Ocf 09

1 O Captião Fracasso | Capítulo 9
WEBTV Destino apresenta
O Capitão Fracasso
Novela de
Evana Ribeiro
Livremente baseada em
Le Capitaine Fracasse, The Fortunes and Misfortunes of the Famous Moll Flanders
e Arlequim, il servitore di due patroni
Capítulo 9
CENA 01. ESTRADA. EXT. TARDE
ISABELLE E ARTHUR CAMINHAM DE BRAÇOS DADOS E SORRIDENTES.

CONVERSAM.
ARTHUR - Quase todos os dias eu faço esse
caminho, mas é a primeira vez que caminho
com alguém ao meu lado.
ISABELLE - Se eu vivesse por aqui, também gostaria
de andar por essa estrada. Parece bem
tranquila.
ARTHUR - Na verdade, eu não ando por aqui só
porque é tranquilo, não. [T] Acontece que
essa estrada me faz lembrar de uma pessoa,
uma menina que eu conheci quando era
criança.
ISABELLE - E quem era essa menina?
ARTHUR - Eu nunca soube. Mas eu a vi duas vezes
no mesmo dia e eu fiquei muito
impressionado. [T] Foi a minha primeira
paixão... Até hoje eu fico imaginando como
seria minha vida se eu tivesse a chance de
conhecê-la, amá-la talvez. Oséias acha que
eu sou doido por me apegar a imagem dela.
[ri]
ISABELLE - Pois eu não acho. [T] Acho que o amor é
mágico.
ARTHUR - Você já amou alguma vez?
ISABELLE - [abaixa o olhar] Nunca senti nada
parecido antes.
AO TERMINAR A FRASE, ISABELLE PERMANECE SEM OLHAR PARA ARTHUR, MAS

SEUS DEDOS SE ENTRELAÇAM COM OS DELE. PERMANECEM UM INSTANTE EM
SILÊNCIO, ANDANDO DEVAGAR. SONOPLASTIA: A moça do sonho
ELA ERGUE OS OLHOS PARA ELE E SORRI TERNAMENTE. O CARRO ESTÁ SE
AFASTANDO MAIS, ELES APRESSAM O PASSO.
ARTHUR - Isabelle, eu aceitei ir com vocês, mas

tenho uma dúvida... O que um contra-regra
faz?
ISABELLE - [rindo] É um trabalho tão simples! O
contra-regra cuida do abrir e fechar das
cortinas, de que os objetos apareçam em
cena na hora certa, essas coisas.
ARTHUR - E há quanto tempo você está com a
companhia?
ISABELLE - Desde que eu era bem nova. Lembro da
primeira peça que eu fiz, tinha uns nove
anos.
ARTHUR - E antes disso?
ISABELLE - Antes eu não lembro de muita coisa... Só
lembro de ter saído daqui com a minha mãe.
ARTHUR - E agora que voltou, está se sentindo em
casa?
ISABELLE - [sorrindo] Estou.
ARTHUR - E o resto da sua família?
ISABELLE - Meu pai já deve ter morrido. Além dele
não tem mais ninguém.
VÊ-SE, EM SEGUNDO PLANO, SARAH COLOCANDO A CABEÇA PARA FORA DA

JANELA E OBSERVANDO O CASAL. SONOPLASTIA: Alla chitarra.
CORTA PARA
CENA 02. CARRO. INT. TARDE
SARAH CONTINUA COM A CABEÇA PARA FORA DO CARRO, OBSERVANDO. SIMONE

A CUTUCA E, ASSUSTADA, A MOÇA BATE A CABEÇA.
SARAH - Ai! O que foi?

SIMONE - Eu é que pergunto o que você tanto vê aí
fora, moça.
SARAH - A princesinha pura e ingênua se
oferecendo para Arthur.
ALICE OLHA RAPIDAMENTE PARA FORA. SORRI.
ALICE - Formam um par muito bonitinho.

SARAH - Ela que faça bom proveito do bonitinho
falido.
SIMONE - Deixa de ser ressentida, criatura! Está
escrito na tua testa que você queria estar
no lugar dela.
SARAH - Eu não! O homem é mais pobre que nós
todos juntos!
LEONARDO - E nem é tão bonito assim. Coloca eu e
ele assim, juntos, e pergunta para
qualquer mulher nessa cidade quem é o mais
bonito. Se colocassem ele no lugar do
Matamouros, não ia fazer diferença!
ALICE - Isso por acaso foi uma tentativa de
ofensa?
MATAMOUROS - Se foi, tenta de novo, rapazinho. Para
um comediante, anda muito mal de piadas.
A CONVERSA CONTINUA, FORA DE ÁUDIO. SONOPLASTIA: King of the dogs.
CORTA PARA
CENA 03. CASA DE PANTALEÃO. QUARTO DE CLARICE. INT. TARDE
CLARICE ESTÁ DEITADA, MAS ESTÁ DE OLHOS ABERTOS, PENSATIVA E UM

POUCO TRISTE. PANTALEÃO ABRE A PORTA DO QUARTO E ENTRA.
PANTALEÃO - Dormindo, filha?

