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Ministério da Educação
Apresentação
Bem-vindo à Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro!
Ela é resultado da parceria entre o Ministério da Educação (MEC), a Fundação
Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (Cenpec).
A união de esforços do poder público com a iniciativa privada e a sociedade civil
visa um objetivo comum: proporcionar ensino de qualidade para todos.
O MEC encontrou no Programa Escrevendo o Futuro a metodologia adequada
para realizar a Olimpíada — uma das ações do Plano de Desenvolvimento da
Educação, idealizado para fortalecer a educação no país.
Este Caderno do Professor vai ajudá-lo na preparação dos seus alunos para a
Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. É uma ferramenta que
poderá ser incorporada ao dia-a-dia escolar, contribuindo para que os alunos
escrevam textos cada vez melhores e ampliem o domínio da leitura e da escrita.
O tema proposto para o concurso é “O lugar onde vivo”. Escrever sobre a comuni-
dade onde se vive estimula novas leituras, pesquisas e estudos, proporcionando
um outro olhar sobre a realidade e uma perspectiva de transformação social.
O envolvimento de todos na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o
Futuro é fundamental para ampliar e enriquecer o trabalho nas nossas escolas e
para que sejam produzidos melhores textos por crianças e jovens dos vários
cantos do Brasil.
Desejamos a você um ótimo trabalho!
Contato
Rua Dante Carraro, 68
05422-060 — São Paulo — SP
Telefone: 0800-7719310
e-mail: escrevendofuturo@cenpec.org.br
www.escrevendofuturo.org.br
Professor,
Você está recebendo este Caderno do Professor — Orientação para produção de
textos porque se inscreveu na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro.
O conjunto de cadernos é composto por Poetas da escola (4 a e 5a séries do Ensino Funda
mental ou 5o e 6o anos do Ensino Fundamental de Nove anos — Categoria I), Se bem me lembro...
(7a e 8a séries ou 8o e 9 o anos do Ensino Fundamental de Nove anos — Categoria II) e Pontos de
vista (2o e 3o anos do Ensino Médio — Categoria III).
Aparentemente é apenas um concurso de textos, mas, na realidade, a Olimpíada consti-
tui uma estratégia de mobilização que oferece aos professores oportunidade de formação.
Apostamos na idéia de que os professores possam vivenciar uma metodologia de ensino de
língua que trabalha com gêneros textuais por meio de seqüências didáticas.
Essa metodologia, anteriormente adotada pelo Programa Escrevendo o Futuro, tem
despertado o interesse dos alunos e melhorado os textos que eles escrevem, tornando evi-
dentes sua evolução e conquistas.
A Olimpíada inclui os participantes numa rede de conhecimento, oferecendo publica-
ções periódicas com análise e divulgação dos textos dos alunos e dos relatórios dos profes-
sores. A rede também inclui uma comunidade virtual de aprendizagem e cursos on-line.
O ponto de partida é o roteiro de atividades deste Caderno. Ele foi preparado com muito
cuidado e utilizado por milhares de professores e alunos de todo o país.
Convidamos você a mergulhar neste material e a preparar a realização das oficinas que
se seguem. Explore bem o Caderno antes de iniciá-las. Veja quanto tempo você vai precisar
para realizar cada uma delas. Faça um plano de trabalho.
Você ficará satisfeito em descobrir que muitos dos conteúdos didáticos abordados nas
oficinas estão contidos no seu planejamento anual. Portanto, é importante desenvolver as
atividades com todos os alunos da classe.
Poderão ser incluídas atividades e feitas adaptações de acordo com as necessidades e
oportunidades que surgirem. Mas recomendamos que a ordem das oficinas seja mantida,
porque elas estão organizadas numa seqüência didática.
Nessa Olimpíada, não estamos em busca de talentos, nosso propósito é contribuir para
a melhoria da escrita de todos os alunos das turmas participantes.
O que importa é que cheguem ao final dessa caminhada sabendo se expressar no gê-
nero estudado. Isso fará do aluno um cidadão mais bem preparado.
E é você, professor, que possibilitará essa conquista.
Antes de começarmos, mais um recadinho: no final deste Caderno há um texto chamado
“Para saber mais ainda”, no qual você pode encontrar as concepções de língua, ensino e
aprendizagem em que este trabalho se apóia.
Bem-vindo à Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Um ótimo trabalho
para você e sua turma!
Equipe da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
Sumário
Introdução 8
O artigo e o articulista
11 Produção de artigos 59
• Produzir o texto individual.
12 Últimos retoques 61
• Revisar e melhorar o texto individual.
Critérios de avaliação 64
Textos recomendados 66
9 Pesquisar para escrever 49 Recado final 82
• Buscar informações sobre o assunto polêmico.
• Relacionar informações gerais com locais. Para saber mais ainda 83
• Socializar os resultados das pesquisas.
Referências bibliográficas 88
Introdução
O artigo e o articulista
Em nossa vida estamos sempre partilhando, conversando com as pes-
soas sobre os acontecimentos do cotidiano. Freqüentemente damos nossa
opinião, defendendo-as com bons argumentos. Isso ocorre no bate-papo
após um jogo de futebol, na discussão durante um noticiário da TV, na
conversa sobre um programa de fim de semana ou algum evento que está
para se realizar na cidade.
Dar opinião oralmente sobre os mais diversos assuntos em situações
informais é algo corriqueiro, que fazemos quase sem sentir ou pensar. Há
situações de comunicação, porém, que são mais formais. Um exemplo são
os debates, na televisão, entre candidatos a cargos públicos, sobre seus
projetos de governo em época de campanha eleitoral. Esses debates devem
ser cuidadosamente planejados, pois argumentos mal sustentados podem
significar até mesmo a derrota em eleições.
Mas as opiniões não se restringem à fala — elas também podem
ser dadas por escrito. Jornais e revistas publicam artigos de opinião, edito-
riais, cartas de leitores. Editoriais são textos argumentativos: exprimem
a posição de um órgão de imprensa diante de um assunto e seus argu-
mentos, a favor ou contra. A seção de cartas de leitores constitui um
opinião
veículo para a expressão da opinião dos cidadãos sobre questões que
os afetem de alguma maneira.
A proposta deste Caderno é trabalhar com um dos gêneros jornalísti-
cos argumentativos escritos: o artigo de opinião. Ele é publicado em
jornais, revistas e na internet, sempre assinado por um articulista, que é
uma autoridade no assunto ou uma pessoa de representatividade social.
Ao escrever um artigo, o articulista parte de uma questão polêmica
de relevância social, criada em torno de um fato que foi notícia. Sem
questão polêmica não existe artigo de opinião. A questão gera discussões
porque há pontos de vista opostos sobre o assunto. Por isso, o articulista,
ao escrever, assume uma posição, defende-a com argumentos e dialoga
com diferentes pontos de vista que circularam sobre a polêmica.
Os artigos de opinião são importantes instrumentos para a formação
do cidadão. Aprender a ler e a escrever esse gênero na escola contribui
para desenvolver a capacidade de participar, com argumentos convin-
centes, das discussões sobre as questões do lugar onde se vive e, mais
do que isso, de formar opinião sobre elas, contribuir para resolvê-las,
praticar a cidadania.
opinião
O tempo das Oficinas
Cada oficina foi organizada para tratar de um
tema, de um assunto; algumas poderão ser feitas
em trinta ou quarenta minutos e outras levarão
três ou quatro aulas. Por isso, é essencial que você,
professor, leia todas as atividades com calma.
Aproprie-se dos objetivos e estratégias de ensino,
providencie o material e estime o tempo necessá-
rio para que sua turma faça o que foi proposto.
Enfim, é preciso planejar cada passo, pois só você,
que conhece seus alunos, conseguirá determinar
qual a forma mais eficiente de trabalhar com eles.
10 opinião
Artigo de opinião
Objetivo
• Tomar contato com o artigo de opinião e
oficina
opinião 11
Atividades
1ª- etapa
Providencie algumas cópias dos artigos que se encontram em “Textos
recomendados”. Reproduza aqueles que estão entre as páginas 72 e 81.
Divida a turma em grupos e peça-lhes que observem qual é a situação
de comunicação:
• Onde o texto foi publicado?
• Q uem o escreveu? Além do nome, há mais informações sobre o autor?
• Para quem ler?
• Com que finalidade?
Mostre a eles que os artigos de opinião costumam circular em jornais
ou revistas e geralmente são escritos por especialistas no assunto, ou
pessoas reconhecidas na comunidade, que tomam uma posição sobre
uma questão polêmica. Dessa forma, os articulistas assumem um pon-
to de vista.
Articulistas
São especialistas que escrevem artigos de opinião sobre algum assunto que está sendo dis-
cutido na mídia impressa, internet ou televisão. No caso particular do artigo de opinião, o
articulista é convidado por uma empresa jornalística para escrever porque é reconhecido
tanto por ela como pelos futuros leitores como autoridade no tema tratado.
Se ele não for um funcionário do jornal, precisa assinar o artigo e se responsabilizar sobre o
que escreve. A assinatura revela sua identidade, que se completa com a nota de rodapé.
12 opinião
2ª- etapa
Você também deverá levar para a aula pelo menos um jornal que te-
nha coluna de opinião. Peça à turma que procure em que parte do
jornal encontra-se o artigo de opinião. É importante fazer isso para
que os alunos possam identificar o gênero em seu portador usual — o
próprio jornal.
Registrar é importante
O registro é muito importante para você, professor, aperfeiçoar
seu trabalho. No entanto, muitas vezes precisamos desenvolver
esse hábito e vencer a falta de tempo. Mas tomar nota ajuda a fa-
zer questionamentos e a descobrir soluções que nos fazem crescer.
opinião 13
3ª- etapa
Converse com a turma a respeito da Olimpíada de Língua Portuguesa
Escrevendo o Futuro. Explique como vai ser o concurso. Diga a eles que
não vão escrever apenas um texto argumentativo qualquer, mas um
artigo de opinião. Esse texto será produzido com base em uma ques-
tão polêmica que interessa às pessoas do lugar onde vivem.
14 opinião
A notícia
em debate
Objetivo
• Relacionar notícia com artigo de
opinião e diferenciar um do outro.
oficina
opinião 15
Atividades
1ª- etapa
Providencie cópias para toda a classe da notícia “Brasileiro ‘ganha’ 5 meses
de vida em 1 ano”, e do artigo “Violência não, educação sim” que se encon-
tram em “Textos recomendados”.
A seguir, faça mais uma leitura em voz alta e comentada e ajude seus alu-
nos a perceber a amplitude do tema — o aumento da expectativa de vida
do brasileiro e seus desdobramentos sociais. Alimente a conversa com per-
guntas. E vocês, o que pensam sobre esse assunto? A que se deve o au-
mento da expectativa de vida? Por que a expectativa de vida não é a
mesma para cidadãos de diferentes Estados Brasileiros?
Notícia
“Matéria-prima” dos jornais, a notícia relata fatos que estão ocorrendo na cidade, no
país, no mundo. A intenção da notícia é informar o leitor com exatidão. Mesmo tendo a
pretensão de ser “neutra”, confiável, ela traz em si concepções, princípios, ideologia de
quem a escreve.
As notícias são impressas no jornal de acordo com o grau de relevância (das mais impor-
tantes para as menos importantes). Para chamar a atenção dos leitores, o texto se inicia
com uma manchete bem objetiva, com verbo sempre no presente. Em seguida, vem
o lead, ou primeiro parágrafo, que contém as informações básicas sobre o fato noticiado.
