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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Curso de Pós-graduação em Geofı́sica


DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARACTERIZAÇÃO
HIDROGEOLÓGICA DO
SETOR ORIENTAL DO PÓLO
INDUSTRIAL DE CAMAÇARI
UTILIZANDO GEOFÍSICA
ELÉTRICA

SAULO UESLEI SOUSA MOTA

SALVADOR – BAHIA
ABRIL – 2004
Documento preparado com o sistema LATEX.
Documento elaborado com os recursos gráficos e de informática do CPGG/UFBA
Caracterização hidrogeológica do setor oriental do Pólo Industrial
de Camaçari utilizando geofı́sica elétrica

por
Saulo Ueslei Sousa Mota
Engenheiro Civil (Universidade Federal da Bahia – 1998)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de
MESTRE EM CIÊNCIAS
EM
GEOFÍSICA

Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa
da
Universidade Federal da Bahia

Comissão Examinadora

Dr. Olivar Antônio Lima de Lima - Orientador

Dr. Hédison Kiuity Sato

Dra. Iara Brandão de Oliveira

Aprovada em 06 de Abril de 2004


A presente pesquisa foi desenvolvida no Centro de Pesquisa em Geofı́sica e Geologia da UFBA.

M917 Mota, Saulo Ueslei Sousa,


Caracterização hidrogeológica do setor oriental do Pólo In-
dustrial de Camaçari utilizando geofı́sica elétrica / Saulo Ueslei
Sousa Mota. — Salvador, 2004.
vii, 68 f.: il., mapas.

Dissertação (Mestrado) - Pós-Graduação em Geofı́sica. Insti-


tuto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, 2004.

1. Geofı́sica-Bahia 2. Geofı́sica (Métodos Elétricos)


3. Pólo Industrial de Camaçari(Ba)-Caracterização Hidroge-
ológica I. Tı́tulo II. Tese

550.370:556.34(813.8)(043)
Resumo

A execução e interpretação de 40 sondagens elétricas verticais (SEV), de resistividade e


polarização induzida no domı́nio do tempo, possibilitou obter um melhor conhecimento e
representação das condições geológicas e hidrológicas de subsuperfı́cie na área leste do Pólo
Industrial de Camaçari, englobando partes dos distritos de Biribeira, Monte Gordo e Para-
fuso, Municı́pio de Camaçari, Bahia. Essas sondagens foram obtidas usando o arranjo Sch-
lumberger de eletrodos até um máximo espaçamento AB/2 de 1000 metros. A interpretação
quantitativa dessas sondagem permitiu delinear pelo menos duas zonas hidro-estratigráficas
de interesse para a exploração de água subterrânea: (i) a primeira e mais extensa ocupa cer-
ca de 2/3 da parte setentrional da área estudada e engloba arenitos das formações Marizal
e São Sebastião, num sistema aqüı́fero dominantemente freático ou livre; e (ii) a segunda,
compreendendo 1/3 meridional da área, possui um capeamento espesso de folhelhos e silti-
tos alternados (aproximadamente 150 m) seguidos por intercalações de arenitos e folhelhos
espessos da Formação São Sebastião que constituem um sistema mais profundo total ou semi-
confinado. Os resultados geofı́sicos, apresentados na forma de seções e mapas estruturais e
geoelétricos, exibem com nitidez as variações geoelétricas laterais e da qualidade das águas
no sistema aqüifero superior. A interpretação conjunta e associativa dos dados geoelétricos
(ρa , ma ) e a calibração com sondagens paramétricas (sondagens efetuadas em poços) permi-
tiu minimizar a ambigüidade normalmente presente na inversão geoelétrica unidimensional
de SEVs.

iii
Abstract

Electrical resistivity and induced polarization sounding measurements were used for the
structural mapping and the hydrogeological characterization of the subsurface in an area of
the eastern part of the Camaçari Industrial Complex, Camaçari, Bahia. The experiment was
conducted through the quantitative evaluation of 40 vertical electrical soundings, acquired
using Schlumberger electrode array up to a maximum spacing AB/2 of 1000 meters. The
geoelectrical interpretation of such data was useful to delined at least two hydrostratigraphic
units, important for groundwater exploration: (i) the first and most important covers 2/3
of the studied area and is composed of sandstones bodies within Marizal and São Sebastião
formations. It behaves regionally as a free or water table aquifer; (ii) the second unit at
the nothern corner is totally included in the São Sebastião Formation and has a thick cover
of shales and siltstones. This is followed by an interlayring of thick sandstones and shales
forming a multiple confined or semi-confined system. The geophysical results are presented
as geological cross sections and contour maps showing the lithologic variability and water
quality changes within the uppermost freatic aquifer. The combined interpretation of ρa ,
ma data together with the use of parametric soundings (sounding near a well site) and
geoelectrical association of neighbour soundings have contributes to reduce the ambiguity
normally present in the inversion of electrical data.

iv
Índice

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii

Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv

Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Índice de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1 Caracterização Regional da Área de Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . 3


1.1 Hidrografia e Clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Geologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Hidrogeologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Zoneamento de Litofácies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 Fundamentos dos Métodos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Propriedades elétricas das rochas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Bases Fı́sicas dos Métodos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Potencial em meio homogêneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Técnica da Sondagem Elétrica Vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4.1 Arranjo Wenner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4.2 Arranjo Schlumberger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.3 Ambigüidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5 Método da Polarização Induzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5.1 Polarização Eletrônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.5.2 Polarização de Membrana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6 Processamento dos dados de Polarização Induzida . . . . . . . . . . . . . . . 20

v
Índice vi

3 Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21


3.1 Aquisição dos dados de campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Inversão Quantitativa das SEVs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

A Resultados das Inversões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Índice de Figuras

1.1 Mapa de localização da área de estudo no contexto da Região Metropolitana


de Salvador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Precipitações pluviométricas anuais medidas na estação Camaçari entre 1995
e 2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Direção de fluxo e linhas isopiezométricas no Sistema Recôncavo.(Fonte: Leite,
1964 apud Lima, 1999.). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Coluna composta pelos membros Rio Joanes e Passagem dos Teixeiras, segun-
do o zoneamento de litofácies proposto por Lima (1999) para a Formação São
Sebastião na região de Camaçari-Dias D’Ávila. . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1 Arranjo Wenner. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15


2.2 Arranjo Schlumberger. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Polarização Eletrônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Polarização de Membrana. (a) meio poroso antes da aplicação de um campo
elétrico. (b) meio poroso após aplicação de um campo elétrico . . . . . . . . 19

3.1 Mapa topográfico da área de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23


3.2 Mapa geológico da área de estudo com a localização dos centros das SEVs e
orientação das duas seções geológicas construı́das. . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.3 Equipamento elétrico utilizado para obtenção dos dados experimentais. . . . 26
3.4 Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento AB/2 de
10 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.5 Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento AB/2
de 10 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.6 Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento AB/2 de
100 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.7 Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento AB/2
de 100 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.8 Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento AB/2 de
300 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

vii
Índice de Figuras viii

3.9 Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento AB/2


de 300 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.10 Mapa de isocontornos da resistividade média ponderada do aqüifero. . . . . . 36
3.11 Mapa de isocontornos da topografia do substrato condutivo. . . . . . . . . . 38
3.12 Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs 10 e 11 40
3.13 Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs 03 e 08 41
3.14 Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs 22 e 24 42
3.15 Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs 28 e 32 43
3.16 Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs 26 e 37 44
3.17 Perfil geológico A-A’ resultante da interpretação dos dados de resistividade
verdadeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.18 Perfil geológico B-B’ resultante da interpretação dos dados de resistividade
verdadeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

A.1 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 01 e 02 53


A.2 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 04 e 05 54
A.3 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 06 e 07 55
A.4 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 09 e 12 56
A.5 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 13 e 14 57
A.6 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 15 e 17 58
A.7 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 18 e 19 59
A.8 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 20 e 23 60
A.9 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 25 e 27 61
A.10 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 29 e 30 62
A.11 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 31 e 33 63
A.12 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 34 e 35 64
A.13 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 36 e 38 65
A.14 Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs 39 e 40 66
Introdução

O uso racional e a gestão dos recursos hı́dricos subterrâneos tornam-se cada vez mais im-
portantes, principalmente pela crescente demanda de água e dos problemas de escassez e
mal uso, os quais já ocorrem em diversas partes do mundo. O desenvolvimento de estudos e
novas técnicas visando um melhor entendimento das potencialidades dos sistemas aqüı́feros
torna-se necessário visando não somente a exploração, mas principalmente o conhecimento
para a proteção e a gestão sustentável dos mesmos. Nesse contexto,os métodos geofı́sicos
aplicados ao estudo de aqüı́feros vêm ganhando uma importância cada vez maior, principal-
mente pela redução dos impactos ambientais, menor custo e maior rapidez para obtenção
dos resultados, se comparados aos métodos penetrativos de investigação da subsuperfı́cie
(OverMeeren, 1989; Araújo, 1995; Payne e Stubben, 1997; Lima, 1999; Cavalcanti, 1999;
Júnior, 2003).