CLARICE - Não, pai. Eu só estava pensando...
PANTALEÃO - No casamento, certo?
CLARICE - É.
PANTALEÃO - E a carta de Guilherme? O que dizia?
CLARICE - Que está ansioso para me ver.
PANTALEÃO - E você?
CLARICE - Vou casar. Fazer o quê?
PANTALEÃO - Clarice, casar não é tão mau assim!
CLARICE - Mas eu não amo Guilherme! Gosto dele,
mas não para casar.
PANTALEÃO - Sua mãe também não me amava e ficamos
juntos até o fim!
CLARICE - Vocês ficaram dois anos casados!
PANTALEÃO - Mas só a morte nos separou!
CLARICE - Veja, papai... Se eu tivesse um
pretendente, um rapaz decente, de posses e
que eu gostasse muito; um rapaz como o/
PANTALEÃO - Clarice, entenda! Nada nem ninguém vai
me fazer cancelar o compromisso que assumi
com Guilherme.
CLARICE - E se ele se decepcionasse comigo?
PANTALEÃO - Impossível! Você é a mocinha com quem
todo homem gostaria de casar! Vamos, se
anime! Amanhã vamos ver o presente que ele
mandou para você, nossos amigos também vão
e seu noivado será público. Então trate de
melhorar essa carinha.
CLARICE OLHA PARA O PAI COM CARA DE CHORO, ELE PARECE SE COMOVER,
MAS PERMANECE IMPASSIVO.
PANTALEÃO - É o melhor para você, Clarice. Acredite!
PANTALEÃO SAI DO QUARTO. ASSIM QUE FICA SOZINHA, CAI NO CHORO.
CORTA PARA
CENA 04. TURIM. EXT. TARDE
TAKES DA CIDADE, FINALIZANDO COM O HOTEL ONDE DANIELA ESTÁ

HOSPEDADA. SONOPLASTIA: Medo de amar.
CORTA PARA
CENA 05. HOTEL. SAGUÃO. INT. TARDE
DANIELA E FERNANDO ACABAM DE ENTRAR. ELA ESTÁ INDO PARA A ESCADA E

FERNANDO ATRÁS DELA, MAS ELA O DETÉM.
DANIELA - Espere aí, acabamos de nos conhecer e

não é conveniente que fique subindo ao meu
quarto.
FERNANDO – Mas eu não ia fazer nada.
DANIELA - Mesmo assim.
FERNANDO - É que eu gostaria de pedir um favor. Eu
quero falar com Beatriz, mas mandar uma
carta seria perigoso, alguém poderia
interceptar. Então pensei que você poderia
ser minha portadora.
DANIELA - Depois conversamos sobre isso. Agora
preciso descansar. Até breve, Fernando!
FERNANDO - Até.
ELES TROCAM UM CORDIAL APERTO DE MÃO E DANIELA SOBE A ESCADA,

ENQUANTO FERNANDO SAI DO HOTEL.
[1º intervalo comercial]
CENA 06. MILLSHIRE. EXT. TARDE/NOITE
TAKES DA CIDADE, VALORIZANDO O PÔR-DO-SOL. SONOPLASTIA: King of

the dogs.
CORTA PARA A RUA DO ALBERGUE. VÊ-SE UM CARRO PARANDO EM FRENTE AO
PRÉDIO. VÁRIAS PESSOAS DESCEM DELE, CARREGANDO MALAS E BAÚS.
CORTA PARA
CENA 07. ALBERGUE. RECEPÇÃO. INT. NOITE
OS COMEDIANTES ENTRAM NO ALBERGUE, TENDO PASCOAL A FRENTE DELES.

PASCOAL SE APROXIMA DO BALCÃO DESOCUPADO E TOCA A SINETA. UM
CRIADO APARECE.
CRIADO - Pois não?

PASCOAL - Boa noite, nós somos enviados do senhor
Guilherme Rasponi e temos quartos
reservados neste hotel.
CRIADO - Guilherme Rasponi? Aguardem um momento
por favor, o dono do albergue vem falar
com os senhores.
O CRIADO SAI. INSTANTES. HORÁCIO ENTRA, VINDO DO RESTAURANTE, E

VAI ATÉ ELES.
HORÁCIO - Boa noite, senhores. Sejam bem vindos e

como enviados do meu amigo Guilherme
Rasponi, permitam-me que eu mesmo
apresente os seus aposentos.
HORÁCIO COMEÇA A SUBIR AS ESCADAS E FAZ SINAL PARA QUE OS OUTROS O
ACOMPANHEM. TODO O GRUPO SOBE.
CORTA PARA
CENA 08. ALBERGUE. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE
OS MESMOS DA CENA ANTERIOR TERMINAM DE SUBIR A ESCADA. HORÁCIO OS

GUIA CORREDOR ADENTRO ATÉ CHEGAREM AOS ÚLTIMOS QUARTOS. PASSAM
DIANTE DA PORTA ENTREABERTA DE UM QUARTO, MAS NÃO PERCEBEM.
CORTA PARA
CENA 09. ALBERGUE. QUARTO DE CHIQUITA. INT. NOITE
SONOPLASTIA: Transatlantique.
O LOCAL É SIMPLES, DECORADO COM ALGUMAS BONECAS DE PANO. CHIQUITA
ESTÁ BRINCANDO COM O COLAR DE PÉROLAS FALSAS, CONSERTADO, MAS COM
ALGUMAS PEDRAS FALTANDO. O COLOCA EM SEU PESCOÇO, DEPOIS O RETIRA
E EXPERIMENTA EM VOLTA DE SEU BRAÇO. ELA PARECE ENCANTADA COM AS
PÉROLAS QUE BRILHAM COMO SE FOSSEM VERDADEIRAS. OUVE OS PASSOS
VINDOS DO CORREDOR, ESCONDE O COLAR EM SEU BOLSO E VAI ATÉ A PORTA
QUE ESTÁ ENTREABERTA. OLHA UM POUCO PARA FORA E VÊ ISABELLE E
SARAH.
CHIQUITA - As moças do assalto!
ASSUSTADA, CHIQUITA FECHA A PORTA RAPIDAMENTE. VAI PARA SUA CAMA E

FICA ALI, ENCOLHIDA, OUVINDO OS PASSOS NO CORREDOR ATÉ QUE CESSEM.
ENTÃO SE LEVANTA E VAI FECHAR A JANELA. AGUSTIN PULA PARA DENTRO
DO QUARTO E ELA GRITA.
AGUSTIN - Cala a boca, menina!

