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Design Cinematográfico;
A concepção visual do imaginário fantástico
Belo Horizonte
Escola de Belas Artes da UFMG
2005
2
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD : 778.52
3
Agradecimentos
auxílio financeiro
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
orientação
Dr. Luiz Roberto Pinto Nazario
orientação adicional
Profa. Daniela Maria de Paula Martins
Dra. Lúcia Gouvêa Pimentel
Dra. Ana Lúcia Menezes de Andrade
apoio prático
Daniel Pinheiro Lima (animação)
Paulo Roberto Machado (música)
Lincoln de Sales (escultura/modelo/protótipo)
Helder Fernandes (escultura/modelo)
apoio técnico
Marcelo Lacarretta
Patrícia Alexandre
apoio psicológico
Maria Aparecida Fernandes Lopes (minha irmã)
Maria Luiza Trancoso (psicoterapeuta)
Yurika Yoshida (médica)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 07
2 CONCEPÇÃO VISUAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE FORMA E CONTEÚDO 10
2.1 O potencial de manipulação da imagem 15
3 DESIGN CINEMATOGRÁFICO: CONSIDERAÇÕES GERAIS 21
3.1 Potencial dos principais elementos do filme que pode ser explorado visualmente 25
QUANTO AOS CRÉDITOS INICIAIS E FINAIS
3.1.2 Design de Créditos (title design) 28
3.1.2.1 Exploração plástica de elementos gráficos 31
QUANTO AO CORPO DO FILME CRIAÇÃO E CONFECÇÃO
4 DESIGN DOS ELEMENTOS REFERENTES AO CORPO DO FILME 38
4.1 Desenho de Conceito ou de concepção (concept design) 40
4.1.2 Storyboard 44
4.1.3 Design de personagens (character design) 48
4.1.4 Design de figurinos (costume design) 54
4.1.4.1 Maquiagem (make-up) 62
4.1.5 Design de cenários (set design) 64
4.1.5.1 Ambiente (environment): cenário + atmosfera 65
4.1.5.2 Estrutura dos sets 73
4.1.6 Design de objetos de cena (prop design) 76
4.1.6.1 Design de veículos e mecanismos (vehicle and mechanical design) 77
4.1.6.2 Arte Gráfica de cena (graphics) 81
5 Modelos, esculturas e maquetes (models, sculpt and maquettes) 83
5.1 Protótipos e miniaturas 84
QUANTO À DIREÇÃO
6 Design de Produção ou projeto de produção (production design) 87
6.1 Direção de Arte (art direction) 92
7 Fases da produção 95
8 Estilo expressionista e design fantástico 96
PARTE PRÁTICA
9 Experimentações na produção da “Trilogia do caos” 104
9.1 O livro como objeto de cena (exercício simulado) 105
9.2 Composição de cenários e elementos de cena 108
10 CONCLUSÃO 113
BIBLIOGRAFIA 115
FILMOGRAFIA 118
5
Resumo
Abstract
1
Introdução
objetos de cena, figurino etc, são “ready made”, isto é, pré-existem à produção;
uma atmosfera apropriada à história e aos personagens do filme. Nem por isso
1
Veja a dissertação do curso de Mestrado em Artes Visuais/UFMG: “O design do filme”, de Cláudia
Stancioli Costa Couto, 2004, que trata da aplicação do conceito de design e tecnologia ao cinema.
8
resultados.
Para aqueles que não são desenhistas, mas que, de uma forma ou de
de consulta.
por Luiz Nazario. O tema abordado é a concepção visual para filmes e não a
cinematográfico.3
2
Algumas das amostras acima citadas estão disponíveis na seção bônus, da versão digital PDF, contida
nos CDs que acompanham a versão impressa desta dissertação.
3
Cf. Dissertações do curso de Mestrado em Artes Visuais/UFMG: “Tudo começa no olhar”, de Cláudia
Terezinha Teixeira e “A imagem cinematográfica como objeto colecionável: o colecionador na era
digital”, de Soraia Nunes Nogueira.
10
2
Concepção visual:
considerações sobre forma e conteúdo
Como transformar em imagem visível algo que habita o mundo das idéias,
da imaginação? Que meios podem ser utilizados para simular um mundo que já
Podemos dar, como um exemplo disso, algo bem próximo de nós: a cadeira. O
4
Cf. MARTIN, 1990, p.21
5
<Design>, s. m. (termo inglês) Desenho industrial; criação de um projeto, programação visual. BUENO,
1996, p.202.
11
viabilidade de produção etc. De forma que, após ter sido fabricada, a cadeira
estéticos e funcionais. Ela tem que ser fisicamente possível de ser construída,
de aspecto rígido e tortuoso pode vir a ser uma excelente alternativa. Nos
filmes, uma cadeira pode passar a ter significações e utilizações bem diversas
la nas costas de alguém; para compor com ela a coreografia de uma dança;
em filmes policiais ou até mesmo de terror, não são estofadas assim como
filme, bem como com a finalidade da narrativa; caso contrário, ele irá destoar
feitas pela história ou pelo roteiro, definindo em quais circunstâncias será mais
Para o filme X-MEN (Brian Singer, 2000) foram projetados dois modelos
Xavier fica sentado durante quase toda a história e cujo encosto sofreu
a fim de não ocultar a cabeça do personagem nos casos em que ele aparece
de costas. A outra, em acrílico, para a cena da visita que o Prof. Xavier faz a
Magneto em sua prisão de plástico onde não podia haver metal de espécie
ternos e colete eram bem mais longos do que o normal para não terem a
6
Cf. Informações extras (making of) X-MEN 1.5, X-treme edition do filme original, 2 DVDs.