No caso da Bahia, o Pólo Industrial de Camaçari, através de suas indústrias, vem apre-
sentando, a cada dia, uma maior necessidade de uso dos mananciais subterrâneos, princi-
palmente pela importância da água de boa qualidade nos seus processos industriais. Vale
ressaltar que a partir de 1995, foram paralisados alguns poços na região do Complexo Básico,
devido à super exploração das águas subterrâneas e também pela ausência de um planejamen-
to racional na distribuição dos poços de produção. Por esse motivo, atualmente, nenhuma
captação pode ser implantada dentro do Complexo Básico (Santos et al., 1998). Isso faz com
que os orgãos gestores do COPEC tenham necessidade de definir novas regiões de exploração
de águas subterrâneas capazes de atender às futuras demandas para implantação de novos
poços de produção (CEPRAM, 2001).

A Cetrel S/A - Empresa de Proteção Ambiental é a gestora do Programa de Monito-


ramento das Águas Subterrâneas do Complexo Industrial de Camaçari, por delegação do
Conselho Estadual de Proteção Ambiental do Estado da Bahia (CEPRAM). A escolha da
área para realização do presente trabalho deveu-se ao fato dela ser considerada como uma
zona alternativa e de grande potencial para o atendimento de futuras demandas de recursos
hı́dricos subterrâneos e, principalmente, pelo fato de sua caracterização hidrogeológica ainda
não ser adequadamente conhecida.

1
Introdução 2

Com o apoio logı́stico da Cetrel foram realizadas duas campanhas de campo que resul-
taram na execução de 40 SEVs utilizando-se o arranjo Schlumberger de eletrodos. Foram
obtidos, simultaneamente, utilizando o sistema Syscal R2, os dados de resistividade e polari-
zação induzida no domı́nio do tempo, para serem utilizados no mapeamento das estruturas
dos aqüı́feros da área. A partir da análise e interpretação dos dados de resistividade, ca-
librados parametricamente com perfis de poços situados na área, e polarização induzida,
obteve-se um modelo geológico conceitual dos aqüı́feros, o qual servirá de base, através de
modelagens hidráulicas numéricas, para orientar a locação e perfuração de novos poços na
área, visando a exploração racional dos recursos hı́dricos ali disponı́veis.

O trabalho está estruturado em quatro capı́tulos, assim constituı́dos: o Capı́tulo 1


contém uma visão sintética da geologia regional da área de estudo e da caracterização do
sistema aqüifero Recôncavo; o capı́tulo 2 abrange uma discussão da teoria dos métodos
geofı́sicos utilizados; o capı́tulo 3 contém os procedimentos utilizados na obtenção e proces-
samento dos dados; o capı́tulo 4 apresenta as conclusões extraı́das da interpretação geofı́sica
e as recomendações propostas para garantir o uso futuro dos recursos hı́dricos subterrâneos
de forma sustentável.
1
Caracterização Regional da
Área de Estudo

1.1 Hidrografia e Clima

A área selecionada para estudo faz parte da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e
abrange parte do setor oriental do Pólo Industrial de Camaçari, conforme indicado na Fi-
gura 1.1. É delimitada pelas coordenadas UTM 8592000 e 8606000 de latitude sul e 576000
e 586000 de longitude oeste (DATUM - SAD 69/Zona 24). A parte sedimentar da RMS,
correspondente à bacia sedimentar do Recôncavo, comporta duas importantes bacias hidro-
gráficas, as dos rios Joanes e Jacuı́pe, respectivamente. As redes de drenagem nessas duas
bacias possuem padrões variando de dendrı́tico a retangular.

A bacia do rio Joanes possui extensão de 245 km e área drenada de 1200 km2 . As suas
vazões média e anual regularizadas são de 11 e 6,4 m3 /s, respectivamente (CRA, 2001). O
rio Joanes e seus afluentes foram enquadrados na Classe 2, das cabeceiras até o trecho do
condomı́nio Pedras do Rio, e Classe 7 do condomı́nio até sua foz (CEPRAM, 1995). Rios
nessa bacia são represados pelas barragens Joanes I e II e Ipitanga I, II e III. As águas dessas
represas são usadas para abastecer parte da cidade de Salvador e de outras sedes municipais,
além do uso no Centro Industrial de Aratu (CIA) e no Pólo Industrial de Camaçari.

3
Caracterização Regional da Área de Estudo

Figura 1.1: Mapa de localização da área de estudo no contexto da Região Metropolitana de Salvador
4
Caracterização Regional da Área de Estudo 5

O rio Jacuı́pe nasce no municı́pio de Conceição de Jacuı́pe e deságua no Oceano Atlântico


(Figura 1.1) e sua bacia de drenagem possui extensão de 100 km e área drenante de 1213 km2 ,
com vazão média de 15 m3 /s (CRA, 2001). O rio Jacuı́pe e seus afluentes foram enquadrados
na Classe 2 das nascentes até o trecho da antiga barragem de Santa Helena e na Classe 7 do
povoado Jordão até sua foz. O rio é represado para captação de água da usina Nova Aliança
e na atual barragem de Santa Helena. Fazem parte dessa bacia os rios Capivara Grande e
Capivara Pequena, que possuem vazões médias variando de 0,6 a 1,4 m3 /s.

O clima da região costeira da RMS é quente e úmido, com chuvas concentradas no


perı́odo de abril a junho, sendo o mês de maio o mais chuvoso. O perı́odo seco ocorre entre
outubro e março. Classifica-se como do tipo Af (tropical chuvoso), segundo Köppen, com
temperatura oscilando entre 200 C e 300 C, sendo as mı́nimas registradas entre julho e agosto
e as máximas, de março a dezembro. A parte interior é caracterizada como de clima úmido
e tropical de floresta, com ı́ndice pluviométrico anual variando entre 1.000 a 1.600 mm, com
chuvas concentradas entre março e julho. A figura 1.2 mostra as precipitações totais anuais
medidas na estação SUDIC em Camaçari, de 1995 a 2000.

2700
2.464,7
2400

2100 1.958,8 1.969,3


1.779,6
1800 1.612,1 1.655,9
1.528,3 1.598,8
1.444,4
mm

1500

1200

900

600

300

0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Figura 1.2: Precipitações pluviométricas anuais medidas na estação Camaçari entre


1995 e 2000.
Caracterização Regional da Área de Estudo 6

1.2 Geologia

A área investigada está inserida na Bacia Sedimentar do Recôncavo, que faz parte do sistema
de bacias riftes do Eo-cretáceo do leste brasileiro, cuja origem e evolução estão diretamente
relacionadas à separação dos continentes africano e sul-americano (Milani, 1987).

A Bacia do Recôncavo, com área emersa de 10.200 km2 , é parte do rifte Recôncavo
- Tucano - Jatobá e foi preenchida por sedimentos Juro-cretácicos até mais de 6.000 me-
tros de espessura. É documentada como sendo constituı́da por duas seqüências evolutivas
englobadas no Supergrupo Bahia, de acordo com Viana et al. (1971):

• Seqüência pré-rift: de ambiência continental, caracterizada pelas camadas vermelhas


fluviais do Grupo Brotas (formações Aliança e Sergi) e pelos sedimentos flúvio-lacustres
da Formação Itaparica, na base do Grupo Santo Amaro.

• Seqüência sin-rift: correspondendo à uma seqüência de lagos representada por folhe-


lhos com raros turbiditos da Formação Candeias e pelos fanglomerados da Formação
Salvador, seguidos pelos sedimentos de leques deltáicos do Grupo Ilhas (subdividido
da base para o topo em formações Marfim e Pojuca) e pelos depósitos fluvio-lacustres
do Grupo Massacará (Formação São Sebastião).

A fase pós-rift, segundo os mesmos autores citados anteriormente, é representada por


intercalações de arenitos grosseiros, folhelhos e conglomerados das formações Marizal e Bar-
reiras.

