1) O documento descreve um protocolo anestésico utilizado em um jabuti submetido à penectomia cirúrgica. 2) Foi utilizada uma combinação de cetamina e morfina administrada por via intramuscular para indução, seguida de isofluorano por máscara para manutenção da anestesia. 3) O animal recebeu também anestesia local por bloqueio infiltrativo e anestesia epidural para suplementar a analgesia, tendo apresentado boa recuperação pós-operatória.
1) O documento descreve um protocolo anestésico utilizado em um jabuti submetido à penectomia cirúrgica. 2) Foi utilizada uma combinação de cetamina e morfina administrada por via intramuscular para indução, seguida de isofluorano por máscara para manutenção da anestesia. 3) O animal recebeu também anestesia local por bloqueio infiltrativo e anestesia epidural para suplementar a analgesia, tendo apresentado boa recuperação pós-operatória.
1) O documento descreve um protocolo anestésico utilizado em um jabuti submetido à penectomia cirúrgica. 2) Foi utilizada uma combinação de cetamina e morfina administrada por via intramuscular para indução, seguida de isofluorano por máscara para manutenção da anestesia. 3) O animal recebeu também anestesia local por bloqueio infiltrativo e anestesia epidural para suplementar a analgesia, tendo apresentado boa recuperação pós-operatória.
Introduo Os rpteis so vertebrados gnatostomados, terrestres ou aquticos. A ordem Testudinata, da qual fazem parte tartarugas, jabutis e cgados, pode ser encontrada em diversos habitats (SANTOS et al., 2009). Estudos mostram que o tratamento cirrgico de quelnios em cativeiro fez avanos considerveis nos ltimos anos (SCHUMACHER, 2007). Na dcada de 70 e inicio da dcada de 80 esses animais eram submetidos imobilizao e anestesia atravs da hipotermia e inalao de ter, sendo que atualmente essas tcnicas so consideradas ineficazes, de alto risco e para muitos desumanas (ROSA, 2011). A escolha de um protocolo anestsico, com a seleo de frmacos e suas respectivas doses muitas vezes difcil, pois esses animais possuem anatomia e fisiologia diferenciadas (SCHUMACHER, 2007). Este trabalho tem por objetivo descrever o protocolo anestsico utilizado em um Jabuti para manuteno da anestesia geral.
Materiais e Mtodos Um Jabuti, seis anos, pesando cerca de 0,7 kg, macho, do projeto PRESERVAS da UFRGS foi encaminhado para uma penectomia, pois passou por uma castrao experimental atravs de vdeocirurgia e, desde ento, apresentou exposio permanente do pnis (priapismo). Devido falta de exames complementares e do paciente pertencer a uma espcie silvestre foi classificado como ASA II. A MPA administrada foi a associao de cloridrato de cetamina 3mg/kg e sulfato de morfina 0,7 mg/kg, IM, ambos na mesma seringa. Aps o animal foi induzido e mantido, ao efeito, com isofluorano atravs de uma mscara, sendo a manuteno tambm com isofluorano. Foram feitas duas tcnicas de anestesia local para suplementar a analgesia que foi iniciada preventiva atravs da morfina na MPA. Uma delas a anestesia epidural e a outra atravs de bloqueio infiltrativo prximo ao nervo pudendo, ambas com lidocana 4mg/kg.
O animal teve sua frequncia cardaca monitorada atravs do Doppler Vascular, a qual manteve-se entre 55 a 62 batimentos por minuto. Para avaliar a profundidade anestsica foram observados a perda dos movimentos dos membros torcicos e plvicos. Durante todo o procedimento o animal foi mantido em aquecimento, com bolsas trmicas, conduta importante na anestesia de rpteis fim de evitar hipotermia. O transoperatrio transcorreu sem alteraes, com baixo risco anestsico. Por pertencer a um projeto voltado para animais silvestres o rptil permaneceu no hospital de clnicas veterinrias recebendo como medicao ps cirrgica sulfato de morfina 0,7 mg/kg, IM, dose nica e meloxican 0,1 mg/kg, SID, durante trs dias por via IM. 61 Discusso e Reviso Bibliogrfica Os rpteis so animais ectotrmicos, ou seja, so animais incapazes de manter uma temperatura corporal constante por mecanismos fisiolgicos intrnsecos. Quando mantidos a temperaturas mais baixas que a temperatura mnima da espcie, sendo esta de 20 C, os tempos de induo e de recuperao anestsica se tornam consideravelmente maiores, sendo indicado aquecer o animal antes, durante e aps submet-lo anestesia (CORREA, s.d). O paciente foi aquecido antes e durante o procedimento, com bolsas trmicas, o que, em alguns casos, no necessrio quando se trata da anestesia de ces e gatos, essas diferenas mostram a importncia do conhecimento das particularidades fisiolgicas pelos anestesistas. A histria completa, exame visual e fsico so essenciais para selecionar o protocolo mais adequado. O principal parmetro a ser aferido a frequncia cardaca, porm o corao tricavitrio da maioria dos rpteis muito pouco audvel com estetoscpio. Uma alternativa o uso de estetoscpio esofgico. Entretanto, mtodos como eletrocardiograma e a avaliao com doppler tem sido ferramentas fundamentais para o acompanhamento do paciente (FLRES, 2008). Os anestsicos dissociativos, como a quetamina, so comumente empregados em rpteis, apresentando vantagens como a margem de segurana nessa espcie, uniformidade do comportamento anestsico, podendo ser empregado por vias no invasivas como a intra venosas, evitando maiores complicaes (ROSA, 2011). A quetamina um derivado da fenciclidina, que induz a um estado catalptico caracterizado por excitao do SNC (maior que a depresso), analgesia, imobilidade, e amnsia, sem perda real da conscincia, ocorrendo intensa sensao de dissociao do meio. Ela parece ser um inibidor potente da ligao do GABA (acido Gama Amino Butrico) no SNC e sugere que exacerbe os mecanismos inibitrios do SNC mediante a ao do
