1) O documento descreve um caso de histoplasmose em um cão da raça Beagle de 8 anos na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. O cão apresentava sinais clínicos de caquexia, ascite e icterícia.
2) Após exames, foi identificada a presença de Histoplasma capsulatum no líquido peritoneal do cão por meio de citologia. O fungo foi posteriormente cultivado, confirmando o diagnóstico.
3) Este é o primeiro relato científico de contaminação por H
1) O documento descreve um caso de histoplasmose em um cão da raça Beagle de 8 anos na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. O cão apresentava sinais clínicos de caquexia, ascite e icterícia.
2) Após exames, foi identificada a presença de Histoplasma capsulatum no líquido peritoneal do cão por meio de citologia. O fungo foi posteriormente cultivado, confirmando o diagnóstico.
3) Este é o primeiro relato científico de contaminação por H
1) O documento descreve um caso de histoplasmose em um cão da raça Beagle de 8 anos na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. O cão apresentava sinais clínicos de caquexia, ascite e icterícia.
2) Após exames, foi identificada a presença de Histoplasma capsulatum no líquido peritoneal do cão por meio de citologia. O fungo foi posteriormente cultivado, confirmando o diagnóstico.
3) Este é o primeiro relato científico de contaminação por H
ADRIANNA VIEIRA DA SILVA Aluna do Curso de Medicina Veterinria Qualittas/UCB Matrcula aq 1325
HISTOPLASMOSE EM CO RELATO DE CASO
Trabalho monogrfico de concluso de ps-graduao em Patologia Clnica, entregue a UCB como requisito parcial para a obteno do ttulo de especializao em Patologia Clnica Veterinria, sob orientao da Profa. Ndia Almosny
Rio de Janeiro, mar. 2007
HISTOPLASMOSE EM CO RELATO DE CASO
Elaborado por Adrianna Vieira da Silva Aluna do Curso de ps-graduao em Patologia Clnica Veterinria
Foi analisado e aprovado com grau: ___________________
Rio de Janeiro, ________ de __________________de_______
__________________ Membro
__________________ Membro
__________________ Professor Orientador Presidente
Rio de Janeiro, mar. 2007
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Dedico este trabalho a meus familiares, principalmente a meu marido, pelo apoio recebido.
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Agradecimentos
minha famlia que me apoiou sempre que precisei; minha orientadora, Profa. Ndia Almosny que me ajudou no apenas em minha monografia, mas tambm em vrios aspectos da vida profissional. Aos meus professores e colegas, pela caminhada solidria.
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SILVA, Adrianna Vieira da Histoplasmose em co na rea urbana de Petrpolis, Rio de Janeiro. Relato de caso Resumo: A histoplasmose uma zoonose causada pelo fungo dimrfico Histoplasma capsulatum. A fonte de infeco para o homem e os animais geralmente a mesma, solo contendo matria orgnica rica em nitrognio. No h relatos cientficos de transmisso direta entre o homem e outros mamferos. O presente trabalho descreve um foco natural de histoplasmose no permetro urbano de Petrpolis/RJ, baseado no isolamento do H. capsulatum do lquido peritoneal em um dos ces da residncia. O diagnstico foi realizado por citologia do lquido e confirmado posteriormente por cultura do fungo. O animal nasceu e foi criado em Petrpolis, no tinha histria de viagens a locais com grutas e cavernas. Vivia em amplo quintal com terra, rvores frutferas, dividindo o espao com espcies de pssaros e morcegos. Este o primeiro registro cientfico de contaminao por H. capsulatum em um co da rea urbana de Petrpolis. Unitermos: Histoplasma capsulatum, histoplasmose, zoonose, ces, sade pblica Canine histoplasmosis in the urban area of Petrpolis, Rio de Janeiro. Case report Abstract: Histoplasmosis is a zoonosis caused by the dimorphic fungus Histoplasma capsulatum. The sources of infection to human beings and animals is generally the same, soil containing nitrogen-rich organic matter. There are no scientific reports of direct transmission between humans and others