O lead não se inicia pelo verbo; ele começa pela indicação do fato e pela descrição das
circunstâncias mais importantes em que o fato ocorreu, isto é, o que ocorreu, como,
quando e onde. O uso mais comum dessa palavra é em inglês, lead.
16 opinião
Deixe evidente que essa notícia pode provocar reações diversas:
algumas pessoas ficam animadas com a possibilidade de os brasi-
leiros viverem mais, outras se preocupam com a diferença da qua-
lidade de vida entre os idosos de diferentes localidades; e outras
ainda podem refletir sobre os desafios do país, no que se refere à
manutenção da Previdência Social com o número crescente de
aposentados e, portanto, dependentes desse sistema. Contudo,
na notícia, o autor não toma posição — o objetivo, nesse caso, é
apresentar fatos e dados.
2ª- etapa
Agora, entregue a cada aluno uma cópia do artigo “Violência não,
educação sim”. Atenção, professor: não tire cópias do texto da
página 18, pois, ele contém as sinalizações que deverão ser feitas
pelos alunos. O texto para cópias está reproduzido na página 67.
opinião 17
Violência não, educação sim
Antônio Ermírio de Moraes
18 opinião
Solicite a eles que grifem no texto algumas palavras, expres-
sões ou frases que demonstram a opinião do autor (em itálico
no texto da página anterior). Mostre de que forma esse artigo
se relaciona com a notícia discutida na 1a etapa desta ativida-
de. Peça-lhes que grifem de outro modo os trechos que indi-
cam que Antônio Ermírio teve contato com a notícia antes de
escrever o seu artigo (em negrito no texto).
opinião 19
20 opinião
Polêmica
Objetivos
oficina
• Identificar questões polêmicas locais.
• Reconhecer bons argumentos.
• Escolher uma questão polêmica.
• Produzir o texto inicial individual.
opinião 21
Atividades
1ª- etapa
Seus alunos vão escrever o primeiro artigo de opinião. Mas, antes disso, terão
de encontrar uma questão polêmica que os mobilize e mereça ser discutida
por sua relevância social. Para isso, faça um levantamento, junto com a turma,
de assuntos polêmicos que estão circulando no rádio, na TV ou na imprensa.
Polêmica na escola
Se as questões apontadas não despertarem o interesse de seus alunos, você poderá propor
que escrevam sobre polêmicas que estejam vivendo na escola. Por exemplo:
• Usar boné atrapalha a aula?
• Deveria ser permitida a troca de beijos e carícias no pátio da escola?
• Deve-se proibir o uso de celular em sala de aula?
• O aluno pode entrar na aula a qualquer hora?
Assim como as anteriores, essas perguntas apenas aquecem o debate e facilitam a escrita,
pois sobre elas os alunos têm o que dizer. No entanto, no decorrer das oficinas, deverão iden-
tificar questões polêmicas sobre “ O lugar onde vivo”, tema da Olimpíada.
22 opinião
Depois, identifique com o grupo questões locais, da comunidade, que
recentemente provocaram discussões e podem estar ligadas a polêmi-
cas mais amplas. O meio ambiente, por exemplo, é um assunto que
pode envolver essas questões locais: “A canalização do córrego de nossa
cidade resolve o problema das enchentes?” , “A construção de habitação
em área de mananciais deve ser proibida?”.
2a etapa
Depois de escolhida a questão polêmica pela classe na etapa anterior,
proponha a realização de um debate. Divida a turma em dois grupos. De
um lado, ficam os que irão argumentar a favor da questão polêmica es-
colhida e, de outro, os que irão argumentar contra. Depois de algum
tempo, quando a discussão estiver animada, interrompa e diga aos alu-
nos que deverão inverter a posição: quem argumentava a favor passará
a argumentar contra, e vice-versa.
Seu papel será o de mediador; por isso, você não deverá tomar partido,
mas ajudar os alunos a se posicionarem, isto é, a dizerem se são contra
ou a favor. Estimule-os a fundamentarem suas posições com perguntas.
Por que você pensa assim? Você tem algum dado estatístico que com-
prove o que diz? Já leu sobre esse assunto? O que falava o texto (artigo,
notícia, livro, editorial, cartaz)? Conhece situações similares? Se sim, o
que aconteceu?
opinião 23
Ao final, tente mostrar a eles quais dos argumentos elaborados são
confiáveis, porque apresentam mais claramente o que justifica deter-
minada opinião, ou seja, vão além de “porque eu sei”, “porque eu acho”,
“porque é melhor assim”, “porque todo mundo concorda”.
Com isso, você e seus alunos poderão identificar o que já têm que dizer
sobre a questão e o que ainda precisam conhecer para justificar solida-
mente a posição assumida.
Debate
O debate é um gênero que se aproxima da discussão. Durante o debate
os participantes usam a palavra para expressar o que sabem e pensam
sobre o assunto em questão. Retomam o discurso do outro, fazem críti-
cas, se situam, tomam posição e devem rebater o ponto de vista contrá-
rio com respeito e civilidade.
24 opinião
3a etapa
Finalizado o debate, proponha aos alunos a escrita de um artigo de opi-
nião com base na questão polêmica levantada por eles. Peça-lhes que
se coloquem no lugar do articulista que vai publicar um artigo no jornal
local sobre o assunto debatido em sala de aula.
Ressalte que esse texto servirá para que você possa fazer uma avaliação
inicial do que eles já sabem e do que precisam aprender sobre artigo de
opinião.
Primeira escrita
A produção inicial aponta o que os alunos já sabem sobre o gênero e dá pistas para que o pro-
fessor possa melhor intervir no processo de aprendizagem.
Esse primeiro texto também é importante para que os alunos avaliem a própria escrita. Com
sua ajuda, eles serão capazes de perceber o que é preciso melhorar e poderão envolver-se
mais nas atividades das oficinas. Além disso, será possível comparar essa produção com o
texto final e identificar os avanços, constituindo um processo de avaliação continuada.
Atenção: se você for semifinalista da Olimpíada, precisará levar a primeira produção para o
encontro regional.
opinião 25
26 opinião
Por dentro
do artigo
oficina Objetivo
• Ler um artigo de opinião para
reconhecer as características
próprias desse gênero textual.
opinião 27
Atividades
1ª- etapa
A turma agora lerá com você um artigo sobre a maioridade penal, escri-
to por Renato Roseno, que se encontra em “Textos recomendados”, na
página 68. Como os alunos farão anotações no texto, providencie mate-
rial para todos ou solicite-lhes que trabalhem em duplas ou trios.
Peça a eles que observem, durante a leitura, como o articulista vai te-
cendo seus argumentos e escrevendo o artigo de opinião com elemen-
tos próprios do gênero, sem tomá-los numa ordem estrita:
• b aseia-se em uma questão polêmica que circula na imprensa, na mídia
ou na sociedade;
• toma uma posição em relação ao que já foi dito sobre o assunto con-
troverso;
• a presenta argumentos ou razões que sustentam a posição assumida;
• a ntecipa e contesta os argumentos dos oponentes;
• a rticula o texto e o finaliza com uma conclusão.
Peça aos alunos que leiam novamente e grifem os trechos que respon-
dem às questões que você escreveu na lousa. Se possível, solicite que
destaquem cada informação com uma cor, combinada com toda a classe,
como foi feito na Oficina 2. Depois de discutir os trechos que foram sinali-
zados pelos alunos, determine com a classe quais as respostas mais ade-
quadas e as registrem. Para facilitar seu trabalho, sugerimos algumas
questões.
1. Q
uem é o autor do texto? Em que esse autor é especialista?
Renato Roseno, advogado, coordenador do Centro de Defesa da
Criança e do Adolescente (Cedeca — Ceará) e da Associação Nacional
dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced).
28 opinião
3. Qual a questão polêmica?
Se a redução da maioridade penal é ou não uma solução para impedir os
crimes praticados por jovens.
opinião 29
2ª- etapa
Para ampliar o trabalho, escolha artigos para leitura em “Textos recomen-
dados”. As cópias feitas para a Oficina 1 poderão ser novamente utiliza-
das aqui. Você também pode sugerir aos alunos que procurem em jor-
nais, revistas ou na internet outros artigos de opinião.
Ao longo das oficinas, leia com os alunos diversos artigos. A leitura deve
começar pela exploração do título. Do que trata o texto? Como imagi-
nam que o autor vai abordar o assunto?
30 opinião
Questão, posição
e argumentos
oficina ObjetivoS
• Identificar questões polêmicas,
posição do autor e seus argumentos.
• A ntecipar argumentos contrários.
opinião 31
Atividades
1ª- etapa
Vamos trabalhar com o texto “Deficientes, feios e po-
bres”, escrito por Jessé Souza (está em “Textos reco-
mendados”), para explorar algumas das características
do artigo de opinião. Essa atividade visa identificar, no
artigo, a questão polêmica, a posição do autor (a favor
ou contra), os argumentos por ele utilizados para de-
fender o seu ponto de vista.
32 opinião
Deficientes, feios e pobres
Jessé Souza
Esse mundinho de criar frase politicamente correta para os excluídos ou injustiça-
1442443 123
Nos primeiros parágrafos dos é mais que hipocrisia. É idiotizante. Querem transformar negros em afro-descenden-
o autor localiza o tes. Índios em nativos. Deficientes físicos em portadores de necessidades especiais.
leitor em relação à Tudo isto não passa de uma forma que os politicamente corretos acharam para
situação dos grupos
tentar esconder que — mesmo com o pomposo nome de portadores de necessidades
discriminados socialmente.
especiais — os deficientes físicos continuam sem acesso, sem respeito e sem poder
exercer plenamente sua cidadania.
Com essa frase, Tenho um irmão cadeirante (que anda de cadeira de roda, um paraplé-
o autor ressalta que
gico T-4) — aviso logo, antes que digam que estou comentando algo que eu não
fala com conhecimento
de causa. entendo. E não é uma terminologia pomposa que o vai dignificar ou mudar a situa-
ção de exclusão em que vive, mesmo rodeado de pessoas que o apóiam e o ajudam
a ultrapassar obstáculos tanto físicos quanto psíquicos.
Neste trecho o autor
14243 14243
Os prédios não dão acessibilidade, os taxistas fazem cara feia e não param, os
focaliza a questão a ser
discutida no artigo: o
ônibus não estão adaptados e as pessoas, em vez de tratarem o deficiente físico como
descuido com os direitos um cidadão, acabam os classificando como coitadinhos ou os rodeando de uma pena
dos deficientes físicos irritante.
No quinto parágrafo, o Entre eles mesmos, os cadeirantes se divertem os colocando apelidos e chaman-
autor evidencia que o uso do sem arrodeios ou hipocrisia por suas deficiências. E nós, tendo um em nossa fa-
de expressões politicamente
mília, aprendemos que essa história de palavras politicamente corretas não passam
corretas não garante a
melhoria das condições de de uma cortina para esconder as graves falhas da sociedade com quem é diferente,
vida do deficiente físico. feio, aleijado, pobre, de cor...
Não importa se chamamos de puta, garota de programa, mulher da vida ou qual-
quer terminologia politicamente correta. O que importa é se este politicamente correto
é só da boca para fora ou estamos carregados de preconceito ou exclusão.
Não interessa se o cadeirante é paraplégico, aleijado, deficiente ou portador de
necessidades especiais. Importa é o engenheiro construir rampas, o taxista parar e
dobrar sua cadeira no porta-malas, o prédio público ter banheiros adaptados e os
meios-fios adaptados.
