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Voto nº 6919 — AÇÃO PENAL PÚBLICA Nº 448.525-3/4-00


—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada
pela Constituição Federal” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
—“Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo deprecado” (Súmula nº 273 do STJ).
— Na gestão da coisa pública, deve o agente obrar em estrita conformidade com os
preceitos legais. A vontade da lei, mais que a sua, é a que sempre haverá de
prevalecer.
— Ao definir como crime de responsabilidade a nomeação, pelo Prefeito do
Município, de servidor sem aprovação prévia em concurso público (art. 1º, nº
XIII, do Dec.-lei nº 201/67), o legislador constituinte pôs timbre em encarecer a
obediência aos princípios em que deve assentar a sociedade no Estado Democrático
de Direito, a saber: “legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência” (art. 37 da Const. Fed.).

Voto nº 6920 — apelação CRiminal Nº 408.046-3/5-00


— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6921 — HABEAS CORPUS Nº 952.147-3/9-00


— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada.
Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando
ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá,
no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já ninguém ignora
que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe Dostoiévski
chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.
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Voto nº 6922 — HABEAS CORPUS Nº 950.669-3/6-00


— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não
toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente
instruído (cf. José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., vol. IV, p. 417).
— De ser afiançável o delito não resulta, por força, tenha seu autor direito à liberdade
provisória; cumpre-lhe satisfazer ao requisito do merecimento. A periculosidade é
francamente incompatível com o benefício.

Voto nº 6923 — apelação CRiminal Nº 420.591-3/0-00


— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido
Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— Do mesmo passo que faz certa a autoria do crime, a confissão recomenda o acusado,
porque, ao falar verdade, preferiu pôr-se ao lado da Justiça. É razão, pois, que esta,
quanto em si caiba, dele se amerceie.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
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Voto nº 6924 — HABEAS CORPUS Nº 892.533-3/4-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. STJ; HC nº 39.418-
0-RJ; 5a. T.; rel. Min. Gilson Dipp; j. 2.6.2005).
— O condenado por atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6925 — apelação CRiminal Nº 433.409-3/0-00


— Indiscutível a responsabilidade, por tentativa de furto, dos agentes que, alta noite, são
surpreendidos, em garagem de residência alheia, a subtrair coisas de veículo (art. 155, §
4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A causa de aumento do art. 155, § 1º, do Cód. Penal (repouso noturno) somente se
aplica ao furto simples (“caput”), que não ao qualificado.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 6926 — HABEAS CORPUS Nº 957.060-3/8-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
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Voto nº 6932 — HABEAS CORPUS Nº 951.579-3/2-00
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).

Voto nº 6933 — HABEAS CORPUS Nº 953.507-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
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Voto nº 6934 — HABEAS CORPUS Nº 949.980-3/2-00
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

Voto nº 6935 — HABEAS CORPUS Nº 955.188-3/7-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 6936 — HABEAS CORPUS Nº 956.231-3/1-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art. 594
do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma
legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o
réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo em
liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença que o
denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer a
dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
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da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
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Voto nº 6937 — apelação CRiminal Nº 451.518-3/0-00
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda
pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
—“A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(STF; HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente, embalada sob a forma de
“crack”, apreendida pela Polícia juntamente com balança de precisão, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso
próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6938 — apelação CRiminal Nº 318.259-3/6-00


–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
—“O que se passa no foro íntimo de uma pessoa não é dos domínios do Direito Penal.
Persiste ainda hoje a máxima de Ulpiano: Cogitationis poenam nemo patitur. Ou,
como falam os italianos: Pensiero non paga gabella (o pensamento não paga imposto
ou direito). Em intenção todos podem cometer crimes” (E. Magalhães Noronha,
Direito Penal, 1963, vol. I, p. 154).
— Se a prova dos autos não lhe permite abraçar, com segurança e motivação lógica, a
proposta acusatória, deve o Juiz inclinar-se, prudentemente, à solução que favorecer
o réu.
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Voto nº 6939 — apelação CRiminal Nº 334.015-3/0-00


–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998,
p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6940 — apelação CRiminal Nº 424.923-3/5-00


