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NÃOSOUAVONTADEDEC

OMERQUEALIMENTAOM
EUCORPO.MEXOASMÃOS
AGORA QUE ESTAMOS
AQUI SÓ NÓS OS DOIS
EABROABOCAPORORDE
MINTERIOR.SINTOODOC
ESABORDACOMIDACOM
ORECOMPENSAPELAOBE
DIÊNCIA,OUAFOMEAGO
NIZANTECOMOCASTIGO,
TALEQUALCOMOQUEMT
REINAUMCÃO.NÃOSOUA
AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

Transiente

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AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

Um dia vou conseguir viver sem respirar

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AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

Nós os dois e mais ninguém.


Pior. As palavras que lês são uma armadilha.
Ressoo dentro de ti. A tua voz é a minha vontade. E ao
contrário também é verdade. Tomo conta do teu pensamento e
nada podes fazer. A não ser fechar os olhos e deixares de ler.
Mas não fechas.
Nada mais existe a não ser as palavras que agora ganham
vida. Em ti. Controlo o rumo e a direcção. Falamos de morte
ou ambição? De amor ou traição? De medos ou de segredos?
O que tens para pensar? Ou queres que eu pense por ti?
Estamos aqui só nós os dois.
Agora, aí dentro, posso fazer o que me apetecer. Montar
histórias que percorram o labirinto da tua alma; abrir as portas
que entender, percorrer os teus segredos, virá-los ao contrário e
descobrir o que os corrói e faz crescer.
Talvez esta porta já aqui à direita. Sim. Vê-se
perfeitamente.
Quem foi aquele a quem mentiste e usaste? Aquele que
traíste. Aquele que sofreu, pouco ou muito não importa, com a
tua encenação. Achas que não? Que tinhas uma razão. Que és o
bom e não o vilão. Penso que não. E tu pensas o que eu
escrevo.

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AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

Dói no coração.
Talvez pares de ler. Ou a dor da verdade fique curiosa com
o que a seguir te vou dizer.
Submetes-te a mim ou a ti? Que importa, é tudo igual.
Vozes que falam cá dentro. É a minha vez, a tua, ou tudo isto é
uma encenação?
E esta grande porta à minha esquerda? Está enferrujada ou
és tu que não me queres deixar entrar? Deito-a abaixo se for
preciso.
Sim, o amor que julgas ter. Aquele, que te faz palpitar o
coração e que te trás a transpiração.
Que de teu não tem nada.
Sabes disso, e por isso não querias deixar entrar, porque
também não queres ver. É mais bonito acreditar. De olhos
fechados, pois não há outra maneira de tal coisa funcionar.
Abanas a cabeça em sinal de negação. Que não tenho
razão. Não é preciso. Estás sozinho. Ou já acreditas que estou
dentro de ti? Que somos dois? Acenas para as letras mortas que
vivem no papel?
Tenho razão. O amor não. O verdadeiro amor é saber
deixá-lo ir quando nos quiser abandonar. Só se possui o amor
no momento do adeus, porque essa é a medida que nos é
entregue por todo o amor que fomos capazes de dar. E a vida
toda é só dor, à espera do momento em que o podemos perder.
Nada a fazer.
Talvez esteja amargurado, talvez não seja capaz de fechar
os olhos, talvez já tenha sido dominado pelas palavras que me
estão a comer, a devorar por dentro tudo aquilo que eu queria
esconder. E quando tudo se iluminar, o que vai acontecer?

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AGORA QUE ESTAMOS AQUI SÓ NÓS OS DOIS

Alguém entrou dentro de mim. Alguém me está a ver.


Sentes a comichão da emoção? É o papão que te irá devorar. E
mais não posso dizer.
Deixa de ler. Deixa de pensar.

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