Jamais iremos construir um mundo sem exclusão achando que buscando pala-
vras politicamente corretas estamos acionando uma varinha de condão para incluir
e dar acessibilidade aos deficientes ou mudando a mentalidade de quem discrimina
e exclui.
O autor conclui o artigo
14243
opinião 33
2ª- etapa
Na 1a etapa desta oficina foi trabalhada a argumentação. Agora você irá
ajudar seus alunos a identificarem a importância da contra-argumenta-
ção. Convide-os a representarem o papel dos profissionais citados no
texto “Deficientes, feios e pobres” — engenheiro, representante do po-
der público, motorista — e dialogarem com o articulista, dando respos-
tas, explicações, fazendo perguntas.
34 opinião
Sustentação
de uma posição
oficina
Objetivo
• Construir argumentos para
defender uma posição.
opinião 35
Atividades
1ª- etapa
Explique aos alunos que, ao escrever um artigo de opinião, devem
procurar utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados,
pois são mais fortes e convincentes. Devem explicar ao leitor quais
as razões que os levaram a tomar determinada posição, evitando
motivos superficiais ou sem justificativa do tipo: porque ninguém que
eu conheço discorda, porque ouvi dizer, porque todo mundo pensa as-
sim, porque na vizinhança todos dizem, pois são motivos frágeis.
Para finalizar, você deve ler com a turma qualquer um dos artigos
que estão em “Textos recomendados”, identificando os diversos ti-
pos de argumento utilizados pelo autor.
36 opinião
Tipos de argumento
Argumentos Explicação
Frases argumentativas
1. “A saúde do município anda mal cuidada. Muitos cidadãos relatam que fo-
ram aos postos de saúde e não havia médicos para atendê-los.”
3. “Em Blumenau, 114.000 residências têm acesso à água tratada, mas apenas
1.014 possuem tratamento de esgoto” (Ivan Naatz. Saneamento básico.
Florianópolis, 4 de setembro, ed. 7. 816).
5. “Como já afirmei, sou contra o aborto. Além de tudo que disse anterior-
mente, a vida é um dom de Deus e nenhum homem tem o direito de tirá-la.”
opinião 37
2ª- etapa
Escreva na lousa, ou em tiras de papel, as situações abaixo — ou outras,
criadas por você — e peça aos alunos que elaborem pelo menos três
argumentos de diferentes tipos para defender a posição deles. Se possível,
solicite-lhes que se preparem para essa atividade em período extra-es-
colar, pesquisando em jornais, em revistas e na internet a argumentação
que será utilizada na aula.
Situação 1
Um adolescente, para resolver um problema econômico da família, resolveu fazer cópias de
CDs para vender. Ele vendeu todos os CDs e pagou a dívida.
Questão polêmica: o jovem tem ou não o direito de reproduzir CDs para vender, desconside-
rando a lei dos direitos autorais?
Situação 2
Novas pesquisas indicam que os adolescentes começam a beber cada vez mais cedo e de
forma abusiva. Preocupado com esse consumo de álcool, o prefeito de uma cidade proibiu a
venda de bebidas alcoólicas em bares próximos às escolas.
Questão polêmica: essa medida pode diminuir o consumo de bebidas alcoólicas pelos ado-
lescentes?
Situação 3
Uma diretora de escola proibiu a entrada de alunos com piercings em sala de aula.
Questão polêmica: a diretora tem o direito de proibir a entrada de alunos que usam piercings?
38 opinião
Como articular
Objetivo
• Conhecer e usar expressões que
articulam o artigo de opinião.
na
ici
of
opinião 39
Atividades
Até aqui levantamos alguns aspectos do texto de opinião: a identifica-
ção de uma questão polêmica, a tomada de posição favorável ou con-
trária e os argumentos. Eles estão vinculados entre si, ao longo do artigo,
por elementos articuladores.
40 opinião
Tabela para atividade
A água doce, por causa dos abusos é preciso definir algumas regras para
Assim,
cometidos, poderá acabar em nosso planeta. o uso racional da água.
opinião 41
Elementos articuladores
Uso Expressões
42 opinião
Vozes no artigo
de opinião
oficina Objetivo
• Identificar as vozes com as
quais o autor dialoga.
opinião 43
Atividades
Nesta oficina vamos trabalhar com o texto “Futura gestão dos recursos
hídricos”. Faça cópias do artigo, que se encontra em “Textos recomenda-
dos”, para grupos de alunos. No texto, a polêmica é sobre as vantagens
e desvantagens da construção de uma rede que integrará o rio São
Francisco às bacias hidrográficas do Semi-Árido nordestino. Como co-
mentado anteriormente, essa questão pode ser pouco familiar para os
que moram em outras regiões, mas é muito importante para quem vive
no Semi-Árido.
44 opinião
1ª- etapa
Antes de iniciar a leitura, é importante que você ofereça
aos alunos algumas pistas sobre o texto que irão ler, de
modo que possam fazer inferências e, ao ler, verificar
suas hipóteses. Quanto mais um leitor conhece o assun-
to que vai ler, melhor condição terá para construir os sen-
tidos do texto.
• Inicie dizendo qual será a finalidade dessa leitura: des-
cobrir as diferentes vozes presentes no texto. Explique
aos alunos o que são as “vozes” que deverão buscar.
• Faça perguntas sobre o título do artigo. Veja se sabem
o que é gestão e recursos hídricos. Antes de dar respos-
tas, deixe que tentem descobrir o sentido pelas rela-
ções com outras palavras conhecidas. Pergunte tam-
bém se, pelo título, dá para saber o assunto que será
tratado.
• Faça perguntas sobre o gênero. Como vocês já estão
trabalhando com o artigo de opinião, é provável que
seus alunos antecipem, dizendo que o texto trará uma
questão polêmica e diferentes argumentos. Qual pode
ser a questão polêmica?
• Será que os alunos já ouviram falar do autor? Diga-lhes
que é um engenheiro civil, do Departamento Nacional
de Obras contra as Secas (DNOCS). Pergunte se, com
essas informações, conseguem antecipar o assunto.
opinião 45
2ª- etapa
A seguir encontram-se algumas perguntas que você pode fazer para que os
alunos percebam, neste texto, as diferentes vozes; você poderá ampliá-las ou
fazer outras, conforme as necessidades de sua classe.
46 opinião
A futura gestão dos recursos hídricos
Cássio Borges
1444424444314444444244444443 144424443
sionado “ciclos secos” de até oito anos seguidos, como o que foi
O autor inicia o artigo constatado entre os anos de 1950 e 1958. Mais recentemente, tive-
esclarecendo sobre a
situação dos recursos
mos “um ciclo seco desfavorável” de cinco anos entre os anos de
hídricos no Semi-Árido 1979 e 1983, tendo a sua abrangência atingido até mesmo o Estado
nordestino. Ele chama a do Maranhão. A existência desses “períodos críticos”, já há tempos
atenção para o fenômeno constatada pelo Dnocs, acarreta a redução do aporte de água fluvial
da evaporação, responsável
pela perda de grandes para os reservatórios, o que, por deficiência de recarga e por medida
volumes de água. de precaução, impossibilita a utilização plena do volume de água
armazenado nos açudes e, em conseqüência, boa parte dele se perde
pela elevada evaporação.
Ao integrar os grandes açudes da região a uma fonte perene exter-
na como o Rio São Francisco, os recursos hídricos locais se potencia-
lizarão, possibilitando a gestão de um volume bem maior da água ar-
mazenada, estimulando o desenvolvimento social e econômico, tanto
na agricultura irrigada, na pecuária, como na indústria, gerando em-
prego, renda e produzindo alimentos, o que é de interesse nacional.
Com a garantia dessa fonte externa, intensificando-se a utilização das
Neste trecho o autor
utiliza um argumento águas acumuladas nos reservatórios, diminuirá a superfície exposta à
apoiado em conhecimentos evaporação e esta se reduzirá, aumentando de forma substancial a
científicos ao referir-se à disponibilidade hídrica realmente utilizável. Em outras palavras, o de-
evaporação (questão 2).
senvolvimento social e econômico se dará de forma mais abrangente
não pela água do Rio São Francisco que estará chegando, mas pela
intensiva utilização das águas locais que seriam perdidas para a atmos-
fera pelo efeito incontrolável da evaporação. Desta forma, as águas
advindas da transposição serão reservadas, exclusivamente, ao abaste-
cimento humano e animal sempre que os açudes estiverem secos, ou
na iminência de secar.
Como exemplo, o açude Castanhão, localizado no Ceará, que per-
de por evaporação, em média, cerca de 25 m3/s, enquanto o aprovei-
O autor, no terceiro parágrafo,
tamento regular de sua água é de apenas 19 m3/s. Essa perda poderia
se respalda em dados de ser reduzida para até menos da metade, gerando virtualmente um
pesquisa para fundamentar novo reservatório e aumentando significativamente o aproveitamento
sua argumentação (questão 3). de suas águas. Pois esse açude acumula 4,2 bilhões de m3 na sua cota
de regularização. Desse volume, 30% são, em média, evaporados
anualmente, restando, portanto, 3 bilhões. Destes, apenas é utilizável
opinião 47
um volume da ordem de 600 milhões de m3 (19 m3/s), pois os res-
tantes 2,4 bilhões de m3 deixam de ser utilizados justamente para
“guardar a água’’ para vencer uma possível futura seca prolongada,
34444244441 34241
ou um “trem de anos secos”, no vocabulário do Dnocs. Não mais
A voz de uma
será necessária essa precaução de “guardar água’’ após a concretiza- autoridade
ção da transposição, ou como quer o ministro Ciro Gomes, do Pro- (questão 4)
jeto de Interligação de Bacias.
Como acima foi explicado, desaparecerá completamente o mais
recente argumento dos opositores: “a água vinda do Rio São Francis-
O autor desvaloriza os
co é muito cara’’ ou, ainda, “é chover no molhado’’ (ver Folha de S. opositores dizendo que
Paulo, do dia 17/10/2005, na entrevista dada pelo pesquisador João as declarações deles
Suassuna na matéria sob o título: “Para opositores, projeto é chover demonstram completa
no molhado’’). Mas esse tipo de declaração só se pode atribuir à ignorância do assunto.
Escreve que os opositores
completa ignorância do que seja o semi-árido e aí incluo muitos dos “se dizem” cientistas, mas
que dizem ser cientistas (em que área da ciência?) e, por isso, se de fato não o são (questão 5).
acham com o direito de falar sobre esse tema nordestino, delicado e
complexo, que desconhecem.
Não pode deixar de ser salientado que, pelo acima exposto, o
custo da água trazida pela transposição será diluído no uso mais in-
tenso e eficaz da água acumulada nos açudes. Ou seja, na realidade,
cada m3 transposto irá representar um volume maior utilizável. Pelo
que, inegavelmente, não é o custo do m3 da água bombeada do Rio
São Francisco que deve ser considerado na análise do custo benefício
da transposição, mas sim sua eficiência hídrica.
Cássio Borges é engenheiro civil, ex-diretor regional do
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
1444444442444444443
Aqui é ressaltada a
especialidade do autor,
que lhe confere
autoridade para discutir
o assunto (questão 6).
48 opinião
Pesquisar para
oficina
escrever
Objetivos
• Buscar informações sobre o assunto polêmico.
• Relacionar informações gerais com locais.
