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“Indo aonde nenhum homem jamais esteve.” era a fala de abertura do Capitão Kirk ao
decolar com sua nave Entreprise rumo ao universo desconhecido no seriado de ficção
científica Jornada nas Estrelas.
Ainda falta muito para o ser humano chegar lá. Por enquanto, somente temos acesso a
aventuras como essa através de bem boladas histórias de ficção científica como Jornada
nas Estrelas. Mas, certamente, quando o homem alcançar esse estágio, um aparelho,
cuja tecnologia remonta ao século XIX, fará parte das quinquilharias levadas a bordo:
um rádio. Obviamente, não da forma como o conhecemos hoje, mas algum aparelho
aperfeiçoado que possa transmitir a voz humana e estabelecer pontes de comunicação
entre os aventureiros de então. É assim que o rádio alcançou a sua maior
responsabilidade da época contemporânea: sendo um elo de comunicação entre as
pessoas, capaz de eliminar milhares de quilômetros de distância.
Com a chegada da TV, nos anos 50, muitas pessoas afirmaram que o rádio estava com
os seus dias contados. De fato, foram dias difíceis para esse meio. Muitos artistas e
apresentadores migraram para a nova mídia encantados pelo fascínio da imagem. As
agências publicitárias logo enxergaram as novas possibilidades de lucro e transferiram
as verbas dos seus clientes para o novo meio. Entretanto, a capacidade de falar para
públicos específicos conferiu ao rádio o poder da segmentação. Após um período de
desinteresse dos anunciantes, houve um retorno gradual ao meio, em parte por causa
desse diferencial.
Não são poucos os que afirmam que o rádio vai a todos os lugares. Em um país de
dimensões gigantescas como o Brasil, o rádio assume função específica e essencial de
comunicação. Ele leva notícias, transmite fatos, conta fofocas, diverte e perverte ao
tocar músicas de apelo popular e sentido dúbio.
Para o bem ou para o mal, lá está o rádio ligado no serviço, enquanto a dona de casa dá
a sua limpeza semanal ou diária, ou enquanto um alto executivo de uma grande
multinacional toma importantes decisões que afetarão a milhares de pessoas. Do pobre
ao rico, do empregado ao empregador, do santo ao pecador, todos usam o rádio em suas
vidas, seja no lar ou no trabalho.
Mais uma vez, assim como no passado com o surgimento da TV o futuro da rádio esta
em cheque. Será que ainda existe espaço para as velhas transmissões? Como já citamos
na década de 50 com o advento da TV no Brasil muitas pessoas predisseram a morte do
rádio nessa época. Algumas mudanças seriam inevitáveis. Fascinados pela imagem e
pelas novas possibilidades do audiovisual, artistas, locutores e outros profissionais se
transferiram para o novo meio. As verbas publicitárias, até então abundantes no rádio,
concentraram-se na TV, um erro de planejamento estratégico de anunciantes e de
agências de publicidade que pode ser verificado ainda hoje.
O rádio teve que se reinventar e fez isso com sucesso. O surgimento de uma nova
tecnologia e a modulação de freqüência (FM) permitiu uma nova expansão do meio. A
necessidade comercial das emissoras levou à sua segmentação em nichos de mercado. E
mesmo naquela época foi preciso inovar. A chegada da internet na década de 90 no
Brasil, também provocou discussões sobre a sobrevivência dos meios de comunicação
tradicionais. Ainda é cedo para se falar em mudanças.
Nos dias atuais, indiscutivelmente, a rádio brasileira continua sendo um dos mais
poderosos veículos de comunicação social no país. Motivos práticos, financeiros e
geográficos fazem do rádio uma presença superior à televisão, nos países em
desenvolvimento, ao passo que, nos países altamente industrializados, a televisão e o
rádio convivem lado a lado, com largas audiências. Independente da plataforma na qual
o indivíduo da era da convergência escuta a rádio ela ainda é tida como instrumento de
cultura popular, especialmente nos países em desenvolvimento, o rádio é uma realidade
incontestável, prestando valiosa folha de serviços às comunidades.
Mais leve que a imprensa escrita, menos fugaz que o cinema, o próprio cego e o
analfabeto podem sintonizá-lo. Leva a todos, sem nada exigir em troca, mensagens
vivas: a voz, o canto, a dramatização, a novela, a notícia ou até mesmo a partida de
futebol.
Assim como o futuro da televisão foi muito discutido com a chegada da internet assim
como os jornais impressos (que cada dia mais estão definhando com informações
antigas). Mas o que sabemos é que a convergência e a transformação que a internet
trouxe para o mundo mudarão definitivamente qualquer meio de comunicação existente
e a rádio é um deles.
Ultimamente é comum falar de sites como: Lastfm e o Blipfm. Eles são listas virtuais de
músicas que possibilitam ao ouvinte ter suas músicas favoritas a sua disposição de
forma aleatória em qualquer lugar do mundo através da web. Esses tipos de sites não
configuram uma rádio web, mas demonstra claramente as possibilidades de
convergência digital. É nesse momento que podemos construir uma análise das grandes
possibilidades de “renascimento” e firmamento de um novo conceito de rádio. Em
muitos desses sites que disponibilizam listas musicais criam-se vínculos afetivos através
de redes sociais. Dessa maneira podemos concluir que essa nova plataforma de
disseminação musical uni três conceitos básicos: transmissão musical, redes
sociais/interação e convergência digital ao passo que a estrutura ocorre na web.
Fica aqui a idéia relacionada a The Long Tail, ou Calda Longa: A internet está aí para
todos e com a possibilidade da convergência das mídias qualquer um tem a
oportunidade de fazer acontecer na web, porém a de se ter o diferencial. Ser sempre
uma pessoa engajada e pronta para novas possibilidades.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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1998.
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PERUZZOLO, Adair Caetano. Comunicação e cultura. Porto Alegre: Sulina, 1972.
STEPHENS, Mitchell. História das comunicações – do tantã ao satélite. Rio de
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