O documento analisa o filme "A Onda" e como ele retrata processos psicossociológicos e de interação social. O filme mostra um professor criando um movimento autoritário na sala de aula para ensinar seus alunos sobre ditadura. Muitos alunos passam por um processo de socialização secundária e interiorizam as normas do grupo. Dois alunos em particular têm respostas diferentes ao grupo, um questiona as ações enquanto o outro se identifica totalmente. O documento discute como a percepção, cognição e formação de at
O documento analisa o filme "A Onda" e como ele retrata processos psicossociológicos e de interação social. O filme mostra um professor criando um movimento autoritário na sala de aula para ensinar seus alunos sobre ditadura. Muitos alunos passam por um processo de socialização secundária e interiorizam as normas do grupo. Dois alunos em particular têm respostas diferentes ao grupo, um questiona as ações enquanto o outro se identifica totalmente. O documento discute como a percepção, cognição e formação de at
O documento analisa o filme "A Onda" e como ele retrata processos psicossociológicos e de interação social. O filme mostra um professor criando um movimento autoritário na sala de aula para ensinar seus alunos sobre ditadura. Muitos alunos passam por um processo de socialização secundária e interiorizam as normas do grupo. Dois alunos em particular têm respostas diferentes ao grupo, um questiona as ações enquanto o outro se identifica totalmente. O documento discute como a percepção, cognição e formação de at
Departamento de psicologia Introduo aos Processos Psicossociolgicos e de Interao Social
Analise do filme A onda segundo conceitos de Processos Psicossociolgicos e de Interao Social
Alxia Thamy Gomes de Oliveira Franciele Alves dos Santos Joyce Kelly do Nascimento
Natal, 2014.
Analise do filme A onda O homem um animal social, no possumos nenhum padro de comportamento biologicamente fixo. A imaturidade neurolgica e sexual prolongadas, aliadas ao auto nvel de educabilidade humana, faz da socializao mais que uma possibilidade, e sim uma necessidade, tendo como fim o aperfeioamento total das funes executivas superiores. Enfim, socializar imprimir nos indivduos o modo de funcionamento social. Ditando assim como se deve comportar para ser um membro de determinada sociedade e tambm de determinados grupos dentro desta. O filme alemo, A onda, retrata muito bem todos estes processos de psicossociolgicos de interao social. A socializao um processo continuo, ocorre sempre que h um novo papel a desempenhar, e universal, ocorre, de diferentes formas, em todo sistema scio-cultural. O processo mostrado no filme o de socializao secundria, que constitui-se da interiorizao de submundos parciais em contraste com o mundo bsico interiorizado durante a socializao primria. (...) trata-se de sistemas de prescries comportamentais quase objetivos ( no sentido de que nem sempre so codificados ou regulamentados, podendo situar-se no plano das normas sociais implcitas). (Kruger,1986) No filme, o processo se inicia durante a aula sobre autocracia, onde o professor Rainer pretende mostrar que uma ditadura ainda possvel. Para isso comea estabelecendo algumas regras aos alunos, como, s se dirigir a ele como Sr. Weger e ficar em p para falar. Inicialmente, os alunos obedecem a tais regras apenas por ser uma ordem do professor (outro especifico), como o passar do tempo eles o fazem automaticamente, pois entendem que devem (outro generalizado), por fim eles interiorizam tais ordens como caractersticas suas como membros do grupo. O mecanismo fundamental da socializao consiste na interao e identificao com os outros do grupo, assim, na parte final do filme tal processo de identificao fica claro, quando o professor Reiner l as redaes sobre as experincias dos alunos no movimento, Origens, religio, crculos sociais no tem mais espao, pertencemos todos a um Movimento. A onda nos deu um significado.... Nesse trecho claro a identificao com os ideais da onda, consequentemente a dessocializao, caracterizada como a eliminao (que pode ser planejada) de padres comportamentais anteriormente adquiridos e avaliados como socialmente inconvenientes(Kruger,1986), por exemplo valores religiosos ou de grupos