— Não admite crítica a sentença que, nos termos do art. 60, § 2º, do Cód. Penal,
substitui por multa pena privativa de liberdade igual ou inferior a um ano. A razão é
que, segundo a melhor doutrina, a Lei nº 9.714/98, em seu § 2º, derrogou o § 2º do
art. 60 do Cód. Penal (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p.
215).
— “Não há incompatibilidade na substituição da pena privativa de liberdade de até 6
meses por pena pecuniária, mesmo quando a condenação envolve também a pena de
multa nos termos do art. 60, § 2º, do Cód. Penal” (Rev. Tribs., vol. 752, p. 507;
Min. Marco Aurélio)
— Vinte séculos nada puderam contra o esplendor da verdade destas palavras de Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10), que, em nosso vulgar, respondem
assim: Justiça excessiva o mesmo é que injustiça.
—“Só a sua consciência (do Juiz) lhe atestará se a sua sentença foi justa. E se ela
confirmar no íntimo de sua alma a confiança de ter acertado, entre tremores e
angústias, não tema as críticas, não valorize os dissabores, porque eles serão seu
pão de cada dia” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 52).
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Voto nº 6941 — apelação CRiminal Nº 406.626-3/8-00


–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou
regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p.
107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 6942 — apelação CRiminal Nº 442.526-3/5-00


— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece contra
sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a sentença precisa ser
lida como discurso lógico” (STF; REsp nº 47.474/RS; 6a. Turma; rel. Min. Luiz
Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar decreto
condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos autos; ao
seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do lugar onde a
presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a. ed.,
p. 290).
— Em bom direito, é princípio inconcusso que, sem a certeza da materialidade e da
autoria da infração penal, ninguém pode ser condenado. Esta é a regra de ouro de
todo o julgador.
— Dúvida, em Direito Penal, é o outro nome da falta de prova, o que obriga à
absolvição, conforme aquilo do venerável prolóquio: “In dubio pro reo”.
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Voto nº 6943 — apelação CRiminal Nº 459.706-3/6-00
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta
acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da
República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, toda
pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos casos de
tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para consumo de
terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6944 — apelação CRiminal Nº 489.974-3/2-00


— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa de documento falso
como se verdadeiro.
— Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
–– Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime aproveita, esse o
praticou: “Cui prodest scelus is fecit”.
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 6945 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 489.163-3/1-


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—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
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Voto nº 6946 — RevisÃo CRIMINAL Nº 875.939-3/2-00
— De tal arte se acha arraigada em todos os homens a consciência da falibilidade de
seus atos e decisões, que passara por imprudência deixar o Tribunal de conhecer, “in
limine”, de pedido de revisão criminal só porque a sentença condenatória já esteja
sob o império da coisa julgada (art. 621 do Cód. Proc. Penal).
— É de indeferir pedido de revisão criminal a peticionário que não comprove “ad
satiem” que a sentença condenatória incidiu em erro ou quebrantou os preceitos da
Justiça (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 6947 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 489.117-3/2-


00
— Embora a Lei de Execução Penal (art. 118, nº I) determine a regressão do
sentenciado a regime mais rigoroso, no caso de falta grave (v.g.: fuga), incensurável
é a sentença que o não pratica, por amor da eqüidade, sob o argumento de que as
razões alegadas para o abandono do estabelecimento penal eram forçosas e de peso:
ameaça de morte por outros detentos e doença grave em família.
—“Uma norma é a sua interpretação” (Miguel Reale, Filosofia do Direito, 5a. ed., p. 124).
— Ao Juiz não esqueçam jamais aquelas palavras que o estilete imortal de Cícero
imprimiu com letras de fogo: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).

Voto nº 6948 — apelação CRiminal Nº 784.612-3/6-02


— Cabe ao Tribunal de Justiça do Estado, por determinação da Superior Instância,
ratificar os atos processuais praticados perante o Juízo singular e o Tribunal de
Alçada Criminal, nos casos de ação penal instaurada contra ex-Prefeito para
apuração de crime definido na Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93), tudo na
conformidade do princípio consagrado pela jurisprudência do Colendo Supremo
Tribunal Federal: “Havendo remessa de processos envolvendo ex-ocupantes de
cargos com foro especial aos respectivos tribunais, os atos processuais já
praticados devem ser aproveitados” (STF; Inq. 571, Plenário, DJU 5.3.97; apud
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 115).