Assim, o Supergrupo Bahia compreende uma espessa seqüência de arenitos, folhelhos,


siltitos e calcários subordinados. Do ponto de vista estratigráfico, a Formação Marizal
sobrepõe-se em discordância angular à Formação São Sebastião e está sotoposta, em dis-
cordância paralela, ao Grupo Barreiras. Na região de estudo afloram sedimentos do Grupo
Massacará, estando esses muitas vezes cobertos pelos depósitos sub-horizontais das formações
Marizal e Barreiras.

O Grupo Massacará, representado pela Formação São Sebastião, é constituı́do por


uma espessa seqüência de arenitos amarelo-avermelhados, com granulometria fina à média,
friáveis, feldspáticos, intercalados com argilas sı́lticas, que cedem lugar, na parte mediana,
para um número maior de intercalações arenosas em espessos bancos, finalizada por clásticos
mais grosseiros, por vezes conglomeráticos (Viana et al., 1971). De acordo com Ghignone
(1979) essa seqüência caracteriza as feições mais importantes dos seguintes membros:
Caracterização Regional da Área de Estudo 7

• Membro Paciência: constituı́do por arenitos de granulação fina a grossa, quartzosos,


com matriz caulı́nica, apresentando colorações que variam de branco a cinza;

• Membro Passagem dos Teixeiras: formado por arenitos cinzas, amarelos e rosados com
camadas de folhelhos intercaladas, possuindo estratificações cruzadas, sendo, porém,
mais comuns estruturas de escorregamento subaquosos;

• Membro Rio Joanes: composto principalmente por arenitos vermelhos e amarelos, sen-
do comum a presença de estratificações cruzadas e folhelhos restritos distribuı́dos.

A Formação Marizal, também do Eo-cretáceo, encontra-se sobreposta à Formação São Se-


bastião de forma discordante, englobando um pacote de arenitos argilosos, caulı́nicos, com
finas camadas de siltitos e de folhelhos e com a presença marcante de nı́veis conglomeráticos
basais. Sua espessura, no Recôncavo, não ultrapassa 40 m. Constitui o topo do freático e
funciona como uma esponja permeável favorecendo a recarga natural do sistema Recôncavo
(Lima, 1991).

A Formação Barreiras constitui-se de arenitos grosseiros e conglomeráticos, mal con-


solidados, mal classificados, cinza-esbranquiçados a avermelhados em abundante matriz
caulı́nica (Viana et al., 1971). Sua ocorrência extrapola os limites do graben Recôncavo
(Magnavita, 1996). Apresenta, na RMS, espessura de no máximo 80 m (Ghignone,1979).

1.3 Hidrogeologia

O sistema aqüı́fero Recôncavo é um sistema de multi-camadas, confinado ou semi-confinado,


com aproximadamente 1.500 m de espessura saturada de água doce, constituı́do basicamente
por arenitos da Formação São Sebastião. Em geral, as águas são de excelente qualidade, às
vezes classificadas como mineral, com valores inferiores a 200 mg/l de sólidos totais dissol-
vidos e a 40 mg/l de cloretos.

A Formação São Sebastião contém o mais importante sistema aqüı́fero da Bacia Sedi-
mentar do Recôncavo, responsável pelo suprimento de água de parte do Pólo Industrial de
Camaçari, de parte do Centro Industrial de Aratu, bem como de sedes, vilas, inúmeros mu-
nicı́pios e pequenas comunidades locais. A Formação São Sebastião ocorre numa extensão
de 7000 km2 , ocupando 2/3 da Bacia Sedimentar do Recôncavo e apresenta uma espessura
superior a 3000 m.
Caracterização Regional da Área de Estudo 8

Todo o pacote sedimentar do Recôncavo foi afetado por vários ciclos de tectonismo ex-
tensional, que ocasionaram seu intenso falhamento. Tais aspectos estruturais deram origem
a um sistema hidrogeológico complexo, contendo várias camadas permeáveis separadas na
vertical, por camadas semi-permeáveis e na lateral por falhas gravitacionais. Por ter si-
do depositada por correntes fluviais meandrantes, apresenta uma variabilidade litológica e
geométrica tı́pica deste ambiente deposicional.

Do ponto de vista hidráulico, o sistema aqüı́fero São Sebastião constitui-se num meio
extremamente heterogêneo, normalmente se apresentando como um sistema multi-confinado
por causa da presença de extensos pacotes dominados por folhelhos. A direção de fluxo
subterrâneo é de W-NW para E-SE, coincidindo, em geral, com o mergulho regional dos
estratos, conforme mostra a figura 1.3. Segundo Lima (1993), o gradiente hidráulico regional
é de 3,5 m/km.

Figura 1.3: Direção de fluxo e linhas isopiezométricas no Sistema Recôncavo.(Fonte:


Leite, 1964 apud Lima, 1999.).

A Formação Marizal, que compõe o topo freático do sistema Recôncavo (Lima, 1991),
se sobrepõe à Formação São Sebastião. Normalmente poços de abastecimento de água são
selados em toda a espessura dessa formação para evitar captar uma água que é vulnerável à
contaminação devido ao seu posicionamento mais próximo da superfı́cie.
Caracterização Regional da Área de Estudo 9

1.4 Zoneamento de Litofácies

Um zoneamento de litofácies para a parte superior da Formação São Sebastião foi proposto
por Lima (1999), com base no estudo de uma série de perfis geofı́sicos de poços, descrições
de amostras de calha e de testemunhos, além de comparações com dados de afloramentos,
na área de Camaçari-Dias D’Ávila.

Segundo este zoneamento, as seções atualmente exploradas da Formação São Sebastião


incluem seus membros médio (Passagem dos Teixeiras) e superior (Rio Joanes). O limite
entre estes dois membros é caracterizado por uma seqüência argilosa de extensão regional
facilmente identificada em perfis elétricos. Essa seqüência de extensão regional foi denomi-
nada por Lima (1999) como Seqüência Argilosa Superior (SAS) e possui espessura entre 80
e 120 metros.

A partir da SAS, em ordem estratigráfica ascendente, sucedem-se as seguintes cinco


litofácies incluı́das no Membro Rio Joanes: (i) Fácies Arenosa J1, (ii) Fácies Argilosa JI,
(iii) Fácies Arenosa J2, (iv) Fácies Argilosa JM e (v) Fácies Arenosa J3. Elas foram descritas
por Lima(1999) da seguinte forma, Figura 1.4:

1) Fácies Arenosa J1 - A parte basal do Membro Rio Joanes é composta de uma sucessão
vertical de bancos arenosos caracterizados por erosão basal e acamadamento gradacional em
direção ao topo. Os arenitos são laranja avermelhados a castanho avermelhados, conglo-
meráticos com seixos de quartzo e de folhelhos, e portadores de estratos cruzados na parte
da base; passam a arenitos friáveis, maciços, de granulação média a fina, mas com nı́veis
esparsos de grânulos, seixos quartzosos e pelotas de argilas; tornam-se finamente granulados
no topo, argilosos e micáceos, e com estratificação cruzada tabular; finalmente, são recober-
tos por folhelhos castanho-avermelhados, bandeados com siltitos e arenitos finos, na zona de
transição. Os folhelhos, pobres em fósseis, podem conter diques centimétricos de arenitos
finos, nı́veis limonı́ticos e nódulos de manganês.

2) Fácies Argilosa JI - Folhelhos castanho-avermelhados, duros, com intercalações de


siltitos e arenitos finos argilosos. Sua espessura pode atingir de 15 a 20 metros.

3) Fácies Arenosa J2 - Lençóis empilhados de arenitos rosa a cinza-amarelados, de granu-


lometria média a fina, mas localmente conglomeráticos, separados por intercalações métricas
de folhelhos e siltitos micáceos. Acumulam uma espessura da ordem de 200m e mostram
padrões elétricos similares aos de J1.
Caracterização Regional da Área de Estudo 10

Zoneamento
Litológico

J3

J2

JI

J1

SAS

PT.3

SAM

PT.2

SAI

PT.1

SAB

LEGENDA
Arenitos
finos a médios

Folhelhos

Arenitos
muito finos

Siltitos

Figura 1.4: Coluna composta pelos membros Rio Joanes e Passagem dos Teixeiras,
segundo o zoneamento de litofácies proposto por Lima (1999) para a
Formação São Sebastião na região de Camaçari-Dias D’Ávila.

