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Pesquisa sobre os
condicionantes
macroeconómicos da
produção científica no
mundo
Análise científica
“Os limites da produção científica nas universidades do
país são bastante evidentes. Porém, a mala de
utensílios, perfeitamente ao nosso alcance, isto é, as
condições para o desenvolvimento científico e as
oportunidades do novo ambiente internacional na
promoção da investigação académica, ainda jazem nas
profundas do mar, esperando uns mergulhadores.”“Que
a maioria dos cidadãos angolanos possua um nível de
conhecimentos cada vez mais elevado é um propósito
nobre. No entanto, parece evidente que a qualidade
envolve actividade de pesquisa científica.”
Julien David Zanzala,
Docente da UniPiaget
(PhD)julienzanzal@unipiaget.angola.org

J.D. Zanzala
Universidade Jean Piaget de Angola
07-10-2009
Pesquisa sobre os condicionantes
macroeconómicos
da produção científica no mundo

“Os limites da produção científica nas universidades do país são bastante


evidentes. Porém, a mala de utensílios, perfeitamente ao nosso alcance, isto é, as
condições para o desenvolvimento científico e as oportunidades do novo ambiente
internacional na promoção da investigação académica, ainda jazem nas profundas
do mar, esperando uns mergulhadores.”

“Que a maioria dos cidadãos angolanos possua um nível de conhecimentos


cada vez mais elevado é um propósito nobre. No entanto, parece evidente que a
qualidade envolve actividade de pesquisa científica.”
Julien David Zanzala, Docente da UniPiaget (PhD)
julienzanzal@unipiaget.angola.org
1. Introdução
Há muitos factores que tornam complexa a pesquisa de condicionantes
macroeconómicos da produção científica mundial, principalmente as
limitações e fragilidades inerentes às fontes de informação utilizadas e a
interferência de aspectos qualitativos dificilmente captáveis nos inquéritos,
como a tradição científica dos países, os consensos sociais e culturais, o
grau de educação da população, as diferenças na dimensão dos recursos
humanos qualificados em ciência e tecnologia, nos recursos financeiros e
institucionais, nos conteúdos curriculares, nos modelos de organização da
pesquisa e do ensino superior, nos critérios de recrutamento e promoção de
docentes universitários e na gestão e promoção do emprego científico. No
entanto, apesar da complexidade da pesquisa, vale ressaltar a sua
importância, para apresentar uma contribuição e subsidiar o Estado,
principal gerador de políticas de ciência e tecnologia e propulsor do
desenvolvimento científico.

Dado o papel crescente desempenhado pelo saber científico e


tecnológico na sociedade actual, e dadas as exigências do mercado de
trabalho e, simultaneamente, da mobilidade profissional no espaço SADC,
Angola, influente protagonista do tão auspicioso projecto da SADC, não
pode se acomodar com um número muito reduzido de cientistas na
população activa, com instituições de ensino superior sem projectos ou
redes temáticas de trabalho conjunto e sem colaboração umas com as
outras e com as grandes organizações científicas internacionais, com a
ausência de opções estratégicas nacionais entre instituições de pesquisa e
as administrações públicas para alimentar o mercado de dados ou pôr ao
dispor dos pesquisadores bancos de dados e outras fontes de informação
científicas e técnicas e criar estruturas informativas, agências nacionais e
provinciais de informação científica e técnica. Pois, é junto delas, e com
custos acessíveis, que as instituições de pesquisa podem ligar-se a redes
internacionais de bancos de dados. Apesar da Rádio e a Televisão terem
sido os principais instrumentos de transmissão da experiência cultural e
científica acumulada pela humanidade, compete à organização institucional
promover a utilização da informação científica e técnica, investindo nas
revistas impressas e electrónicas nacionais.
O objectivo da pesquisa consiste, antes de tudo, em encontrar os
condicionantes da produtividade científica no mundo e tornar perceptíveis
as oportunidades do actual ambiente internacional e, em segundo lugar,
discutir de que modo as mesmas podem promover a investigação
académica em Angola. Por uma questão de delimitação de espaço, a análise
empírica é muito resumida e os comentários sintéticos.

Um labirinto de condicionantes

Para promover a ciência, a tecnologia e a inovação, os países


socialistas de planeamento central, usavam o “chicote”, relatam Samuelson
e Nordhaus (2005). Mas os seus esforços falharam porque não existiam nem
instituições nem as “cenouras” para estimular tanto a inovação como a
introdução de novas tecnologias.