13
sua espinha dorsal. Por isso a cadeira de rodas de Jason possui um aspecto
depende da cadeira não só para ser transportado, mas para ser mantido vivo e
o perfil dos personagens pode ser observada na cena em que Prof. Xavier e
utilização desse recurso pode ser facilmente percebida num filme como Maus
7
Cf. DVD X-MEN 2, edição especial, 2 DVDs.
14
superiora tem a parede de sua sala coberta por fotos de mulheres “pecadoras”,
8
Observação feita com base na disciplina do curso de Mestrado em Artes Visuais/UFMG “A narrativa
cinematográfica na obra de Billy Wilder”, ministrada pela Profª. Drª. Ana Lúcia Andrade em outubro de
2004.
15
objetivo10. Quanto ao desenho animado, não há nada mais ficcional que criar
de caráter subjetivo.
filme.
questão de ponto de vista. Sob este aspecto, o cinema é mais uma forma de
realidade. Por mais que a imagem comprove que havia algo em frente à
9
Texto produzido a partir da disciplina do curso de Mestrado em Artes Visuais/UFMG “O cinema de
animação e o documentário na experiência do National Film Board do Canadá” ministrada pelo Prof. Dr.
Heitor Capuzzo Filho, em setembro de 2004.
10
Cf. TADDEI, Leitura estrutural do filme, 1981, p. 16-25
16
conteúdo.
olhar do autor. A imagem da “realidade” pode ser forjada, sem por isso estar
pode-se pedir a um deles que “finja” estar pescando e depois filmá-lo já com
uma faceta da vida dos esquimós com possibilidades de leitura poética, não foi
por trás da montagem). O mesmo episódio da vida dos esquimós poderia ser
17
reproduzido seria uma faceta da vida dos esquimós e não da vida (retrato fiel)
num ponto em que, através de gráficos, setas e mapas, sintetiza a idéia das
repor rapidamente seu pelotão de guerra em curtas distâncias e por terra. Esse
forças do Eixo.
11
<Ilustrativo>: esclarecedor, elucidativo; Ilustração: ato ou efeito de ilustrar (explicar); conjunto de
conhecimentos; saber [...]. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Obs.: Ainda há casos de
discrepância entre ilustração didática e literária. A estética da ilustração literária e a linguagem da
ilustração didática se aproximam muito do cinema de animação tanto clássico como experimental.
Questões mercadológicas editoriais restringem o uso do termo quando para fins de análise estética e
conceitual.
12
Conforme animação exibida e comentada por CAPUZZO. Cf. nota 6.
18
objetiva/subjetiva, referencial/ficcional.
negativa. Do ponto de vista da produção, é possível fazer com que algo terrível
13
Observação baseada na palestra “Documentário: subjetividade versus objetividade” ofertada pela pós-
graduação do departamento de comunicação social da FAFICH/UFMG, ministrada pelo Prof. Dr. José
Francisco Serafim, da faculdade de comunicação da UFBA, no dia 05 de abril de 2004.
19
vitória seria mais fácil do que se imaginava. Era necessário deter Hitler e
14
Cartoon Scandals, banned from TV: A study of violence, racism, sex, and war in cartoons. Compiled
by Sandy Oliveri, 1987.
15
Superman:´Eleventh Hour´ (1942, Dan Gordon)
20
preconceituosos, inconseqüentes.
Saber fazer uma leitura crítica (e não ingênua) e saber ensinar a ler o
único responsável pelo sucesso do filme, pois por estar a serviço da linguagem
elementos, em movimento.
16
´Tokio Jokio´ (1943, Norm McCable)
17
´Scrub me Mama with a Boogie Beat´ (1941, Walter Lantz); All This and Rabbit Stew (1941, Tex
Avery).
18
ECO, Sobre os espelhos e outros ensaios, 1989.
21
3
Design Cinematográfico: considerações gerais
Para filmes de longa-metragem / ficção
um complemento que defina seu objetivo final. Cada tipo de design, seja ele
que atuam. Sendo assim da mesma forma que temos no design industrial o
19
Desenho Industrial - [1] <design> Ciência e arte que abrange o projeto e o desenvolvimento de
embalagens com ênfase nas suas características estéticas, práticas, funcionais etc., incluindo a escolha dos
materiais e meios de produção. [2] <industrial design>Atividade técnica ou artística que se ocupa da
concepção da forma de objetos tridimensionais (desenho de produto) e bidimensionais (programação
visual) com vistas na produção industrial. ROSSI FILHO, 2001.
22
através de imagens.
plásticas (grafite, lápis, aquarela, pintura a óleo, pintura digital, acrílica, etc).
de arte, desenhista de conceito etc., onde cada qual exerce uma função
20
<DESIGN> -" verb" to invent and prepare a plan of (something) before it is built or made: A famous
architect designed this building (projetar) -" noun"; 1 a sketch or plan produced before something is
made: a design for a dress. (desenho); 2 style; the way in which something has been made or put together.
It is very modern in design, I don't like the design of that building (design); 3 a pattern etc. the curtains
have a flower design on them. (padrão); 4 a plan formed in the mind (an) intention: our holidays
coincided by design and not by accident (propósito). PASSWORD K Dictionaries, 2001.
23
exercido uma pequena etapa dessa função. Exemplo disso são uns dos
esboços realizados por diretores como Alfred Hitchcock e Tim Burton para
desenhistas de conceito, para a pré produção dos filmes Um corpo que cai e O
21
Hitchcock Tim Burton22
21
Cf. ETTEDGUI, Production design & art direction, 1999, p. 14.
22
Cf. TOMPSON, Tim Burton’s Nightmare before Christmas: the film, the art, the vision, 1994, p. 18.
23
FELLINI, Federico; PETTIGREW, Damien. Eu sou um grande mentiroso, 1995.
