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Understanding Second Language Acquisition.

Oxford University Press


Autor: Rod Ellis
Cap.7- As estratégias do Aprendiz (Learner Strategis)

Rod Ellis
• Professor do Depto. de
Linguística Aplicada da
University of Auckland
(New Zealand ) onde leciona
nos cursos de ós-gradu
p ção
“Courses on second language
acquisition”. Atualmenteé
editor do“J ournalLanguage
Teaching Research ”. Trabalhos
em escolas na Espanha,
Zambia, UK e USA

Notas de Aula
Pucminas - Curso de Letras – 3º Período

Disciplina:
Disciplina Cognição, Cultura e Letramento em Língua Estrangeira

Novembro de 2009

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ESTRATÉGIAS DO APRENDIZ

LEARNER STRATEGIES (Cap.7)

ELLIS, R. Understanding Second Language Acquisition.Oxford:


Oxford University Press, 2004. 336p.

O capítulo 7 considera os processos internos que operam, ou


são levados em conta, na forma como o aprendiz lida com os
inputs (entrada) e como ele utiliza os recursos de L2 na
produção de mensagem em L2.

CAIXA PRETA

SLA
CÉREBRO => NEURÔNIOS

MECANISMOS INTERNOS

NA AQUISIÇÃO DE L2

Uma completa avaliação de SLA envolve mostrar como o


input é padronizado/formatado para se tornar compreensível
(perspectiva intra-organismo) e como o aprendiz trabalha o
input para transformá-lo em “intake”( perspectiva inter-
organismo).

O aprendiz normalmente apresenta 2 tipos de conhecimento


de L2

♦ DECLARATIVO (DECLARATIVE): Consiste em


internalizar e memorizar regras e “chunks”
(pedaços/partes) de L2 (este procedimento já foi
tratado no capítulo 3 e 4)

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♦ PROCEDIMENTAL (PROCEDURAL): Consiste em
“saber como” - De que forma o aprendiz aprende e
quais as estratégias e procedimentos empregados
para processar, aprender a L2.

O CONHECIMENTO PROCEDIMENTAL pode ser


dividido em componentes sociais e componentes
cognitivos. O foco deste capítulo são as estratégias
cognitivas.

O componente COGNITIVO do Conhecimento PROCEDIMENTAL


compreende vários processos mentais envolvidos na
internalização e automatização de um novo conhecimento de
L2 e no uso deste conhecimento em conjunto com outras
fontes de conhecimento para a comunicação em L2. (p. 164)

Os processos de aprendizagem:

envolvem conjuntamente “aprendizagem e uso de L2”

♦ levam em conta, ou devem considerar como o


aprendiz acumula novas regras de L2, como ele
automatiza aquelas previamente aprendidas
atendendo a um INPUI (entrada) e,

♦ pela simplificação no uso de um conhecimento já


existente.

Os processos envolvidos na utilização de conhecimento em L2


consistem em:

♦ produção e recepção de estratégias e também em


estratégias de comunicação.

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Taroni (1981) definiu como “produção e recepção de
estratégias” as ações/tentativas para usar um
conhecimento existente em L2 de forma clara e eficiente
com um mínimo de esforço e,

“as estratégias de comunicação” quando o falante não


está habilitado a se comunicar o que ele inicialmente tinha
como meta (communicative goal) na forma em que
planejava e então e forçado a rever mentalmente, reduzir
ou procurar meios alternativos para expressar o que
“pretendia” dizer.

 As estratégias de comunicação são então o


resultado de um fracasso inicial para a
implementação de um PLANO DE PRODUÇÃO. (p.
165)

DESTA FORMA PODEMOS DIZER QUE:

O USO DA LÍNGUA É CARACTERIZADO POR AMBAS,


PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DE ESTRATÉGIAS, AS QUAIS
OPERAM QUANDO:

 O APRENDIZ utiliza os recursos facilmente e de forma


“subconsciente” (subconsciously) e,

 O APRENDIZ opera estratégias de comunicação,


como se fosse para compensar os “uma forma
inadequada” e que de certa forma envolvem grande
esforço “consciente” (consciouness).

- Para aprender L2 (Mecanismos


para internalizar ou automatizar
conhecimento de L2)

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Estratégias Cognitivas/processos

- Para o uso de L2 – processos


de produção e recepção e
Estratégias ( mecanismos para
usar automaticamente recursos
já existentes) (p. 165)

Sobre os conceitos de “Estratégia e Processo” a autora


enfatiza que é preciso compreender com clareza a distinção
entre ambos.