mammals. This article describes a natural focus of histoplasmosis in the metropolitan area of Petrpolis, based on the isolation of the H. capsulatum from ascitic liquid in one of the dogs of a house. The diagnosis was reached through a fungus in citology of liquid and posterior fungus culture. The animal was born and raised in Petrpolis, did not have a history of trips to places with caves. He lived in a large backyard, with plenty of earth, fruit trees and several species of birds and bats. This is the first scientifically recorded case of H. capsulatum contamination in a dog from the urban area of Petrpolis. Keywords: Histoplasma capsulatum, histoplasmosis, zoonosis, dogs, public health
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SUMRIO
Pgina Resumo ............................................................................................................................ v Parte 1. Introduo .................................................................................................................... 1 2. Relato de Caso ............................................................................................................. 2 3. Resultados e anlise de dados ..................................................................................... 4 4. Concluses .................................................................................................................. 9 Referncias Bibliogrficas .............................................................................................. 10
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LISTAS DE FIGURAS 1. Canino no dia de chegada a clnica apresentando mucosas ictricas. 2.Imagem ultrassonogrfica evidenciando acmulo de lquido asctico e hepatomegalia. 3. Histoplasma capsulatum, fase leveduriforme. Sedimento de exsudato peritoneal do co relatado. Corado pelo mtodo rpido (Pantico rpido). Nove clulas leveduriformes dentro de um macrfago. 1.000 X. 4. Histoplasma capsulatum, fase leveduriforme. Sedimento de exsudato peritoneal do co relatado. Corado pelo mtodo rpido (Pantico rpido). Dezoito clulas leveduriformes dentro de um macrfago. 1.000 X. 5. Histoplasma capsulatum, forma micelial. Preparao fragmentada com agulha da cultura aps 60 dias. Montagem em azul de algodo. Macrocondeos tuberculadas e microcondeos (400X). 6. Histoplasma capsulatum, forma micelial. Preparao fragmentada com agulha da cultura aps 60 dias. Montagem em azul de algodo. Macrocondeos tuberculadas, hifas e microcondeos (400X).
LISTAS DE QUADROS 1. Hemograma do paciente evidenciando anemia normoctica normocrmica regenerativa, leucopenia com linfopenia e eosinopenia absolutas. Trombocitopenia. 2. Bioqumica srica do paciente evidenciando hipoalbuminemia, hipernatremia e altas de bilirrubina total, direta e indireta
Vii
INTRODUO H.capsulatum o nome da forma unicelular, ou levedura de reproduo assexuada do fungo dimrfico cuja forma multicelular sexuada se denomina Emmonsiella capsulata (antigo Ajellomyces capsulatus: comum os fungos terem dois nomes mesmo tratando-se da mesma espcie definida biolgicamente pois os antigos taxonomistas no o sabiam). A espcie sexuada multicelular um ascomiceta que gosta de solos com alto teor de nitrognio como os das cavernas de morcegos, ou zonas de cidades com alto nmero de pombos, ou galinheiros. Estes fungos vivem na natureza de forma livre (alimentando-se de detritos orgnicos) e a infeco humana acontece aps inalao dos seus esporos. No ser humano o fungo adota uma forma de levedura com 3 micrmetros, reproduzindo-se por geminao (uma forma de diviso celular assimtrica comum nos fungos). Apesar do seu nome, o histoplasma no capsulado, s que com mtodos tradicionais de colorao como a tcnica de Gram, os seus lipdeos membranares repelem o corante dando a aparncia de uma camada capsular. Em cultura a levedura transforma-se e cresce com formao de hifas (Greene, 2006). O ciclo do H. capsulatum similar ao de outro fungos dimrficos. Sobrevive em vida livre a temperaturas de 25 0 C produzindo macrocondeos e microcondeos.