Estes autores mencionam que os condicionantes de um rápido


progresso tecnológico seriam um enquadramento económico e legal sólido,
com fortes direitos de propriedade intelectual e uma grande liberdade
económica dentro desse enquadramento. “Mercados livres de trabalho,
capital, produtos e ideias têm provado ser o campo mais fértil para a
inovação e o progresso tecnológico”, afirmam.

Quanto às três formas com as quais os governos podem estimular a


oferta de novas tecnologias, os autores pensam: primeiro, os governos
podem assegurar que a ciência básica, a engenharia e a tecnologia são
adequadamente apoiadas; segundo, os governos podem desenvolver as
tecnologias no país através do estímulo ao investimento por empresas
estrangeiras; terceiro, os governos podem fomentar novas tecnologias ao
aplicarem políticas macroeconómicas correctas. Uma das lições da
experiência americana pode ser a combinação do apoio das empresas à
investigação aplicada com a investigação de base universitária
generosamente apoiada por fundos do Estado. Neste país, o papel dos
governos no apoio à investigação orientada pelo lucro é conseguido com um
forte sistema de patentes, regulações previsíveis e eficazes nos custos e
incentivos fiscais, como as actuais deduções fiscais para I&D (Samuelson e
Nordhaus;2005).

Outros factores importantes assinalados, particularmente no que se


refere aos Estados Unidos e Japão, são o elevado número de cientistas e
engenheiros envolvidos em actividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), somado aos vultosos investimentos destinados ao sector e aos
incentivos fiscais à I&D nas empresas. Verifica-se também a contribuição
dos recursos proporcionados por fortunas pessoais, do mecenato público e
privado (associações de antigos estudantes e associações para o progresso
das ciências, com base em recursos privados e por vezes com âmbito
internacional).

Na perspectiva de Dahl de Yale (apud Samuelson e Nordhaus;2005)


os condicionantes do desenvolvimento científico encontram-se nas
liberdades políticas. Com efeito, observa o autor, os sistemas democráticos
impulsionam a educação dos seus cidadãos; e uma população activa
educada ajuda à inovação e ao crescimento económico. Além disso, o
primado da lei é assegurado com mais firmeza em países democráticos; os
tribunais são mais independentes; os direitos de propriedade estão melhor
assegurados; é mais firmemente garantido o respeito dos acordos
contratuais e é menos provável a intervenção arbitrária do governo e dos
políticos na vida económica. Finalmente, as economias modernas
dependem da informação e nos países democráticos os entraves à
comunicação são muito menores.

A análise da produção científica a partir de indicadores bibliométricos,


da Agência FAPESP do Brasil (2004), associa o crescimento da produção
científica no país ao amadurecimento e incremento dos programas de pós-
graduação, a contracção do volume de bolsas no exterior e o incentivo à
descentralização da infra-estrutura de pesquisa. Destaca-se também o
aumento no orçamento das universidades federais, o crescimento de
professores doutorados, a importância de iniciativas governamentais de
apoio à pesquisa e à inovação que têm exercido papel fundamental para o
estímulo da formação de amplas redes de colaboração, por meio do
financiamento de projectos que integram grupos de pesquisa de diferentes
universidades e institutos do Estado. Estas redes permitem alcançar
resultados científicos e tecnológicos mais expressivos e, ao mesmo tempo,
propiciar maior visibilidade e reconhecimento da ciência produzida no país.

Numa produção anterior, Zanzala (2003) reflecte sobre as


oportunidades que a globalização, enquanto processo de abertura e de
movimento internacional de investimentos e comércio podem oferecer às
instituições de pesquisa com dificuldades de financiamento, de produção e
de transferência dos resultados em qualquer parte do mundo, onde podem
ser efectivamente explorados. Rebate ainda sobre as iniciativas necessárias
àquelas instituições de investigação científica para um melhor
aproveitamento do novo ambiente internacional. Frequentemente,
considera-se a globalização como uma ameaça e não como oportunidade de
proceder de maneira diferente, sobretudo neste âmbito de crise financeira.
Contudo, o facto de a ciência ser produzida num contexto global em
mudança, de livre circulação da informação, dos capitais, das tecnologias,
dos bens, serviços, pessoas e até mesmo dos segredos de fabrico ou
processos de produção patenteados, demasiado protegidos em teoria, mas
que circulam agora tão rapidamente como os capitais segundo Minc (1999),
suscita numerosas expectativas, perfeitamente legítimas, e coloca os
centros de pesquisa num New Deal que urge explorar para sairmos do
tradicional esquema de resignação ou de espera de hipotéticos meios
externos ou ex-maquina.

