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Òrúnmìlà-Ifá

Ocupa uma posição única no panteão africano, através dele podemos


decifrar o código secreto espiritual de qualquer ser humano, comunidade
ou Nação, pois nele está inciso o poder da criação.
Na ordem divina de Olódùnmarè o espírito é eterno, e através de
Òrúnmìlà-Ifá conseguimos obter a soma total de nossa existência, a
nossa ligação com o Universo, e o destino que escolhemos para voltar a
vida quando nascemos. Ele é o diagnóstico de nosso Elédà (mente
superior), sabendo tudo o que aconteceu no passado, está acontecendo e
qual será o nosso futuro. Òrúnmìlà-Ifá é a tradução da sabedoria infinita
de nosso Deus criador, aquele que tudo sabe, tudo vê, é o verdadeiro elo
de ligação entre o homem e o criador.

Na Cultura Yorùbá são os elementos da natureza que dão condição de


vida no planeta, a água, o fogo, o ar, e a terra. Estes se apresentam de
inúmeras formas que se multiplicam primeiro em dezesseis, sendo o
número dos primeiros Òrìsà primordiais, que vieram para ajudar a
construção do planeta sob todas as formas de vida, ou os dezesseis Odù,
a tradução literária de todos os problemas do homem, e neles estão
contidos toda a sabedoria da criação.

Ifá transmite sua palavra através dos dezesseis Odù, e estes são a
expressão da natureza que é a fonte de energia que movimentará e
determinará a personalidade da pessoa. Estes Odù, multiplicados por
mais dezesseis perfazem 256 tipos de divindades diferentes entre si, com
atributos próprios e cada um conterá uma complexidade de inúmeros
caminhos ao qual servirão para auxílio da raça humana.

Em nosso princípio ancestral, todos nascemos da terra, veja a


composição de seu organismo que é composto de água, minerais, ferro, e
assim por diante, portanto é natural que para encontrar o equilíbrio de
nossa vida também façamos uso dos elementos que saem da própria
natureza. Toda a criação Divina tem uma função determinada para
auxiliar a sobrevivência em equilíbrio entre as forças negativas e
positivas
Na tradição africana, por tudo o que já foi dito, Ifá é um Órìsà muito
venerado. Em sua terra (Ilé-Ifá) existe um templo muito antigo onde todas
as sextas-feiras as pessoas vão rezar para a paz no planeta. Como nada
será feito de importante sem antes consultá-lo, quando um bebê nasce,
entre o terceiro e quinto dia após seu nascimento ele é levado ao
Bàbáláwò para que se faça uma consulta a fim de saber qual será o
destino desta criança, recebendo tratamento para que o rumo de sua
vida seja o melhor possível.

Qualquer caso de saúde, casamentos, financeiro, amoroso, depressão é


revelado através de divinação, que além do problema apresentará as
possibilidades de melhorar a situação determinando o que poderá ser
feito para atrair a sorte, a paz e a felicidade de cada um.

Os Iniciados no Culto a Ifá


Para aqueles que receberam em seu Orí, a mão de Ifá, após passarem
pelos rituais de iniciação, podem ser considerados portadores de um bem
inestimável, com ele reencontrarão o caminho de seu destino primordial,
puro, limpo de todas as mazelas que adquirimos durante a vida; é um
reencontro com nossa transcendência. Mas, é necessário esclarecer que
para fazer juz a este direito também será preciso uma altíssima
reconsideração de suas atitudes perante a vida, pois este ser não fará
mais parte daquilo que chamamos do inconsciente coletivo que
prevalece na raça humana, a partir de então passará a ser ele um
indivíduo único, diferenciado, o qual terá de cumprir suas obrigações em
relação a Ifá com respeito e dignidade a fim de poder receber o
verdadeiro Àse e como conseqüência assumindo perante a si próprio
responsabilidades muito grande, que se não cumpridas poderão trazer
graves conseqüências

Ifá em nossa vida

Ifá, é a soma da sabedoria suprema, a cosmogenia e a cosmologia, a vida


e a morte, o nascimento da natureza, a visão total do mundo e da
existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as
sociedades e os homens, e assim determinando uma conduta nobre
diante de todas as forças que se formam contra o bem da humanidade, a
força que conduz a sustentação do planeta vivo.

