Este documento descreve uma experiência de ensino de geografia na 5a série utilizando produtos de sensoriamento remoto como fotografias, fotografias aéreas e imagens de satélite. A metodologia envolveu atividades em sala de aula com esses recursos visuais para ajudar os alunos a compreender conceitos geográficos como escala, orientação e relações entre espaço natural e geográfico. Os resultados indicaram que as imagens estimularam a curiosidade dos alunos e permitiram uma melhor apreensão dos conceitos
Este documento descreve uma experiência de ensino de geografia na 5a série utilizando produtos de sensoriamento remoto como fotografias, fotografias aéreas e imagens de satélite. A metodologia envolveu atividades em sala de aula com esses recursos visuais para ajudar os alunos a compreender conceitos geográficos como escala, orientação e relações entre espaço natural e geográfico. Os resultados indicaram que as imagens estimularam a curiosidade dos alunos e permitiram uma melhor apreensão dos conceitos
Este documento descreve uma experiência de ensino de geografia na 5a série utilizando produtos de sensoriamento remoto como fotografias, fotografias aéreas e imagens de satélite. A metodologia envolveu atividades em sala de aula com esses recursos visuais para ajudar os alunos a compreender conceitos geográficos como escala, orientação e relações entre espaço natural e geográfico. Os resultados indicaram que as imagens estimularam a curiosidade dos alunos e permitiram uma melhor apreensão dos conceitos
Although the dynamism in the production and in the alteration of the spaces, the discipline of Geography cannot transport that new rhythm to the class room. Many information and instruments of analysis that could help the student attempting to understand its space are distant from Geography classes. The use of different types of products permits the sensing proposal to be use in the basic education, though observation and interception of satellite images, aerial and horizontal photography (obtained on surface). With the use of these products, the students easily realized the way how one and other space are organized, formulating, through individual perception, their own concepts.
1. INTRODUO O dinamismo da sociedade interfere em vrias reas do conhecimento, tornando-se necessrio um repensar sobre as prticas terico- metodolgicas no ensino geogrfico, que tem como propsito relacionar e compreender as diversas esferas da sociedade com a paisagem natural.
Nesse sentido, no ensino-aprendizagem da cincia geogrfica inserida numa realidade de constantes construes e reconstrues na interface sociedade /natureza, torna-se relevante a apropriao e utilizao de novos mecanismo que condicionem uma abordagem integrada e interpretada sob diferentes ngulos.
Nessa perspectiva, a utilizao de produtos do sensoriamento remoto como as fotografias horizontais (obtidas junto a superfcie), fotografias areas e imagens de satlite no ensino da Geografia visam a construo de uma alternativa no intuito de incluir e articular as informaes de cunho geogrfico com a escola.
Bem com outros referentes da sociedade que podem e devem serem vinculados a geografia, pois a tradicional memorizao tanto dos elementos fsicos quanto dos artificiais numa lgica seqencial e padronizada urge ser substituda por um caminho de investigaes e construes de saberes que contextualizem realidades prximas e distantes .
O interesse em abordar alguns produtos do sensoriamento remoto j mencionados, por entender que as imagens despertam e estimulam a curiosidade dos alunos, possibilitando a construo de um novo olhar geogrfico e uma releitura da paisagem geogrfica presenciada por eles no dia-a dia.
Dessa maneira, a anlise das organizaes e desorganizaes espaciais, que de forma direta ou indireta interferem na vida das pessoas, bem como as construes miditicas e imagticas que circulam e produzem vises estereotipadas da sociedade, podem ser redimensionadas e interpretadas numa tica crtica. Kaecher (2001) nos diz que a busca por um novo alicerce Programa 4 Jornada de Educao em Sensoriamento Remoto no mbito do Mercosul 11 a 13 de agosto de 2004 So Leopoldo, RS, Brasil um processo demorado, mas que pelo menos nos possibilita um edifcio mais slido.