4) Fácies Argilosa JM - Folhelhos castanho-amarelados e cinza esverdeados, maciços,


bandeados e com fissilidade irregular, com intercalações de siltitos e arenitos finos argilo-
sos. Incluem diques centimétricos de siltitos argilosos. Espessura em torno de 15 m. JI e
JM possuem caracterı́sticas diagnósticas que permitem utilizá-los em estudos de correlação
litoestrátigráfica mas, provavelmente, não são de extensões regionais.

5) Fácies Arenosa J3 - Arenitos cinza, rosa e alaranjados, friáveis, de granulação fina


a média, em estratos cruzados acanalados e tabulares de ângulos altos. Nı́veis esparsos de
materiais mais grosseiros com seixos e grânulos acentuam essa estratificação. Intercalam-se
nı́veis de folhelhos castanho avermelhados, fı́sseis, siltosos e micáceos, de até 5m de espessura,
como em J2. Espessura composta de, pelo menos, 250m.
2
Fundamentos dos Métodos Elétricos

2.1 Introdução

Diversos métodos podem ser utilizados na pesquisa de água subterrânea para obter infor-
mações das condições hidrológicas de subsuperfı́cie. Dependendo de como as informações
subsuperficiais são obtidas, eles se classificam em métodos diretos ou indiretos. Ambos são
importantes e se empregados conjuntamente e corretamente, permitem um melhor entendi-
mento na interpretação final dos resultados.

Os métodos diretos de investigação da subsuperfı́cie são também conhecidos como métodos


penetrativos, pois se baseiam na execução de furos para coleta de amostras de sedimentos e
de águas em diferentes profundidades. São importantes, pois servem para a caracterização da
geologia e as amostras obtidas podem ser analisadas em laboratório para determinação das
diversas propriedades fı́sicas ou quı́micas de interesse. Como se tratam de investigações pon-
tuais ou lineares, normalmente muito onerosas, tais procedimentos não podem ser aplicados
de forma generalizada em estudos hidrogeológicos.

Entre as técnicas indiretas ou não-penetrativas, incluem-se os métodos da geofı́sica apli-


cada. Aqui, os métodos elétricos se destacam pela forte adequabilidade à prospecção hi-
drológica. Eles fazem uso de uma enorme variedade de procedimentos, cada um deles basea-
do em diferentes propriedades elétricas e caracterı́sticas dos materiais que compõem a crosta
terrestre. Uma vez que cada uma dessas técnicas mede os efeitos de diferentes propriedades
fı́sicas dos materiais do subsolo, seus respectivos campos de aplicação são também diferentes
e uma combinação de duas ou mais técnicas pode, na prática, vir a propiciar uma melhor
caracterização do objetivo desejado.

11
Fundamentos dos Métodos Elétricos 12

A utilização de métodos elétricos em estudos hidrológicos, arqueológicos e geotécnicos


é bastante difundida e consagrada no mundo inteiro (OverMeeren, 1989; Payne e Stubben,
1997; Lima, 1993). As modalidades de aquisição dos dados (por exemplo, perfilagem, sonda-
gem vertical e lateral) permitem uma grande diversidade de arranjos de eletrodos, sendo os
mais utilizados os de Schlumberger, Wenner e dipolo-dipolo. Os eletrodos (hastes metálicas
de cobre) são fixados no terreno e utilizados tanto para injetar a corrente elétrica na terra,
quanto para medir as diferenças de potencial geradas na superfı́cie.

Um critério de classificação dos métodos elétricos é segundo a natureza da fonte, que


pode ser natural (como no caso da técnica de potencial espontâneo), ou artificial (como as
duas técnicas utilizadas neste trabalho). Outro critério usado para classificação é segundo
as caracterı́sticas da investigação sobre o terreno, investigação vertical (conhecida como
sondagem) ou horizontal (chamada de caminhamento).

2.2 Propriedades elétricas das rochas

A resistividade de uma rocha é uma das propriedades fı́sicas mais significantes na prospecção
elétrica e mede a dificuldade de transporte de cargas livres pelo meio. De modo geral, os
minerais formadores das rochas resistem muito à passagem de corrente elétrica (Telford et al.,
1990). A condução elétrica nas rochas da crosta ocorre basicamente porque poros, fraturas
e falhas normalmente são preenchidas com fluidos aquosos eletrolı́ticos (Ward, 1990). Logo,
o conteúdo de água das rochas e sua salinidade exercem grande influência na resistividade
das mesmas, fazendo com que a técnica da eletrorresistividade seja completamente adequada
para investigações hidrológicas (Keller, 1988).

Um aumento no conteúdo de água de uma rocha ou na salinidade dessa água acarreta


uma diminuição de sua resistividade. Por outro lado, uma dada rocha, pode conter além de
água um outro fluido isolante. Em tais situações, a rocha pode apresentar um comportamento
inverso, isto é um aumento de resistividade com o aumento da saturação por este outro fluido.
Portanto, a resistividade da rocha pode crescer à medida que aumenta seu ı́ndice de saturação
de fluido não aquoso.

A Lei de Archie (Archie, 1942), formulada através de uma série de experimentos reali-
zados em amostras de arenitos, revela que a resistividade de uma rocha (ρr ) depende não
somente da quantidade de água (Sw ) presente nos poros da mesma, mas também da própria
resistividade desta água (ρw ), da porosidade efetiva do meio (φ) e dos ı́ndices de cimentação
m e de saturação n .
Fundamentos dos Métodos Elétricos 13

ρr = ρw φ−m Sw −n , (2.1)

Vale ressaltar também que a condução de eletricidade nos materiais geológicos pode se
processar através de grãos minerais que apresentam a caracterı́stica de serem bons condutores
eletrônicos como por exemplo, a magnetita, a pirrotita e a grafita. Este tipo de condução é
importante apenas em rochas com grande concentração desses minerais. Esse não é o caso
das rochas da área pesquisada, formações sedimentares porosas em sua maioria, de forma que
predomina, como mecanismo de condução de eletricidade, o transporte eletrolı́tico pelos ı́ons
dissolvidos nas águas dos poros das rochas, sendo a resistividade governada, principalmente,
pelo grau de saturação das rochas e pela natureza de suas águas.

2.3 Bases Fı́sicas dos Métodos Elétricos

Noss métodos geoelétricos uma corrente contı́nua ou alternada de baixa freqüência é injetada
no solo por meio de dois eletrodos, denominados eletrodos de corrente, e a medida da dife-
rença de potencial elétrico que se estabelece em função desta injeção é medida na superfı́cie
do solo por meio de dois outros eletrodos, denominados eletrodos de potencial.

2.3.1 Potencial em meio homogêneo

Para uma fonte pontual injetando uma corrente de intensidade I na interior de um semi-
espaço condutor homogêneo e isotrópico de resistividade ρ, representando uma terra plana,
o potencial elétrico num ponto de observação P, distante r do eletrodo fonte, é dado por

V (r) = (2.2)
2πr

Como a função potencial é uma grandeza escalar, o potencial total devido a diversas
fontes pode ser obtido adicionando-se as contribuições de cada fonte consideradas separada-
mente. Aplicando esse princı́pio ao quadripolo a diferença de potencial entre os os pontos
M e N gerados pela pela injeção de corrente nos pontos A e B é dada por:
 
Iρ 1 1 1 1
∆V = − − + (2.3)
2π AM BM AN BN
ou ainda
∆V
ρ=k (2.4)
I
Fundamentos dos Métodos Elétricos 14

onde
 −1
1 1 1 1
k = 2π − − + (2.5)
AM BM AN BN
é denominado de fator geométrico do arranjo, pois depende unicamente da disposição relativa
dos eletrodos no terreno.

A resistividade de um meio homogêneo e isotrópico pode ser calculada a partir da equação


2.4. Para meios heterogêneos e/ou anisotrópicos, a resistividade assim calculada variará
com a posição e/ou orientação do arranjo de eletrodos. O valor calculado pela expressão
2.4 constitui uma função resistividade aparente que varia com a posição e/ou orientação do
arranjo e esta é calculada para obtenção dos parâmetros elétricos e geométricos de uma área
de interesse.

2.4 Técnica da Sondagem Elétrica Vertical

A técnica da sondagem elétrica vertical (SEV), consiste na análise e interpretação de uma


função matemática denominada resistividade aparente, construı́da a partir de medidas efe-
tuadas na superfı́cie do terreno, investigando de forma unidimensional, sua variação em
profundidade. Uma grande variedade de eletrodos é usada para medir respostas elétricas da
terra, sendo os mais comuns os arranjos Schlumberger e Wenner.