Voto nº 6949 — apelação CRiminal Nº 455.789-3/4-00


— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É
que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá
ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
12
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
13

Voto nº 6950 — recurso em sentido estrito Nº 483.298-3/3-00


— Para submeter alguém a julgamento perante o Tribunal do Júri, não bastam rumores
ou conjecturas, é mister a existência de indícios veementes ou alta probabilidade
da autoria de crime doloso contra a vida.
— A falta de indícios suficientes da autoria do crime que lhe é imputado obriga à
impronúncia do réu (art. 409 do Cód. Proc. Penal).
— Enquanto não extinta sua punibilidade, poderá “ser instaurado processo contra o
réu, se houver novas provas” (art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 6951 — HABEAS CORPUS Nº 955.755-3/2-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não está
nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 6952 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 910.734-


3/0-00
— Em caráter excepcional, por evitar dano de difícil reparação, admite-se mandado de
segurança contra decisão impugnável mediante recurso ordinário.
— Mandado de segurança é “remédio judicial restrito à proteção daqueles direitos
cuja certeza e liqüidez sejam manifestos e que resistam a uma contestação
razoável” (Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957,
p. 123).
— Poderá o juiz ordenar a restituição de coisa apreendida, se não existir “dúvida quanto
ao direito do reclamante” (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— Não tem direito à restituição de arma de fogo apreendida o Delegado de Polícia
aposentado que não prova ser-lhe o legítimo dono, como requer a lei (art. 120 do
Cód. Proc. Penal), porque propriedade da Segurança Pública do Estado.
14

Voto nº 6978 — HABEAS CORPUS Nº 944.232-3/3-00


–– De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses
sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável
seu crime e ausentes os motivos que lhe autorizem a decretação da prisão
preventiva.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Na forma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal, liberdade provisória é
benefício reservado unicamente àqueles casos em que não concorra algum dos
motivos que justificam a decretação da prisão preventiva. Dele está excluído,
portanto, de regra, o reincidente em crime doloso, por sua presumida periculosidade.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.

Voto nº 6979 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 893.369-3/2-


00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao pudor
(art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
15
Voto nº 6980 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 921.858-3/1-
00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro ou atentado
violento ao pudor (arts. 213 e 214, do Cód. Penal), crimes da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto nº 6981 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 910.009-3/2-


00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado (art.
121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto obtida a situação jurídica reclamada (art.
197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 6982 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 930.833-3/9-


00
— É princípio acolhido sem reserva que, tanto que passe em julgado sua decisão, já não
tem o Juiz competência para revê-la. Vem a ponto a lição de Hélio Tornaghi: “Já
16
no Direito romano, Ulpiano ensinava: Depois de pronunciada a sentença, o juiz
perde a jurisdição e não pode corrigi-la, quer haja exercido seu ofício bem, quer o
tenha feito mal” (Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 353).
17
Voto nº 6983 — HABEAS CORPUS Nº 956.550-3/7-00
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O preceito do art. 226 do Cód. Proc. Penal não deve ser interpretado com excessivo
rigor nem tomado em sua acepção literal, pois, no reconhecimento de pessoa, esta
“será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer
semelhança”. Condicionada a realização do ato à possibilidade, claro está que lhe
não atribuiu o legislador o cunho de exigência impostergável.
— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).

Voto nº 6984 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 885.666-3/4-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).
18
Voto nº 6985 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 919.101-3/8-00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 6986 — recurso em sentido estrito Nº 920.538-3/4-00


— A revogação do “sursis” processual unicamente é possível no curso do prazo;
expirado que seja, toca ao Juiz declarar extinta a punibilidade do acusado (art. 89, §
5º, da Lei nº 9.099/95).
— A todo o tempo é possível revogar o benefício da suspensão condicional do
processo, contanto que a causa de revogação preceda ao termo do período de
prova; porque, se lhe suceder (isto é, se ocorrer após o término do prazo do
“sursis”), então já não haverá revogá-lo sem ofensa à lei.

Voto nº 6987 — HABEAS CORPUS Nº 952.588-3/0-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
estupro e atentado violento ao pudor (arts. 213 e 214 do Cód. Penal), crime do
número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6988 — HABEAS CORPUS Nº 951.903-3/2-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
19

Voto nº 6989 — apelação CRiminal Nº 459.159-3/9-00


— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que
uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei
nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ;
HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal)
— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à conta
da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu, pois
unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VI, do
Cód. Proc. Penal).
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
20
Voto nº 6990 — apelação CRiminal Nº 459.152-3/7-00
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda
pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
—“A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(STF; HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente, embalada sob a forma de
“crack”, apreendida pela Polícia juntamente com balança de precisão, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso
próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6991 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 868.360-3/3-


00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 6992 — HABEAS CORPUS Nº 897.702-3/2-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
21

Voto nº 6993 — HABEAS CORPUS Nº 924.495-3/6-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau
de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e provisória do
condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art. 50, nº II, da Lei
de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por isso,
está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118, nº I, da
Lei de Execução Penal).