• Socializar os resultados das pesquisas.
opinião 49
Atividades
1ª- etapa
Retome com seus alunos as questões polêmicas locais anteriormente levanta-
das. Proponha-lhes que façam uma pesquisa sobre o assunto que irão escre-
ver, de modo que possa embasar a construção de argumentos. Ajude-os a
providenciar o material necessário à pesquisa, a organizar entrevistas ou en-
quetes, a encontrar e selecionar as fontes de informação.
Divida a classe em grupos de pesquisa. Cada grupo terá que buscar informa-
ções sobre um dos aspectos da questão polêmica. Solicite que organizem os
dados coletados, registrando-os numa síntese que ajudará a sustentar a argu-
mentação na escrita individual. Pode-se recorrer a diferentes fontes, como:
• jornais, livros, internet e vídeos informativos;
• universidades, prefeituras, secretarias, delegacias, ONGs etc.;
• entrevistas com pessoas que sejam autoridades no assunto;
• enquete/pesquisa de opinião com moradores do município.
De acordo com a polêmica escolhida, devem-se buscar diferentes informa-
ções sobre o assunto para que os argumentos utilizados sejam confiáveis:
• dados histórico-culturais;
• estatísticas;
• pontos de vista de diferentes autoridades;
• leis ou projetos de lei;
• causas e conseqüências;
• exemplos de acontecimentos.
Os alunos podem e devem colher informações e opiniões de âmbito nacional,
mas precisam trazer o problema para a sua comunidade, dando dimensão
local a ele.
O texto “Doce Içara com sabor amargo”, que se encontra em “Textos recomen-
dados”, exemplifica como os alunos de uma classe que participou da terceira
edição do Prêmio Escrevendo o Futuro coletaram informações.
50 opinião
2ª- etapa
Para socializar a pesquisa sobre os diferentes aspectos da questão polêmica,
cada grupo deverá ter em mãos sua síntese. Nessa socialização, todos devem
participar ativamente. Os alunos anotarão os resultados obtidos e você fará a
síntese geral.
Para ficar mais fácil, reveja o quadro “Tipos de Argumentos”, da Oficina 6: argu-
mentos de autoridade, de exemplificação, de provas, de princípio/crença pes-
soal, de causa e conseqüência.
opinião 51
52 opinião
Assim fica
melhor
oficina
Objetivo
• A nalisar e reescrever um
artigo de opinião produzido
por um aluno.
opinião 53
Atividades
Nesta atividade os alunos, coletivamente, deverão reescrever o texto “O lugar
onde eu vivo”, da página ao lado, com o objetivo de melhorá-lo, aproximá-lo do
gênero “artigo de opinião”. Isso os ajudará a organizar uma síntese das principais
informações aprendidas nas oficinas anteriores. Por ser uma reflexão coletiva, é
um trabalho que favorece a criação de “zona proximal” de desenvolvimento.
A troca de informações entre estudantes de uma mesma turma permite que os
colegas que estão em um estágio mais avançado do conhecimento auxiliem o
processo de aprendizagem dos demais e o seu próprio, pois aquele que ensina
sempre aprende.
Zona proximal
A expressão “zona proximal” foi criada por Lev Vygotsky (1896-1934), psicólogo bielo-russo
(nascido na Bielo-Rússia, país da Europa oriental que faz divisa com Polônia, Rússia, Letônia
e Ucrânia).
Zona proximal nomeia o espaço de trocas e interações em que os alunos realizam tarefas
com a ajuda de colegas e do professor. A zona real do conhecimento é quando o aluno con-
segue fazer a tarefa sozinho, sem ajuda.
No nosso caso, o texto individual deverá ser produzido na zona real do conhecimento. Mas
antes você deve orientar a reescrita coletiva.
Faça cópias do texto “O lugar onde eu vivo” para seus alunos. Diga-lhes que pre-
cisam ser feitas alterações para melhorá-lo. Conversem sobre as possíveis modi-
ficações. Para isso, pergunte-lhes:
• O título é adequado para um artigo de opinião? Por quê?
• O autor indica claramente a questão polêmica?
• Há diferentes vozes no texto? De quem são essas vozes?
• Os argumentos apresentados são convincentes? Mostram dados, exemplos,
referem-se explicitamente a valores éticos ou morais; revelam a relação de
causa e conseqüência?
• O autor usa elementos articuladores?
54 opinião
Valorize a participação de todos, mas interfira com suas contribuições. Por
meio de perguntas, você pode auxiliar os alunos a pensar sobre possíveis
mudanças. Defina alguém para reescrever o texto na lousa e peça a todos
que copiem a reescrita.
O quadro da página seguinte pode auxiliá-lo a orientar seus alunos nessa ati
vidade. Ele contém, além dos trechos que devem ser reelaborados, algumas
perguntas e comentários.
Vale lembrar aos grupos que o texto resultante dessa reelaboração é uma pos-
sibilidade, entre outras. Veja na página 58, um exemplo do texto reformulado.
opinião 55
Texto Perguntas
A cidade cresceu muito, abriu muito campo de trabalho para as pessoas. As fábri- Que assunto é tratado no segundo parágrafo?
cas empregam jovens sem experiência e que não têm estudo para conseguir
Que autoridade poderia ser citada para
trabalho em outros setores que requerem nível de escolaridade, pessoas com
2 deficiência física, outros que não suportavam o trabalho rural pelo peso da idade.
fundamentar o argumento de que a vinda das
fábricas é uma vantagem?
Outra coisa que posso dizer é que trabalhando num emprego com carteira assi-
nada é possível conseguir assistência do INSS e aposentadoria. Como as vantagens poderiam ser comprovadas?
Mas a criação de empregos trouxe o aumento da migração. Muitas pessoas des- O autor assume uma posição?
conhecidas vieram de outros estados e outras regiões e passaram a viver em
3 nossa cidade, trazendo muitos problemas. Com isso, Samambaia do Leste não é
Utiliza bons argumentos para sustentá-la,
ou seja, bem fundamentados, coerentes
mais uma família samambaiense. e consistentes?
Enfim, vamos pedir a Jesus que olhe por esta cidade que acolheu tantos outros Como leitor, você ficou convencido
5 seus filhos, para que eles consigam conviver com os moradores antigos desta dos argumentos do autor?
terra que amamos muito. Conclui o texto enfatizando a posição dele?
56 opinião
Comentários
O título não é apropriado, pois o aluno intitulou seu texto com o tema do concurso.
Este parágrafo inicial poderia ser melhorado se o aluno usasse uma linguagem mais próxima da jornalística. Em sua descrição, ele poderia
relacionar sua cidade com outras que enfrentam problemas semelhantes, explicitar os motivos que levaram as fábricas a se estabelecerem
no local, formular mais claramente a questão polêmica e relacionar a industrialização com a urbanização acelerada.
Neste trecho, o aluno faz, adequadamente, uma enumeração das vantagens que o estabelecimento das fábricas trouxe, mas não funda-
menta com dados aquilo que escreve, nem indica a voz que, por trás da sua, valoriza a vinda das fábricas como fonte de benefícios incon-
testáveis.
Neste trecho, o aluno comenta que atualmente a cidade tem problemas. As possibilidades de emprego atraíram migrantes, o que, para os
antigos moradores, até mesmo ele, quebrou a harmonia da família samambaiense, aumentou o custo de vida e a violência. Se, por um
lado, o autor assume uma posição, por outro não a justifica. Quais argumentos podem sustentar que a migração é a causa dos problemas
apontados?
Provavelmente, se o aluno tivesse pesquisado mais, tivesse lido alguns artigos de especialistas sobre o assunto, poderia ampliar sua visão
sobre a relação entre industrialização, migração e urbanização acelerada, teria abandonado sua posição simplista de analisar o problema.
Da forma como está, parece que há uma luta do bem (a família samambaiense) contra o mal (os migrantes).
Este último trecho é iniciado com a expressão “enfim”, indicadora de conclusão. Não basta, porém, usar uma expressão articuladora corre-
ta. O modo como o aluno fecha o texto indica que ele não vê um possível encaminhamento para os problemas. Como faltou uma análise
mais profunda da situação atual da cidade, também faltam sugestões práticas para resolver os problemas existentes.
opinião 57
“Os problemas de Samambaia do
Leste têm solução?”
Como várias cidades brasileiras, Samambaia do Leste tem muitas belezas naturais, boa quali-
dade ambiental e poucas oportunidades de trabalho. Recentemente, por conta dos incentivos
fiscais instituídos pela atual gestão municipal, algumas fábricas se estabeleceram no entorno da
cidade. Este fato provocou um confronto de opiniões. Há aqueles que consideram a chegada das
fábricas uma solução para o desemprego e aqueles que a vêem como uma abertura para a urbani-
zação acelerada, com todas as questões que isso acarreta.
A administração municipal aponta dados a favor da industrialização local. A cidade cresceu
muito e o campo de trabalho também foi ampliado, com a criação de centenas de postos de ocu-
pação. As fábricas empregam jovens sem experiência e sem estudo, que teriam dificuldade para
conseguir trabalho em setores que requerem maior nível de escolaridade. As fábricas seguem a
obrigatoriedade legal de contratação de um certo percentual de pessoas com deficiência física.
Têm sido até contratadas pessoas que não suportavam o trabalho rural pelo peso da idade. A ges-
tão municipal também divulga dados estatísticos que demonstram que aumentou em 27,3% o
número de trabalhadores com carteira assinada. Sem dúvida, é benéfico ter assistência do INSS e
aposentadoria.
No entanto, se a criação de empregos trouxe benefícios, trouxe também um aumento do fluxo
migratório. É sabido que em todos os lugares do mundo onde há oportunidades de trabalho o
fluxo migratório torna-se intenso. É só observar o caso das grandes cidades brasileiras que cresce-
ram com a industrialização. Muitas pessoas vieram de outros estados e regiões e passaram a viver
nelas. Com isso, a falta de moradia, de infra-estrutura em geral e a violência aumentaram desme-
didamente. Mas pergunto: é necessário que nossa cidade enfrente os mesmos problemas?
A atual gestão, conhecedora das dificuldades típicas das grandes cidades, não poderia ter feito
algum planejamento econômico, urbanístico e ambiental?
O incentivo à vinda de mais comerciantes, por exemplo, aumentaria a concorrência entre eles
e forçaria uma queda de preços. Afinal, como dizem os economistas, quanto maior a oferta, me-
nores os preços.
Outras possibilidades de ação por parte da prefeitura poderiam amenizar a falta de planeja-
mento anterior e até mesmo a violência. Se a população fosse incentivada a se unir e formar coo-
perativas para a construção de casas próprias, se a gestão municipal criasse associações culturais
que proporcionassem atividades para a integração dos migrantes à família samambaiense, muitos
dos problemas poderiam ser resolvidos.
Dessa maneira, a convivência entre antigos e novos moradores seria mais fácil e a comunidade
samambaiense demonstraria o apreço ao princípio de que todo cidadão brasileiro tem o direito de
ir, vir e estabelecer-se em locais onde sua qualidade de vida possa ser melhor.
58 opinião
Produção de
artigos
oficina
Objetivo
• Produzir o texto individual.
opinião 59
Retome com seus alunos o percurso feito até agora. Nas oficinas anteriores,
eles escolheram uma questão polêmica que afeta a comunidade onde vivem.
Fizeram entrevistas, pesquisas em jornais e revistas, colheram dados para me-
lhor fundamentar sua posição.
Cada aluno vai produzir um texto individual com base na questão polêmica
escolhida anteriormente ou numa nova questão que esteja circulando na co-
munidade e que tenha relação com a pesquisa feita para que os alunos te-
nham o que dizer e possam fundamentar a posição assumida.