2.4.1 Arranjo Wenner

No arranjo Wenner (Figura 2.1), os eletrodos apresentam sempre uma separação (a), cres-
cente e constante durante todo o desenvolvimento de execução da SEV, sendo que o centro
(o) da sondagem permanece fixo. O fator geométrico para o arranjo Wenner é dado por:

k = 2πa (2.6)
Fundamentos dos Métodos Elétricos 15

A M O N B
a a a

Figura 2.1: Arranjo Wenner.

2.4.2 Arranjo Schlumberger

No arranjo Schlumberger (Figura 2.2), a sondagem é executada fazendo-se crescer a sepa-


ração (2a) entre os eletrodos de corrente e mantendo-se os eletrodos de potencial fixados na
separação (b) até ser atingido o limite de precisão instrumental do sistema utilizado. Como
geralmente não é possı́vel realizar toda a sondagem com uma única abertura de MN, face a
diminuição do sinal recebido (medida de campo) e conseqüente perda de precisão da leitura,
utiliza-se repetir a medida da resistividade em alguns pontos com dois valores de MN (leitu-
ras de recobrimento), para um mesmo valor de (2a). Este procedimento permite descobrir
e às vezes corrigir efeitos de heterogeneidades superficiais que ocorrem quando há troca na
posição de MN.

A M O N B
b

a a

Figura 2.2: Arranjo Schlumberger.

O coeficiente geométrico do arranjo Schlumberger é dado pela seguinte expressão:

 
a2 b
k=π − . (2.7)
b 4
Fundamentos dos Métodos Elétricos 16

No presente trabalho foi utilizado o arranjo Schlumberger de eletrodos para aquisição


dos dados de ip-resistividade, principalmente por algumas vantagens que essa configuração
de eletrodos tem em comparação ao arranjo Wenner, tais quais menor custo, maior rapidez e
principalmente a possibilidade de distinção entre os efeitos de heterogeneidades superficiais
nos eletrodos de potencial e a variação da resistividade com a profundidade, ao se realizar
as leituras de recobrimento.

2.4.3 Ambigüidades

O levantamento geofı́sico de campo fornece uma variação da resistividade aparente (ρa ) com
a distância (AB/2). Logo é necessário encontrar um modelo geológico que corresponda a
tal comportamento. A interpretação dos dados de resistividade, para modelos de camadas
horizontalmente estratificadas, é feita predominantemente por um procedimento iterativo
de inversão. A primeira etapa consiste em obter um modelo inicial; o que pode ser conse-
guido através da técnica da superposição parcial, por exemplo. Estes parâmetros iniciais
são fornecidos ao processo de inversão automática. Após a inversão, os parâmetros finais
resultantes são usados para computar a curva teórica do modelo de melhor ajuste aos dados
experimentais.

Qualquer que seja o método de interpretação utilizado para obtenção do modelo geoelé-
trico a partir da curva de resistividade aparente observada, ele terá não somente de oferecer
um bom ajuste entre a curva de campo e a curva teórica derivada, mas também de fornecer
um modelo geoelétrico que concorde com as informações geológicas que se tenha da área.
Isto porque, na maioria dos casos, as curvas de campo admitem muitas soluções, de modo
que se deve escolher dentro das margens de variações possı́veis para a interpretação das
sondagens, o conjunto de soluções individuais que tenha maior probabilidade de representar
a verdadeira estrutura da zona estudada.

Diante deste fato, tanto os métodos de interpretação menos operacionais (gráficos) quan-
to os mais operacionais (automáticos), estão sujeitos a fornecerem interpretações formalmen-
te corretas para as curvas de campo, mas que necessitam ser ajustadas através de informações
da geologia local para que represente efetivamente a estrutura investigada.

A ambigüidade na interpretação de SEVs se manifesta, inclusive para o modelo de cama-


das horizontais, de duas formas conhecidas como “Princı́pio da Equivalência” e o “Princı́pio
da Supressão”. Em ambos os casos, a dificuldade surge em determinar com precisão as ca-
racterı́sticas de camadas cujas espessuras são pequenas comparadas com suas profundidades.
Fundamentos dos Métodos Elétricos 17

O Princı́pio da Equivalência se manifesta quando se tem uma camada para a qual a


resistividade é muito maior ou muito menor do que a resistividade das camadas que a en-
volvem. É sabido que uma camada resistiva entre duas camadas condutivas, manifesta-se
ao máximo através de sua resistência transversal unitária ou o produto de sua resistividade
por sua espessura. Em outras palavras, torna-se difı́cil, senão impossı́vel, distinguir entre
duas camadas resistivas de diferentes espessuras se os produtos espessura pela resistividade
forem os mesmos. Similarmente, duas camadas condutivas não podem ser distinguidas se a
razão da espessura para a resistividade forem as mesmas. Este princı́pio permanece válido
para camadas finas se existir um forte contraste de resistividade com as camadas vizinhas.

A equivalência de soluções refere-se ao fato de que mais de um conjunto de parâmetros


geoelétricos pode representar a mesma curva de sondagem, isto é, diferentes seções geo-
elétricas podem corresponder a curvas de campo muito semelhantes entre si, resultantes das
relações entre as espessuras e resistividades das camadas existentes. Isto porque várias dis-
tribuições de resistividade completamente diferentes umas das outras conduzem a sondagens
elétricas similares (Monteiro, 1999; Cavalcanti, 1999).

O Princı́pio da Supressão refere-se àquelas camadas cujas resistividades são interme-


diárias entre a resistividade das camadas que a envolvem (Monteiro, 1999; Cavalcanti, 1999).
Quando as camadas são pouco espessas, praticamente elas não influenciam a curva de resis-
tividade. Quando a espessura da camada intermediária aumenta ela passa a afetar a curva,
mas antes que se possa identificá-la, seu efeito é indistinguı́vel daquele devido a variação de
espessuras ou resistividades das camadas envolventes.

2.5 Método da Polarização Induzida

A Polarização Induzida (IP) é um fenômeno complexo resultante de diferentes processos


eletroquı́micos os quais combinam-se simultâneamente para produzi-lo. Seus efeitos podem
ser observados no domı́nio do tempo ou no domı́nio da freqüência. Neste último, a resis-
tividade aparente é medida para duas ou mais freqüências geralmente menores que 10 Hz
(Telford et al., 1990). Os arranjos de eletrodos são os mesmos usados na sondagem de
eletrorresistividade.
Fundamentos dos Métodos Elétricos 18

Após a interrupção de corrente, o potencial não vai imediatamente a zero porque durante
o processo de eletrificação do meio uma série de reações fı́sico-quı́micas ocorrem acumulando
parte desta energia. Com a interrupção do estı́mulo externo, ocorre a liberação desta energia
na forma de uma corrente elétrica transiente e queda do potencial acumulado, ao longo do
tempo. A energia armazenada decorre de dois fatores principais: (i) variações na mobilidade
iônica dos fluidos na interface fluido/rocha e (ii) variações nos mecanismos de condução
eletrolı́tica e eletrônica, quando há grãos metálicos presentes em subsuperfı́cie. O primeiro
fenômeno é chamado de polarização de membrana, enquanto que o segundo é conhecido
como polarização de eletrodo.

No domı́nio do tempo a função polarizibilidade aparente é definida como a razão V (t)/Vc


e visto que V (t) é muito menor que Vc é expressa como milivolt por volt ou como um
percentual.

O método da polarização induzida no domı́nio do tempo tem como base a quantificação


dos efeitos de decaimento transiente do potencial elétrico após a interrupção brusca da injeção
de corrente (Roy e Poddar, 1981). A medida consiste na integração da curva de decaimento
transiente, em janelas de tempo pré-definidas. Nesse caso cargabilidade (m) tem unidade de
tempo e é definidade matematicamente como:

1 t2
m= V (t)dt, (2.8)
Vc t1

na qual Vc é a voltagem máxima, na situação causal (t≤0), [t1 , t2 ] é o intervalo de amostragem


e V(t) é a função transiente do potencial elétrico.

2.5.1 Polarização Eletrônica

Neste tipo de polarização, na superfı́cie de um corpo ou partı́cula metálica submetida a


uma corrente elétrica, têm-se a alternância de condução iônica para eletrônica e vice-versa
(Figura 2.2). Isto resulta em que nas duas superfı́cies opostas do metal, sejam produzidas
concentrações de ı́ons, que não cedem suas cargas ao corpo, ou seja, não tomam elétrons do
corpo nem cedem a ele (Telford et al., 1990).