24
desenhista profissional.
cenas. Ainda que tudo seja animado, editado e os efeitos aplicados por outro
concebidos para compor o seu visual é que exigem especial atenção durante o
24
Alguns filmes optam por ter seus créditos exibidos apenas no final.
26
do personagem.
3.1.2
Design de Créditos
(title design)
Em seu livro Seis passeios pelos bosques da ficção, Umberto Eco diz ser
a norma básica para lidar com uma obra de ficção o fato de que o leitor precisa
espectador sinta essa transição. O trecho dos créditos de certa forma ainda é
feito por um grupo de pessoas. Nos créditos finais, não raro as pessoas se
retorno à realidade ocorre de forma abrupta por parte de alguns, mas há quem
ouvindo a trilha sonora que acompanha os créditos até o seu final. Não se trata
qual exerce uma função específica, podendo ou não ser eficaz. Quando o filme
25
COLERIDGE citado por ECO, Seis passeios pelos bosques da ficção, 1994, p.81.
29
incômoda.
original “LOLA RENNT” é formado pela multidão que aparece no início em live-
26
“Festa de família segue os conceitos do Dogma 95, uma proposta dinamarquesa de abolir tudo o que é
artificial dentro do cinema.” Fonte: Informações na contra capa do DVD.
30
[cdM – DesignCreditos/corralolaMT.mpg]
seqüência.
de que a equipe médica, que será miniaturizada juntamente com sua nave, e
31
inserida no corpo do paciente, tem pouco tempo para sanar o problema antes
[cdM – DesignCreditos/ViagemFantasticaMainTitle.mpg]
figura e letra. Para citar algumas de suas seqüências de abertura nas quais as
de caráter pessoal, destacamos suas aberturas dos filmes Um Corpo que Cai
plástico Kyle Cooper para Seven: os sete crimes capitais (David Fincher, 1995)
com o de Saul Bass para Intriga Internacional (Hitchcock, 1959), notamos uma
32
[cdM – DesignCreditos/intrigaInterMT.mpg]
letra com o mesmo registro visual obtido pelo desenho. Desta maneira há uma
nos sete pecados capitais (gula, inveja, luxúria, avareza, vaidade, preguiça, ira).
que o mantém incógnito. A intenção do diretor David Fincher era fazer com que
[cdM – DesignCreditos/se7enMT.mpg ]
[cdI:images/seven/MainEndTitle]
27
http://www.filmmakermagazine.com/fall1997/kylecooper.html.
28
Cf. Main/End titles designed and executed by Kyle Kooper [cdI:images/MainEndTitle/seven132.jpg]
34
[cdM – DesignCreditos/delicatessenMT.mpg ]
após uma pequena introdução narrada por um locutor, nos créditos de abertura
conexão com alguns dos créditos cujas fontes mantêm seu caráter tipográfico.
os personagens.
[cdM – DesignCreditos/amelieMT.mpg]
Beatles. O clima onírico e tendência pacifista são estabelecidos por essa fusão
[cdM – DesignCreditos/SubAmareloMT.mpg]
29
Cf. Informações extras do DVD Monstros S.A.., edição especial de colecionador, 2 DVDs.
36
tipográficos.
37
4
Design dos elementos referentes ao Corpo do filme
poderá ser animado via computação gráfica (CGI)30, como por exemplo,
30
“CGI – (computer-generated imagery): The digital enhancement or manipulation of a film image”; CGI
– (imagem gerada por computador): imagem (fílmica) 2D ou 3D criada, realçada ou manipulada
digitalmente. ETTEDGUI, Production design & art direction, 1999, p.204. Tradução do original em
inglês com acréscimos explicativos: Cláudia Jussan.
39
pintura a mão31.
3D digital fora utilizado para gerar um dirigível gigantesco que por estar
31
Cf. MIYAZAKI, The art of Miyazaki’s Spirited Away, 2002, .P. 182-191.
40
4.1
Desenho de Conceito ou de concepção
(concept design)
possibilita uma visualização mais detalhada dos atributos tanto gráficos quanto
plano geral. Pode servir de referência para se fazer o desenho da planta baixa
elementos de cena.
Planta baixa (floor plan): é um desenho que representa o set visto diretamente
anéis, segundo aquele que a desenhou, John Howe34, não passou de uma
32
RODRIGUES, O Cinema e a Produção, 2002, p. 71.
33
HAMBURGUER, Castelo Rá-Tim-Bum: o livro, 2000, p. 82.
34
RUSSELL, The Art of “The Fellowship of the Ring”, 2002, p.20.
42
gravação.
vê-se o navio por inteiro, apenas parte de sua proa. Mesmo assim a sensação
ponta do navio. Eles, em primeiro plano e de costas para a câmera, olham para
frente e para o alto avistando apenas um trecho vertical da proa vindo em sua
lida constantemente com informações que definirão aquilo que será produzido.
conceito.
44
4.1.2 Storyboard
em mente que tudo o que é escrito num roteiro deve possuir o atributo de se
tornar audível e visível, inclusive elementos subjetivos tais como pensar, sentir,
querer. Sob este aspecto, é ideal que haja uma forma de pré-visualização
storyboard38.
36
Comentário do diretor e roteirista Jorge furtado, em entrevista ao programa Agenda da Rede Minas de
Televisão, que foi ao ar no dia 25 de junho de 2005 às 19:13 horas.
37
TOMPSON, Tim Burton’s Nightmare before Christmas: the film, the art, the vision, 1994.
38
Nem sempre o storyboard tem início a partir do roteiro. No caso do longa-metragem de animação O
estranho mundo de Jack, produzido por Tim Burton, por exemplo, a concepção do filme deu-se a partir de
antigos desenhos que Burton havia feito para a Disney e que, embora não tivessem sido aprovados, foram
conservados pelo Estúdio; e também a partir das canções feitas por Danny Elfman para o filme, tendo
sido o roteiro escrito paralelamente à confecção do storyboard.