60 opinião
Últimos
retoques
Objetivo
• Revisar e melhorar o
texto individual.
oficina
opinião 61
Atividades
Prepare um cartaz com o roteiro descrito abaixo. Distribua aos alunos as
próprias produções para que eles possam revisar e melhorar o texto.
Roteiro
1. Seu artigo se baseia em uma questão polêmica?
2. Você informa ao leitor a origem dessa questão?
3. Tomou uma posição?
4. I ntroduziu sua opinião com expressões como “penso que”, “na mi-
nha opinião”?
5. L evou em consideração os pontos de vista de opositores para cons-
truir seus argumentos? Por exemplo: “Para fulano de tal, a questão é
sem solução. Ele exagera, pois...”
6. U
sou expressões que introduzem os argumentos, como “pois”, “por-
que”?
7. U
sou argumentos de autoridade, de exemplificação, de provas, de
princípio/crença pessoal, de causa e conseqüência?
8. U
sou expressões para introduzir a conclusão, como: “então”, “assim”,
“portanto”?
9. Concluiu o texto reforçando sua posição?
10. Verificou se a pontuação está correta?
11. Corrigiu os erros de ortografia?
12. Substituiu palavras desnecessariamente repetidas?
13. Escreveu com letra legível para que todos possam entender?
14. Encontrou um bom título para o artigo?
62 opinião
Os alunos poderão ter dúvidas quanto à grafia de algumas palavras.
Costuma ocorrer, por exemplo, com fonemas de mesmo som e grafia
diferentes (caso de ss/ç, z/s). Também com palavras que eles não sabem
se são escritas junto ou separado: “porque”, “por isso”, “embora”.
Para terminar, faça mais uma revisão do texto de seus alunos e peça-lhes
que escrevam, com base nessa correção, a versão definitiva.
Escolha, junto com a classe, de cinco a dez textos que serão encaminha-
dos para a comissão julgadora escolar — ela é que decidirá qual o artigo
de opinião (apenas um por escola) será enviado para participar da pró-
xima etapa da Olimpíada.
opinião 63
Critérios de avaliação
64 opinião
Categoria III — Gênero Artigo de opinião
(2o e 3o anos do Ensino Médio)
opinião 65
Textos recomendados
Brasileiro “ganha”5 meses de vida em 1 ano
De acordo com dados do IBGE, expectativa de vida no Brasil chegou a 72,3 anos
em 2006, contra 71,9 anos em 2005.
No ranking mundial, o Brasil aparece só na 114a posição, atrás de China e Turquia
e de países latino-americanos como Venezuela e Colômbia
Pedro Soares
Da sucursal do Rio
Quem nasceu no ano passado “ganhou” mais 4 meses e 26 dias de vida em relação aos que nas-
ceram em 2005. Foi quanto aumentou a expectativa de vida do brasileiro de 2005 a 2006 — ano
em que o indicador chegou a 72,3 anos, segundo a Tábua de Mortalidade de 2006, divulgada ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2005, a média era de 71,9 anos. Em
1960, a expectativa de vida era de 54,6 anos. De 1960 a 2006, aumentou em 17 anos, 8 meses e um
dia. De 2001 a 2006, o ganho ficou em três meses e 27 dias por ano, na média do período.
Pelos dados do IBGE, o Distrito Federal teve a maior expectativa de vida em 2006: 75,1 anos.
Alagoas ficou em último — 66,4 anos. A disparidade — como já havia sido verificado em anos
anteriores — se manteve elevada: 8,8 anos.
Persiste ainda, segundo o IBGE, a diferença entre a expectativa masculina e a feminina. En-
quanto os homens viverão, em média, 68,5 anos, as mulheres têm uma esperança de vida de 76,1
anos. Ou seja, viverão mais 7,6 anos. O principal motivo é o fato de os homens estarem mais ex-
postos às mortes violentas, afirma o instituto.
Segundo o IBGE, a melhoria no acesso à saúde, as campanhas de vacinação, a maior escolari-
dade, a prevenção de doenças e os avanços da medicina contribuíram para o aumento da expec-
tativa de vida. No ranking mundial, o Brasil aparece, porém, na 114a posição, atrás de outros
emergentes como China e Turquia e de países latino-americanos como Venezuela e Colômbia. O
ranking é da CIA (agência de inteligência norte-americana).
Encabeçam a lista Andorra (83,5 anos), Macau (82,3 anos) e Japão (82 anos). Já as piores
marcas são de Angola (37,6 anos) e Suazilândia (32,2 anos).
Juarez Oliveira, técnico do IBGE, diz que a tendência histórica é de aumento da expectativa de
vida em razão especialmente da melhora das condições de saúde e saneamento. Ele ressalta, porém,
que o Brasil vive uma “crônica” e “grave” desigualdade entre os Estados. “Há muito o que se fazer
para reduzir essa desigualdade regional crônica, que tende a se perpetuar neste século se nada for
feito”, diz.
Segundo o IBGE, pouco mudou no retrato da desigualdade regional nos últimos 26 anos. A
diferença entre a mais alta expectativa de vida — a das mulheres do Distrito Federal — e a mais
baixa — a dos homens de Alagoas — cedeu de 18,3 anos em 1980 para 16,5 anos em 2006. “Isso
mostra que o grave quadro de desigualdade persiste.” Em São Paulo, a expectativa de vida foi de
73,9 anos em 2006, com um crescimento de 12,3% em relação à marca de 1980 (65,9 anos).
Folha de S. Paulo, Cotidiano, 4/12/2007.
66 opinião
Violência não, educação sim
Antônio Ermírio de Moraes
O IBGE acaba de publicar a nova estatística de mortalidade da população. Ela mostra que o
Brasil envelheceu, mas, lamentavelmente, ficou mais violento. O envelhecimento traduz a marca
das nações desenvolvidas, nas quais as pessoas estão vivendo mais e com mais qualidade. O Brasil
está nessa trajetória.
Em 1960, a esperança de vida era de 55 anos. Hoje é de 72 anos — feito que traduz a melhoria
dos sistemas de prevenção e tratamento de doenças, entre outros fatores.
É inaceitável, porém, verificar que a violência cresceu 100% nesse período, tendo chegado a
um patamar horripilante. Em 2005, 12,5% do total de óbitos foram devidos a homicídios, suicí-
dios e acidentes de trânsito. Essa é marca do antidesenvolvimento.
Não sou especialista no assunto, mas leio que o problema tem muitas causas: desarranjos fa-
miliares, falta de emprego, baixa renda, habitação precária, educação de má qualidade etc.
Álcool e droga são componentes de muita importância. A redução dos exageros no álcool e a
eliminação do uso de entorpecentes ajudariam muito na diminuição das mortes violentas. Isso,
por sua vez, requer uma série de medidas nas famílias, escolas, igrejas, no trabalho e nos fatores
de potencialização de uso — bares e casas noturnas, por exemplo.
Nesse aspecto, há boas promessas. Vários municípios estão proibindo o funcionamento dos
bares nas madrugadas. Na capital de São Paulo, com o esforço de apenas 30 fiscais, a lei está sen-
do respeitada de forma crescente. Os repórteres do caderno Metrópole de “O Estado de S. Paulo”
observaram que, às 2h, o único ser vivo que perambulava no bairro boêmio de Vila Madalena na
noite de sexta feira, 23 de novembro, era um cachorro vira-lata. A grande maioria dos bares estava
de portas fechadas. Assim ocorria em vários outros bairros da cidade. Calma na cidade.
O fechamento desses estabelecimentos em horários civilizados ajudou a reduzir os ruídos
provocados por bares, restaurantes, danceterias e casas noturnas. Pode-se dizer que os paulista-
nos passaram a dormir, finalmente, um sono melhor, mais do que merecido, depois de um dia de
trabalho estafante.
Sei que isso é uma gota d’água no combate à criminalidade e à violência urbanas. Mas, se cada
um fizer sua parte — por menor que seja —, poderemos ter dias melhores.
Não podemos continuar perdendo tantos jovens em atos desvairados e por violência. Os mais
atingidos são os rapazes de 20 a 29 anos, que estão na flor da idade e têm pela frente uma vida a
ser construída em benefício próprio e do Brasil.
Oxalá a próxima pesquisa do IBGE mostre que os brasileiros vivem mais, melhor e em paz!
Folha de S. Paulo, 9/12/2007.
opinião 67
Sou contra a redução da maioridade penal
Renato Roseno
A brutalidade cometida contra dois jovens em São Paulo reacendeu uma fogueira: a redução
da idade penal. Algumas pessoas defendem a idéia de que a partir dos dezesseis anos os jovens
que cometem crimes devem cumprir pena em prisão. Acreditam que a violência pode estar au-
mentando porque as penas que estão previstas em lei, ou a aplicação delas, são muito suaves para
os menores de idade. Mas é necessário pensar nos porquês da violência, já que não há um único
tipo de crime.
Vivemos em um sistema socioeconômico historicamente desigual e violento, que só pode
gerar mais violência. Então, medidas mais repressivas nos dão a falsa sensação de que algo está
sendo feito, mas o problema só piora. Por isso, temos que fazer as opções mais eficientes e mais
condizentes com os valores que defendemos.
Defendo uma sociedade que cometa menos crimes e não que puna mais. Em nenhum lugar
do mundo houve experiência positiva de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal.
Fazer isso não diminuirá a violência. Nosso sistema penal como está não melhora as pessoas.
O problema não está só na lei, mas na capacidade para aplicá-la.
Sou contra porque a possibilidade de sobrevivência e transformação destes adolescentes está
na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lá estão previstas seis medi-
das diferentes para a responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Para fazer bom uso do
ECA é necessário dinheiro, competência e vontade.
Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado.
Mas reduzir a idade penal é ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos não serão
superados de modo simplório e imediatista. Precisamos de inteligência, orçamento e, sobretudo,
de um projeto ético e político de sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos
jovens não precisam ir para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva até lá. A decisão agora
é nossa: se queremos construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas.
Renato Roseno é advogado, coordenador do
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca — Ceará) e da
Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced).
Fonte: <www.cedecaceara.org.br/maioridadena.htm>.
68 opinião
Deficientes, feios e pobres
Jessé Souza
Esse mundinho de criar frase politicamente correta para os excluídos ou injustiçados é mais
que hipocrisia. É idiotizante. Querem transformar negros em afro-descendentes. Índios em nati-
vos. Deficientes físicos em portadores de necessidades especiais.
Tudo isto não passa de uma forma que os politicamente corretos acharam para tentar esconder
que — mesmo com o pomposo nome de portadores de necessidades especiais — os deficientes
físicos continuam sem acesso, sem respeito e sem poder exercer plenamente sua cidadania.
Tenho um irmão cadeirante (que anda de cadeira de rodas, um paraplégico T-4) — aviso
logo, antes que digam que estou comentando algo que eu não entendo. E não é uma terminologia
pomposa que o vai dignificar ou mudar a situação de exclusão em que vive, mesmo rodeado de
pessoas que o apóiam e o ajudam a ultrapassar obstáculos tanto físicos quanto psíquicos.
Os prédios não dão acessibilidade, os taxistas fazem cara feia e não param, os ônibus não
estão adaptados e as pessoas, em vez de tratarem o deficiente físico como um cidadão, acabam os
classificando como coitadinhos ou os rodeando de uma pena irritante.