Neste processo tão poderoso, aquele que for iniciado em seu Culto
estará agregando a si uma permissão para obtenção de um poder muito
maior perante Olódùnmarè, assim existindo a necessidade por parte dos
Sacerdotes conhecedores plenos da extensão deste mesmo poder
avaliarem o candidato com muita clareza e assim permitindo ou não esta
iniciação.
Nem todos estão habilitados a carregarem em seu Orí, esta força que liga
o ser com o sagrado. Seus Sacerdotes, apoiados nos conhecimentos
milenares, carregados por uma cultura de tradições em botânica,
mineralogia, zoologia conseguem unir os elementos da natureza à
energia vital de cada indivíduo procurando o equilíbrio entre as forças
espirituais e materiais de cada um, esta união da ciência com o mundo
espiritual precisa de mentes sãs.

A Conduta dos Filhos de Ifá

Fica assim muito claro que para estes filhos a conduta é de suma
importância, e que haverá a necessidade de muito domínio de suas
emoções onde a humildade, a paciência, o caráter, a dignidade, a
sabedoria, deveram ser superiores a qualquer tipo de vaidade,
prepotência, arrogância, ambição, sendo estas últimas características
que poderão ser usadas indevidamente a fim de obter proveito próprio
mas que sem dúvida serão cobradas pela lei universal de ação e reação.

Quando se fala que o Òrìsà castiga, é uma inverdade, pois na realidade a


maior parte do sofrimento é fruto do desequilíbrio entre a emoção e a
razão humanas, e conforme as atitudes tomadas perante seus
semelhantes as forças que irão reagir em sua vida tanto poderão ser
positivas como negativas, conquanto serão um fruto do seu bom ou mau
Orí, a resposta daquilo que você é.

Em nosso mundo Ocidental achamos que o valor do homem está na


obtenção somente de bens materiais, e para o consumo destas
necessidades não se mede esforços nem os meios de alcançá-los,
mesmo que muitas vezes as formas usadas sejam totalmente
incompatíveis com as Leis Superiores. Não há respeito nem pela
natureza, nem com seus semelhantes.

Na África, no entanto existe em seu povo a Consciência Plena dos


compromissos que existem entre as forças da natureza e os homens, e
que o verdadeiro bem não está em usar estes poderes de uma forma
inconseqüente, explicando-se assim sua simples forma de vida, os
verdadeiros valores do homem não estão em sua conta bancária, mas em
seu Elédà, no uso da sabedoria adquirida não somente para o bem de si
próprio mas para manter o equilíbrio do planeta.
A terra é a sustentação da vida, todo o mundo físico está sobre ela,
carros, asfaltos, prédios , plantação ou qualquer outra coisa, isto tudo faz
parte da ilusão do homem, sua maior riqueza está na natureza, sem ar ele
não vive, sem terra ele não anda, sem fogo ele não tem progresso, e sem
água ele não nasce.
O ser humano vive obcecado dentro de suas ilusões, por isto ele adoece,
trapaceia, chora, e ri, deixando-se levar por valores que não são dele mas
da condição de uma sociedade, a sua origem pura está perdida em meio
a tudo isto e o desequilíbrio se instala em seu Orí, gerando a inveja, a
ansiedade, a impaciência, a depressão, ele é um ser desconectado de
seu Eu interior (Elédà), sem isto não consegue ouvir sua própria
consciência e chegar verdadeiramente a Deus.
Quanto mais nos aprofundamos conseguindo entender a grandeza da
sabedoria divina, mais distantes estaremos das banalidades, uma vez
que a riqueza já está codificada dentro de nossa alma, é uma força sutíl
que nossa sensibilidade grotesca não consegue perceber, e como
resultado não temos paz, felicidade e prosperidade.
Antes de qualquer compromisso com Ifá, esta pessoa deve estar
informada e preparada para assumir esta conduta.

Antes de qualquer compromisso com Ifá, esta pessoa deve estar


informada e preparada para assumir esta conduta.
A lealdade com o princípio Divino, estará acima de tudo.

Ritual de Iniciação em Ifá:


Primeiro o candidato será apresentado ao sacerdote, que jogará então o
Opele-Ifá, e através dele terá a visão plena das condições necessárias
para que este Orí possa receber esta iniciação. Jamais esta avaliação
será feita através do jogo de búzios como é de costume aqui no Brasil.
Uma vez aceito, esta preparação será feita com um mês de
antecedencia, quando então o sacerdote irá para a floresta sagrada à
procura das sementes também sagradas, o Ikin, e então passadas por
rituais que somente os Bàbáláwò podem executar.
Estas sementes são dotadas de três ou mais olhos (3.º olho, Iwa Yi, o
olho do caráter), e serão escolhidas para cada pessoa de acordo com os
Odú que caíram durante o jogo, não podemos esquecer que Ifá traduz a
sua individualidade.
Durante o ritual iniciático, enquanto estão sendo batidas as sementes de
ikin, o sacerdote estará recitando os versos (Itan) dos 16 Odú principais,
mais Odú-Ifá Oseturá, que representa a criação da diversidade no
Universo, e assim a visão dos inúmeros caminhos traduzidos pelos Odú,
dando a Òrúnmìlà o nome de Eleripin (A Semente da Criação).
Estas sementes rezadas individualmente será o Ibá-Ikin-Ifá, elemento que
fará a ligação de seu Elédà com sua origem Divina o qual estará
relacionado aos primeiros 16 Odú, os Órìsà primordiais, e a multiplicação
destes. A sua matriz de origem estará sendo invocada para dar sentido a
sua vida aqui na terra.