Voto nº 6994 — apelação CRiminal Nº 449.006-3/3-00


— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido
Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— Do mesmo passo que faz certa a autoria do crime, a confissão recomenda o acusado,
porque, ao falar verdade, preferiu pôr-se ao lado da Justiça. É razão, pois, que esta,
quanto em si caiba, dele se amerceie.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6995 — apelação CRiminal Nº 379.087-3/7-00


— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
22
Voto nº 6996 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 896.740-3/8-00
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco, permite a
inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone celular por
preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina carcerária – visto
que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o telefone celular serve a
fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança pública e da ordem social –, a
proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da
Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância
implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39,
ns. II e V, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 6997 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 913.621-3/7-


00
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado (art.
121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do
STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto nº 6998 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 872.012-


3/0-00
— Ao estabelecer a Lei de Execução Penal que suas disposições se aplicam também
“ao preso provisório” (art. 2º, parág. único), assegurou-lhe, no mesmo ponto, o
direito à execução provisória e à progressão de regime, se presentes os requisitos
legais (art. 112).
— A pendência de recurso da Acusação, com o intuito de agravar a pena ao
condenado, não lhe obsta a consecução de benefício, pois a execução provisória foi
instituída exatamente para poupá-lo à iniqüidade da espera, muita vez longa, do novo
julgamento pela Superior Instância. Admitir o contrário será presumir (falsamente)
que a existência do duplo grau de jurisdição obriga, por força, à reforma de toda
decisão de Primeira Instância.
— Segundo regra geral de Hermenêutica, enquanto a não modifique a instância
recursal, produz a sentença todos os seus legais efeitos.
— Questões relativas a livramento condicional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
23
III, alíneas e e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido.
24

Voto nº 6999 — HABEAS CORPUS Nº 955.232-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7000 — recurso em sentido estrito Nº 492.635-3/3-


00
— O recebimento da queixa deve atender aos mesmos pressupostos que vigoram quanto à
denúncia: imputação de fato criminoso e legitimidade de parte (“legitimatio ad
causam”).
— Ao investir o particular do direito de processar o autor de crime, transferiu-lhe
também o Estado o encargo de elaborar a peça técnica segundo o rigor do estilo
judiciário. A queixa-crime, por isso, “conterá a exposição do fato criminoso com
todas as suas circunstâncias”, em ordem a possibilitar a verificação da existência de
justa causa para a “persecutio criminis” e a plena defesa do acusado (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— A inobservância do referido cânon (art. 41 do Cód. Proc. Penal) importa vício
formal grave, cuja sanção é a rejeição mesma da queixa-crime.

Voto nº 7001 — HABEAS CORPUS Nº 956.415-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
25
Voto nº 7013 — HABEAS CORPUS Nº 963.658-3/6-00
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada.
Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando
ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá,
no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já ninguém ignora
que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe Dostoiévski
chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 7026 — HABEAS CORPUS Nº 930.841-3/5-00


— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada orientação
de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas corpus”, cujo âmbito
estreito não permite exame de questões que só podem ser bem aferidas no Juízo das
Execuções Criminais, como a incidência de eventual causa interruptiva da prescrição
(art. 117 do Cód. Penal), etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias que lhe
excedam os limites e a natureza jurídica.

Voto nº 7027 — HABEAS CORPUS Nº 945.934-3/4-00


—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e IV, e art. 14, nº II, do
Cód. Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 408 do Cód. Proc. Penal: “na hipótese,
dada a natureza do crime (doloso contra a vida), o legislador entendeu necessária a
prisão do acusado, a não ser que apresente as condições da primariedade e dos
bons antecedentes ( § 2º)” (Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 340).
26
Voto nº 7028 — apelação CRiminal Nº 322.925-3/0-00
–– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita
espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7029 — apelação CRiminal Nº 413.208.3/7-00


— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina
probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume livre
dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7030 — HABEAS CORPUS Nº 955.651-3/0-00


––“O clima de pânico que se estabelece em nossas cidades, a certeza da impunidade que
campeia célere na consciência do nosso povo, formando novos criminosos, exigem
medidas firmes e decididas, entre elas a prisão temporária” (Exposição de Motivos da
Lei nº 7.960/89).
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a
27
presunção de periculosidade.
28
Voto nº 7031 — apelação CRiminal Nº 366.205-3/7-00
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7032 — apelação CRiminal Nº 406.694-3/7-00