2. Metodologia

Tomou-se como pano de fundo a realidade da produção científica


mundial em 1999 e 2008, revelada pelo National Science Indicators (NSI).

Quadro nº1: Número de artigos publicados por país segundo os rankings de 1999 e 2008
publicados
Número de Número de artigos
artigos Países publicados em 2008
publicados em
Países 1999
1 Estados Unidos 163.526 (31%) 1 Estados Unidos 360.638 (29%)
2 Japão 47.826 (9%) 2 China 120.804 (10%)
3 Alemanha 37.308 (7%) 3 Alemanha 87.424 (7%)
4 Reino Unido 39.711 (8%) 4 Japão 79.541 (6%)
5 França 27.374 (5%) 5 Inglaterra 78.444 (6%)
6 Canadá 19.685 (4%) 6 França 64.493 (5%)
7 Austrália 12.525 (2%) 7 Canadá 53.299 (4%)
8 Espanha 12.289 (2%) 8 Itália 50.367 (4%)
9 China 11.675 (2%) 9 Espanha 41.988 (3%)
10 Índia 9.217 (2%) 10 Índia 38.700 (3%)
11 Coreia do Sul 6.675 (1%) 11 Austrália 36.787 (3%)
12 Brasil 5.144 (1%) 12 Coreia do Sul 35.569 (3%)
13 Argentina 2.361 (0,5%) 13 Brasil 30.415 (2%)
14 México 2.291 (0,4%) 14 Holanda 28.443 (2%)
15 Chile 879 (0,2%) 15 Rússia 27.909 (2%)
Mundo 528.643 (100%) 16 Taiwan 22.608 (2%)
17 Suíça 21.065 (2%)
18 Turquia 20.794 (2%)
19 Polónia 19.533 (2%)
20 Suécia 19.127 (2%)

Nota-se que os dados mais recentes de 2008 reforçam a continuidade


da situação observada desde 1999, apesar do eclipse do México, Chile e da
Argentina. Para quem procura se aperfeiçoar como pesquisador num grande
centro científico, o caminho a seguir é os Estados Unidos, mas há também
centros de excelência em outros países, como atesta o quadro acima. No
último ranking dos maiores produtores de conhecimento no mundo
encontram-se, no Top 20, os oitos países do mundo mais industrializados e
desenvolvidos economicamente e a China (no segundo lugar!), logo depois
dos USA. O posicionamento no Topo 20 da Espanha, Índia, Coreia do Sul,
Brasil, Rússia, Turquia e Polónia e a ausência de outros países com tradição
científica secular, fortes comunidades científicas e ganhadores de prémios
Nobel, suscita comentários, sugere e requer novas estratégias e parcerias
para a nossa nova instituição universitária angolana.

1. Resultados e discussão
Antes de testarmos a nossa hipótese (o modelo de regressão),
calculamos as médias, os desvios-padrão e os coeficientes de variação das
variáveis seleccionadas.

Quadro 2: Média, Desvios-padrão e Coeficiente de variação das características dos países


Condicionantes Média Desvio- Coeficie
Padrão nte
de
Variaçã
o
Número de artigos publicados 61.897,4 75.469 122
PIB per capita 0 13.535 48
IDH 28.039,6 0,089 10
Gastos em Educação em % do PIB 0 1,27 24,28
Número de utilizadores de Internet 0,91 2.245 37,89
por 10.000 habitantes 5,23
Despesas em Pesquisa e 5.924,50 0,86 47
Desenvolvimento 157.527 59
Números de pesquisadores 1,82
por 1.000.000 habitantes 267.402 257 131
Patentes concedidas por 1.000.000 0,15 29
Sucesso tecnológico 195,45 3,71 15
Inovação 0,51 0,77 16
Índice do desenvolvimento tecnológico 23,97 6,05 20
Valor acrescentado na Indústria 4,78 2,81 77
Crescimento anual do valor 30,42
acrescentado nos Serviços 3,63

Estes resultados revelam que os maiores produtores de ciência no


mundo apresentam indicadores pouco diferentes em termos de IDH, Gastos
em educação em percentagem do PIB, número de utilizadores de internet
por 10.000 habitantes, inovação, sucesso tecnológico, índice tecnológico e
valor acrescentado na indústria. No entanto, observa-se uma variabilidade
extremamente elevada entre países da produção científica, do número de
patentes por 1.000.000 habitantes e do crescimento anual do valor
acrescentado nos Serviços. Outrossim, vê-se uma variabilidade
moderadamente elevada das despesas em pesquisa e desenvolvimento, do
PIB per capita e número de pesquisadores por 1.000.000 habitantes. Pode-
se inferir que os maiores produtores de ciência no mundo não constituem
um grupo homogéneo.