Entre eles mesmos, os cadeirantes se divertem os colocando apelidos e chamando sem arro-
deios ou hipocrisia por suas deficiências. E nós, tendo um em nossa família, aprendemos que essa
história de palavras politicamente corretas não passam de uma cortina para esconder as graves
falhas da sociedade com quem é diferente, feio, aleijado, pobre, de cor...
Não importa se chamamos de puta, garota de programa, mulher da vida ou qualquer termino-
logia politicamente correta. O que importa é se este politicamente correto é só da boca para fora
ou estamos carregados de preconceito ou exclusão.
Não interessa se o cadeirante é paraplégico, aleijado, deficiente ou portador de necessidades
especiais. Importa é o engenheiro construir rampas, o taxista parar e dobrar sua cadeira no porta-
malas, o prédio público ter banheiros adaptados e os meios-fios adaptados.
Jamais iremos construir um mundo sem exclusão achando que buscando palavras politica-
mente corretas estamos acionando uma varinha de condão para incluir e dar acessibilidade aos
deficientes ou mudando a mentalidade de quem discrimina e exclui.
Só vamos mudar a realidade de quem está em desvantagem em relação aos que se acham
normais permitindo que os portadores ou deficientes de toda espécie exerçam sozinhos seu direi-
to de ir e vir, sintam-se cidadãos plenos e possam viver sem ser tratados como coitadinhos, que
precisam de pena e dó para que as leis sejam respeitadas.
Jessé de Souza é jornalista.
e-mail: jesse@folhabv.com.br
Fonte: Folha da Boa Vista, 19/9/2007.
opinião 69
A futura gestão dos recursos hídricos
Cássio Borges
No semi-árido nordestino, a irregularidade das chuvas tem ocasionado “ciclos secos” de até
oito anos seguidos, como o que foi constatado entre os anos de 1950 e 1958. Mais recentemente,
tivemos “um ciclo seco desfavorável” de cinco anos entre os anos de 1979 e 1983, tendo a sua
abrangência atingido até mesmo o Estado do Maranhão. A existência desses “períodos críticos”,
já há tempos constatada pelo Dnocs, acarreta a redução do aporte de água fluvial para os reser-
vatórios, o que, por deficiência de recarga e por medida de precaução, impossibilita a utilização
plena do volume de água armazenado nos açudes e, em conseqüência, boa parte dele se perde
pela elevada evaporação.
Ao integrar os grandes açudes da região a uma fonte perene externa como o Rio São Francisco,
os recursos hídricos locais se potencializarão, possibilitando a gestão de um volume bem maior
da água armazenada, estimulando o desenvolvimento social e econômico, tanto na agricultura ir-
rigada, na pecuária, como na indústria, gerando emprego, renda e produzindo alimentos, o que é
de interesse nacional. Com a garantia dessa fonte externa, intensificando-se a utilização das águas
acumuladas nos reservatórios, diminuirá a superfície exposta à evaporação e esta se reduzirá,
aumentando de forma substancial a disponibilidade hídrica realmente utilizável. Em outras pala-
vras, o desenvolvimento social e econômico se dará de forma mais abrangente não pela água do
Rio São Francisco que estará chegando, mas pela intensiva utilização das águas locais que seriam
perdidas para a atmosfera pelo efeito incontrolável da evaporação. Desta forma, as águas advindas
da transposição serão reservadas, exclusivamente, ao abastecimento humano e animal sempre que
os açudes estiverem secos, ou na iminência de secar.
Como exemplo, o açude Castanhão, localizado no Ceará, que perde por evaporação, em média,
cerca de 25 m3/s, enquanto o aproveitamento regular de sua água é de apenas 19 m3/s. Essa perda
70 opinião
poderia ser reduzida para até menos da metade, gerando virtualmente um novo reservatório e
aumentando significativamente o aproveitamento de suas águas. Pois esse açude acumula 4,2 bilhões
de m3 na sua cota de regularização. Desse volume, 30% são, em média, evaporados anualmente,
restando, portanto, 3 bilhões. Destes, apenas é utilizável um volume da ordem de 600 milhões de m3
(19 m3/s), pois os restantes 2,4 bilhões de m3 deixam de ser utilizados justamente para “guardar a
água’’ para vencer uma possível futura seca prolongada, ou um “trem de anos secos”, no vocabulário
do Dnocs. Não mais será necessária essa precaução de “guardar água’’ após a concretização da trans-
posição, ou como quer o ministro Ciro Gomes, do Projeto de Interligação de Bacias.
Como acima foi explicado, desaparecerá completamente o mais recente argumento dos opo-
sitores: “a água vinda do Rio São Francisco é muito cara” ou, ainda, “é chover no molhado” (ver
Folha de S. Paulo, do dia 17/10/2005, na entrevista dada pelo pesquisador João Suassuna na ma-
téria sob o título: “Para opositores, projeto é chover no molhado’’). Mas esse tipo de declaração só
se pode atribuir à completa ignorância do que seja o semi-árido e aí incluo muitos dos que dizem
ser cientistas (em que área da ciência?) e, por isso, se acham com o direito de falar sobre esse tema
nordestino, delicado e complexo, que desconhecem.
Não pode deixar de ser salientado que, pelo acima exposto, o custo da água trazida pela trans-
posição será diluído no uso mais intenso e eficaz da água acumulada nos açudes. Ou seja, na rea
lidade, cada m3 transposto irá representar um volume maior utilizável. Pelo que, inegavelmente,
não é o custo do m3 da água bombeada do Rio São Francisco que deve ser considerado na análise
do custo benefício da transposição, mas sim sua eficiência hídrica.
Cássio Borges é engenheiro civil, ex-diretor regional do
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Fonte: O Povo, de Fortaleza (CE).
opinião 71
Trabalho infantil consome futuro
de muitas crianças
Jô Azevedo
72 opinião
precisamos lutar para que ela seja estendida de fato e com a qualidade exigida a todas as crianças,
para que todas possam desenvolver habilidades mínimas, senso crítico, visão de mundo e se pre-
parem para a cidadania plena.
Muita gente acredita que o trabalho infantil é solução. Mesmo os pais dessas crianças pensam
dessa forma, pois não têm alternativa. Esta é uma estratégia de sobrevivência que adotam para
amenizar os efeitos do desemprego e dos salários baixos e aumentar a renda minguada da família.
Também encaram o trabalho como forma de treinar os jovens para o mercado, diante da preca-
riedade da escola pública. Não enxergam que, assim, ao invés de expandir, limitam o desenvolvi-
mento possível de seus filhos.
Outro argumento a favor do trabalho infantil o contrapõe à vadiagem. Ele seria uma alternati-
va para que a criança não vá para a rua e caia na marginalidade. Mas esse entendimento não mas-
cara a falta de alternativas para socializar essas crianças? Esportes, ações complementares à escola,
cultura e atividades de lazer, práticas comuns para as crianças de classe média, não deveriam ser
estendidas a todos os jovens, por meio de políticas públicas adequadas?
Todas essas questões estão na preocupação de muita gente: educadores, gestores de organis-
mos internacionais, governantes, legisladores, juízes. Há mais de uma década o País se movimenta
para enfrentar o problema. Primeiro, apontando as situações do trabalho infantil. Depois, por
meio de governos e setores da sociedade, propondo programas para dar conta dele. Assim surgi-
ram as bolsas para garantir a freqüência à escola, as programações de atividades complementares
à jornada escolar, os cursos profissionalizantes, a assistência às famílias em situação de risco, os
programas emergenciais de geração de renda, etc. Mesmo assim, é pouco. É preciso uma política
pública para acabar com essa praga. Por isso, nosso papel é muito importante. A fase de combate
ao trabalho infantil que se inicia no novo milênio precisa ser pautada pela forte exigência de todos
os setores sociais para que políticas públicas mais abrangentes sejam implementadas.
Jô Azevedo é jornalista, co-autora dos livros
Crianças de fibra (Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1994);
Serafina e a criança que trabalha (São Paulo, Ática, 1996);
Trabalho infantil — O difícil sonho de ser criança
(São Paulo, Ática, 2003).
opinião 73
Uma polêmica brasileira
Dirceu de Souza Cetto
Através de um projeto que já vinha há muito tempo em tramitação no legislativo e foi final-
mente acordado, a população brasileira, no próximo mês de outubro, decidirá sobre uma questão
polêmica: o comércio de armas de fogo e munição no Brasil. Um assunto que divide opiniões.
Muitas pessoas acreditam que a proibição não vai resolver as questões de violência que atin-
ge o Brasil, pois crêem que a violência gerada com tais artefatos é cometida por criminosos, que
com ou sem lei, irão adquirir, na ilegalidade. Entretanto, as pesquisas mostram que países como
a Inglaterra Austrália, após a redução do número de armas na comunidade, houve aumento da
criminalidade.
Já os defensores que proíbem a comercialização de armas de fogo alegam que o Brasil só vai
ganhar com o “sim” final no referendo. Segundo esses defensores, o Brasil é campeão em mortes
por armas de fogo, pois, segundo estatísticas, morrem, vitimadas por elas, 14 pessoas por minuto
no país.
O referendo vai ser a ferramenta capaz de processar a manifestação pública, favor ou contra o
armamento. Cabe a cada um defender a sua opinião com argumentos verídicos e lutar por um país
sem violência, onde possamos andar tranqüilamente pelas ruas, seja qual for a decisão final.
Utopia ou realidade, as opiniões devem estar em consonância com a segurança de cada
brasileiro.
Dirceu de Souza Cetto, Alfredo Chaves (ES)
Estudante de comunicação social, com habilitação em relações públicas.
Fonte: O Jornal, 26/8/2005.
74 opinião
R$ 14,53 para viver o dia
Sylvia Romano
“O salário mínimo surgiu no Brasil em meados da década de 30. A Lei n o 185 de janeiro de
1936 e o Decreto-Lei no 399 de abril de 1936 regulamentaram a instituição do salário mínimo co-
mo, a remuneração mínima devida a todo trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal
de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região do país, às necessidades normais
de alimentação, habitação,vestuário, higiene e transporte. O Decreto-Lei n o 2126 de 1o de maio de
1940 fixou os valores do salário mínimo, que passaram a vigorar a partir do mesmo ano.”
Quando o então presidente Getúlio Vargas anunciou a implantação do salário mínimo, a
notícia foi recebida com euforia e, de imediato, milhões de trabalhadores foram beneficiados com
a nova medida, já que na época ganhavam abaixo desse valor.
Agora, acaba de ser divulgado em nossos principais veículos de comunicação que o brasileiro
passará a ter em 2008 um reajuste do salário mínimo e que o mesmo será elevado para R$ 408,00
(quatrocentos e oito reais) mensais.
Fazendo um cálculo primário, multiplicando a importância por 13 meses, somando-se o 13o salá
rio e dividindo-se o total por 365 dias do ano, chegaremos ao valor de R$ 14,53 (quatorze reais e
cinqüenta e três centavos) para sobreviver um dia. Com esta importância o brasileiro, se for sozi-
nho, sem mulher, filhos e agregados, terá de pagar transporte, moradia, alimentação, serviços
básicos, impostos, vestuário e outras necessidades prementes como, saúde e educação, ou seja, o
básico que uma vida digna exige.