CHIQUITA - O que você quer?
AGUSTIN - O de sempre. Preciso de dinheiro, ora
essa. Depois dos prejuízos do último
assalto... Tem algum?
CHIQUITA - [com a mão no bolso] Não.
AGUSTIN - E o que tem no bolso?
CHIQUITA - Nada... Só minha mão.
ELA TIRA A MÃO VAZIA DO BOLSO E A MOSTRA A AGUSTIN. MAS ELE OLHA
PARA O BOLSO E AINDA PERCEBE UM VOLUME NELE.
AGUSTIN - Vamos ver o que esse bolso está

escondendo...
CHIQUITA - [andando para trás até encostar na
parede] Não tem nada, eu juro!
AGUSTIN - [a perseguindo] Mentira, eu estou vendo
uma coisa no seu bolso! Se for dinheiro, é
melhor me dar por bem.
AGUSTIN SE APROXIMA DELA, QUE ESTÁ ACUADA, ENCOSTADA NA PAREDE.

ELE VAI DESLIZANDO A MÃO PARA DENTRO DO BOLSO DE CHIQUITA. ELA
ESCAPA POR BAIXO DOS BRAÇOS DE AGUSTIN. ELE, MAIS FURIOSO AINDA,
CORRE ATRÁS DELA E A AGARRA. CHIQUITA GRITA, APAVORADA.
AGUSTIN - Quantas vezes eu vou ter que dizer pra

você calar a boca? Quer que me descubram?
CHIQUITA - Por favor, não me machuca... Socorro!
CORTA PARA
CENA 10. ALBERGUE. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE
HORÁCIO SAI COM OS COMEDIANTES DE UM QUARTO.
HORÁCIO - Espero que vocês fiquem bem instalados e

gostem do jantar. Modéstia à parte, minha
cozinha é...
ELE PÁRA DE FALAR ASSIM QUE OUVE OS GRITOS DE CHIQUITA.
HORÁCIO - Chiquita!
ELE CORRE ATÉ O QUARTO DA MENINA, TENTA ABRIR A PORTA TRANCADA.

COMEÇA A BATER.
HORÁCIO - Chiquita! Aconteceu alguma coisa? Abre

essa porta!
HORÁCIO CONTINUA BATENDO COM VIOLÊNCIA NA PORTA. OS OUTROS SE

APROXIMAM.
SIMONE - O que houve, quem está aí?

HORÁCIO - É uma menina que eu crio..
CHIQUITA GRITA OUTRA VEZ.
HORÁCIO - Abre essa porta!

ARTHUR - Vamos arrombar, talvez ela não consiga
abrir sozinha.
ARTHUR E HORÁCIO COMEÇAM A DAR VÁRIOS CHUTES E SOCOS NA PORTA.

SONOPLASTIA: Lord of the thighs.
CORTA PARA
SONOPLASTIA: música continua.

AGUSTIN CONTINUA AGARRANDO CHIQUITA, QUE GRITA E SE DEBATE
TENTANDO SE LIVRAR, SEM SUCESSO. ELA MORDE O OMBRO DELE E,
FURIOSO, AGUSTIN A JOGA COM VIOLÊNCIA NA CAMA E AMEAÇA BATER NELA,
QUANDO A PORTA CEDE. MAIS DO QUE DEPRESSA, AGUSTIN PULA A JANELA,
NÃO DANDO TEMPO DE SER VISTO. ISABELLE CORRE PARA A CAMA E É
ABRAÇADA POR CHIQUITA, QUE TREME, AMEDRONTADA.
ISABELLE - Está tudo bem, passou...

HORÁCIO - Quem estava aqui, Chiquita?
CHIQUITA - [com a voz embargada] Ninguém...
HORÁCIO - Ninguém? Então por que a senhorita
estava gritando, e por que está tremendo?
HORÁCIO SE APROXIMA DA MENINA E TOCA SUA CABEÇA.
HORÁCIO - Pode falar, eu não vou castigar você.

Quem estava no seu quarto?
CHIQUITA NÃO RESPONDE. O COLAR DE PÉROLAS CAI NO CHÃO E HORÁCIO O

APANHA.
HORÁCIO - Que colar é esse?

SARAH - Eu respondo!
SARAH SE APROXIMA DA CAMA E TOMA O COLAR DA MÃO DE HORÁCIO.
SARAH - Isso aqui é meu. [T] E essa mocinha nos

assaltou! O senhor pode até não castigá-
la, mas eu vou!
SARAH VAI BATER EM CHIQUITA, MAS HORÁCIO SEGURA SEU BRAÇO COM
VIOLÊNCIA E ISABELLE TIRA A MENINA DE PERTO.
HORÁCIO - Isso é verdade, Chiquita?

COMEÇANDO A CHORAR, CHIQUITA CONFIRMA COM A CABEÇA.
HORÁCIO - Vamos todos sair daqui.