Bàbáláwò: Os Guardiões dos Segredos

Na lógica da Religião Yorùbá, Olódùnmarè, nosso Deus maior, onipotente


e onipresente dentro de sua imensa sabedoria quando criou o homem à
sua semelhança e perfeição e determinou sua vida na terra, nos deixou
também uma forma para que pudéssemos conhecer a trajetória de nosso
destino e desta forma minimizar nosso sofrimento, enquanto seres que
desconectados do EU Divino, sozinhos, não temos noção de nossas
vidas, nem para onde ir, nem o que fazer diante das inúmeras situações
que nos deparamos em nosso dia a dia.
Esta bússola que nos conduz a ir em direção daquilo que é o melhor para
todos nós é Òrúnmìlà-Ifá aquele que Olódùnmarè permitiu que fosse a
testemunha da criação de tudo o que na terra existe, portanto o
"guardião dos segredos", que estava presente em nossa criação primeira
e também a cada vez que aqui retornamos no processo de

evolução.
Além deste utensílio sagrado, também ele poderá usar o Òrìsà Apepe, instrumento universo
energias que se transformarão em vibrações para a qual será possível elaborar perguntas e
obter respostas a respeito de sua vida de imediato, ou seja um oráculo ao qual voce pode se
aconselhar para qualquer eventualidade que necessite, pois ele está captando do universo o
que será melhor fazer.
O Òrìsà Apepe, é feito de duas maneiras uma para uso exclusivo dos Bàbáláwò, servindo
para alem de perguntas e respostas, como também para magias, e outro que pode ser usado
por qualquer pessoa mesmo não iniciada que queira ter junto a si um auxílio nas respostas
de suas dúvidas em seu dia a dia.
No Brasil, devido a toda nossa história não temos ainda Sacerdotes realmente iniciados e
formados para serem Bàbáláwò; não é somente uma viagem até a África que tornaria isto
possível como aqui se acredita.

Para as gerações futuras os filhos destes enviados para a reformulação do conceito relser
enviados para morar lá durante muitos anos igioso e talvez os netos possam atingir este
grau, ou ainda aqueles que puderem ser enviados para morar lá durante muitos anos
puderem ser alí formados para o desempenho desta missão.
confeccionado em um tipo de madeira especial que após ser passado nos rituais captará no

O jogo de Òrìsà Apepe é sempre utilizado em emergências ou em situações de pouco tempo,


permitindo que seja quase como uma conversa. Utiliza-se um utensílio de madeira, que
transmite vibrações que são interpretados pelo Bàbáláwò

MAGIAS

A prática da magia entre os Yorùbá envolve crença, cura medicinal, envenenamento,


amuletos, bruxaria etc. A magia é empregada com diversos fins tais como:
ganhar dinheiro, por feitiço em outrem, ter sucesso no amor, induzir mulheres a fazer algo
que normalmente não fariam, detectar envenenamento na comida ou bebida, defender-se
contra armas, assaltantes, maldições e outros. Neste último caso, já houve um tempo em
que se faziam sacrifícios humanos.
Recorre-se ainda à magia em caso de doença de filho, cujo pai se encontra distante. Busca-
se então alguém a alcançar o pai, e para fazê-lo à tempo, emprega-se uma magia
denominada ka nako (encurtamento de caminho). Assim, não há distinção nítida entre
medicina e magia. Qualquer pessoa pode praticar medicina entre os Yorùbá. Os
medicamentos preparados por médicos nativos são purgativos, e quase sempre, eficazes.
Conhecem-se inclusive muitos métodos de tratamentos da blenorragia.