O modelo de regressão linear prognosticado foi testado usando o


SPSS.16.0 e recorrendo ao número de artigos publicados em 2008 como
variável dependente. No quadro a seguir, pode-se ler que 88% (R2) da
variância da produtividade científica, entre países do Top 20, é explicada
pelo IDH, os gastos em educação em percentagem do PIB, o número de
pesquisadores e de utilizadores de internet, o número de patentes
concedidas, o indicador da inovação, o índice tecnológico e o valor
acrescentado na indústria e nos serviços. Apenas dois factores explicativos
conjecturados, o PIB per capita e o indicador do sucesso tecnológico, não
são estatisticamente significativos neste modelo. O impacto das variáveis
Inovação, Índice do desenvolvimento tecnológico, Valor acrescentado na
Indústria, Crescimento anual do valor acrescentado nos Serviços revela a
integração entre pesquisa e sector produtivo e a aplicação dos resultados
da pesquisa nos países. No entanto, impõe-se um comentário frente aos
coeficientes, negativamente correlacionados com a produtividade científica,
do número de utilizadores de internet, de pesquisadores e de despesas em
pesquisa e desenvolvimento. Os dois primeiros indicadores são afectados
pelo tamanho da população de cada país. Não que o grande número de
pesquisadores e internautas sejam prejudicial à pesquisa científica, o certo
é que os pais mais habitados têm mais pesquisadores e internautas, no
entanto não são os maiores produtores da ciência. Talvez, o regime de
dedicação exclusiva para docentes pesquisadores seja mais eficiente que o
simples número de pesquisadores. O segundo resultado negativo, que
indica quanto mais despesas em pesquisa e desenvolvimento menos artigos
publicados no país, relaciona-se com a qualidade e com os diversos
domínios científicos. É evidente que a qualidade da pesquisa científica não
depende só do volume de despesas em pesquisa e desenvolvimento.
Quadro 3: Modelo de Regressão linear da produção científica
Variável dependente: número de artigos Coeficientes Sig.
publicados em 2008
Constante (t=-7,127) 0,000

PIB per capita 0,725 ns 0,161


IDH 0,598* 0,068
Gastos em Educação em % do PIB 0,864** 0,001
Número de utilizadores de Internet por 10.000 -1,814** 0,001
habitantes -0,567* 0,028
Despesas em Pesquisa e Desenvolvimento -1,011** 0,003
Números de pesquisadores por 1.000.000 de 0,704* 0,010
habitantes 0,089 ns 0,776
Patentes concedidas por 1.000.000 1,447** 0,001
Sucesso tecnológico 0,746** 0,004
Inovação 0,538** 0,003
Índice do desenvolvimento tecnológico 0,926** 0,007
Valor acrescentado na Indústria
Crescimento anual do valor acrescentado nos
Serviços
Nota *= p< 0,10 **= p<0,05 R2 0,88
***= p<0,001 2

Em suma, a pesquisa revela que as vias de expansão da produção


científica não dependem apenas dos gastos em educação ou das
instituições, do emprego científico ou do financiamento. Afinal quais outros
factores intervêm na produção científica internacionalmente referenciada?
Na lista de factores residuais poderão entrar a tradição científica dos países,
os consensos sociais e culturais, o grau de educação da população, as
diferenças na dimensão dos recursos humanos qualificados em ciência e
tecnologia, nos recursos financeiros e institucionais, nos conteúdos
curriculares, nos modelos de organização da pesquisa e do ensino superior
(em universidades, institutos ou escolas superiores, academias, institutos
politécnicos), nos critérios de recrutamento e promoção de docentes
universitários e na gestão e promoção do emprego científico, no regime de
dedicação dos docentes à pesquisa, na regulação do ensino superior
privado, na dinâmica das instituições de investigação mais ou menos
integradas em universidades e dos laboratórios do Estado.
A cultura científica que leva a construir e organizar oportunidades de
socialização para a ciência e para as práticas científicas é de premente
importância. Com efeito, a educação científica apoiada por um ensino
experimental próximo da tecnologia e da prática científica nos níveis pré-
universitários estimula o interesse pela investigação científica. Um encontro
nacional dos docentes da cadeira de Metodologia Científica poderá permitir
elucidar a questão do papel da cadeira na promoção da cultura científica. É
sabido que nos países desenvolvidos, a maioria de pesquisadores
universitários trabalham, de certa maneira, em família, comunicam entre si
em tempo real e geralmente na mesma língua - o inglês -, participam nos
mesmos encontros internacionais, lêem e publicam nas mesmas revistas. A
osmose entre as universidades, os centros de estudos das empresas ou
laboratórios, dos bancos e das instituições internacionais dinamiza
vantajosamente as pesquisas e minoram as clivagens entre organismos,
instituições ou países. E os resultados das pesquisas e as suas aplicações
propagam-se no mundo inteiro por intermédio das revistas especializadas e
da imprensa internacional. Isto leva a pensar que as pistas do
desenvolvimento da investigação científica passam também pela uma
política científica regional. A nível da SADC, por exemplo, uma avaliação e
um financiamento conjuntos da investigação científica e um aproveitamento
das sinergias potenciais de todos os elementos dos sistemas científicos e
tecnológicos nacionais podem produzir efeitos positivos. Não é provável que
se verifique a mudança a curto prazo, contudo há que reconhecer que nada
é impossível. Pode-se, portanto, formular aqui cinco pistas para tomarmos
consciência de certas condições prévias do desenvolvimento de uma
pesquisa de qualidade. Parte destas pistas exige um apoio e financiamento
do Estado, mas outra parte está exclusivamente nas mãos das instituições
do ensino superior e da sua capacidade de saber reorganizar estruturas e
dinâmicas pedagógicas ajustadas às necessidades do ensino superior
actual.