SARAH - Antes eu quero dar uma lição nessa
ladra.
ALICE - Ele disse para todo mundo sair, menina!
TODOS SAEM, MENOS HORÁCIO, QUE SENTA EM UM BANCO E FAZ SINAL PARA
QUE CHIQUITA SE APROXIME. ELA OBEDECE.
HORÁCIO - O que está acontecendo? Eu tenho me

esforçado nos últimos anos para educar
você para ser uma moça decente e você
fugiu para assaltar?
CHIQUITA - Foi.
HORÁCIO - Isso me deixa muito entristecido,
Chiquita. Eu tenho me dedicado a você,
assim como tenho me dedicado a Esmeralda
e/
CHIQUITA - Eu não quero ser igual a Esmeralda!
HORÁCIO - Vocês duas são como filhas pra mim!
CHIQUITA - [grita] O senhor não é meu pai, eu não
preciso de um pai!
ELA SAI CORRENDO E PULA A JANELA. HORÁCIO SENTA NA CAMA DA MENINA,

DESOLADO E COM OS OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS.
CENA 12. ALBERGUE. RESTAURANTE. INT. NOITE
OS COMEDIANTES, COM ARTHUR E PASCOAL, ESTÃO JANTANDO. TOMAM SOPA.

SARAH OLHA CONSTANTEMENTE PARA A ENTRADA DO RESTAURANTE.
SIMONE - O que você tanto olha?
SARAH - Estou esperando aquela praga em forma de
menina passar e aí ela vai ver!
PASCOAL - Tem vergonha, criatura! Ficar
perseguindo uma pobre coitada que não tem
onde cair morta...
SARAH - [irônica] Ah, coitadinha! Ela vai se
arrepender de ter pego o meu colar
preferido.
SIMONE - Por isso que continua pobre. Deus não ia
ser leviano de colocar joias de verdade na
tua mão!
MATAMOUROS - Comam, que de barriga cheia vocês brigam
menos.
ELES CONTINUAM A REFEIÇÃO. EM SEGUNDO PLANO, VÊ-SE ESMERALDA

ENTRANDO E SUBINDO A ESCADA.
CORTA PARA
SONOPLASTIA: Fonte abandonada [apenas a introdução].

HORÁCIO CONTINUA SENTADO NA CAMA DE CHIQUITA. AGORA TEM UMA BONECA
DE PANO NAS MÃOS E OLHA PARA O BRINQUEDO COM TRISTEZA. OUVE SOM DE
PASSOS VINDOS DO CORREDOR, MAS NÃO SE MEXE.
ESMERALDA - [V.O] Seu Horácio! Seu Horácio!
ELE NÃO RESPONDE.
ESMERALDA - [V.O] Não se esconde não, que já me

disseram que o senhor estava aqui em cima!
HORÁCIO - No quarto de Chiquita! A porta está
aberta.
ESMERALDA ABRE A PORTA E VAI SE APROXIMANDO DELE, COM PRESSA.

SENTA NO CHÃO.
ESMERALDA - Seu Pantaleão me mandou aqui para ajudar

com a... Que cara é essa?
HORÁCIO - Não é nada.
ESMERALDA - Então está triste só porque eu cheguei.
HORÁCIO - Não é isso.
ESMERALDA - Não quer contar o que aflige o
coraçãozinho mais inteligente que eu
conheço?
HORÁCIO - É só aquela velha sensação de amar uma
pessoa e ela rejeitar tudo o que venha de
você. Não que eu faça as coisas pensando
em qualquer retorno ou agradecimento, mas
Chiquita falou comigo como se me odiasse.
ESMERALDA - Aquela bandidinha de uma figa vai se ver
comigo.
HORÁCIO - Não, Esmeralda, não faça nada... Ela
disse que não precisa mais de mim. Se ela
se perder por aí, eu vou sofrer muito, mas
talvez ela esteja certa e eu esteja velho
demais e ninguém mais precise de mim.
ALGUMAS LÁGRIMAS ROLAM PELO ROSTO DE HORÁCIO.
ESMERALDA - [levanta, enfurecida]Agora é que ela vai

se haver comigo mesmo! [volta a sentar e
segura as mãos dele com força] Mas antes
de ter uma conversinha com aquela mal
agradecida, eu quero que o senhor pare de
chorar... [voz embargada] Porque eu não
aguento ver o senhor assim!
ESMERALDA DEITA A CABEÇA SOBRE AS PERNAS DE HORÁCIO E TAMBÉM

CHORA, SOLUÇANDO. HORÁCIO FAZ UM CARINHO NOS CABELOS DELA.
SONOPLASTIA: Fonte abandonada [instrumental].
HORÁCIO - Não fique assim por minha causa, menina!

Amanhã tem festa e você não vai querer
aparecer com os olhos inchados, não é?
ESMERALDA - Não, mas também não vou deixar que
machuquem as pessoas que eu amo. Eu nunca
disse isso, mas toda noite eu rezo
agradecendo pelo dia em que o senhor
entrou na minha vida e não me deixou
mais lavar pratos.
ESMERALDA ENXUGA O ROSTO DE HORÁCIO COM SEU AVENTAL. ELE SORRI.
HORÁCIO - Então a senhorita ainda lembra.

ESMERALDA - Eu tenho boa memória. E agora que o
senhor já está sorrindo de novo, vamos
ao que interessa. Seu Pantaleão me mandou
para arrumar as coisas para a festa de
noivado.
HORÁCIO LEVANTA DA CAMA E SAI COM ESMERALDA. OS DOIS CONVERSANDO

FORA DE ÁUDIO.
CORTA PARA
CENA 14. MILLSHIRE. EXT. NOITE/DIA
TAKE DA RUA PRINCIPAL, ONDE FICA O ALBERGUE. SONOPLASTIA: música

continua.
CORTA PARA
CENA 15. RUA. EXT. DIA
ESMERALDA SAI DO ALBERGUE E VAI ATRAVESSANDO A RUA. SÍLVIO ESTÁ

ENCOSTADO NA PAREDE DE UM PRÉDIO E ASSOVIA. ELA OLHA PARA TRÁS, O
VÊ E CONTINUA ANDANDO.
SÍLVIO - Esmeralda!
ELA DÁ MEIA VOLTA E VAI ATÉ ELE.
ESMERALDA - Agora sim, diga.