GABA (NATALINI, 2007). Sua dose efetiva depende da temperatura corporal dos quelnios, sendo que, baixa temperatura requer baixa dose e maior tempo de induo e recuperao (SCHUMACHER, 2007). No caso dos quelnios, pouco se conhece sobre os mecanismos nociceptivos, eficcia farmacolgica dos analgsicos e seus efeitos colaterais. Essa carncia no deve impedir o uso de frmacos antinociceptivos (FERRAZ, 2010). Os opiides agem modulando a nocicepo na periferia, medula e em reas supraespinhais do SNC. No entanto, devido ao fato dos rpteis possurem um SNC primitivo, a ao antinociceptiva central desses frmacos precisa ser mais estudada. O opiide mais usado em rpteis o butorfanol, porm a morfina pode ser uma escolha mais apropriada, possivelmente devido predominncia de receptores nesses animais. A morfina pode fornecer antinocicepo em algumas espcies de rpteis por um perodo de at 24 horas (FERRAZ, 2010). O paciente apresentou boa sedao, onde o uso da morfina mostrou-se eficaz, pois no houve alteraes no trans operatrio que indicassem sinais de algia. A anestesia inalatria oferece muitas vantagens sobre os anestsicos injetveis quando utilizados em rpteis, segundo RIBEIRO, 2011 as mais importantes so o melhor controle da depresso anestsica e induo e recuperao mais rpidas. A intubao traqueal em geral obtida com facilidade, mas pode-se manter a anestesia com mscara (NATALINI, 2007). O isofluorano o agente anestsico de preferncia para o grupo dos rpteis principalmente para os que se apresentam debilitados (RIBEIRO, 2011). A anestesia epidural em quelnios uma via eficiente e popular, alm de ser uma modalidade de anestesia segura, sendo capaz de reduzir a dose de anestsicos gerais utilizados e at mesmo dispensa-los (SANTOS, 2011). obtida com a administrao do anestsico entre a duramater e o ligamento amarelo do canal vertebral (RIBEIRO, 2011). Para realizao do bloqueio peridural, a utilizao do espao intervertebral coccgeo, compreendido entre a 15 e a 22 vrtebras, como via de escolha para administrao de frmacos. Essa tcnica utilizada para anestesia peridural, e consiste na aferio, com fita mtrica, do comprimento da carapaa e em seguida o paciente deve ser posicionado em decbito dorsal, sua cauda deve ser levantada e o frmaco deve ser injetado no espao articular entre as vrtebras, o que bem evidente (FERRAZ, 2010). Na rotina clnica de rpteis comum o controle da dor crnica com antinflamatrios no esteroidais (AINEs), como cetoprofeno, carprofeno e meloxican. Esses frmacos, apesar de conferirem analgesia e ao antiinflamatria em quelnios, carecem de maiores pesquisas relacionadas aos provveis efeitos secundrios similares queles j observados em mamferos, como
irritao do trato gastrintestinal, toxicidade renal, diminuio da capacidade de coagulao (FERRAZ, 2010).
Concluso Mesmo com literatura geralmente restrita, a anestesia em quelnios no possui muitas complicaes, os animais se mantm facilmente em um plano anestsico adequado, porem isso s possvel quando o anestesista escolhe um protocolo coerente.
Referencias CORREA, V.V. Tcnicas e frmacos utilizados na anestesia de Quelnios. Aprimoramento da rea de Anestesiologia do Hospital Veterinrio Dr. Vicente Borrel. So Paulo.
FERRAZ.G.M. Anestesia para a realizao de celiotomia em jabuti. Monografia do Instituto Brasileiro de Veterinria. Rio de Janeiro, 2010.
FLRES, F.N. Anestesia em tartaruga para a remoo cirrgica de granuloma relato de caso. Revista da Faculdade de Zootecnia e Veterinria e Agronomia,Uruguaiana, v.15, n.1, p 132- 140, 2008.
NATALINI, C. C. Teoria e tcnicas em anestesiologia veterinria. Porto Alegre: Artmed, p. 11- 250, 2007.
RIBEIRO, P.I.R. Uso de lidocana e Bupivacana na anestesia espinhal de cgado de Barbicha. Dissertao de Mestrado da Universidade Federal de Uberlndia. Minas Gerais, 2011.
ROSA, N.S. Relatrio de estagio curricular supervisionado em Medicina Veterinria. Universidade Federal de Santa Maria, 2011.
SCHUMACHER J. Chelonians (Turtles, Tortoises, and Terrapins). In: WEST G., HEARD D., CAULKETT N. Zoo Animal & Wildlife Immobilization and Anesthesia, 1.ed. Carlton: Blackwell Publishing, 2007. v.1, p. 259-266.
SANTOS, A.L.Q. et al. Anestesia de cgado-de-barbicha Phrynops geoffroanus Schweigger, 1812 (Testudines) com a associao midazolam e propofol. Acta Scientiarum. Biological Sciences, Maring, v. 31, n. 3, p. 317 - 321, 2009.
SANTOS, A.L.Q. et al. Estudo comparativo entre a administrao espinhal de lidocana ou bupivacana em jabuti piranga Chelonoidis carbonaria (Spix, 1824). PUBVET, Londrina, v. 5, n. 12, ed. 159, 2011.