Nesse sentido, as prticas terico-metodolgicas arraigadas no ensino geogrfico necessitam de um aperfeioamento, conforme os novos desafios impostos pelos contnuos movimentos das atividades humanas e tambm a relao com o meio ambiente.
Assim a utilizao de recursos visuais permite aos alunos a superao dos conceitos e definies j estabelecidos, construindo seu prprio conhecimento atravs dessas ferramentas e mediados pelo professor. Nas palavras de Freire (2003) o educador que, ensinando geografia, castra a curiosidade do educando em nome da eficcia da memorizao mecnica do ensino dos contedos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar- se .
No mbito geogrfico torna-se difcil trabalhar as particularidades de cada lugar por si s mas tambm no pode-se ser holstico sem trabalhar com o particular Santos (1984). Havendo, portanto a necessidade de observar as especificidades do lugar inseridas numa escala global. De acordo com Florenzano(2002) a partir da anlise e interpretao de imagens de sensores remotos, os conceitos geogrficos de lugar, localizao, interao homem/meio, regio e movimento (dinmica) podem ser articulados. As imagens so recursos que permitem determinar configuraes que vo da diviso do Planeta Terra, a de um Estado, regio ou localidade.
As constantes e rpidas transformaes na sociedade desafiam nossa capacidade de entendimento e acompanhamento, isto evidncia a necessidade de rupturas com saberes engavetados, ou seja, desarticulados. Dessa maneira, as imagens contribuem para um estudo interdisciplinar que, a partir de uma temtica central desencadeia outras anlises e interpretaes.
2. SITUAO DA EXPERINCIA
A presente experincia tem como proposta identificar a viabilidade de qualificar as aulas de Geografia no ensino fundamental, atravs de novos recursos tecnolgicos que, instiguem a curiosidade e o saber feito de cada educando.
Para o desenvolvimento da experincia, trabalhou-se com a 5 srie, turma 52 da Escola Municipal Lvia Mena Barreto, localizada na rua Ernesto Pereira no Bairro de Camobi, em Santa Maria RS. Para insero desses produtos no ensino, est se trabalhando, alternadamente em conjunto com o professor desde o inicio do corrente ano letivo 1 . Optou-se por este, nvel do ensino fundamental, partindo- se da importncia com que vista o nvel da 5 srie, ano em que os alunos incorporam os conceitos bsicos e
1 A experincia ainda esta em fase de andamento. adquirem as noes primordiais de Geografia, que iro lhes acompanhar por toda a vida escolar
3. METODOLOGIA: MATERIAIS E MTODOS
Para trabalho em sala de aula, utilizaram-se fotografias tiradas de cmaras convencionais, fotografia area, imagens de satlite, papel vegetal e lpis de cor.
Primeiramente trabalhou-se diversos conceitos bsicos de Geografia, como : Espao Geogrfico e Espao Natural, (interligando-os com as formas de relevo e possveis ocupaes pelo homem), conceitos de escala, (mostrando as diferenas entre os tipos de representaes e os tipos de mapas), orientao (com a identificao dos pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste ).
Assim, desenvolveu-se atividades, em sala de aula, com fotografias horizontais, fotografias areas e imagens de satlite, que proporcionaram ao educando um melhor entendimento dos conceitos propostos, bem como um a possibilidade de um averiguamento por eles prprios de sua real compreenso do que estava sendo explicado.
4. CONTEXTO ANALTICO
A leitura do espao modificado pela ao antrpica atravs da imagem permite uma aproximao dos conceitos geogrficos. A presena da vegetao torna-se importante para a conteno de processos erosivos, principalmente nas reas de encostas; evidenciando-se tambm as modificaes antrpicas e os sistemas agrcolas. Quanto ao conceitos de espao natural e geogrfico, percebe-se, atravs das imagens, a insero do espao natural no geogrfico devido ao dinamismo tecnolgico da sociedade.
Nas fotografias os educandos perceberam tambm que, a distribuio da populao na sociedade, vincula-se a forma como esta se organiza, possibilitando a discusso de conceitos referentes aos processos de urbanizao, construes em encostas, ou seja, reas de risco que podem ocasionar desmoronamentos. Como mostra a figura 1.
