma consciência patriarcal,
como matriarcado, e com ela a Lua, tornam-se algo negativo que deve ser superado.
Aqui, como sempre, surge a questão de saber qual o valor de uma fase psíquica em
qualquer estágio especial de desenvolvimento. A consciência lunar ou matriarcal é criativa e
produtiva no começo e no fim. A luz da lua é a primeira a iluminar o mundo escuro do
inconsciente, de onde nasce a consciência e ao qual permanece ligada. E todas as coisas que
são com crianças em crescimento, criativas, e femininas permanecem fiéis à sua relação com o
espírito lunar.
Mas, na medida em que o desenvolvimento continua, o que foi uma progressão a partir
do inconsciente torna-se uma vinculação excessiva à inconsciência. Nesse ponto o novo e
superior mundo do sol entra em oposição ao mundo da Lua, como faz o patriarcado com o
matriarcado, quando considerados como duas fases psicológicas. Somente em períodos
posteriores de desenvolvimento, tendo o patriarcado se completado ou chegado a absurdas
distâncias, perdendo sua conexão com a mãe terra, é que a individuação efetua uma reversão.
Então, a consciência patriarcado solar volta-se a unir-se à fase anterior e mais fundamental, e a
consciência matriarcal com seu símbolo central, a Lua, aparece das profundezas, investida do
poder regenerador de suas águas primordiais, para celebrar o antigo hieros gamos da Lua e do
Sol num plano novo e superior, o plano da psique humana.
Tanto para o masculino como para o feminino, a totalidade só é atingível quando, numa
união dos opostos, o dia e a noite, o mais alto e o mais baixo, as consciências patriarcal e
matriarcal, chegam ao seu próprio modo de produtividade e mutuamente se complementam,
fertilizando um ao outro.
O Midrash judel conta que, no começo da criação o sol e a lua eram de igual tamanho,
mas a lua, tendo cometido um pecado, foi diminuída e o sol tornou-se a estrela reinante do
universo. No entanto, a promessa de Deus para a lua prenuncia o restabelecimento da situação
original:
Então serás de novo tão grande quanto ele
E a luz da lua será como a do sol.