Levando-se em conta que a grande parcela de salários é exatamente o salário mínimo, surge
uma questão: Como essa enorme população viverá? Será que os economistas do governo já fize-
ram essa conta simplista? Não saberia calcular o mínimo necessário para se ter a dignidade da
independência financeira, até porque ela varia muito de pessoa para pessoa, de região para região
e de referencial para referencial. Mas tenho certeza que, com o novo salário mínimo que se pre-
tende para 2008, vamos continuar a ver a pobreza florescendo dia a dia e, com ela, a violência
crescendo cada vez mais, pois frente as necessidades da miséria, não restará ao cidadão menos
favorecido outra alternativa senão a deliqüência e a violência, únicas saídas para a sobrevivência.
O salário mínimo foi criado para atender às necessidades básicas do trabalhador. Seria bom
que os nossos atuais governantes se inteirassem da realidade e revissem, junto aos seus economis-
tas, a situação financeira da nossa população.
Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, de São Paulo.
opinião 75
A cobrança da água
Sebastião Almeida
Após mais de cinco anos de discussão, a Assembléia Legislativa aprovou um projeto muito
importante do ponto de vista social e ambiental: o que estabelece a cobrança pelo uso da água no
Estado de São Paulo. Polêmico, o projeto foi aprovado após inúmeras discussões entre ambienta-
listas e na própria Assembléia. Pela nova lei, o Estado vai passar a cobrar também pela captação
de água nos rios, aqüíferos e reservatórios. Hoje, a cobrança recai apenas sobre a distribuição e o
tratamento.
O ponto mais polêmico refere-se ao suposto impacto na conta final do consumidor. Aqueles
que são contra a cobrança afirmam que a população será penalizada com mais um encargo. É bom
que se esclareça que essa afirmação é totalmente falsa. O preço fixado é de, no máximo, um cen-
tavo para cada mil litros consumidos. Levando-se em consideração que o consumo médio de uma
pessoa em casa é de cinco mil litros por mês, um casal deve pagar cerca de 10 centavos a mais na
sua conta de água. Além disso, cerca de 500 mil consumidores estarão isentos da nova taxa, pois
pagam a tarifa social destinada à população de baixa renda.
O maior impacto será sentido, na verdade, pelas grandes indústrias e empresas, que utilizam
muita água. Mesmo assim, os benefícios são incontáveis para toda a sociedade. Todos nós sabe-
mos que a exploração racional da água é vital para a sobrevivência da humanidade. Atualmente,
mais de 30% da água retirada dos rios é desperdiçada na distribuição à população. Com a cobran-
ça, as empresas de distribuição e tratamento terão mais recursos e vão querer investir em medidas
para combater as perdas.
Outro ponto refere-se ao controle ambiental. A nova taxa deve gerar cerca de R$ 300 milhões
para serem investidos nas bacias e ações de proteção ao meio ambiente. As hidrelétricas também
devem ser taxadas, mas devem repassar o custo ao consumidor final, pois elas já pagam royalties
76 opinião
federais. O setor agrícola vai ter tempo para se adaptar à nova taxa, pois a tarifa para os agriculto
res só será cobrada a partir de 2010.
A cobrança pela captação de água não chega a ser novidade. Nos Estados Unidos e em diver
sos países da Europa ela é praticada há muitos anos. Aqui no Estado de São Paulo, desde 2003 a
água é cobrada na bacia do Rio Paraíba do Sul, no Vale do Paraíba. A medida garante uma receita
anual de mais de R$ 7 milhões, que são investidos em projetos de controle ambiental na bacia,
que envolve 180 municípios nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. E a experiên
cia do Paraíba do Sul está muito longe de pesar no bolso dos consumidores.
Agora, o que é necessário é fiscalizar muito bem como serão aplicados os recursos captados
com a taxa. Aqui no Brasil é muito comum criarem taxas e mais taxas para fins específicos e o
dinheiro simplesmente sumir em meio à burocracia da máquina pública, em todas as esferas. Os
mais velhos certamente se lembrarão da desastrosa cobrança do selo-pedágio, na década de 80,
cuja finalidade era recuperar a malha rodoviária do País. E todos nós sabemos a situação em que
se encontram nossas rodovias.
A sociedade civil, as organizações ambientais e os comitês de bacia têm um papel muito im
portante a executar. Cabe a toda a sociedade auxiliar no planejamento das ações e controle dos
recursos oriundos da nova taxa. Ao governo estadual cabe democratizar as discussões e ouvir a
população e os comitês para definir as prioridades em todo o Estado. A cobrança já está autoriza
da, não vai pesar no bolso dos consumidores e certamente será apoiada por toda a sociedade.
Desde que haja responsabilidade do poder público em gerir bem esses recursos para garantir a
preservação dos nossos recursos hídricos. Dessa vez, não estamos falando de recuperação de ro
dovias. Estamos falando da preservação de um bem essencial para toda a humanidade.
Sebastião Almeida é presidente da Comissão de Meio Ambiente da
Assembléia e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água.
Fonte: Diário on-line, Marília, 21/12/2005.
opinião 77
Carne, um vilão ecológico
Jair Donato
Há duas maneiras de olhar o mundo e os impactos que o homem provoca nele. A primeira,
capitalista, por ser uma visão míope e devastadora, impede de ver que os recursos naturais são
destruídos em curto prazo, como se não houvesse futuro. A segunda visão, essa merece uma refle-
xão mais profunda, é a longo prazo, onde se percebe que o resultado da primeira, na maior parte
das vezes, é irreversível.
É fato que as atividades humanas, principalmente no século XX, foram responsáveis pelas
alterações do clima no planeta, e provocam o superaquecimento da Terra. Segundo estudos publi-
cados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a comida atual
da humanidade, à base de carne, se tornou uma das grandes fontes depreciativas e poluidoras do
meio ambiente.
Todo o processo de produção e consumo de carne de boi, peixe, frango ou porco, dentre
outras, é responsável pela poluição do ar, do solo e da água, quando aplicado sem respeito ao
meio ambiente. Os animais são grandes emissores de gases poluentes, além das áreas de recursos
naturais que são devastadas para criá-los.
É inegável que a maior parte do crescimento da criação bovina no Brasil se dá à custa da des-
truição das florestas. O especialista em ecoturismo, João Meirelles Filho, autor de “O livro de Ouro
da Amazônia” diz que o boi é a principal razão da destruição dos ecossistemas brasileiros. Foram
93% da Mata Atlântica, 80% da Caatinga, 50% do Cerrado e 18% da Amazônia, devastados para
essa função.
Além de poucas vantagens coletivas na atividade bovina, é um péssimo empregador. Poucos
cuidam de milhares de cabeças de gado, altamente lucrativas para um segmento, e prejuízo para
a natureza. Anualmente, mais de 20 bilhões de metros quadrados da Floresta Amazônica são der-
rubados para plantio de grãos, seguido da criação de pasto.
Segundo dados do IBGE (2000), no Brasil o número de cabeças de gado ultrapassa a popu-
lação, são quase 200 milhões de bovinos. Quase 70% da pecuária é representada por bovinos, a
maioria para corte, outra parte, para leite. Foi estimada uma emissão em torno de 9,2 milhões de
toneladas de metano, gás liberado pelos animais, que polui até 21 vezes mais do que o gás carbô-
nico, provenientes da pecuária.
78 opinião
Dos gases que formam a camada do efeito estufa, 18%, vêm da criação bovina e suína. Segun-
do a FAO, cerca de 37% das emissões globais de metano e 65% de óxido nitroso, gases poluentes
dezenas de vezes superior ao gás carbônico, surgem dessas atividades. Uma vaca chega a produzir
600 litros/dia de metano. Há país que esse número chega até 700 litros, devido à fermentação do
alimento recebido.
Atualmente, a questão ética se passa, fundamentalmente, pela postura do consumidor ao
adquirir produtos ecologicamente corretos. Ambientalistas, ecologistas e climatólogos apontam
a importância do consumo consciente na alimentação à base de carne, como forma de poluir e
degradar menos.
Quase metade das terras propícias para agricultura, no planeta, já virou pasto. Cerca de 35%
de todos os grãos produzidos mundialmente são destinados à ração bovina, quantia que supriria a
fome nos países pouco desenvolvidos, carentes de alimentos. Mas parece que é a fome que é ilícita
e ignorada, em detrimento do delírio mercantilista de poucos.
Mato Grosso, econômica e politicamente, tem títulos internacionais como maior parque pe-
cuário do país e grande produtor de grãos. Na primeira visão, a do velho paradigma de ganho,
isso pode ser sinônimo de riqueza e desenvolvimento. Mas para quem? Para quantos? Por quanto
tempo? Talvez seja o momento de uma profunda reflexão a longo prazo, preservar e conservar
mais, sem poluir tanto.
Pense no impacto dos próximos anos em que o planeta terá de suportar 9 bilhões de pessoas,
se não houver uma mudança ecológica nos hábitos alimentares. Sem radicalismos, mas isso mere-
ce um repensar individual e coletivo. Mais que uma questão de saúde, é uma atitude ambiental-
mente correta. Qual a sua visão? É em curto ou em longo prazo? Isso é o que pode fazer você agir
diferente, e seus filhos viverem melhor.
Jornalista em Cuiabá, consultor — life coach —, professor universitário,
especialista em gestão de pessoas e qualidade de vida.
e-mail: jairdomnato@gmail.com
opinião 79
Café na avenida: certo ou errado?
Angélica Larissa Ferreira
Um fato estranho aconteceu em minha cidade. O prefeito interditou a avenida principal para
secagem de café, provocando muita polêmica.
Um cafeicultor pediu um espaço ao prefeito alegando que a colheita estava atrasada por causa
da chuva, como a safra foi muito grande ele já não possuía espaço suficiente para secar café. Se-
gundo ele, se o prefeito não cedesse um espaço, ele teria que parar com a safra e demitir duzentos
trabalhadores rurais.
Algumas pessoas estão revoltadas com a atitude do prefeito, mas outras consideram que ele
está certo.
Os que são contra dizem que o prefeito agiu com intenções políticas, porque é candidato à
reeleição; dizem ainda que a medida atrapalhou o trânsito; que a população não foi avisada com
antecedência e que essa atitude abre precedentes para outros produtores solicitarem o mesmo
benefício, caso fiquem em dificuldades.
Os que são favoráveis dizem que a medida impediu a demissão dos trabalhadores, que a
avenida é larga o suficiente para ser usada em mão dupla e que será utilizada por pouco tempo,
aproximadamente trinta dias.
Eu penso que com a pista interditada havia a possibilidade de acontecer acidentes, visto que a
interdição da avenida não foi mesmo comunicada com antecedência à população. Esta avenida é
uma das mais movimentadas de minha cidade, pois dá acesso ao distrito industrial, à usina de
açúcar e álcool e à rodovia estadual próxima, portanto não deveria estar sendo usada dessa forma.
Penso ainda que o fazendeiro deveria ter construído outros terreiros para secar o café ou
tentar encontrar outra solução sem incomodar os cidadãos, pois acredito que dinheiro não é
problema para ele, já que como foi publicado no jornal da cidade o cafeicultor é o maior pro-
dutor da região.
Apesar de algumas pessoas garantirem que o decreto do prefeito é legal, porque está previsto
na lei orgânica do município em seu artigo 94, o promotor de justiça afirmou que “a medida é
juridicamente discutível”.
Portanto, sou contra a colocação do café na avenida porque privilegia alguns em detrimento
de outros, abre precedentes e atrapalha o trânsito da cidade.
Angélica Larissa Ferreira, aluna da professora Maria Ângela Tidei,
da E. E. Professora Laura Rebouças de Abreu, participante do Prêmio Escrevendo o Futuro.