SÍLVIO - Clarice não vai sair hoje?
ESMERALDA - Não sei se ela vai querer sair até
amanhã, mas...
SÍLVIO - Eu preciso falar com ela, tive outra
ideia pra fuga.
ESMERALDA - É?
SÍLVIO - Muito melhor do que subir pela sua
janela. Por favor, dá um jeito de ela vir
falar comigo!
ESMERALDA - Vou tentar. Agora com licença...
ESMERALDA VAI PARA CASA.
CORTA PARA
CENA 16. TURIM. EXT. DIA
IMAGENS DE ARQUIVO. SONOPLASTIA: Ascendente em câncer.

CORTA PARA
FERNANDO ESTÁ SENTADO NA CALÇADA, EM FRENTE AO HOTEL ONDE DANIELA

ESTÁ. A MOÇA SAI DO PRÉDIO E ELE A PEGA PELO TORNOZELO. DANIELA
GRITA DE SUSTO.
FERNANDO - Calma, sou eu.

DANIELA - Não tinha outro jeito de me chamar?
FERNANDO - [ri]Tinha, mas admita que foi engraçado.
DANIELA – Estúpido... O que você quer?
FERNANDO - Eu quero saber se você vai ao convento
para mim. Preciso muito falar com Beatriz.
DANIELA - E o que eu ganho com isso?
FERNANDO - Gratidão eterna?
DANIELA FICA POR UM INSTANTE EM SILÊNCIO, PENSATIVA.
DANIELA - Eu vou. E quando eu voltar, você vai me

ajudar também.
FERNANDO ENTREGA UM ENVELOPE PARA DANIELA.
FERNANDO - E por favor, não saia de lá sem uma

resposta.
DANIELA - Tudo bem. Agora me deixe ir, tenho
coisas a resolver.
DANIELA VAI SAINDO.
FERNANDO - Antes eu queria fazer uma pergunta!

DANIELA - [impaciente] O que é agora?
FERNANDO - Por que você mora há tanto tempo em um
hotel?
DANIELA - Pelo motivo que não te interessa.
ELA VAI EMBORA.
CORTA PARA
CENA 18. MILLSHIRE. ALBERGUE. SALÃO. INT. DIA
OS HOMENS [MENOS LEONARDO] TERMINAM DE ARMAR O PALCO ENQUANTO AS

MULHERES CARREGAM O FIGURINO PARA UM CAMARIM IMPROVISADO. SARAH SE
DESGARRA DAS OUTRAS MULHERES E VAI ATÉ ONDE LEONARDO ESTÁ.
SARAH - Vai trabalhar, rapaz...

LEONARDO - Mas eu estou trabalhando! Trabalhando
todos os músculos da face para a grande
noite.
SARAH - Hã?
LEONARDO - Quando nós estávamos ensaiando para essa
peça, eu só queria ter Isabelle nos meus
braços e finalmente beijá-la como ela
nunca imaginou ser beijada por ninguém na
vida! Dessa noite não vai passar.
SARAH - Então não sai espalhando isso por aí,
senão a princesinha da virtude vai fugir
correndo na hora.
LEONARDO - É só você não contar e ela não vai nem
pensar em fugir. Aliás, por que fugiria?
Já é hora de Isabelle perceber que eu sou
o homem com quem ela sempre sonhou.
SARAH - Está aí uma coisa que eu vou querer ver
de perto.
SARAH VAI PARA O CAMARIM. SONOPLASTIA: De primeira grandeza.

ESMERALDA SAI DA CASA DE PANTALEÃO E VAI ATÉ SÍLVIO, QUE CONTINUA

SENTADO NA CALÇADA.
ESMERALDA - Posso fazer uma pergunta?

SÍLVIO - Faça.
ESMERALDA - O senhor não enjoa de não fazer nada,
não?
SÍLVIO - [irônico] Não, eu gosto de ficar aqui,
derretendo os miolos nesse sol escaldante
do verão!
ESMERALDA - Clarice mandou este bilhete.
ELA ENTREGA UM PAPEL DOBRADO A SÍLVIO, QUE O LÊ RAPIDAMENTE. TIRA

UMA CANETA DO BOLSO DO PALETÓ E ESCREVE A RESPOSTA NO VERSO. DOBRA
E ENTREGA A ESMERALDA.
ESMERALDA - Volto já com a resposta. Não saia daí.
ESMERALDA VAI VOLTANDO. PANTALEÃO SAI DA CASA E A INTERPELA NO

MEIO DA RUA.
PANTALEÃO - Onde a senhorita está indo?

ESMERALDA - Para casa.
PANTALEÃO - Quero que vá comigo à fábrica agora.
ESMERALDA - Mas...
ELA OLHA PARA TRÁS, BUSCANDO SÍLVIO, QUE NÃO ESTÁ MAIS ALI.
PANTALEÃO - Vamos logo.

ESMERALDA - Antes eu preciso/
PANTALEÃO - O que você está escondendo aí?
ESMERALDA - Nada!
PANTALEÃO - Então abra as mãos.
ESMERALDA - Uh...
ESMERALDA ABRE AS DUAS MÃOS, MOSTRANDO O BILHETE AMASSADO.