Faersh and Kasper (1980) apresentaram uma clara


distinção entre os dois termos.

 Estratégia – planos para controlar a ordem na


qual uma sequência de operações é realizada

 Processo – operações envolvidas no


desenvolvimento de um plano (o processo de
planejamento) ou na realização de um plano
(processo de realização)

Nota: É importante ressaltar que existe pouco


consenso no que tange aos comportamentos que
pertencem a PROCESSOS, em oposição aos que
pertencem a ESTRATÉGIAS.

ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

Segundo a autora, a proliferação de termos e conceitos,


no que tange a cada aspecto do Conhecimento
Procedimental, é talvez mais evidente nas discussões
das Estratégias de Aprendizagem.

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No contextualização das estratégias ela apresenta uma
distinção entre dois tipos de produtos lingüísticos:

o EXPRESSÕES FOMULÁICAS (FORMULAIC SPEECH)

o EXPRESSÕES CRIATIVAS (CRIATIVE SPEECH)

SOBRE AS EXPRESSÕES FOMULÁICAS (FORMULAIC


SPEECH):

 Para (Lyons 1968: 177) expressões formuláicas são


expressões aprendidas como “conjuntos não analisáveis”
(unanalysable wholes) e analisadas em ocasiões
particulares”. Podem ser observadas tanto na fala de
nativos quanto de aprendizes.

 Já (Ellis 1984c) sugere que as expressões


formuláicas podem se consistir de scripts
completos, como “sequência de cumprimentos”,
as quais o aprendiz pode memorizar porque elas
são mais ou menos fixas e previsíveis.

As expressões fomuláicas tem sido observados de forma


bastante comum em SLA, particularmente nos primeiros
estágios de desenvolvimento e isto pode ser observado, com
certa freqüência na fala dos pequenos, crianças aprendizes e
também dos adultos aprendizes. Conforme (Ellis 1984c) o
uso destas expressões formuláicas ocorre também com
os aprendizes na sala de aula. (pg.167)

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A compreensão de “conjuntos/blocos não analisáveis”
(unanalysable wholes ou unanalysable wholes) pode variar
de aluno para aluno, mas alguns casos são bem típicos:

 I don’t know.

 Can I have a -------?

 There is no ---------

 What’s this?

 I wanna ------

 There is a

 I can’t speak English

Cada fórmula é presa (closely tied), de forma muito próxima,


a uma meta comunicativa.

(Ellis 1984c) observa que os Aprendizes rapidamente


desenvolvem um número de fórmulas para atender as
necessidades básicas de comunicação em salas de aula (ESL)
onde o Inglês é o meio de comunicação.

Krashen (1982) postula que há situações em que o aluno é


forçado a falar, mesmo não estando preparado ou pronto.
Então, por conta de seus próprios mecanismos, os quais ele
aciona “silenciosamente”, enquanto constrói (aciona)
algumas regras de L2 para falar então, de forma bastante
criativa.

QUAIS SERIAM ENTÃO AS ESTRATÉGIAS DE


APRENDIZAGEM QUE ENVOLVEM A AQUISIÇÃO DE
EXPRESSÕES FORMULÁICAS (FORMULAIC SPEECH)?

 a autora coloca que é pouco provável que as estratégias


de aprendizagem para as expressões formuláicas sejam

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as mesmas regras responsáveis pela aprendizagem de
expressões criativas (criative speech).

É possível que:

♦ As expressões formuláicas envolvam :


LADO DIREITO DO CÉREBRO (Registros de
pronúncia, memorização, padrões). Os
modelos/regras são armazenadas no lado do
hemisfério direito e ficam disponíveis para um
processamento imediato na PRODUÇÃO e na
RECEPÇÃO.

Nota: Os modelos (patterns) de memorização são


considerados como estratégias psciolinguísticas, que
ocorrem sem que o Aprendiz tenha que agir
conscientemente, neste sentido (overt manifestation).