Cf. TOMPSON, Tim Burton’s Nightmare before Christmas: the film, the art, the vision, 1994., p.93.
45
preliminares, pranchas e planta baixa. O ideal é que cada plano principal seja
câmera, diálogos, efeitos e, até mesmo, duração das cenas são anotadas
atores, dublês etc. nos filmes live-action. Portanto, quanto mais informação
experimentações podem ser feitas e erros podem ser cometidos sem aumentar
completo e nas paredes do estúdio, e repassá-lo com toda a equipe para que
seqüência a ser trabalhada para que a equipe possa consultá-la quando for
tempo gasto para a construção dos cenários podem ser previstos nessa fase.
storyboard.
em sua concepção visual. Mas seria muito mais complicado realizar uma
4.1.3
Design de personagens
(character design):
onde cada qual deverá possuir um conjunto de atributos físicos que combinem
tudo.
39
CULHANE, Animation: from script to screen, 1988.
40
CULHANE, Animation: from script to screen, 1988.
49
outros personagens fictícios como, por exemplo, o bebê gigante. Toda a equipe
barbatana menor que a outra. Ele é sobrevivente de uma tragédia que matou
sua mãe, Coral, e deixou seu pai, Marlin, traumatizado. Sendo Nemo
lida com a questão de sua “aparente deficiência” de maneira sensível sem ser
tem olhos bem abertos, cores fortes e flexibilidade corporal o que lhe
protagonista seja um peixe, suas atitudes têm como referência uma criança no
Nemo não têm de lutar contra um “ser maligno” individual, mas superar o
idealizado por Chris Sanders, possui uma personalidade ambígua que quebra o
destrutivo. Mas ao fugir de seu planeta e cair na terra, finge ser um “cachorro”
ao esconder suas antenas e dois de seus quatro braços. Tudo para ir morar
com a garotinha havaiana chamada Lilo e evitar ser pego pelos seus
criado , tem garras e presas, mas ao mesmo tempo é gordinho, que sugere um
[cdI: imagens/Lilo&Stitch/]
apresentação das trigêmeas. Tanto que ele chega a apresentar a forma de uma
dos personagens.
japonesa voltada mais para as forças da natureza que para a alta tecnologia.
equipe até se tornar homem velho com seis longos e versáteis braços
aspecto austero pela forma como lida com os Susuwatari – criaturinhas lúdicas
[cdC: CONCEPÇÕES/z_adicionais/Giger]
54
(animais de cavalgadura).
4.1.4
Design de figurinos
(costume design):
seus desenhos nas ilustrações que Alan Lee havia feito para os livros de
figurino combina com a atmosfera soturna de uma população que vive na beira
figurino, mesmo sendo infantil, por ser vermelho, se destaca de forma agressiva
em relação às roupas opacas dos garotos que, por sua vez, vestem ternos,
[cdI: imagens/LadraodeSonhos]
43
ISER, The fictive and the imaginary: charting literary antropology, 1993, p. 72,73.
57
live-action se torna um desafio quando a intenção é fazer com que haja uma
lógica quase pragmática44 dentro de uma trama fictícia que pede para ser lida
exageradas. Se fosse usado por um ator, num filme que não pretende ser
esforço por parte dos atores para que seus gestos parecessem naturais.45 Os
pessoais de cada um. Alguns por usarem próteses, como o Noturno que possui
mãos com três dedos, pés com dois, e uma calda preênsil, receberam atenção
especial. Como ele nasceu na Bavária, foi criado por uma rainha cigana e
trabalhava num circo em Munique até ser encontrado pelos X-men, suas
[cdC: CONCEPÇÕES/Xmen2/X_images]
estatura do ator Tobey Maguire e dos dublês. Mais tarde esses elementos
malha elástica, com apenas dois fechos, vestida sobre enchimentos simulando
expelido por um dispositivo acoplado aos seus pulsos, seu corpo produziria
59
naturalmente a teia que sairia por uma abertura nas glândulas localizadas em
março-abril de 2001, o diretor Sam Raimi explica que ter um garoto na escola
secundária, que seja capaz de inventar um produto adesivo que nem mesmo a
um jovem com poderes proporcionais aos de uma aranha. Por isso ele optou
picou. Porém o roteiro não esclarece como foi que esse mesmo garoto
um visual excêntrico de dia das bruxas, com roupas na cor roxa e verde. A
Duende é bem aceito enquanto desenho, mas enquanto uma pessoa real
arte ter feito testes com próteses de silicone, o que permitiria ao ator explorar
visto colocando uma máscara de borracha, seria complicado justificar que ele
O ator Willem Dafoe teve de representar o Duende Verde com uma máscara
que expunha em alguns momentos apenas seus olhos e boca. O intuito era
[cdC: CONCEPÇÕES/HomemAranha]
assim, no início do filme ela aparece disfarçada vestida como um dos soldados
46
VAZ, Behind the mask of Spider-Man: the secrets of the movie, 2002.
47
Em certos casos, os produtores interferem nas decisões do diretor visando bilheteria, ou questões
externas ao filme. Cf. HITCHCOCK; TRUFFAUT, Entrevistas, 1989; BERNARDET, O autor no
cinema: a política dos autores, 1994.
48
Star Wars - Odisséia no espaço em seis episódios: I Ameaça Fantasma (1999); II Ataque dos Clones
(2002); III A Vingança dos Siths (2005); IV Uma Nova Esperança (1977); V O Império Contra-ataca
(1980); VI O Retorno de Jedi (1983).