A Histoplasmose provavelmente adquirida pela inalao do microconideo. Indo para o trato respiratrio baixo. Seu perodo de incubao aps exposio ao fungo de 12 a 16 dias. Dentro do hospedeiro temperatura de 37 0 C o microrganismo desenvolve sua ltima fase e entra em reproduo. Neste estgio o microrganismo fagocitado pelo sistema mononuclear fagoctico iniciando sua replicao. A infeco pode se ater somente ao sistema respiratrio ou se disseminar pelo sistema linftico e circulatrio rapidamente por causa da localizao intracelular do microrganismo. A ocorrncia da histoplasmose gastrointestinal sem envolvimento respiratrio sugere que a infeco do trato gastrointestinal pode ser o foco inicial da patologia. Porm estudos experimentais para tentar reproduzir este tipo de infeco atravs da administrao oral de H. capsulatum falharam. A histoplasmose tem sido relatada em ces com idades entre 2 meses a 14 anos. Os ces mais afetados so os jovens com idade inferior a 4 anos. E, nenhuma predileo por raa foi encontrada segundo Greene (2006). Inapetncia, perda de peso e febre arresponsiva a antibioticoterapia podem ocorrer na histoplasmose canina. Em alguns animais os sinais clnicos podem ser limitados ao quadro respiratrio incluindo dispinia, tosse e estertores pulmonares ausculta. Entretanto, na maioria dos ces os sinais clnicos resultam de histoplasmose disseminada no trato gastrointestinal.
Acredita-se que a recuperao e a resistncia so controladas por respostas imunes do tipo celular, enquanto anticorpos circulantes no tm funo protetora aparente. A recuperao de um quadro de histoplasmose parece conferir imunidade ( Hirsh e Zee, 1999). RELATO DE CASO Um co da raa Beagle, macho, de 8 anos foi levado a clnica com o histrico de caquexia, ascite e mucosas ictricas (Fig. 1,2,3) Ao exame clnico o animal apresentou prova de Piparot positiva, temperatura de 40 0 C e mucosas hipocoradas de colorao amarelada. Foram coletados sangue em tubo com anticoagulante EDTA e tubo sem anticoagulante e encaminhados ao laboratrio VetLab para a realizao de hemograma completo e bioqumica srica.
Figura 1: Canino no dia de chegada a clnica apresentando mucosas ictricas.
O animal foi encaminhado para ultra-sonografia sendo relatado presena de lquido livre de aspecto denso (com celularidade) na cavidade abdominal. Fgado com suas dimenses aumentadas com margens arredondadas, ecotextura levemente heterognea e com aumento difuso de sua ecogenicidade sendo a imagem sugestiva de hepatopatia. Linfonodos mesentricos com suas dimenses aumentadas, contornos definidos, ecotextura homognea e hipoecoica (Fig. 2). Durante a ultra-sonografia foi coletado lquido da cavidade peritoneal e
acondicionado em tubos com anticoagulante EDTA e sem anticoagulante. E enviado para o laboratrio VetLab para a anlise qumica e fsica do lquido.
Figura 2: Imagem ultrassonogrfica evidenciando acmulo de lquido asctico e hepatomegalia.
RESULTADOS E ANLISE DE DADOS O resultado do hemograma realizado em aperelho de automao veterinrio e analisado a microscopia tica, est descrito no Quadro 1. Os principais achados foram: anemia normoctica normocrmica regenerativa, leucopenia com linfopenia e eosinopenia absolutas. E tambm trombocitopenia.
