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SEQUNCIA 1
E deste modo se observa que o cansao do poeta no um cansao fsico, mas existencial. Ele no chega a explicitar o motivo desse cansao, ainda que indiretamente sugira (vv. 18 a 21) que foram essas suas ambies no concretizadas na medida desejada: a impossibilidade de anulao de todos os limites, e desse modo a aproximao do absoluto que provocaram nele esse cansao, bem como as sensaes inteis (v. 6), as paixes violentas por coisa nenhuma (v. 7), os amores intensos por o suposto em algum (v. 8); isto : o viver excessivo, o correr cada momento no limite, o ter querido o finito e o possvel, mas ter-se desiludido. Mas o poeta no deixa de insistir, por isso, sempre e repetidamente, em que cansao o que sente (e o lexema encontra-se presente em 9 dos 30 versos do poema tomando lugar, portanto, em praticamente 1/3 do texto , colocado em destaque, exceo do que acontece no v. 2, na parte final de cada verso). Um cansao de tudo, no especialmente, concretamente, de coisa alguma; cansao da vida e de si cansao.
SILVA Lino Moreira da, 1989. Do Texto Leitura (Metodologia da Abordagem Textual) Com a Aplicao Obra de Fernando Pessoa. Porto: Porto Editora