61
de sua escolta. Sua criada sofre o atentado em seu lugar usando a pomposa
[cdI:imagens/StarWars/AtaquedosClones5.jpg a AtaquedosClones9b.jpg]
perante a atual rainha com o mesmo “disfarce” exuberante com o qual fugira. O
desenho de conceito previa uma versão mais camuflada que não foi utilizada.
[cdI:imagens/StarWars/AtaquedosClones024.jpg a AtaquedosClones046.jpg]
pela criatura Nexu e parece que sua roupa foi estrategicamente rasgada para
bem executados, sua combinação e aplicação eclética é que abre margem para
universo de Star Wars pelo seu imenso público fiel. Mas ao analisarmos o
[cdI:imagens/StarWars/AtaquedosClones000.jpg a AtaquedosClones020.jpg]
62
necessário decidir a maneira pela qual tais adereços serão aplicados de modo
durar mais de oito horas antes de cada gravação, a opção por pintar
contato não raro significa sacrifício por parte dos profissionais envolvidos. Para
[cdC: CONCEPÇÕES/Xmen2/X_images/x-men-2-20.jpg]
ainda podem significar tormenta, mas o sacrifício feito pelos atores é em prol de
63
uma excelente causa. Se hoje tais dificuldades ainda existem, no passado elas
eram piores. Boris Karloff enfrentou com grande abnegação horas e horas de
embalsamado foi obtido pelo maquiador Jack Pierce através de várias camadas
de um preparo feito com cola a base de álcool (que é mais tóxico) e algodão
egípcio, que é mais fino. Boris precisava ficar imóvel até que cada uma das
acabamento era feito com tinta criando a textura desejada. O curioso é que o
nos intervalos das gravações. Ao que parece, não foi previsto quais seriam as
inteiro (ou meio corpo) enquanto caracterizado com ataduras49. Talvez não
fosse necessário envolvê-lo de corpo inteiro por tanto tempo. Mas a despeito do
49
A imagem na referência [cdI:imagens/A múmia/making of/TheMummy059.jpg] em que a múmia
aparece contracenando com o arqueólogo é uma foto para o making of.
50
Informações extras contidas no bônus do DVD Karloff, The Mummy (A Múmia), Classic Monster
Collection.
64
4.1.5
Design de cenários
(set design)
(Lars von Trier, 2002) pode aparentar ser desprovido de cenário, pelo menos
no sentido tradicional, uma vez que o ambiente não apresenta paredes reais.
65
mudança das estações do ano, são utilizados elementos tais como a neve
[cdI:imagens/Dogville/dogville047.jpg e dogville051.jpg]
Um filme que ilustra bem esta questão é A Cela (Tarsem Singh, 2000).
Em O Homen Que Não Estava Lá (Joel Coen e Ethan Coen, 2001) cuja
apenas por uma cadeira, uma mesa e um feixe de luz proveniente de uma
[cdI: imagens/TheManWhoWasntThere]
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (2001), onde cada qual apresenta uma
filme Procurando Nemo (Andrew Stanton, 2003), feitos com pastel oleoso,
[cdC: CONCEPÇÕES/NEMO]
51
STEPHENSON; DEBRIX, O cinema como arte, p. 164, 166.
52
Idem, Ibidem, p. 156.
68
para o filme 3D digital Os Incríveis (Brad Bird, 2005) são formas recortadas e
escolhida.
precisão qual palheta de cor será aplicada digitalmente pela equipe de pós-
produção e qual seria a aparência ideal das miniaturas ao serem inseridas nos
com o comentário feito pelo diretor, foi através dessas pinturas de Jeremy
Bennet e Paul Lasaine que ele pode pré visualizar as possibilidades e efetivar a
53
AUMONT, O olho interminável, 2004, p. 173-176.
69
tela demoníaca, Aumont cita o Fausto (Friedrich Murnau, 1926) por suas
cenográfico:
palavras que farão Mefisto surgir com assustadores olhos brilhando no escuro.
telhados vertiginosos, para onde se abre a janela de seu quarto. Em meio aos
telhados que são como uma brecha, surge Mefisto com a intenção malévola se
enfeitiçar Gretchen com um colar que a fará sentir o poder do demônio. Fausto
inebriado pelo desejo de possuí-la, nada faz para impedir Mefisto, pelo
contrário, aparece e tenta forçar sua janela no que Gretchen tenta impedi-lo ao
sua arquitetura ingênua e indefesa por ser a mais alva e iluminada da cena
70
onde aparece. As demais casas são escuras, o que aumenta ainda mais o
espessa e vasta se torna cenário de tal banimento e castigo, que trará em meio
à desolação mais uma trágica acusação – a de ter matado o próprio filho, que
perece de frio. Nessa cena, o que faz a mãe deitar seu filho em meio à neve é
estar embalando a criança num berço, cuja imagem é obtida por meio do efeito
de trucagem.
necessário, mas que também não caem no indevido. Assim, conclui-se que
descrição do sobrenatural.
direção de arte, Dante Ferreti aprendeu com o diretor a utilizar pinturas como
Dürer54.
54
ETTEDGUI, Production design & art direction, 1999, p. 50.
55
Cf. NAZARIO,. Todos os corpos de Pasolini, 2005.
72
(Alfred Hitchcock, 1963)57, são pintura matte. Em Batman (Tim Burton, 1989)
[cdC: CONCEPÇÕES/Batman/GothanCityA.jpg]
isso exige que as pinturas sejam imensas, como as chamadas cyclorama58, que
figuras de fundo.
seja ao ar livre. Neste caso, além dos desenhos contendo informações relativas
58
Cf. [cdC: CONCEPÇÕES/z_adicionais/cyclorama] background para o filme Leon (aka The
Professional, Luc Besson, 1994). ETTEDGUI, Production design & art direction, p. 183.