Ao se cortar a corrente, a distribuição dos ı́ons se modifica voltando ao estado inicial


durante um certo tempo, durante o qual existe uma polarização no corpo, atribuı́da aos
efeitos observados. O fenômeno de polarização induzida é tão mais intenso quanto menor a
continuidade elétrica entre os grãos minerais.
Fundamentos dos Métodos Elétricos 19

Figura 2.3: Polarização Eletrônica

2.5.2 Polarização de Membrana

Este tipo de polarização é devido a diferença de mobilidade entre ânions e cátions, produ-
zida pela presença de minerais de argila nas paredes dos poros (Figura 2.3). Tais minerais
se carregam negativamente, atraindo uma “nuvem catiônica” que permite a passagem dos
portadores positivos, mas não dos negativos, exercendo o efeito de uma membrana. Assim
são produzidos gradientes de concentração que levam um tempo para se dissipar depois de
suprimida a tensão exterior, e que originam, portanto, uma sobretensão residual (Telford
et al., 1990).

Figura 2.4: Polarização de Membrana. (a) meio poroso antes da aplicação de um


campo elétrico. (b) meio poroso após aplicação de um campo elétrico
Fundamentos dos Métodos Elétricos 20

2.6 Processamento dos dados de Polarização Induzida

Para o processamento de dados de IP, diversos algoritmos são propostos para estimar outros
parâmetros descritivos do meio (Oldenburg e Li, 1994; Pelton et al., 1978). De acordo com
Patella (1973), é possivel descrever o campo elétrico transiente de polarização induzida, Ep ,
existente numa rocha pela expressão: Ep = ρ∗ .Jss . Esta relação pode ser interpretada
como uma generalização da Lei de Ohm, válida em casos lineares, no qual ρ∗ (resistividade
fictı́cia) é definida como o produto da resistividade verdadeira ρ pela cargabilidade m. Desde
que o procedimento matemático para a solução da equação de Laplace ∇2 Vp = 0 é idêntico
ao usado em problemas de resistividade, o autor propôs o uso da resistividade aparente
fictı́cia ρ∗a (definida como o produto da resistividade aparente ρa pela cargabilidade aparente
ma ) como um novo parâmetro de interpretação de sondagens de IP feitas sobre estruturas
acamadadas com arranjo de eletrodos comum.
3
Caracterização Geoelétrica dos
Aqüı́feros

Neste capı́tulo são discutidos dados de geologia superficial, os procedimentos de campo para
aquisição geofı́sica e os resultados das modelagens inversas dos dados de resistividade obtidos
nas 40 sondagens elétricas verticais realizadas na área de estudo. Esses resultados são apre-
sentados na forma de mapas estruturais e perfis geológicos transversais, obtidos através da
interpretação conjunta dos dados de resistividade, calibrados com sondagens paramétricas,
e polarização induzida. As Figuras 3.1 e 3.2 apresentam os mapas topográfico e geológico
da área de estudo, com a localização dos centros das 40 SEVs e orientação das duas seções
geológicas transversais.

Do ponto de vista geológico merecem destaques as seguintes feições: (i) uma extensa,
mas delgada cobertura da Formação Marizal, na parte central mais elevada da área, em
atitude geral sub-horizontal (Figura 3.2). Nessa, a erosão ao longo dos vales expõe litologias
da Formação São Sebastião; (ii) no setor norte da área, afloram depósitos da Formação
São Sebastião, os quais estão seccionados pela falha da Fazenda Mangueira. Essa falha de
gravidade, de direção quase norte-sul, tem uma componente vertical de rejeito, determinada
no presente trabalho como da ordem de 200 m; (iii) a leste da falha da Fazenda Mangueira
ocorre uma seqüência ritmı́tica de folhelhos e siltitos intercalados que julgamos corresponder
a Seqüência Argilosa Superior SAS proposta por Lima(1999), devido aos afloramentos de
argilitos e folhelhos utilizados para fabricação de materiais cerâmicos. Nessa zona os estratos
estão dobrados numa estrutura anticlinal com eixo mergulhando para sudeste e onde os
mergulhos se tornam mais acentuados na vizinhança da falha; (iv) a oeste da falha da
Fazenda Mangueira predominam pacotes arenosos, representantes do Membro Rio Joanes;

21
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 22

(v) na parte sul da área também afloram arenitos da Formação São Sebastião (Membro
Rio Joanes) com acamadamento regular orientado segundo N 100 -300 E e com mergulhos
baixos, em geral inferiores a 50 para SE; (vi) finalmente, registra-se ainda a ocorrência de
afloramentos da Formação Barreiras capeando áreas de relevo mais elevado no mapa da
figura 3.1.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 23

Figura 3.1: Mapa topográfico da área de estudo.


Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 24

Figura 3.2: Mapa geológico da área de estudo com a localização dos centros das
SEVs e orientação das duas seções geológicas construı́das.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 25

3.1 Aquisição dos dados de campo

O instrumento utilizado na aquisição dos dados de resistividade e polarizibilidade aparente


(ρa ,ma ), durante a execução das SEVs, foi o sistema Syscal R-2 fabricado pela Iris Instru-
ments, o qual tem potência máxima de 250 W (Figura 3.3). O Syscal é alimentado por uma
bateria de 12 V, acoplada a um conversor de voltagem DC-DC e opera em corrente contı́nua
medindo, simultaneamente, a resistividade, o potencial espontâneo e o efeito de polarização
induzida no domı́nio do tempo. No Syscal a compensação do potencial espontâneo e a re-
dução dos ruı́dos naturais ou artificiais é realizada por meio de reversões na polaridade da
corrente.

A locação dos centros das SEVs e as direções de expansão das mesmas foi determinada a
partir da análise do mapa geológico da RMS, de fotos aéreas na escala 1:15.000 e de visitas em
campo para reconhecimento geológico. Vale ressaltar que a quantidade de SEVs executadas
foi limitada por condições de topografia acidentada, pela existência de vegetação fechada
e zonas alagadiças ou brejos. Normalmente para alcançar a profundidade de investigação
desejada eram requeridas aberturas de cabos de até dois quilômetros de distância.

Como eletrodos, foram usados barras metálicas de cobre enterradas no solo e ligadas ao
sistema por um sistema de cabos condutores. Antes da execução das SEVs, procedeu-se a
verificação do estado de conservação dos cabos, a fim de evitar eventuais fugas de corrente
através dos mesmos, o que introduziria erros nas medidas de campo. As resistências de
contato entre os eletrodos e o solo foram reduzidas aumentando a área de contato entre o
eletrodo e o solo e molhando a região em seu redor com água salgada, quando necessário.
Os altos indı́ces pluviométricos, registrados durante o perı́odo de aquisição dos dados, favo-
receram bastante a execução dos trabalhos no que concerne aos problemas de resistências de
contato, principalmente nas SEVs cujos centros localizaram-se sobre a Formação Marizal.

Observou-se durante os perı́odos chuvosos que efeitos de descargas elétricas atmosféricas


prejudicavam a confiabilidade dos dados que eram registrados pelo equipamento. Sendo
assim, adotou-se como procedimento não efetuar a coleta de dados enquanto não houvesse
melhora nas condições climáticas. Em alguns momentos houveram atrasos no andamento
dos trabalhos, mas em contrapartida os dados adquiridos tiveram, em geral, boa qualidade
e confiabilidade.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 26

Figura 3.3: Equipamento elétrico utilizado para obtenção dos dados experimentais.

3.2 Resultados experimentais

Mapas de isocontornos de resistividade e polarizibilidade aparente são normalmente cons-


truı́dos para se obter uma melhor compreensão da variabilidade geoelétrica lateral das for-
mações presentes em subsuperfı́cie. Na elaboração desses mapas, foram utilizados softwares
para interpolação, em malha regular, dos valores de resistividade e polarizibilidade aparentes
medidos em campo. Um bom conhecimento da geologia superficial da área é fundamental
para uma interpretação qualitativa adequada desses mapas.

Os valores de polarizibilidade obtidos nas SEVs podem estar sujeitos a erros inerentes
ao próprio processo de aquisição dos dados. Primeiramente pelo fato não terem sido usados
eletrodos de potencial não-polarizáveis. Segundo, porque que alguns padrões de estratificação
elétrica podem gerar valores negativos de ma . Além disso, valores obtidos nas maiores
separações de MN, podem ter erros de precisão instrumental. Sendo assim, os dados de
polarização induzida foram tratados como auxiliares nas interpretações e conclusões.