Fig.1 reas de risco. Fonte: Springer, Soares, 2004
Como um contedo de fundamental importncia para a compreenso das diversas dimenses dos recursos 4 Jornada de Educao em Sensoriamento Remoto no mbito do Mercosul 11 a 13 de agosto de 2004 So Leopoldo, RS, Brasil utilizados (fotografia fotografia area imagem de satlite), o entendimento de escala primordial.
Ao abordar-se o que seria uma escala, e como esta representaria a superfcie terrestre, correlacionou-se fotos de um mesmo objeto (lugar conhecido do aluno), porm com distancias diferentes, como pode se observar nas figuras 2 e 3.
A visualizao da escala, atravs deste recurso dispensou a utilizao de conceitos, a compreenso, por parte da grande maioria da turma, foi quase que imediata.
Fig 2 Noes de escala Fonte: Springer, Soares, 2004
Fig 3 Noes de escala Fonte: Springer, Soares, 2004
Com o intuito de relacionar formas de relevo, ocupao humana e organizao do espao, numa escala maior que as fotos convencionais, apresentou-se aos alunos algumas fotografias areas do bairro da Camobi (Figura 4).
Eles queriam primeiro saber onde estava a escola. Facilmente eles identificaram a universidade, as duas faixas, a rtula do acesso a universidade, e pela escola estar ali, esta fotografia tirada em um avio ou helicptero 2 foi a que mais recebeu ateno. Eles queriam se localizar, se encontrar naquele material.
2 Explicao dada pelos alunos, quando lhes foi perguntado o que seriam as fotografias reas.
Fig. 4 Fotografia area do bairro Camob Fonte: Fora Area Brasileira (1991).
Quando se fala em imagem de satlite, pensa-se ser algo de outro mundo, algo que no cabe na escola, pensa-se ser algo que esta acima do entendimento de alunos de uma 5 srie. No entanto, a experincia por nos feita, mostrou o contrrio. O interesse aumenta e a curiosidade pelo entendimento das cores e formas alegra e contagia a aula.
No que concerne a Geomorfologia, no ensino bsico esta, apresenta diversas possibilidades de utilizao de produtos do Sensoriamento Remoto. O ensino dos tipos de relevo e dos processos naturais decorrentes deste modelado, associados com o processo de ocupao humana, enriquecido com este novo instrumento de representao do espao. Em funo de suas caractersticas e dos processos que sobre eles atuam, oferecem, para as populaes, tipos e nveis de benefcios ou riscos dos mais variados.
A partir disso, os alunos puderam compreender a importncia das formas de relevo (feies Geomorfolgicas) na maneira como se desenvolve determinado impacto gerado antropicamente e a importncia do planejamento das aes do homem sobre os espaos naturais
As imagens produzidas pelos diversos sensores remotos possibilitaram ao aluno a associao da informao contida nos documentos cartogrficos com as paisagens visualizadas no espao conhecido por eles, atravs da decodificao da simbologia cartogrfica. A diferenciao das paisagens realizada com a criticidade do aluno, possibilitada pela compreenso que o aluno adquiriu atravs da ajuda do Sensoriamento Remoto.
Como exemplo do que falamos, podemos citar a situao em que na aula de Geografia, cujo tema seja rios, utilize- se de imagens de satlite, de fotografias areas verticais de escalas mdias (aproximadamente 1:25.000) e de fotografias horizontais (coletadas no campo, com mquinas fotogrficas comuns) para auxiliar o aluno a reconstruir os conceitos relativos ao assunto proposto.
4 Jornada de Educao em Sensoriamento Remoto no mbito do Mercosul 11 a 13 de agosto de 2004 So Leopoldo, RS, Brasil Estes trs tipos de produtos de Sensores Remotos (imagem de satlite, fotografia area vertical e fotografia horizontal), quando trabalhados em conjuntos, possibilitam aos professores abordarem os mesmos elementos fsicos em escalas diferenciadas.