74
réplicas de locações, feitos para explodir, pegar fogo etc, e levam em conta os
invasão da casa branca pelo mutante Noturno, o qual salta de um lado para o
[cdC:CONCEPÇÕES/Xmen2/designdeprodução/xmen207.jpg a xmen264.jpg]
protagonistas lutam contra o capanga dos vilões, é uma réplica da locação que,
se alugada para as filmagens sairia mais caro que construir o cenário. O uso de
75
construídos ao invés de cenários reais nos quais não se tem controle sobre as
para dar lugar a outro por questões de economia. Os objetos de cena e peças
para isso, para serem reaproveitados por figurantes quando necessário, ou até
4.1.6
Design de objetos de cena
(prop design)
sem chamar as atenções para si. Atenções que não devem ser desviadas por
narrativa, ele pode ser concebido como objeto de cena. Por exemplo, no filme
importante objeto de cena essencial à trama. Ele não é um chapéu nem comum
ainda nessa categoria as artes gráficas de cena, assim como os mais diversos
veículos e mecanismos.
77
4.1.6.1
Design de veículos e mecanismos
(vehicle and mechanical design)
sua vez, podem ramificar-se ainda mais. É o que ocorre com o design de
funcionavam59).
conceito que trabalhou no Episódio II, comenta que alguns dos desenhistas já
vinham com experiência em desenho industrial que não trata de fantasia mas
de criar coisas funcionais. Mas tanto para o design industrial quanto para o
59
NAZARIO, “As viagens imaginárias”, 2005, p. 253.
78
Detroit, brinca ao dizer que trabalhar com design cinematográfico foi para ele
supervisores de criação, Doug Chiang, “antes de ele ser descartado, ele seria
diretor George Lucas, achou que havia droids em excesso e descartou esse,
mas depois foi criada uma porção de novos robôs para a batalha final. Mas o
Annihilator Droid nunca foi trazido de volta”. Foi quando Lucas estava editando
o material na fase dos animatics que ele se deu conta de que o desenho de
batalha.60
60
VAZ, The Art of Star Wars Episode II: Attack of the Clones, 2002, p. 18, 19;.108.
79
pneus. Eles se locomovem até mesmo na vertical subindo pelos prédios e não
tons azul-acinzentados.
digital. À versão digital foram adicionadas abas que se abriam revelando três
metralhadoras em cada asa. Aos modelos físicos não foi possível adicionar
todos as armas simultaneamente; por isso foi fabricado um modelo para cada
lâminas, e outro, que se transforma num mini canhão laser. Essas abóboras
projetado para lança-las para o alto de modo que o ator no papel de Duende
dificuldade para visualizar esses objetos sendo lançados para cima conseguiu
realizar tal façanha orientando-se pelo barulho que cada bomba fazia ao ser
espécie de granada.
61
Na série clássica de TV Jornada nas estrelas, criada por Gene Rodenberry, o personagem Capitão Kirk,
utilizava um aparelho de telecomunicação, semelhante aos atuais aparelhos celulares, para contatar a
espaçonave U.S.S. Enterprise, muito antes da existência popular dessa tecnologia. Já nas várias versões de
A nova geração da mesma série, os tripulantes utilizam o emblema da Enterprise em seus uniformes para
se tele-comunicar.
81
1956)62.
4.1.6.2
Arte Gráfica de cena
(graphics)
62
NAZARIO, As sombras móveis, p. 207-278.
82
“tempo real”, sendo substituídas por novas a cada momento: a denúncia de que
o Capitão John Anderton está foragido pode ser assim lida por um passageiro
Também no mapa do maroto que Harry utiliza para observar a localização das
63
NEGROPONTE, A vida digital, 1995.
83
o Pompeu Super Tower Center aparece, tanto em uma das cartas de tarô de
Losângela, como no folder que ele e seu secretário mostram aos porteiros do
castelo.
5
Modelos, esculturas e maquetes (models, sculpt and maquettes)
útil tanto para dar noção espacial quanto na fabricação de formas para
forma:
Laurentiis, “o cinema é uma indústria única, porque nas demais indústrias você
64
“Once we were happy with the way the digital model moved, a relaxed expression was output in
physical form by using a laser-gel printer. This model was then cast in clay and detailed using traditional
sculpting tools. The result was then scanned back into the computer and applied to the digital model to
create final surface contours seen in the movie.” RUSSELL, The Art of “The Two Towers”, 2003, p.183.
85
65
Citado por Luiz Nazario no seminário A cidade imaginária - Visões das cidades no cinema, na Escola
de Belas Artes, UFMG, 2002.
86
Quanto à direção
87
6
Design de Produção
ou projeto de produção (production design)
geral. Tem por objetivo definir o aspecto do filme como um todo levando em
do trabalho.
88
modelos e maquetes;
ou conceitual;
66
www.prospects.ac.uk/links/occupations.
89
estúdio:
67
A despeito dos créditos, o principal responsável pelo desenho de produção e pela direção de arte foi
Perry Ferguson. Cf. CARRINGER, Cidadão Kane: Making of, 1997, p. 68-75.
68
Gregg Toland foi o diretor de fotografia de “Cidadão Kane”.
69
CARRINGER, Cidadão Kane: Making of, 1997, p. 73
90
foi usado em filmes mais antigos continua a ter relevância nesses tipos de
produção, Grant Major e sua equipe (O Senhor dos Anéis), com base nos
arte.