Os modelos (patterns) de imitação são considerados


equivalentes aos de “memorização”. É portanto uma
estratégia comportamental porque é usada e ativada
conscientemente (podendo ser observada quando
acontece). (p.169)

(Ellis 1984c)
 e.g. mostra
Thatcomo
one aI expressão formuláica “I don’t
don’t know.
know” é construída, pela combinação de outras fórmulas,
como vemos no I quadro
don’t know what is this.
abaixo.
“don’t é usado de forma similar, mas em
expressões diferentes”
 e.g. I don’t understand.
I don’t like

“Know” é usado sem o “don’t”

 e.g. I know this


e outras variáveis 8

e.g. You don’t know where it is.


É possível que estas fórmulas sejam gradativamente
armazenadas de forma que informação valiosa pode ser
alimentada/construída dentro de um criativo sistema de regras
criativas.(p.171)

A expressão formuláica é fator importante em SLA, mas é


provavelmente um fator “maior”, no primeiro momento (in
early) SLA.

As estratégias de “modelos (patterns) de memorização” e


modelos de imitação são consideradas como algo “menor” no
que diz respeito às estratégias de aprendizagem, em
comparação com áquelas que contribuem diretamente para
um sistema de regras criativas (creative rule system).

EXPRESSÕES CRIATIVAS (CRIATIVE


SPEECH)
♦ As expressões criativas são o produto das regras de L2.

♦ Permitem que o aprendiz crie novas expressãoes e

♦ Elas são as regras que constituem o sistema de


aprendizagem do aprendiz.

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♦ Elas variam no que diz respeito a permitirem ao aprendiz a
variar sua performance de acordo com a linguística e com
o contexto.

Faerch and Kasper (1980; 1983b) apresentaram uma


distinção no estabelecimento de regras de interlinguagem e as
estratégias envolvidas na automatização do conhecimento de
interlíngua. (p.170)

Ellis apresenta duas estratégias gerais para as expressões


criativas: simplificação e inferência.

♦ SIMPLIFICAÇÃO – Muitas publicações sobre interlíngua


reconhecem que os aprendizes almejam tornar o processo
de aprendizagem menos estressante.

 Vários autores formularam teorias sobre as estratégias


para SLA.

 Para Ellis, qual estratégia vai ser usada é em


parte, uma questão de preferência individual e;

 Afirma que a aprendizagem não envolve apenas


a formação de hipóteses corretas, mas envolve
também a formulação de hipóteses
intermediárias “interin” que vão sendo
sistematicamente melhoradas até que de fato
uma hipótese totalmente correta é constituída.
(p.170).

A simplificação pode então ser entendida como duas


estratégias:

1. estratégia de produção e,

2. estratégia de aprendizagem

♦ INFERÊNCIA
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É a forma pela qual o aluno forma uma hipótese para atender
a um “INPUT”. Neste caso o aluno terá que induzir qual a
regra para aquele tipo de “input”.

Exemplo: um aluno espanhol que estuda Inglês pode não ser


bem sucedido na aquisição de regras para sentenças
negativas, com base na simplificação.

 NO – overgeneralization -> na negativa de verbos e de


nomes

 O aluno espanhol responderia: NO like beer ao invés


de I don’t like beer. Para atender a este input de L2 o
aprendiz vai precisar formular uma hipótese apropriada.
(p.172).

Ellis afirma que inferência e simplificação e


simplificação pode ser entendido como um processo
único. Para ela bastaria a noção de dois conceitos:

1. Inferência Intralíngua

♦ É o resultado da análise do “intake” (pode estar


relacionada a uma predisposição “nata” –
predisposição cognitiva.

2. Inferência Extralíngua

♦ É um dos mecanismos mais poderosos disponíveis


para o aprendiz para a construção de hipóteses a partir
de um input externo. Consiste em prestar atenção nas
características do ambiente externo e usá-las para
tornar o input de L2 compreensível. Ou seja,
observando as expressões de fala (utterances) o
aprendiz pode converter o input, que está além da sua
competência (into intake). (P.173 )

♦ A Inferência Extralíngua funciona como o


principal mecanismo para os aprendizes iniciantes
(beginner uses) para formular hipóteses a partir de um
input externo.
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♦ Testando Hipóteses (hypothesis testing): uma vez
que o aluno tenha desenvolvido ele pode testar isto de
formas variadas (processo subconsciente e
espontâneo). Uma vez que o aprendiz domine este
procedimento, ele pode testar isto de formas variadas
(processo subconsciente e espontâneo) como parte de
um processo de comunicação.

ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO:
A estratégia de produção vai retomar com a utilização das
regras da interlíngua envolvendo tanto a produção quanto a
recepção de estratégias.