Outra possibilidade de utilizao encontrada no uso das imagens produzidas atravs do Sensoriamento Remoto para abordarmos a caracterizao geomorfolgica de locais conhecidos, ou at mesmo de locais distantes. As imagens permitem o salto do aluno da imaginao para a observao de feies geomorfolgicas.
Os processos naturais so abordados seguindo esta metodologia quanto se utiliza o Sensoriamento Remoto para ilustrar os produtos destes processos, e a partir da observao caracterizar o funcionamento dos mesmos.
As interferncias humanas na paisagem tambm encontram grande auxlio dos produtos do Sensoriamento Remoto na sua abordagem no nvel do ensino bsico da Geografia. A expanso da malha urbana, que se mostram evidentes nas imagens, podem receber comparaes histricas com a utilizao de diversas imagens de tempos diferenciados. A localizao das reas utilizadas pela agricultura podero ser confrontadas com a potencialidade agrcola de cada uma das regies.(Figura 5)
Fig. 5 - Imagem LANDSAT de Santa Maria Fonte: www.aondefica.com/satlite
5. ALGUMAS CONSIDERAES
Estamos inseridos numa sociedade imagtica, dessa forma somos forados a entender a linguagem visual e a Geografia deve explorar e aproveitar as imagens provenientes dos diversos ramos tecnolgicos para instigar a observao e interpretao das diversas imagens que transitam na sociedade, bem como buscar entender e correlacionar os processos de ordem natural e antrpica.
A fotografia permite o registro nico de uma dada realidade e pode ser um recurso utilizado nas aulas de Geografia estimulando os alunos a construrem seus prprios conceitos, conforme a anlise e entendimento de cada um, sendo o professor o mediador desse processo.
Com a utilizao de imagens de satlite os alunos rapidamente perceberam a diferena entre um espao e outro, formulando, atravs da percepo individual da imagem, seus prprios conceitos. A imagem dentro da sala de aula despertou a curiosidade do aluno para fatos novos e ao mesmo tempo proporcionou a compreenso da paisagem que o rodeia.
O fascnio pelo novo, a curiosidade e a vontade de encontrar-se dentro do contedo visto em sala de aula tornou-se evidente quando lhes foi mostrada a fotografia rea. A curiosidade pelo material e a relativa dificuldade dos alunos de entend-lo, tornou este material ainda mais interessante e intrigante aos seus olhos. A aula antes montona transforma-se em euforia e um bombardeio de perguntas.
No desenrolar das aulas percebemos o despertar dos alunos para indagaes sobre o local onde eles vivem e as transformaes do meio ambiente, relacionando com outros lugares. As imagens evidenciaram-nos o deslocamento dos alunos para outras realidades nas quais identificaram problemas semelhantes a sua realidade, assim compreendendo que a relao sociedade/natureza no se restringe ao espao vivido por eles.
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Carvalho, V; M; S. Gaycuru et al., 2003. Guia Prtico de interpretao de imagem para o ensino dos grandes temas da Geografia. In Anais eletrnicos do XI Simpsio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Belo Horizonte - MG, Brasil, pp. 755-762.
Florenzano, T; Galloti, 2002. Imagens de satlite para estudos ambientais. So Paulo, Oficina de Textos, 97 pginas.
Freire, Paulo, 2003. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 149 pginas.
Kaercher, A. Nestor, 2001. Desafios e utopias no ensino da Geografia. Santa Cruz do Sul, Edunisc, 150 pginas.
Novo, E; M; L; M, 1992. Sensoriamento Remoto: Principios e Aplicaes. So Paulo, Edgard Blcher ltda, 308 pginas. Santos, Milton, 1984. Metamorfose do Espao Habitado. So Paulo, Hucitec, 194 pginas.
Santos, V; M; Nunes dos, 2002. Escola, cidadania e novas tecnologias: o sensoriamento remoto no ensino. So Paulo, Paulinas, 159 pgina.