70
“So we take their drawigns and we figured out how we´re going to built them – be it a castle or a ravine
or a cave or a cavern – and, in conjunction with Alan and Jonh and Richard Taylor and Peter Jackson, we
sit down and really figure out how it´s going to fit in with the sets that have to be built for the actors to
walk in – like, for example, Rivendell or Helm´s Deep. Then Grant Major is envolved, because some of the
miniatures have to be drawn or drafted to match the sets that have to be built. (…)We´re governed by the
ceiling in the studio, wich is twenty two feet approximately, so if it´s a tall tower on top of a tall rock, we
think, ‘Well, how much tower and how much rock do we have to see to match in with the environment?’
And if they´re going to be shooting some real mountais and rocks (because the drawins are often based on a
location as well – lucky Alan and John got to go to all the locations, wich, sadly, we didn´t), we would see
the photographs of some of them, and then we´d see the sketches based on those photographs. Then we see
all those elements together – location photos, the storyboards, the drawins – and then we have input from
Peter, who says what the actions are that are probably going to be taking place, or what he feels the
building may have to do, especially if it´s going to be destroyed or someone´s going to come bursting out
of a wall.” Comentário da responsável pelo departamento de miniaturas, Mary Maclachlan. Cf. RUSSELL,
The Art of “The Two Towers”, 2003, p. 10.Tradução da autora.
92
6.1
Direção de Arte
(art direction)
71
Cf. http://www.roteirodecinema.com.br/index.htm, ativo em 3 de novembro de 2005.
93
diretor, por sua vez, precisa fazer uso constante do bom senso ao analisar as
72
Cf. STEPHENSON; DEBRIX, O cinema como arte, 1969, p. 25.
94
todo.
objetos. Esse processo pode ser utilizado em maior ou menor grau dependendo
7 Fases da produção:
narrativa fílmica. Isso varia de produção para produção, mas de um modo geral,
Planta baixa
Storyboard
Desenho de conceito
73
“Geralmente, um roteiro contém apenas um mínimo de informação a respeito das cenas – duração,
lugar, contexto sócio-econômico e alguns detalhes sobre os personagens. O verdadeiro trabalho de
descrição física é executado por especialistas nos vários departamentos do estúdio”. CARRINGER,
Cidadão Kane: Making of, 1997, p.67.
96
8
Estilo expressionista e design fantástico
Segundo Edschmid:
74
Edschmid, Sobre o Expressionismo na Literatura e a Poesia Moderna, 1919 citado por EISNER, A tela
demoníaca, 1985, p. 19.
97
poética, que fala aos sentimentos por meio do exagero. O bizarro é muitas
desenhos do tempo das cavernas. Criar esse ambiente excêntrico fez com que
75
EISNER, A tela demoníaca, 1985, p. 19; 26.
76
EISNER, A tela demoníaca, 1985, p. 19.
98
Sobre a casa na árvore, o diretor Henry Selick sugeriu que ela tivesse um
ponto tal que parecia impossível de ser construída. No entanto ela foi
sem maiores distorções dos elementos de cena. Sem deixar de lado a temática
solitárias.
77
TOMPSON, Tim Burton’s Nightmare before Christmas: the film, the art, the vision, 1994.
78
[cdC: CONCEPÇÕES/z_adicionais/Caspar David Friedrich]
99
[cdI: imagens/Aelita]
do universo infantil;
fetiche a ponto de ser resgatada de uma loja topa-tudo onde foi parar depois de
Seu visual rebuscado que possui um suntuoso disco giratório na parte traseira,
entoa uma triste melodia. Por ser de ferro dotado de serrilhas, seu aspecto é
belos e sensíveis cenários podem não ser uma reprodução fiel, mas sem
universo entrópico;
[cdI: imagens/Krull]
Castelo Rá Tim Bum, o filme (Cao Hamburguer, 1999), uma adaptação da série
TV. Para o cinema, o diretor optou por uma completa reformulação, com uma
tratamento especial nos adornos das colunas, corrimão e escadaria. O piso foi
naturais, fazem jus aos seus habitantes, os bondosos e cultos feiticeiros Vítor e
79
Ampla em relação á realidade das produções brasileiras.
102
de leões com rosto humano, foram executados por Andrés Sandoval sob a
aquarela por Silvio Galvão. A capa desses livros possui um rosto manipulado
por radio controle para as cenas em ele conversa com os personagens. O filme
também conta com a participação das marionetes, que são caricaturas dos
curioso detalhe define o conceito por trás do penteado das feiticeiras. Quando
elas perdem seu poder o cabelo fica rebaixado, comum. O penteado espetado
para cima simboliza sua força. É o que acontece com a vilã Losângela,
interpretada pela atriz Marieta Severo. Assim que ela recupera seus poderes
sua aparência deixa isso bem claro, não só pela maquiagem e pelo cabelo,
mas também pelo seu suntuoso figurino desenhado por Verônica Julian.
Parte Prática
(desenhos de Cláudia Jussan)
104
9
Experimentações na produção da “Trilogia do caos”
Concept design e cenários: Cláudia Jussan
©MYK
[cdC: CONCEPÇÕES/Trilogia do Caos/objeto de cena_simulação/diario de um clone.mpg]
Artes Visuais da UFMG, optei por simular um objeto de cena intitulado “Diário
experimento visa oferecer uma gama mais ampla de opções quanto ao aspecto
do personagem.
80
Cf. DAIBERT, Caderno de escritos, 1995.
81
Disciplina ministrada pela Profª. Drª. Maria do Carmo Freitas no primeiro semestre de 2005.