♦ Hipoteticamente, o “ modelo padrão” para a produção de


narrativas de um falante “nativo” é o mesmo para L2. A
estratégia de produção vai depender do objetivo da
comunicação do falante : contar uma história, responder
a uma pergunta, formular uma instrução, etc. (não
ocorre de forma linear (backward /forward).

O falante começa a construir, planejar as sentenças até


formar um plano apropriado de discurso, entretanto nem
sempre isto acontece. Existem evidências de que o falante
(user) não segue o plano logicamente mas “moves backwards
and forwards”. (p.176)

Obs: Ocorrem pausas nas falas. O aluno precisa de um


tempo para orquestrar/construir a própria fala.

ESTRATÉGIAS DE PLANEJAMENTO
As estratégias de planejamento podem ser dividias entre as
estratpegias que envolvem a expressão de uma fala (planning
of utterances) e aquelas que envolvem a correção de uma
fala (correction of utterances). (p.180)

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Podem aí ser identificadas duas estratégicas básicas:

1- SIMPLIFICAÇÃO SEMÂNTICA. O aprendiz simplifica o


plano de sentença reduzindo elementos). E a versão que
cada aluno escolhe e esta reflete os recursos lingüísticos
que ele dispõe.

HE IS HITTING ME – O aprendiz pode produzir


qualquer uma das versões reduzidas:

Hitting (= Action process)

He hitting (= Agent+ Action process)

Hitting me (=Action process +Patient)

He me (=Agent+patient)

Ellis (1982a;1984a) afirma que a simplificação semântica


oferece uma poderosa explicação dos processos envolvidos
tanto na aquisição de L1 como de L2. (p.179)

2- SIMPLIFICAÇÃO LINGÚÍSTICA

O aprendiz omite palavras e adiciona (affixes)

Ele não pode incluir “affixes” o que não possui, por


exemplo:

He hitting me – o auxiliar BE foi omitido.

ESTRATÉGIAS DE CORREÇÃO: MONITORAMENTO


A principal estratégia responsável pela correção é o
monitoramento.

O monitoramento envolve:

- o uso de algum conhecimento/recurso para correções


da fala (substituindo uma fala inicial, por uma outra
preferida)
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- substituição e/ou correção da fala “output, e

- acaba direcionando para um ajuste da meta de


comunicação/discurso ou o planejamento das
sentenças.

SÍNTESE:

A produção compreende um processo hierárquico


envolvendo uma planejamento, uma articulação e uma
programação motora. É um processo comum tanto para
os nativos quanto para os usuários de L2.

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO:
As estratégias de comunicação devem ser discutidas em
termos da psicolingüística. Para (Tarone 1981: 288) elas são
caracterizadas pela negociação de um acordo de um
sentido/entendimento (on meaning) entre os interlocutores.

♦ As estratégias de comunicação são planos psicolinguísticos


os quais existem como parte de uma competência
linguístico comunicativa de um usuário (language user’s
communicative competence).

♦ Estas estratégias são potencialmente conscientes e


servem como substitutas na produção de planos, que o
aprendiz tem dificuldade de implementar. (p.182)

Tipologia das estratégias de comunicação:


É importante lembrar que a tipologia das estratégias
de comunicação referem-se à produção e não a
recepção. (p.182)
Alguns exemplos :
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• Parafrases: o aluno troca um item da L2 descrevendo ou
exemplificando.

Ex: He cleaned the house with a -----

• Reestruturação: “ I have two… “. “ I have a mother


and a sister”

• Estratégias não linguísticas: mímica/gestos

• Apelo direto: ‘What is this?

• Apelo indireto – indica que precisa de ajuda—Pausa, um


olhar “gaze” de apelo.

Síntese: As estratégias comunicativas são usadas pelos


alunos de L2 (e falantes nativos) quando eles encontram
algum problema na produção de uma fala. (p.188)

“ ... Peering into the black box to identify the


different learner estrategis at work in SLA is rather
like stumbling blindfold around a room to find a
hidden object”.

CONCLUSÃO :
Os processos e estratégias envolvidos na recepção tem
sido bastante negligenciados. Mapear as estratégias
dentro de um resumido modelo conceitual pode ser
tomado como algo arbitrário. É duvidoso afirmar que as
estratégias do aluno se resumem apenas em
APRENDIZAGEM, PRODUÇÃO E COMUNICAÇÃO.

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