anteriores j interiorizados foram modelados e/ou subjugados em detrimento dos configuraes do novo grupo. claro que o significado desta socializao no a mesma para todos os membros do grupo. Na verdade a respostas bem diversas. Muitos deles deixam o mim (parte configurada no grupo) se sobrepor ao eu (personalidade). mas essa no uma caracterstica geral.No h, necessariamente, congruncia entre os sentidos subjetivos meus e do outro. Podemos notar nos jovens Marco e Tim, dois exemplos contrastantes de como o grupo atua sobre a individualidade. Enquanto em Marco, o seu eu, sua personalidade venceu a tenso criada entre valores, normas e atitudes e normas j interiorizadas por ele, Tim, talvez por ter uma socializao primaria insatisfatria, sucumbiu totalmente as normas, valores e atitudes do grupo. O que os levou a perceber a situao de formas totalmente diferentes, Marco viu as contradies e excessos no grupo e lutou contra isso enquanto Tim deixou o mim, identidade de grupo, se sobrepor ao eu, tomando atitudes exageradas, como querer proteger o lder, pichar um monumento, ameaar os anarquistas com armas, e por fim, matar e se suicidar com a perspectiva de fim do grupo. Outros casos de como a socializao afeitou o individual o caso de Mona, que saiu da classe por no concordar com os ideais, norma e atitudes do grupo, e tambm de Karo, que aps sofrer uma punio do grupo, por no obedecer a regra de usar branco, ao invs de ser coagida a obedecer a regra, ela se virou totalmente contra o movimento, se unindo e formando um grupo de oposio a Onda. A interao social, bem como o processo de socializao humana, s possvel a partir da noo de percepo: para que haja interao entre os seres, necessrio inicialmente que os indivduos tomem conscincia da existncia do outro. Porm, preciso salientar que a noo de percepo no pode ser concebida como algo isolado, visto que ela est intimamente ligada com a cognio e os processos de formao e mudana de atitudes. As impresses que formamos das pessoas e das coisas passam pela interpretao, para enfim, poder desencadear comportamentos. Partindo de uma concepo dos tericos da Gestalt, no que diz respeito a noo de totalidade (principalmente Kurt Lewin), os grupos no so simplesmente uma soma das caractersticas individuais, mas algo novo, constitudo de uma totalidade prpria resultante de diversos processos que ocorrem no interior deles. Portanto, nos grupos, os indivduos efetuam comportamentos que fora dele no seriam possveis. No filme A onda, a partir do momento em que o professor prope aos alunos que marchem, que corrijam a postura, usem gestos e saudaes e dali em diante o chame de Sr. Wenger durante as aulas, tem-se a formao de um grupo no qual o professor se torna a referncia, e assim, os indivduos tomam para si papeis de membros deste grupo, de modo que a percepo de si prpria e dos outros modificada. Isso pode ser exemplificado numa cena em que um aluno da turma, que era rejeitado e solitrio, ao ser intimidado aps o fim da aula por rapazes de um grupo rival, defendido por dois colegas da classe que at ento tinham pouco contato com ele. Neste exemplo, percebemos uma mudana de atitude e consequentemente de ao, por parte dos dois colegas dele, em relao a ele, que j no o percebem como uma pessoa qualquer, mas como um integrante do grupo. No que consente a aprendizagem e a mudana de atitudes, segundo Pisani Desde muito cedo, na infncia, sob a influncia da famlia, elas vo sendo formadas. Alm da famlia, considerada o maior agente formador das atitudes, tambm vo influenciar nesse processo os amigos, professores, religio, meios de comunicao, etc. (Pisani, 1994). Neste momento, se faz necessrio ressaltar o papel da comunicao neste processo durante o filme: preponderante o papel do professor na persuaso e na mudana de atitudes dos alunos. Seu papel como lder e sua autoridade, bem como o uso de reforos positivos (Principalmente com as minorias da sala), o modo como a aula apresentada, de forma dinmica e que propiciem aos alunos sensao de pertencimento, acabam por formar vnculos positivos e de natureza emocional que se mostram fundamentais para o processo de socializao. O homem, enquanto ser social, passa por diversos processos de socializao que o levar a um patamar de