106
única lágrima derramada pelo cientista e recolhida por sua fiel assistente
personalidade de seu original. A princípio, a criatura não faz outra coisa senão
todas parecidas com Selenita e Dr. Cretinus. Para abrigar essa população,
exterminado a humanidade.
anotações e registros tanto das coisas que ele havia observado dentro do
interligadas com abrigos; além de uma locomotiva, que serviria para transportar
na realidade, ele não possui marcas de medição) e, por fim, o controle remoto
da Web-TV.
capa e nas páginas simulam diversos idiomas: árabe, alemão, japonês, reflexo
108
A biblioteca subterrânea:
©MYK
“Selenita vai até a biblioteca no subterrâneo do laboratório em busca de respostas para o misterioso
caos que se instaurou pelo mundo”. Os elementos de cena foram desenhados a lápis,
separadamente, e capturados via scanner. A composição da cena e o acabamento foram feitos
através de processo digital que simulam o tratamento de desenho e aerógrafo.
“Para sua surpresa, Selenita descobre que as flores-borboleta, criadas pelo Dr. Cretinus, expelem
um pó cujo efeito se assemelha ao do LSD, deixando a população enlouquecida”. Os truculentos
soldados com lança-chamas, cujo design baseou-se nos primeiros esboços feitos por Marco
Anacleto, inspirados em casulos de borboleta, são a solução apontada pelo personagem Cretinus
para salvar o mundo. Depois de exterminadas as flores-borboleta, Dr. Cretinus é tido como herói,
apesar de todo estrago causado pelos soldados brutamontes à cidade “Towncaos”.
109
©MYK
110
A iluminação foi o aspecto principal elaborado para esse cenário, visto que, no ambiente externo
ocorre uma tempestade com relâmpagos. A cena animada por André Martins82 explora esses
elementos dramáticos da fuga: os flashs do relâmpago e a sombra do Dr. Cretinus projetada nos
armários de onde ele retira sua vestimenta de cientista83.
Referências para a modelagem digital de Nina Faria84; estes cenários se localizam no interior da
redoma principal na “minimegalópole” por onde os mini-clones passeiam.
82
MARTINS, A luz no cinema, 2003. Dissertação de Mestrado, Artes Visuais/UFMG.
83
Cf. [DVD Teasers Trilogia do caos] ou [cdM – Teasers Trilogia do Caos/2_ Escapando da prisão]
84
Cf. FARIA, 3d: Cinema e animação em fusão, 2003. Dissertação de Mestrado, Artes Visuais/UFMG.
111
Desenhos de conceito e protótipo. A versão feita para o filme é modelada em 3D digital por Marco
Anacleto. Aqui, o modelo físico faz parte de uma simulação para produzir objetos de cena,
vinculada a esta pesquisa. O protótipo foi modelado e fabricado por Lincoln de Sales, em acrílico e
durepox com base nos desenhos de conceito de Cláudia Jussan e a partir de um molde esculpido em
madeira por Helder Fernandes (que também construiu a estrutura em madeira da estação de trem
[cdC: CONCEPÇÕES/Trilogia do Caos/modelo 3D físico]). O acabamento foi feito em pintura simulando
cobre.
Complexo de redomas:
Nesse primeiro esboço, o clone Homunculus aparece fabricando o primeiro complexo de redomas
para abrigar a nova civilização de clones miniatura. A proporção entre ele e as redomas ainda não
estava estabelecida.
112
A atmosfera interna das redomas: o “novo habitat” construído por Homunculus sobre a mesa do
laboratório para Dr. Cretinus, Selenita, e a civilização de clones miniatura. As cores utilizadas
nas habitações, a vegetação e a arquitetura, foram inspiradas nos conceitos naturalistas do
desenhista e diretor japonês Hayao Miyazaki mesclado à arquitetura expressionista do pintor e
arquiteto austríaco Friedensreich Hundertwasser85. É como se a delicadeza do clone tivesse
influência sobre sua concepção de um novo mundo idealizado sendo abrigado por redomas que,
a um só tempo, são frágeis e grotescas.
A ameaçadora seringa, com o fluido miniaturizador, e os aquários com peixes em tamanho natural,
servem de referência em relação ao tamanho das redomas e seu conteúdo. Esta versão, a mesma que
aparece no trailer teaser, mostra outro conteúdo das redomas diferente do primeiro esboço,
incluindo aquários com peixes que não foram “miniaturizados”.
85
[cdC: CONCEPÇÕES/z_adicionais/ Hundertwasser]
113
10
Conclusão
uma criatividade que tem por válvula de escape a prática artística. A mesma
sensível.
coisa que Brian Singer teve de fazer para produzir X-Men. Também antes de
114
embrenhar num projeto tão complexo quanto a trilogia de Senhor dos Anéis,
fantástico criado por Tolkien visivelmente possível. Por isso o diretor investiu –
Lee, a equipe da WETA fabricou objetos de cena, fez testes para saber até que
projeto tão intricado: foi convicto de que poderia realizar um grande filme após
artística em grupo voltada para produções extensas, que não raro é ponto de
tensão nos meios acadêmicos que por ventura enfatizem a produção individual.
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O SENHOR DOS ANÉIS: AS DUAS TORRES (The Lord of the Rings: The Two
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ilustrações, Acesso em: 01/05/2005, 01:59 h
http://www.roteirodecinema.com.br/index.htm, Acesso em: 22/08/2005, 04:31 h
Disciplinas cursadas
5. A análise semiótica.
FALE – pós-linguística
Profª. Drª. Sônia Pimenta
SEÇÃO BÔNUS
Capa do DVD
125
CARTAZ OFICIAL
128
ICONOGRAFIA
A iconografia da presente dissertação se encontra disponível
em arquivos digitais contidos nos CDs que a acompanham. As
indicações abaixo relacionadas aparecem em destaque ao longo
deste trabalho em forma de endereçamento.
Exemplo: [cdC: CONCEPÇÕES/Xmen2/figurino/xmen388.jpg a xmen400.jpg]
[cdC= CD CONCEPÇÕES]
[cdI= CD de Imagens]