PANTALEÃO PEGA O BILHETE, O DESAMASSA E TENTA LER. AFASTA E
APROXIMA VÁRIAS VEZES DE SEU ROSTO, FRANZE A TESTA. FICA EVIDENTE
QUE ELE NÃO CONSEGUE LER.
PANTALEÃO - Pode me explicar o que é isso?

ESMERALDA - Um bilhete... Um bilhete que o Oséias
escreveu pra mim. [pega o bilhete de
volta] O senhor não devia ficar lendo, eu
fico com vergonha...
PANTALEÃO - Pode ficar tranquila, não entendi
absolutamente nada. Ou a letra dele é
muito feia, ou estou a um passo da
cegueira.
ESMERALDA - [lendo e rindo] Eu diria que são as duas
coisas!
PANTALEÃO - Vamos logo, menina!
PANTALEÃO ARRASTA ESMERALDA PARA DENTRO DO CARRO. SONOPLASTIA: Na

dúvida.
CORTA PARA
CENA 20. SOLAR BRONKHART. EXT. DIA
TAKE EM PLANO ABERTO DO PRÉDIO E IMEDIAÇÕES.
CORTA PARA
CENA 21. SOLAR BRONKHART. QUARTO DO CASAL. INT. DIA
LEOPOLDINA ESTÁ SOZINHA NO QUARTO, TIRANDO ALGUMAS PEÇAS DE ROUPA

DE UM ARMÁRIO E COLOCANDO EM UM BAÚ. LEVI ENTRA NO QUARTO E
DEMONSTRA FICAR SURPRESO. ELA NÃO O VÊ ENTRAR.
LEVI - Onde pensa que vai?

LEOPOLDINA - Não te disse? Sua Majestade me convidou
a passar um dia no palácio. Vou, aproveito
para convidar Sérgio para vir morar
conosco.
LEVI - Ah, seu sobrinho...
LEOPOLDINA - Não sei por que você não gosta de
Sérgio. Um menino tão bom!
LEVI - Eu não disse que não gosto. Mas você
fica usando o rapaz como uma desculpa,
querendo que ele seja o que não é. No
caso, nosso filho. Eu mal conheço esse
rapaz, não sei do que ele gosta!
LEOPOLDINA - Está vendo? Mais um motivo para que ele
venha viver aqui. Acredite, meu bem, vocês
vão se adorar. [beijo] E quando eu voltar,
as coisas entre nós vão ficar melhores.
LEVI - É uma pena que você não fique, porque
Pantaleão nos convidou para a festa de
noivado de Clarice.
LEOPOLDINA - Já? Quem é o noivo?
LEVI - Guilherme Rasponi, o primo! Disse que
ele mandou uma companhia teatral para
animar a festa.
LEOPOLDINA - Algo que eu gostaria de ver... Mas tudo
bem, aguardo as surpresas do casamento
dela! Chama dois criados para mim, por
favor?
LEVI - Está bem.
LEVI SAI. LEOPOLDINA FECHA O BAÚ.
CORTA PARA
CENA 22. MILLSHIRE. EXT. DIA/NOITE
VÁRIOS TAKES DA MOVIMENTAÇÃO NA CIDADE. ANOITECE. SONOPLASTIA:

Casa forte.
CORTA PARA
CENA 23. ALBERGUE. EXT. NOITE
ALGUMAS PESSOAS, USANDO ROUPA DE GALA, ESTÃO ENTRANDO NO PRÉDIO.
CORTA PARA
CENA 24. ALBERGUE. SALÃO. INT. NOITE
HORÁCIO E PANTALEÃO CUMPRIMENTAM OS QUE CHEGAM COM ACENOS.
HORÁCIO - [baixinho] Achei que fosse convidar só

os amigos íntimos.
PANTALEÃO - Mas esses são os meus amigos íntimos.
HORÁCIO - Já contei uns duzentos e cinquenta.
PANTALEÃO - O que eu vou fazer se sou tão querido?
[T] E Clarice que não desce...
HORÁCIO - Deixa a menina se preparar com calma, é
o noivado dela!
PANTALEÃO - E isso que o noivo nem está aqui!
Imagina no dia do casamento.
ELES CONTINUAM ACENANDO PARA OS CONVIDADOS QUE VÃO CHEGANDO.
CORTA PARA
CENA 25. ALBERGUE. QUARTO. INT. NOITE
SONOPLASTIA: Love story.

CLARICE ESTÁ PARADA EM FRENTE DO ESPELHO, ANALISANDO SEU REFLEXO
COM AR TRISTE. ESMERALDA PÁRA ATRÁS DELA, TAMBÉM APARECENDO NO
REFLEXO.
ESMERALDA - Pronta?
CLARICE - Não vou ficar pronta nunca.
ESMERALDA - Não vai ser tão ruim assim. Oséias me
disse que vão apresentar uma comédia.
CLARICE - Eles vão anunciar é a tragédia que vai
ser a minha vida depois desse casamento!
Eu vou ficar feliz se morrer igual a minha
mãe.
ESMERALDA - Não fala isso não! Pensa que a qualquer
momento pode acontecer algo pra impedir.
CLARICE - Um de nós morrer?
ESMERALDA - Você ser raptada...
CLARICE - Se Sílvio me raptasse ia ser um sonho...
ESMERALDA - Então vamos descer lindas e risonhas,
esperando pelo melhor! Você vai ser
raptada e eu caso no seu lugar.
ELAS SAEM DO QUARTO.
CENA 26. ALBERGUE. SALÃO. PALCO. COXIA. INT. NOITE

TODOS OS ATORES ESTÃO PRONTOS PARA ENTRAR EM CENA. ARTHUR ESTÁ EM

PÉ, ENCOSTADO A UMA PAREDE E OSÉIAS E PASCOAL AO LADO DELE,
SENTADOS. ALICE SE APROXIMA DELES.
ALICE - Tudo pronto?