80 opinião
Doce Içara com sabor amargo
Joice Zilli da Silva
Içara é a capital do mel, cidade mais doce do Brasil. Agora, com um sabor diferente, amargo,
que vem preocupando seus moradores.
Numa localidade vizinha, na zona rural de Santa Cruz, há um projeto para instalação de uma
mina de carvão. Com a abertura da mina, os moradores descontentes acabarão abandonando
suas terras, vendendo-as e deixando para trás toda uma vida dedicada ao campo, especialmente
à apicultura.
Durante a entrevista realizada na Câmara Municipal de Vereadores, um vereador informou
que os projetos foram discutidos e aprovados. A polêmica continua, no entanto a decisão caberá
ao Poder Judiciário.
Penso que a população deveria ser consultada sobre o assunto. Os agricultores e a empresa
mineradora deveriam ter a preocupação com o meio ambiente, cumprindo a Constituição Brasi-
leira que prevê que a agressão ao meio ambiente é crime.
Segundo pesquisa realizada pela 4ª- série, turma 43 da E. E. B. “Antonio Colonette”, das
819 pessoas ouvidas de várias localidades do município de Içara, constatamos que 70% são
contra a instalação da mina, porque prejudica o meio ambiente, o solo, a água, o ar, a vida dos
seres vivos, com risco de morte, além do cheiro insuportável da perita. Elas têm consciência de
que a mina vai acabar com a atividade agrícola, vai prejudicar a terra. Porém, 30% são a favor,
pois a abertura da mina de carvão trará novos empregos, lucro ao município, com aumento de
arrecadações dos impostos, crescimento, novas tecnologias, modernidade, além da fabricação
do cimento, energia, aço etc.
Na minha opinião, a localidade de Santa Cruz tem muitas famílias que vivem lá há anos,
trabalhando na terra, tirando o seu e o nosso sustento, e precisam permanecer na terra, sem que
haja a instalação da mina. Continuar com a terra fértil, cheia de plantações, água pura, potável,
com pessoas que a amam será a melhor solução.
Afinal, este “sabor amargo” do carvão precisa ser conhecido por todos, adoçado com um
pouquinho de mel, preservando a vida.
Joice Zilli da Silva, 11 anos, aluna da professora Edina da Silva de Freitas,
da E. E. B. Antonio Colonetti, Içara (SC), participante do Prêmio Escrevendo o Futuro.
opinião 81
Recado final
82 opinião
Para saber mais ainda
opinião 83
O papel da escola
A escola não tem condições de ensinar todos os gêneros existentes, nem pode
prever todos aqueles que os alunos utilizarão em sua vida futura. Ainda assim, o traba-
lho escolar é muito importante. Até mesmo para que o aluno se torne autônomo, ca-
paz de aprender sozinho os gêneros de que vai necessitar no futuro.
É preciso garantir a todos os alunos os saberes lingüísticos necessários para o
exercício da cidadania. Isso porque uma vida digna em sociedade pressupõe o domí-
nio das competências de ler, escrever e refletir sobre a língua escrita.
A pessoa que fala, lê ou escreve está imersa numa história, numa cultura e em di-
ferentes grupos sociais nos quais exerce papéis variados. Trata-se de um processo de
construção de sentido que ocorre na relação entre os interlocutores e o contexto em
que atuam.
Uma reflexão sobre a concepção de língua e de ensino e aprendizagem que fun-
damentam as práticas escolares pode ser um bom começo para uma ação pedagógica
mais sintonizada com as necessidades dos sujeitos no mundo.
A escola precisa identificar situações autênticas de comunicação. Por exemplo, os
alunos de determinada escola recebem uma revista feita para jovens, mas comentam
com a professora que os assuntos não são de seu interesse. Surge a oportunidade. A
professora pergunta o que eles poderiam fazer para que a revista tratasse de no-
vos temas. Como os alunos podem não ter idéia de que é possível usar a escrita para
isso, a professora propõe que escrevam uma carta à redação da revista. Cria-se uma
situação autêntica de produção de texto.
Provavelmente os alunos já tiveram contato com cartas pessoais, mas essa nova
situação exige linguagem formal. Torna-se necessário, portanto, ensinar como escrever
a carta. Está criada uma situação de produção de texto com base numa necessidade
efetiva — a carta tem uma finalidade definida e será, de fato, enviada ao destinatário.
Quanto mais a escola estiver sintonizada com seus alunos, mais condições terá de
identificar e, mesmo, provocar situações em que eles tenham real necessidade de ler
e produzir textos.
Como promover situações semelhantes a essa? Por exemplo, a simulação de júris
em que alunos assumem os papéis de réu, de juiz, de promotor, de jurados. Ou de uma
redação de jornal, em que os alunos representarão as diferentes funções nela existentes:
repórter, redator, editor, revisor.
Também há os textos escritos em situações de provas, concursos, olimpíadas. Nesse
caso, o aluno precisa demonstrar domínio na produção de determinado gênero.
Seja qual for a situação, é necessário dar instrumentos para o aluno escrever da
melhor forma possível. Na sala de aula o texto, além de ser a materialização de práticas
reais de linguagem, torna-se também objeto de ensino e aprendizagem. E isso requer
um trabalho planejado, contínuo, em que a atuação do professor é crucial.
84 opinião
É importante acolher os conhecimentos que os alunos trazem, introduzir novos
conteúdos e valores por meio de situações desafiadoras e fazer a mediação entre os
discursos dos alunos — geralmente construídos em esferas cotidianas de interação,
como a família e a vizinhança — e os discursos produzidos em outras esferas, como as
da ciência, da política e da mídia.
O ensino de leitura e produção de texto torna mais claro ao aluno o que dele se
espera. Isso ocorre, sobretudo, quando dizemos exatamente qual é a proposta: com
que finalidade o aluno vai escrever, para quem, sobre qual assunto, em que gênero.
Seqüência didática
Seqüência didática é um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para
ensinar um conteúdo etapa por etapa. Essa seqüência de atividades permite que os alunos
cheguem gradualmente ao domínio de determinado conteúdo ou competência.
Ao organizar a seqüência didática para o ensino de gêneros textuais (orais ou escri-
tos), o professor planeja seu trabalho para orientar seus alunos a ler, escrever e escutar
ativamente, a explorar diversos exemplares do gênero escolhido. Assim, eles domina-
rão pouco a pouco suas características e produzirão textos dos gêneros estudados.
O trabalho com seqüências didáticas supõe um rico processo de interação em
aula — com a participação e orientação do professor como parceiro mais experiente
e conhecedor do conteúdo que ensina —, cria um campo que favorece a apropriação,
por parte dos alunos, de um dos instrumentos culturais elaborados historicamente
pelo homem — os gêneros textuais.
É importante enfatizar que a idéia central do trabalho com seqüências didáticas “é a de
que se devem criar situações com contextos que permitam reproduzir em grandes linhas e
no detalhe a situação concreta de produção textual, incluindo sua circulação, ou seja, com
atenção para o processo de relação entre produtores e receptores” (Marcuschi, 2002).
No Caderno do Professor — Orientação para produção de textos, a seqüência didá-
tica apresenta o seguinte passo-a-passo para o ensino dos gêneros textuais.
Passo 1
Apresentação do projeto de escrita e da situação de produção
O professor inicia a seqüência didática apresentando o gênero a ser estudado, ressal-
tando a importância de ler e produzir textos daquele gênero. Aqui há uma boa oportuni-
dade para verificar se os alunos sabem em que situações sociais esses textos são produzidos,
com que finalidade, para quem ler, e em que suportes textuais são encontrados.
O professor também apresenta o plano de estudo do gênero, o objetivo da pro-
posta e cada uma das etapas de trabalho, que ele deve registrar num cartaz para que
todos possam consultá-las quando necessário.
opinião 85
Passo 2
Diagnóstico inicial
O diagnóstico inicial tem por objetivo verificar o que a turma já sabe do gênero que
será estudado. O professor deve avaliar se eles sabem em que situações sociais esse gê-
nero é utilizado, se eles já leram ou escreveram algum texto desse gênero e em que
contextos o fizeram.
O professor pede à turma que escreva o texto, indicando os elementos da situa-
ção de produção: a quem se destina o texto (pais, colegas, pessoas da comunidade),
qual é a sua finalidade (convencer, divertir, informar), onde será publicado (coletânea,
jornal da escola ou da cidade, mural).
Como as turmas são heterogêneas, a avaliação inicial favorece o planejamento de
intervenções diferenciadas, possibilitando que todos cheguem ao final da seqüência
didática proposta com maior domínio do gênero.
Passo 3
Leitura de textos
Para que os alunos ampliem seu repertório e se aproximem do gênero estudado,
eles precisam ler bons e variados textos.
O professor deve atuar como mediador entre os estudantes e o texto, incentivando,
questionando, dando informações sobre o autor, seu tempo, suas fontes, sua obra, seus
interlocutores, seu estilo etc.
Passo 4
Estudo das características do gênero
Para o estudo do gênero, são propostas várias atividades de oralidade, leitura, escrita e
reflexão sobre a língua. Elas levam o aluno a identificar as características peculiares do gê-
nero, como formas de composição, expressões próprias e tempos verbais utilizados.
Passo 5
Pesquisa sobre o tema
Em qualquer situação comunicativa, é preciso conhecer o assunto sobre o qual se
escreve ou fala. A pesquisa é fundamental — consultar diferentes fontes, entrevistar
pessoas, analisar documentos e coletar dados da cultura local. Essas informações são
organizadas em uma síntese (cartaz ou quadro) para serem compartilhadas com o
grupo e consultadas sempre que necessário.
86 opinião
Passo 6
Produção coletiva do texto
Na produção coletiva do texto, orientada pelo professor, os alunos organizam e
sintetizam o que foi aprendido. A troca de informações entre colegas permite ao aluno
que está em uma etapa mais avançada de conhecimento auxiliar no processo de
aprendizagem dos demais.
Durante as discussões, aparecem diferentes pontos de vista, e os alunos podem
compreender que há vários modos de dar tom ao texto. Na negociação sobre o que
deve ser escrito, de que maneira e em que ordem, há a possibilidade de autoria cole-
tiva. Além de incentivar a participação de todos, essa produção oferece um modelo
para a escrita do texto individual.
Passo 7
Produção individual
O desafio dessa etapa é a escrita individual do texto, tendo em mãos o roteiro que
orienta a produção do gênero estudado. Para mobilizar os alunos, o professor pode
relembrar a situação de comunicação proposta no início da seqüência didática. Além
disso, deve rever as aprendizagens sobre elementos do gênero feitas ao longo da se-
qüência didática. Espera-se, nessa produção final, que o aluno ponha em prática
grande parte do que foi ensinado.
Passo 8
Aprimoramento e reescrita do texto
Depois da escrita individual, o aluno — de posse de um roteiro e com auxílio do
professor — fará a revisão e as reformulações necessárias para o aprimoramento de
seu texto.
Passo 9
Publicação do texto produzido
Para finalizar o trabalho, o professor prepara os textos produzidos pelos alunos para
publicação. Por exemplo, se trabalhou com artigos de opinião, pode publicá-los no
jornal local, jornal mural ou na internet. No caso dos poemas, pode apresentá-los em
um sarau ou organizá-los em uma coletânea. Se o gênero foi memórias literárias, pode
transformar os textos elaborados em um livro de memórias.
Por fim, para valorizar a conquista dos alunos, o professor pode promover uma
cerimônia especial de lançamento da publicação ou de inauguração do mural. Pode
ainda realizar um sarau com a participação das famílias dos alunos.
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