A bioqumica srica realizada do soro sanguneo teve como principais alteraes hipoalbuminemia, hipernatremia e altas de bilirrubina total, direta e indireta. O painel bioqumico realizado esta descrito no Quadro 2. Quadro 1: Hemograma do paciente evidenciando anemia normoctica normocrmica regenerativa, leucopenia com linfopenia e eosinopenia absolutas. Trombocitopenia. Valores Obtidos Valores Normais Eritrcitos (cels/l) 1.840.000 5.500.000-8.500.000 Hemoglobina (g/dl) 4,0 12,0 18,0 Hematcrito (%) 13 37 - 55 VGM (fl) 71,0 60,0 77,0 CHGM (%) 31,0 31,0 37,0 Reticulcitos (%) 6,8 0,5 1,0 Leuccitos (cels/l) 5.600 6.000-17.000 Neutrfilos bastonetes (cels/l) 280 0 - 500 Neutrfilos segmentados (cels/l) 4.984 3.000 11.000 Linfcitos (cels/l) 224 1.000 5.000 Moncitos (cels/l) 112 100 1.300 Eosinfilos (cels/l) 0 100 1.200 Plaquetas (cels/l) 47.000 150.000 - 700.000
A anlise do sedimento do exsudato peritoneal, corado pelo mtodo rpido (Pantico rpido) revelou microscopia tica, grande quantidade de hemcias, raros linfcitos, neutrfilos degenerados e macrfagos totalizando 1.400 clulas nucleadas/l. Foi notado ainda, fagocitado pelos macrfagos, blatocondeos intracelulares compatveis com Histoplasma capsulatum (fig. 4,5).
Figura 3: Histoplasma capsulatum, fase leveduriforme. Sedimento de exsudato peritoneal do co relatado. Corado pelo mtodo rpido (Pantico rpido). Nove clulas leveduriformes dentro de um macrfago. 1.000 X.
Figura 4: Histoplasma capsulatum, fase leveduriforme. Sedimento de exsudato peritoneal do co relatado. Corado pelo mtodo rpido (Pantico rpido). Dezoito clulas leveduriformes dentro de um macrfago. 1.000 X.
A amostra do lquido foi semeada de acordo com os critrios descritos por Hirsh e Zee (1999) em gar Sabouraud e cultivada a temperatura ambiente por 90 dias. Aps esse perodo houve crescimento de colnias cotonosas de colorao de castanha a branca.
A colnia foi submetida ao isolamento e identificao dos macrocondeos e microcondeos preparadas com azul de algodo. Ao exame tico foi vizualisado microcondeos piriformes e esfricos de 2 a 5 m de dimetro ssseis, ligados a hifas e a conidiforos curtos, confirmando o diagnstico de h. capsulatum (Fig. 6,7)
Figura 5: Histoplasma capsulatum, forma micelial. Preparao fragmentada com agulha da cultura aps 60 dias. Montagem em azul de algodo. Macrocondeos tuberculadas e microcondeos (400X).
Figura 6: Histoplasma capsulatum, forma micelial. Preparao fragmentada com agulha da cultura aps 60 dias. Montagem em azul de algodo. Macrocondeos tuberculadas, hifas e microcondeos (400X).
CONCLUSES O animal veio a bito no dia posterior ao laudo diagnstico por anemia severa, desidratao e hepatopatia. De acordo com Greene (2006) o tratamento da histoplasmose baseado em terapia fungicida preferencialmente com Anfotericina B associada a Itraconazol tendo 4 a 6 meses de durao dependendo da severidade e resposta
clnica do paciente, que deve ser monitorado hematolgicamente e bioquimicamente durante todo tratamento.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS GREENE, Craig E. Infeccious diseases of the dog and cat. Terceira Edicao. USA: Elsevier Inc., 2006.
HIRSH, Dwight C. e ZEE, Yuan Chung. Microbiologia Veterinria. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003.
FERREIRA, A. Walter e VILA, Sandra L. M. Diagnstico Laboratorial das Principais Doenas Infecciosas e Auto-Imunes. Segunda Edio. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
BICHARD, Stephen J. e SHERDING, Robert G. Clnica de Pequenos Animais. Segunda Edio. So Paulo: Roca, 2003.
BAKER, Rebecca e LUMSDEN, John H. Color Atlas of Cytology of the Dog and Cat. Missouri: Mosby, 2000.