ARTHUR - Se vocês estiverem prontos...
ALICE - Estamos.
PASCOAL - Boa sorte, então.
ALICE - Não, mocinho. Não é boa sorte. É 'quebre
a perna'.
PASCOAL - Matamouros já quebrou o braço, já
chega...
ALICE RI E SE JUNTA AOS OUTROS.
CORTA PARA
CENA 27. ALBERGUE. SALÃO. PÚBLICO. INT. NOITE
O SALÃO ESTÁ LOTADO E TODAS AS ATENÇÕES ESTÃO VOLTADAS PARA O

PALCO. OS ASSENTOS DA PRIMEIRA FILA ESTÃO DESOCUPADOS. CLARICE,
ESMERALDA, PANTALEÃO E HORÁCIO OCUPAM ESTES LUGARES. A CORTINA
VINHO, ATÉ ENTÃO FECHADA, SE ABRE LENTAMENTE.
ENQUANTO A PEÇA SE DESENROLA, CLARICE OLHA PARA TRÁS O TEMPO TODO.
PANTALEÃO A CUTUCA.
PANTALEÃO - [baixinho] Presta atenção, minha filha!

CLARICE - [baixinho, para Esmeralda] Será que ele
vem mesmo?
ESMERALDA - [baixinho] Não sei, mas tenta disfarçar
um pouco.
CORTA PARA O PALCO, ONDE A CENA SE DESENROLA. MATAMOUROS, EM PÉ,

CAMINHA DE UM LADO A OUTRO ENQUANTO SIMONE, ISABELLE E SARAH ESTÃO
SENTADAS LADO A LADO, OLHANDO PARA ELE.
MATAMOUROS - Minhas filhas, chegou a hora de decidir

o futuro de vocês. Está chegando a idade
de casar e não há nenhum homem nessa
cidade que não tenha ido para a guerra.
ISABELLE - Eu não quero casar com um forasteiro!
Prefiro virar freira.
SIMONE - Mas se é o único jeito?
ISABELLE - Eu tenho medo deles.
SARAH - Boba! Os forasteiros são iguais aos
homens daqui. Todos uns brutos.
SIMONE - Olha só, falando como se conhecesse
todos eles!
SARAH - Que te importa se eu conheço os
forasteiros?
MATAMOUROS - Fale direito com a sua irmã! Mas que
história é essa de andar no meio dos
homens sem mim?
A CENA CONTINUA, FORA DE ÁUDIO. SONOPLASTIA: Jogo 1.

CORTA DE VOLTA PARA A PLATEIA. CLARICE ESTÁ DESANIMADA, ENQUANTO
OS OUTROS PRESTAM MUITA ATENÇÃO À CENA.
CLARICE - [baixinho] Chato, chato, chato, chato,

chato...
CORTA PARA
CENA 28. ALBERGUE. SALÃO. PLATEIA. INT. NOITE
SONOPLASTIA: música continua.

MINUTOS DEPOIS, OUTRA CENA ACONTECE NO PALCO. CLARICE CONTINUA
ENTEDIADA.
CLARICE - [baixinho, quase dormindo] Sono, sono,

sono, sono, sono, sono... Sílvio, vem me
buscar...
ESMERALDA - [baixinho] Cuidado para o seu pai não
ouvir isso.
CLARICE SE AJEITA NA CADEIRA E ELAS CONTINUAM ASSISTINDO.
CORTA PARA
CENA 29. ALBERGUE. SALÃO. PALCO. COXIA. INT. NOITE
MATAMOUROS E ALICE ENTRAM JUNTOS, MUITO PREOCUPADOS.
MATAMOUROS - Uma das moças da fileira da frente está

com sono. E se for a noiva?
ALICE - Calma, meu querido, estamos só no
começo.
LEONARDO - E eu vou entrar em cena agora.
MATAMOUROS - Você já entrou duas vezes e nenhum
suspiro até agora!
LEONARDO - Mas dessa vez eu vou fazer a minha
melhor cena. Fiquem aí e vejam.
LEONARDO VAI PARA O PALCO.
MATAMOUROS - Enquanto isso, vou fazer um lanche.

ALICE - Estou morrendo de sede!
O CASAL SE AFASTA UM POUCO. ARTHUR, OSÉIAS E PASCOAL CONTINUAM

ASSISTINDO A CENA.
P.V. DE ARTHUR. LEONARDO ABRAÇA ISABELLE.
ISABELLE - [baixinho] Esqueceu o texto?

LEONARDO - O que eu vou fazer com você agora vai
ser inesquecível, meu amor.
CLOSE EM ARTHUR, NERVOSO.

VOLTA A MOSTRAR LEONARDO E ISABELLE. ELE DESLIZA UMA DAS MÃOS PELO
CORPO DA MOÇA E ELA COMEÇA A SE MEXER, INCOMODADA. TIRA A MÃO DELE
DE SUA CINTURA E SE AFASTA UM POUCO.
ISABELLE - [baixinho] A cena não é assim.