Toda Óògun (medicina) se baseia na botânica, como indica seu nome alternativo Egbogi
(raiz de árvore), e na zoologia. Devido às dificuldades de tradução, seria despropositado
citar os diferentes tipos de doenças curadas através de magia e os ingredientes empregados
com o valor medicinal. Entretanto, pode-se dizer que quando praticam com o próposito de
curar, a magia não pressupõe conhecimento exato de seus processos. Um indivíduo que
preserva alguns ingredientes pode não saber realmente seu mecanismo de atuacão no
organismo

- Ifá
Aquele que através do jogo divinatório fala o seu passado, seu presente e seu futuro. É o
código decifrado do destino individual de cada ser humano, que trazemos quando
nascemos, sendo um culto específico onde os portadores desta sabedoria são chamados de
Bàbáláwò, "o Pai dos Segredos".
No Culto a Ifá, os Bàbáláwò são pessoas escolhidas pela divindade através do jogo de Opele-
Ifá, pois necessitam reunir em sua personalidade um caráter compatível com a missão que
será desenvolvida, e onde não é permitido a traição, a falsidade, o orgulho, a vaidade, tendo
que reunir uma forma de caráter muito especial, além da inteligência, para ser um iniciado.
Neste Culto as pessoas não se candidatam a Bàbáláwò.Na África, após o nascimento de uma
criança ela já é levada a um Bàbáláwò para que os pais saibam o que será melhor para o seu
destino, e desta forma encaminhada para a missão na qual nasceu.Os escolhidos, quando
atingem a idade necessária são encaminhados então ao templo e ali com os anciãos serão
iniciados no culto e passam a adquirir o conhecimento dos segredos, a conduta necessária
para que nunca percam este poder e a forma de como ajudar aos outros em qualquer tipo de
aflição.
Dentre estes escolhidos, alguns serão encaminhados para ser Bàbáláwò, e outros para
serem o Omo-Ifá, aqueles que acompanharão o Bàbáláwò em tudo o que fizerem mas que
nunca poderão atingir ao grau maior da sabedoria embora estejam presentes e cientes de
todos os rituais sagrados. Este código será decifrado através dos 16 Odù, que são os 16 Òrìsà
primordiais, ou seja, o retrato de nosso caminho na terra que podem ser multiplicados por
mais 16 e assim por diante, podendo chegar a mais de 4000, retratando todas as formas
emocionais e os problemas adquiridos pelo ser humano. Para cada caminho (destino)
existem inúmeras rezas e ensinamentos passados oralmente ao iniciado permitindo com
isto que além de conhecer nosso sofrimento apresente também a sua solução. Olódùnmarè
não nos deixaria aqui somente para sofrer e andarmos desgovernados, isto não está incluso
na lógica da criação, a única coisa é que o poder do conhecimento não pode estar nas mãos
de qualquer um , uma vez que os níveis do caráter humano não são iguais, e que na maioria
das vezes as pessoas vão moldando sua forma de ser de acordo não com o seu código
interior mas sim refletindo a força externa da sociedade em que vive.
Este treinamento requer muitos anos, de prática, rituais, e absorção do conhecimento, até
que recebam de seus anciãos a autorização final para também desempenhar a função de
Bàbáláwò.
Os Bàbáláwò, adquirem poderes e como a própria tradução diz, "Guardião dos Segredos",
seus poderes sobrenaturais são inúmeros e chegam além da morte, pois dentro dos
ensinamentos aprendem a manipular poções e magias que podem curar inúmeras doenças,
trazendo vida à pessoas muitas vezes desenganadas pela ciência comum. Além da cura, eles
tem conhecimentos no preparo de magias para que tenhamos proteção contra a violência,
acidentes, alcançar a prosperidade, resolver casos amorosos, trabalhando com as folhas
(Ewé), conseguem passar de um elemento para o outro o campo das energias em prol da
felicidade do ser humano.
No campo espiritual eles podem ouvir a palavra dos ancestrais, em qualquer lugar do
mundo pois conhecem a língua sagrada. Seus conhecimentos permitem que interrompam o
ciclo de uma criança Àbíku ( que nascem e morrem em poucos dias, ou que sobrevivem sob
o perigo da morte constante), evitando novo sofrimento para seus pais, assim como o culto
a Ebe ( grupos espirituais que ficam no astral para atrapalhar as pessoas). Cultuando as
Ìyáàmi Osoronga, (as Mães Feiticeiras), podem se transportar de um local para outro, e ver
a presença dos mortos que vivem junto de nós.

Opele-Ifá

Os Bàbáláwò, além da sensibilidade de seus sentidos que permitem ver, ouvir e sentir muito
alem do que um ser não iniciado usa para a divinação o Jogo de Opele-Ifá, confeccionados
por oito frutos, de Eke saídos de uma árvore sagrada e que ligados entre si por uma
corrente serão jogados sobre uma tábua consagrada e interpretados para o cliente. Além
disto precisam ser inteligentes e de boa memória devido ao grande número de combinações
possíveis entre a forma de jogar os Èkùró (caroços) e formar através delas o resumo da vida
do consulente.

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