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In www.joselucio.wordpress.com
O processo de avaliação dos professores, que vai ter agora início por via da recente
promulgação do Decreto Regulamentar n.º 2/2008 de 10 de Janeiro, não pode efectivar-
se sem uma profunda reflexão, por parte de todos os actores envolvidos, sobre as
dificuldades que o rodeiam. De facto, se a avaliação dos alunos tem inspirado uma
produção teórica considerável, dada a complexidade que lhe é inerente, entendemos que
não são menores nem menos complexos os problemas colocados pela avaliação dos
professores. Daí a nossa preocupação perante a forma precipitada com que este processo
está a ser conduzido, como se nele tudo fosse imediatamente óbvio e linear.
assimetria é a condição mesma para que uma avaliação possa decorrer. Ora, a
avaliação dos professores irá dar-se numa situação relacional
diametralmente oposta: os professores estarão a avaliar os
seus pares, com os quais se supõe manterem uma relação de
simetria em matéria de competências científicas e
pedagógicas. A delicadeza desta simples situação é de molde a criar as maiores
dificuldades, pois ela põe em causa a própria autoridade do avaliador face ao avaliado.
Por tudo isto, parece-nos imperioso que os responsáveis pelo processo de avaliação
na nossa escola cheguem a acordo, ao nível do Conselho Pedagógico, em torno de
alguns princípios que possam minorar os efeitos dos problemas abordados ao longo
desta reflexão. Em primeiro lugar, julgamos ser muito difícil, ou talvez mesmo
impossível, que esse acordo resulte de um único modelo positivo de docência. Em nosso
entender, não existe uma receita universal para se ser bom professor. Colegas
haverá que necessitam de planificar as aulas ao pormenor, e
outros que atingem excelentes resultados com base na
improvisação e na capacidade de inscrever o imprevisto na
sua prática lectiva; há professores que recorrem a novas
tecnologias e conseguem, com isso, aulas bastante dinâmicas e
interactivas, mas existem também docentes que galvanizam os
alunos com aulas centradas na análise de textos e até mesmo
na mera exposição oral . Se as formas são importantes, os conteúdos são
fundamentais. Acontece que o modelo pedagógico dominante, mercê da influência de
uma ideologia pedagógica que aposta tudo nas metodologias lúdicas, tem sacrificado
sistematicamente os conteúdos às formas.
• Um professor não deve pautar a sua actuação na sala de aula por uma
sistemática dificuldade de relacionamento com os alunos, quer por total
incapacidade de impor a disciplina, quer por autoritarismo desproporcionado ou
ineficaz.