LEONARDO - [baixinho] Agora é.
ARTHUR ESTÁ SUANDO, VISIVELMENTE ENCOLERIZADO.
OSÉIAS - Arthur... Tudo bem? [T] Responde!
NO PALCO, LEONARDO VOLTA A PUXAR ISABELLE CONTRA SI COM UM POUCO

DE VIOLÊNCIA E QUASE A BEIJA NA BOCA, MAS ELA DESVIA E O BEIJO
ACERTA O AR.
ARTHUR TOMA UMA MÁSCARA DA MÃO DE PASCOAL, PÕE EM SEU ROSTO, ENTRA
CORRENDO NO PALCO E ARRANCA ISABELLE DOS BRAÇOS DE LEONARDO COM
FORÇA.
LEONARDO - Droga!
REAÇÃO DO PÚBLICO.
[Fim do capitulo]

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1 O Captião Fracasso | Capítulo 9

WEBTV Destino apresenta

CENA 01. ESTRADA. EXT. TARDE

ISABELLE E ARTHUR CAMINHAM DE BRAÇOS DADOS E SORRIDENTES.

AO TERMINAR A FRASE, ISABELLE PERMANECE SEM OLHAR PARA ARTHUR, MAS

ARTHUR - Isabelle, eu aceitei ir com vocês, mas

VÊ-SE, EM SEGUNDO PLANO, SARAH COLOCANDO A CABEÇA PARA FORA DA

CENA 02. CARRO. INT. TARDE

SARAH CONTINUA COM A CABEÇA PARA FORA DO CARRO, OBSERVANDO. SIMONE

SARAH - Ai! O que foi?

ALICE OLHA RAPIDAMENTE PARA FORA. SORRI.

ALICE - Formam um par muito bonitinho.

A CONVERSA CONTINUA, FORA DE ÁUDIO. SONOPLASTIA: King of the dogs.

CENA 03. CASA DE PANTALEÃO. QUARTO DE CLARICE. INT. TARDE

CLARICE ESTÁ DEITADA, MAS ESTÁ DE OLHOS ABERTOS, PENSATIVA E UM

PANTALEÃO - Dormindo, filha?

PANTALEÃO SAI DO QUARTO. ASSIM QUE FICA SOZINHA, CAI NO CHORO.

CENA 04. TURIM. EXT. TARDE

TAKES DA CIDADE, FINALIZANDO COM O HOTEL ONDE DANIELA ESTÁ

CENA 05. HOTEL. SAGUÃO. INT. TARDE

DANIELA E FERNANDO ACABAM DE ENTRAR. ELA ESTÁ INDO PARA A ESCADA E

DANIELA - Espere aí, acabamos de nos conhecer e

ELES TROCAM UM CORDIAL APERTO DE MÃO E DANIELA SOBE A ESCADA,

[1º intervalo comercial]

CENA 06. MILLSHIRE. EXT. TARDE/NOITE

TAKES DA CIDADE, VALORIZANDO O PÔR-DO-SOL. SONOPLASTIA: King of

CENA 07. ALBERGUE. RECEPÇÃO. INT. NOITE

OS COMEDIANTES ENTRAM NO ALBERGUE, TENDO PASCOAL A FRENTE DELES.

CRIADO - Pois não?

O CRIADO SAI. INSTANTES. HORÁCIO ENTRA, VINDO DO RESTAURANTE, E

HORÁCIO - Boa noite, senhores. Sejam bem vindos e

CENA 08. ALBERGUE. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE

OS MESMOS DA CENA ANTERIOR TERMINAM DE SUBIR A ESCADA. HORÁCIO OS

CENA 09. ALBERGUE. QUARTO DE CHIQUITA. INT. NOITE

CHIQUITA - As moças do assalto!

ASSUSTADA, CHIQUITA FECHA A PORTA RAPIDAMENTE. VAI PARA SUA CAMA E

AGUSTIN - Cala a boca, menina!

AGUSTIN - Vamos ver o que esse bolso está

AGUSTIN SE APROXIMA DELA, QUE ESTÁ ACUADA, ENCOSTADA NA PAREDE.

AGUSTIN - Quantas vezes eu vou ter que dizer pra

CENA 10. ALBERGUE. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE

HORÁCIO SAI COM OS COMEDIANTES DE UM QUARTO.

HORÁCIO - Espero que vocês fiquem bem instalados e

ELE PÁRA DE FALAR ASSIM QUE OUVE OS GRITOS DE CHIQUITA.

ELE CORRE ATÉ O QUARTO DA MENINA, TENTA ABRIR A PORTA TRANCADA.

HORÁCIO - Chiquita! Aconteceu alguma coisa? Abre

HORÁCIO CONTINUA BATENDO COM VIOLÊNCIA NA PORTA. OS OUTROS SE

SIMONE - O que houve, quem está aí?

CHIQUITA GRITA OUTRA VEZ.

HORÁCIO - Abre essa porta!

ARTHUR E HORÁCIO COMEÇAM A DAR VÁRIOS CHUTES E SOCOS NA PORTA.

CENA 11. ALBERGUE. QUARTO DE CHIQUITA. INT. NOITE

SONOPLASTIA: música continua.

ISABELLE - Está tudo bem, passou...

HORÁCIO SE APROXIMA DA MENINA E TOCA SUA CABEÇA.

HORÁCIO - Pode falar, eu não vou castigar você.

CHIQUITA NÃO RESPONDE. O COLAR DE PÉROLAS CAI NO CHÃO E HORÁCIO O

HORÁCIO - Que colar é esse?

SARAH SE APROXIMA DA CAMA E TOMA O COLAR DA MÃO DE HORÁCIO.

SARAH - Isso aqui é meu. [T] E essa mocinha nos

HORÁCIO - Isso é verdade, Chiquita?

HORÁCIO - Vamos todos sair daqui.

HORÁCIO - O que está acontecendo? Eu tenho me