- Evitar a competição institucional na oferta de cursos susceptíveis de


estimular a procura, não tanto pela validade intrínseca ou “consciência
científica” desses cursos, mas, sim, através de sugestões de hipotética
modernidade ou adequação com o mercado de trabalho e de designações
ou apelativas dos mesmos, independentemente da sua conformidade com
os respectivos conteúdos, provocando um afastamento entre as actividades
de ensino e de investigação.

- Promover práticas pedagógicas modernas baseadas em metodologias


que leva o estudante a construir uma autonomia da conquista do saber
fundamental para todo a vida, sem negligenciar as outras actividades
também essenciais à formação universitária (a literatura recente indica a
vivência cultural, a prática desportiva e a convivência com os colegas).

- Procurar bases científicas sólidas na actualização dos conhecimentos


teóricos; exploração dos estudos já realizados; desenvolvimento das
capacidades a detectar e resolver os problemas científicos e trabalhar com
pessoas que tenham formação diferente; organização de grupos estáveis de
pesquisadores motivados; utilização das novas tecnologias de informação e
novas técnicas de recolha e tratamento de dados; aperfeiçoamento da
crítica inteligente, domínio de línguas estrangeiras.

- Conduzir investigações universalmente úteis; porque nas condições


actuais não é fácil prever todas as aplicações dos resultados de uma
investigação científica; envolver-se cada vez mais nos programas de
pesquisa estabelecidos pelos meios científicos internacionais (exemplos: a
luta contra a exclusão, o desenvolvimento sustentável ou qualquer questão
que apresente vários aspectos globais); optar pela cooperação regional e
internacional e acabar com as pesquisas isoladas, a margem de qualquer
esforço de regulação; contribuir para o conhecimento científico de valor
universal. Especializar-se em problemas locais reduz a aplicação e a
demanda dos resultados obtidos e também o interesse da comunidade
científica internacional. A própria experiência dos pesquisadores fica
limitada. A ciência é a actividade humana mais internacional. Portanto, a
dimensão planetária não absorve os outros aspectos regionais, nacionais e
locais.
- Diversificar as fontes de financiamento, os parceiros e as redes de
difusão dos resultados das pesquisas científicas; aproveitar as
possibilidades técnicas que o espaço de abertura e de comunicação
internacional oferece a todos os actores envolvidos no saber. Esta
possibilidade técnica facilita a publicação dos programas e os resultados
das pesquisas científicas via Internet, assim como a organização de
encontros científicos e a participação nas conferências internacionais.

Referências
Ferreira, M. (2009): “Determinantes do Rendimento académico no ensino
superior”. In Revista Internacional d´Humanitats, 15. Jan-Abr.
Samuelson, P.A, Nordhaus, W.D. (2005); Microeconomia, 18ª Edição,Madrid.
McGrawHill.
World Desenvolvimento indicators via NationMaster.com.
Zanzala, J.D (2003): “A Produção e Uso do Conhecimento Científico. Desafios
e Novas Oportunidades no âmbito da globalização”. In Kulonga Especial,
ISCED.
http://portal.unesco.org/education/en/ev.php
http://stats.oecd.org/Index.aspx

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