existncia diante da sociedade. Tais processos surgem como integrativos dos indivduos em sua sociedade, cultura, etc. Essa integralizao, ao mesmo tempo em que aproxima os indivduos que possuem caractersticas em comum, acabam por afast-los de outros possveis lugares/ambientes/grupos onde poderiam atuar. A espcie Homo Sapiens , por natureza, social. A capacidade e a necessidade para a vida de grupo que o homem tem, incluem-se na sua constituio biolgica. (Pfeiffer , 1969). Durante grande parte do enredo do filme possvel perceber diversos dos processos que contribuem para a formao de um grupo, que inicialmente visto como um agrupamento, pois de trata se um ambiente escolar, onde os indivduos possuem o potencial de se tornarem, de fato, um grupo. Como em todo ambiente escolar, vemos a existncia de diversos pequenos grupo que agem se maneira semelhante e individual, que geralmente interagem por afinidade. Ao iniciar as atividades escolares sugeridas pelo professor, os alunos so levados experincia do fenmeno grupal para melhor compreenderem a forma de funcionamento de um regime autocrtico. Nesse processo, cria-se um grupo composto pelos alunos que se sentem acolhidos uns pelos outros e passam a agir coletivamente, mesmo aqueles que ainda no agrupamento no interagiam muito bem. Este grupo se constitui de um numero no muito grande de alunos, que acaba por aumentar com o decorrer da semana em que a disciplina ministrada. Para um melhor sentimento de grupo, o professor pede sugestes aos alunos do que poderia ser utilizado para que se sintam mais como um s. O grupo passa a utilizar uma vestimenta comum e acessvel a todos, (no caso, uma camiseta branca); criada uma cultura prpria do grupo que possui smbolos imagticos e gestuais e ainda a ideia normatizao que d ao professor Rainer Wenger o poder, mesmo que inconscientemente, da manipulao dos alunos envolvidos. O grupo mostrado no filme no possui um objetivo comum delimitado, pois a ideia inicial era apenas a didtica apresentada pelo professor como forma de melhor passar o conhecimento a seus alunos. Porm, comeam a surgir ideais de serem os melhores apenas por se denominarem como tal, o que os leva a praticar atos de vandalismo e mesmo entrar em combate com outros grupos existentes, como o grupo anarquista.[...] h ocasies em que o mim legitima e incentiva a livre expresso do eu e tais ocasies, diz Mead, fornecem as experincias mais emocionantes e compensadoras. (George Herbert Mead. 1934) A ideia de Eu e Mim exposta por Mead mostra a ideia de que o homem composto tanto de um ser Individual, que o torna singular, como de um em ser coletivo, que o seu lado social. No momento final do filme essas experincias emocionantes e compensadoras vividas pelos integrantes do grupo so expostas pelo professor, quando este l partes das redaes dos alunos a fim de que eles percebam as tamanha mudana que sofreram, respondendo apenas como grupo e pelo grupo. A socializao tanto ocorre nas situaes em que so produzidas condutas consideradas socialmente adequadas e, portanto, dignas de aprovao, quanto naquelas que fornecem comportamentos desviados das normas, convenes, leis e costumes. O que ocorre no filme claramente uma forma de socializao, a qual formou um grupo com ideologia prpria, com normas, valores e regras. Entretanto esse grupo alterou de maneira no muito saudvel a percepo, cognio e atitudes desses alunos por meio da influencia social, tornando os membros do grupo sem muita capacidade de critica ou autocrtica. Tornando os violentos e intransigentes. Sendo assim filme um bom exemplo de caracterizao extrema das manifestaes de grupo obtidas atravs da socializao.
Referncias: Kruger,H. Introduo a Psicologia Social. So Paulo: Epu,1986. Beger,P.L. e Beger.B. Socializao: como ser um membro da sociedade. In: FORACCHI, M.L. e MARTINS,J.S. Sociologia e sociedade. RJ. Ltc,1977, p.200-214. Broom, L. e Selznick. Elementos de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1975. MICHENER, H. Andrew, DELAMANTER, John D.; MYERS, Daniel J. Mtodos de pesquisa em psicologia social. In: MICHENER, H. Andrew et. al. Psicologia Social. So Paulo: Pioneira Tomson Learning, 2005. P. 128-169 PISANI, G (org). Temas de Psicologia Social. Petrpolis, Vozes. 2008. P. 68- 105