As Figuras 3.4 e 3.5 apresentam os mapas de isocontornos de resistividade e polarizibi-


lidade aparentes para espaçamento de eletrodos de corrente de 10 m. Ele reflete variações
elétricas nas camadas mais superficiais, provavelmente associadas à zona não-saturada do
subsolo. Os valores de resistividade variam de 110 a 4330 ohm.m, predominando valores
acima de 700 ohm.m. Os valores de polarizabilidade estão na faixa de 1 a 20 mV/V, com
maior freqüência de valores até 8 mV/V.

Valores normalmente elevados para a resistividade e baixos para a polarizabilidade indi-


cam a natureza predominantemente arenosa da cobertura superficial. Localmente, como no
extremo NE da área, registram-se valores mais baixos de ρa , indicando a existência de nı́veis
de folhelhos logo abaixo da camada de solo. Nesse setor afloram folhelhos e argilitos usados
na fabricacão de materiais cerâmicos.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 27

Figura 3.4: Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento


AB/2 de 10 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 28

Figura 3.5: Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento


AB/2 de 10 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 29

As Figuras 3.6 e 3.7 contém os mapas de isocontornos de resistividade e polarizibilidade


aparentes para a separação de eletrodos de corrente de 100 m. Os valores de resistividade
aparente variam de 25 a mais de 3000 ohm.m, sendo na média superior a 200 ohm.m. A
faixa de valores de polarizabilidade mais freqüente é de 2,0 a 20 mV/V.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 30

Figura 3.6: Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento


AB/2 de 100 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 31

Figura 3.7: Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento


AB/2 de 100 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 32

A resposta dominante, nesse nı́vel de investigação, provém de uma combinação das


respostas elétricas das formações Marizal (arenitos) e São Sebastião (arenitos e folhelhos)
saturados com água doce. Os baixos valores de resistividade e polarizibilidade aparente no
quadrante nordeste conseguem marcar bem as zonas onde predominam as camadas condu-
tivas de folhelhos e siltitos intercalados correspondente à SAS de Lima(1999).

Os valores de polarizibilidade mais elevados na região central da área de estudo sugerem


que os arenitos aqüı́feros da Formação São Sebastião são mais argilosos que aqueles cujos
membros arenosos afloram na parte sul da área. Nessa região, predominam altos valores de
resistividade e baixos valores de polarizabilidade, sugerindo a ocorrência de arenitos bem
mais limpos.

As Figuras 3.8 e 3.9 apresentam os mapas de isocontornos de resistividade e polarizibili-


dade aparente, para a separação dos eletrodos de corrente de 300 m. Os valores de ρa variam
de 25 a mais de 2600 ohm.m, enquanto a polarizabilidade para este nı́vel de investigação
situa-se entre 0,5 e 12 mV/V. Baixos valores de resistividade e polarizibilidade continuam
delineando bem o substrato condutor dos aqüiferos no setor NE da área. Na parte sudoeste,
valores abaixo de 200 ohm.m podem estar indicando ocorrência localizada de nı́veis argilosos,
presentes como lentes nos arenitos do Membro Rio Joanes da Formação São Sebastião.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 33

Figura 3.8: Mapa de isocontornos de resistividade aparente para o espaçamento


AB/2 de 300 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 34

Figura 3.9: Mapa de isocontornos de polarizabilidade aparente para o espaçamento


AB/2 de 300 metros.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 35

3.3 Inversão Quantitativa das SEVs

As curvas das 40 sondagens elétricas verticais foram interpretadas usando ajustes automáticos
dos dados observados a um modelo teórico de camadas plano-paralelas e “infinitamente” ex-
tensas na horizontal. A Modelagem Inversa foi executada utilizando o software Resist 1.0,
que é um programa de ajuste automático dos dados observados e de uso bastante difundido
no CPGG-UFBa (Silva, 2002). Mesmo assim, deve-se ter um modelo conceitual da região
apoiado em informações geológicas e de perfis litológicos e/ou geofı́sicos de poços próximos
à algumas das sondagens.

Os dados de entrada para o processo de inversão são: número de camadas, espessuras e


resistividades, fixadas com base em dados de poços ou na associação entre sondagens vizinhas.
A partir desse modelo inicial é feito o refinamento iterativo da solução até se chegar a um
modelo final, calibrado, que mais se aproxime da realidade geológica. Como critério de ajuste
entre dados calculados e observados estabeleceu-se que o erro médio quadrático fosse inferior
a 3% na solução final. Importante salientar que muitas vezes o melhor modelo não é aquele
que apresenta o menor erro, pois conjunto com dados espúrios podem gerar soluções com
erro mı́nimo, mas que não condizem com a situação real. Os resultados das inversões das 10
SEVs utilizadas na construção das seções geológicas A-A’e B-B’ estão apresentadas a seguir
e no apêndice A encontram-se os resultados das 30 outras SEVs.

As soluções finais dos modelos invertidos para as 40 SEVs indicam que ocorre pelo me-
nos três das quatro camadas geoelétricas a seguir, sendo função principalmente da presença
de nı́veis argilosos em subsuperfı́cie e respectivas espessuras: (i) uma primeira camada com
valores de resistividade acima de 1000 ohm.m, representando sedimentos arenosos não satu-
rados das formações Marizal e/ou São Sebastião, (ii) uma segunda camada geoelétrica com
valores de resistividade entre 300 e 1000 ohm.m, representando arenitos saturados argilo-
sos e/ou mais limpos, (iii) uma terceira camada geoelétrica representando intercalações de
arenitos com camadas de folhelhos poucos espessa que se expressam como única camada
com resistividade inferior a 300 ohm.m. (iv) a última camada representando um substrato
condutivo de resitividade abaixo de 10 ohm.m.

A Figura 3.10 apresenta o mapa de isocontorno da resistividade média ponderada do


aqüı́fero, calculada como o produto das resistividades pelas espessuras das camadas saturadas
em relação à espessura total do pacote aqüı́fero medido em cada SEV. Tais mapas podem
ser usados para caracterizar tanto as variações de salinidade das águas subterrâneas, quanto
da argilosidade na matriz dos arenitos.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 36

Figura 3.10: Mapa de isocontornos da resistividade média ponderada do aqüifero.


Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 37

A Figura 3.11 apresenta o mapa de isocontornos da topografia do substrato condutivo


do aqüı́fero modelado, no presente trabalho, com o valor de 10 ohm.m e interpretado como
o topo da sequência SAS de Lima(1999). Ele foi construı́do com base em profundidades
reais e mı́nimas do substrato condutivo, obtidas na inversão das SEVs e também usando
perfis litológicos dos poços profundos de exploração P-05, P-11 e P-12 de água subterrânea,
localizados na área de estudo. As dimensões verticais obtidas para o aqüı́fero, em algumas
SEVs, devem ser tratadas como profundidades mı́nimas pois, conforme citado no parágrafo
anterior, extrapolou-se uma última camada condutiva para todas as sondagens. Observa-
se o efeito da falha da Fazenda Mangueira na configuração estrutural da base do aqüı́fero
superior, podendo ser estimado um rejeito médio de até 200 m, na parte central da falha. O
uso combinado dos mapas das figuras 3.10 e 3.11 permite reconhecer as áreas mais favoráveis
à implantação de novos poços de exploração, pois o primeiro reflete principalmente a maior
ou menor argilosidade na matriz dos arenitos e o segundo indica a profundidade da base do
sistema aqüı́fero superior.

Na parte sudoeste da área estudada, referida como Espaço Alfa, já existe uma bateria
de poços de extração que é utilizada para abstecimento industrial e urbano. Trata-se de
uma exploração algo desordenada, uma vez que a distância entre os poços não obedece
a um critério racional de maximizar a produção e evitar a interferência hidráulica entre
seus bombeamentos. Embora as zonas produtoras (arenitos) tenham grandes dimensões, da
ordem de até 400 m, é de fundamental importância o controle dos nı́veis dinâmicos e das
vazões de explotação, para uma gestão sustentável da reserva hı́drica disponı́vel.

A zona situada no setor nordeste é caracterizada pela presença do topo da Seqüência


Argilosa Superior (SAS) mais próxima à superfı́cie, se comparada aos outros setores da
área estudada, podendo ser inadequada para exploração de água subterrânea por poços de
profundidade inferior a 150 m.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 38

Figura 3.11: Mapa de isocontornos da topografia do substrato condutivo.


Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 39

Duas seções geoelétricas transversais foram construı́das para ilustrar o comportamento


estrutural do pacote aqüı́fero principal através da área estudada. A seção A-A’ cruza a área
de estudo na direção NNW-SSE e abrange as SEVs 11, 10, 08, 03, 22 e 24. Já a seção B-B’
cruza a área de estudo na direção WNW-ESE e abrange as SEVs 28, 32, 37 e 26. As curvas e
os modelos invertidos dessas SEVs são apresentados nas figuras 3.12, 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 40

Figura 3.12: Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs
10 e 11
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 41

Figura 3.13: Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs
03 e 08
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 42

Figura 3.14: Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs
22 e 24
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 43

Figura 3.15: Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs
28 e 32
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 44

Figura 3.16: Modelos invertidos para os dados de resitividade aparente das SEVs
26 e 37
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros 45

As figuras 3.17 e 3.18 apresentam a conformação geológica esquemática ao longo das


seções transversais A-A’e B-B’. Delas pode se verificar que o topo do substrato condutivo
se aprofunda de NW para SE (e de WNW para ENE), em consistência com os dados de
geologia de superfı́cie e do mapa estrutural mostrado na figura 3.11. Algumas sondagens
isoladas mostram também a ocorrência de lentes de folhelhos de até 30 m de espessura
distribuı́das no pacote aqüı́fero superior do Membro Rio Joanes.
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros

Figura 3.17: Perfil geológico A-A’ resultante da interpretação dos dados de resistividade verdadeira.
46
Caracterização Geoelétrica dos Aqüı́feros

Figura 3.18: Perfil geológico B-B’ resultante da interpretação dos dados de resistividade verdadeira.
47
4
Conclusões

A utilização dos métodos elétricos de resistividade e polarização induzida, no domı́nio do


tempo, na forma de sondagens elétricas verticais (SEVs), revelou-se adequado para delinear
a composição e a geometria dos dois principais sistemas aqüı́feros da área oriental do Pólo
Industrial de Camaçari. A interpretação conjunta dos dados geoelétricos (ρa , ma ) e a cali-
bração com sondagens paramétricas (sondagens efetuadas em poços) permitiu minimizar a
ambigüidade normalmente presente na inversão geoelétrica unidimensional de SEVs.

Os resultados apresentados indicam que, regionalmente, o sistema aqüı́fero da área es-


tudada é caracterizado como livre ou freático. Compõe-se pela interconexão hidráulica de
horizontes arenosos das formações Marizal e São Sebastião e possui uma base impermeável
ou semi-permeável com mergulho próximo de 50 . A presença de esparsos nı́veis de folhelhos
encontrados em algumas SEVs e em perfis litológicos de poços podem, localmente, fazer esse
sistema se comportar como parcialmente confinado.

48
Conclusões 49

Os efeitos estruturais-geométricos da falha Fazenda Mangueira foram também caracteri-


zados com os resultados das sondagens elétricas. Com eles foi possı́vel estimar as deformações
relacionadas ao falhamento, em particular, a determinação da componente maior do deslo-
camento vertical da falha. A estrutura anticlinal mapeada com a geologia de superfı́cie,
provavelmente, é resultante de arrastos laterais ao longo da falha, implicando que a mesma
tenha tido, também, importante componente de deslocamento horizontal.

A aplicação dos métodos geoelétricos na caracterização hidrogeológica efetuada teve um


baixo custo, maior rapidez e nenhum impacto ambiental, se comparado aos métodos invasivos
de investigação da subsuperfı́cie. Os resultados obtidos ratificam a importância dos métodos
elétricos em estudos hidrológicos de subsuperfı́cie sendo uma importante ferramenta para
definição das áreas mais propı́cias a exploração de recursos hidrı́cos subterrâneos.

Para uma exploração criteriosa de água subterrânea e conservação do geossistema local,


recomenda-se:

(i) Perfuração de poços estratigráficos penetrando a sequência SAS, com amostragem


regular das litologias, inclusive via testemunhagem. Em tais poços deve ser prevista a rea-
lização de perfilagens geofı́sicas, a fim de determinar-se as espessuras dos arenitos atraves-
sados e suas propriedades petrofı́sicas; (ii) As informações obtidas nesse trabalho deverão
ser incoporadas ao modelo hidráulico de fluxo subterrâneo desenvolvido pela Cetrel. Dessa
forma as futuras demandas poderão ser atendidas obedecendo um critério garantido e con-
servativo para exploração dos recursos hı́dricos subterrâneos. Com isso, deverão ser levadas
em consideração as distâncias mı́nimas entre poços, otimizando a relação vazão explota-
da/rebaixamento induzido, de modo a evitar a interferência entre poços e a super exploração
do aqüı́fero; (iii) O Estado da Bahia deve condicionar a outorga de novos poços de explo-
ração de água subterrânea mediante projeto que inclua a execução de perfilagens geofı́sicas
nos mesmos. Isso minimizará as incertezas e a precariedade dos perfis litológicos construı́dos
por amostragem de calha, além de assegurar uma completação mais eficiente para os poços.
Além disso, os dados petrofı́sicos deles derivados servirão para aprimorar o conheceimento
geológico e o esquema de modelagem matemática dos sistemas aqüı́feros de interesse; (iv)
Exercı́cio de uma maior fiscalização, pelos orgãos competentes, das olarias e mineradoras
localizadas na área estudada, pois que as mesmas estão exercitando exploração de forma
desordenada e predatória. Os maiores alvos são as argilas da sequência SAS e as areias da
Formação Marizal.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente a DEUS, o meu Salvador.

Aos meus Pais Leônidas Hermes de Sousa Mota e Eja Souza Mota (em memória) e ao
meu Irmão Enã Souza Mota (em memória) pelo Amor, Dedicação, Respeito e Confiança.
Vocês são e sempre serão a razão da minha existência. Dedico esse Trabalho a vocês.

A todos meus amigos e familiares.

A minha amada esposa Andréa Mota Medici e seus filhos Gustavo e Giovanna, pelos
momentos de alegria e felicidade juntos.

A Leandra Pessoa Alves pelo amor, carinho e lealdade desde o primeiro momento que
nos conhecemos.

Ao Professor Olivar Antonio Lima de Lima pela oportunidade de ser seu Orientando
e compartilhar de todo seu conhecimento e experiência. Agradeço pela total dedicação e
entusiasmo para que essa Pesquisa fosse concluı́da com êxito.

Aos membros da banca examinadora pelas sugestões apresentadas.

Ao colega Carlos Eduardo Lemos Barbosa, pelas crı́ticas, sugestões e pela cessão dos
dados geoelétricos da sua Monografia de Graduação em Geofı́sica.

A Cetrel S/A - Empresa de Proteção Ambiental pelo apoio logı́stico e financeiro para
realização da presente Pesquisa.

Ao pessoal do CPGG-UFBA, especialmente a Joaquim Lago, pelo apoio em informática,


e a Alcirlene, Niton e Flexa.

À equipe de campo formada pelos ajudantes Edson, Adriano, Ubirajara e Cláudio (Zé
do brejo) e pelo Técnico Luı́s Medeiros.

50
Agradecimentos 51

Aos amigos que fiz durante o perı́odo em que estive no CPGG, em especial a Ricardo
Santiago e Marilene Caruso.

Às minhas bandas e músicos favoritos: Rainbow, Deep Purple, Yngwie J. Malmsteen,
Iron Maiden, Toto, Ronnie James Dio, Yes, Narnia, Rata Blanca e ao Mestre das 6 cordas
Ritchie Blackmore.
A
Resultados das Inversões

O conteúdo deste apêndice consiste da representação gráfica dos dados observados, das curvas
teóricas computadas e dos modelos finais obtidos na inversão 1D dos dados de eletrorresis-
tividade.

52
Resultados das Inversões 53

Figura A.1: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
01 e 02
Resultados das Inversões 54

Figura A.2: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
04 e 05
Resultados das Inversões 55

Figura A.3: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
06 e 07
Resultados das Inversões 56

Figura A.4: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
09 e 12
Resultados das Inversões 57

Figura A.5: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
13 e 14
Resultados das Inversões 58

Figura A.6: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
15 e 17
Resultados das Inversões 59

Figura A.7: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
18 e 19
Resultados das Inversões 60

Figura A.8: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
20 e 23
Resultados das Inversões 61

Figura A.9: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
25 e 27
Resultados das Inversões 62

Figura A.10: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
29 e 30
Resultados das Inversões 63

Figura A.11: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
31 e 33
Resultados das Inversões 64

Figura A.12: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
34 e 35
Resultados das Inversões 65

Figura A.13: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
36 e 38
Resultados das Inversões 66

Figura A.14: Modelos invertidos para os dados de resistividade aparente das SEVs
39 e 40
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