–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– O simples porte de arma de fogo, sem autorização legal tipifica a infração do art. 10, §
2º, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998,
p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7033 — RevisÃo CRIMINAL Nº 582.555-3/9-00


— Como a tábua do náufrago, representa a revisão criminal a última esperança, de que o
condenado pode fiar sua sorte. Não se lhe deve, a essa conta, obstar o exercício de tão
salutar remédio judicial, exceto no caso de violação manifesta dos preceitos que o
regem, v.g.: carência das condições de procedibilidade inerentes a toda a ação, mera
reiteração de pedido anteriormente indeferido, etc.
— Ainda que feita na Polícia, é a confissão prova de alto valor, apta a justificar edito
condenatório se em harmonia com os mais elementos do processo.
— No crime de receptação dolosa, é das circunstâncias mesmas do fato e da
personalidade do agente que se deve aferir o elemento subjetivo do tipo, de sorte que
nenhum valor têm os protestos de inocência do réu que adquire a estranho, sem
documentação regular, veículo automotor. Aquele que assim procede, por força que
não pode ignorar se trata de coisa de origem ilícita, máxime se possui tormentosa
biografia penal (art. 180, “caput”, do Cód. Penal).
— Contrária à evidência é somente aquela decisão que está em absoluto antagonismo
com a prova dos autos (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).
29

Voto nº 7034 — apelação CRiminal Nº 346.118-3/3-00


— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina
probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume livre dos
vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— É escusado lembrar que, segundo o teor literal do art. 119 do Código Penal, “no caso
de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente”.

Voto nº 7035 — RevisÃo CRIMINAL Nº 495.808-3/5-00


— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Àquele que intenta revisão criminal, ação constitutiva destinada a emendar eventual erro
judiciário, toca demonstrar o desacerto da decisão, à luz das disposições do art. 621 do Cód.
Proc. Penal, sob pena de lhe ser indeferida a pretensão.
— Contrária à evidência dos autos é só aquela decisão proferida com total repúdio dos
elementos de prova.

Voto nº 7036 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 954.113-


3/9-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
30
Voto nº 7037 — embargos de declaração Nº 484.719-3/5-01
—“O sistema de nossa legislação” — escreveu o exímio processualista José
Frederico Marques — “é o da publicidade ampla e imediata para todos os atos
processuais, audiências e sessões (Instituições de Direito Processual Civil, 4a. ed.,
vol. II, p. 116).
— Os embargos de declaração não rendem ensejo a reapreciação de matéria já
decidida, pois não têm caráter infringente; armam só ao fim de desfazer
ambigüidade, contradição ou obscuridade do acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
—“O prazo prescricional superveniente à condenação não é interrompido pelo
acórdão confirmatório nem pela interposição de embargos infringentes” (Damásio
E. de Jesus, Prescrição Penal, 9a. ed., p. 52).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7038 — HABEAS CORPUS Nº 896.907-3/0-00


— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria ou com o elemento moral
do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado
ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.
–– Em princípio, não faz jus ao benefício da liberdade o autor de homicídio
qualificado (crime “hediondo”, nos termos da Lei nº 8.072/90) que procura
solertemente subtrair-se à ação da Justiça, em vez de submeter-se a ela em razão de
ordem de prisão preventiva.
31
Voto nº 7039 — apelação CRiminal Nº 320.035-3/4-00
––“Não tendo havido recurso da acusação, o prazo prescricional, a partir da publicação
da sentença, é regulado pela pena imposta (prescrição superveniente). (...) Aplicado
exclusivamente o § 1º do art. 110 (do Cód. Penal), teremos a incidência da extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva (ação penal). Não subsistem a
sentença nem seus efeitos principais e acessórios. E o Tribunal não precisa apreciar o
mérito, ficando prejudicada a apelação” (cf. Damásio E. de Jesus, Prescrição Penal,
9a. ed., p. 49).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 7040 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 957.318-


3/6-00
— Em caráter excepcional, por evitar dano de difícil reparação, admite-se mandado de
segurança contra decisão impugnável mediante recurso ordinário.
— Mandado de segurança é “remédio judicial restrito à proteção daqueles direitos
cuja certeza e liqüidez sejam manifestos e que resistam a uma contestação
razoável” (Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957,
p. 123).
— Poderá o juiz ordenar a restituição de coisa apreendida, se não existir “dúvida quanto
ao direito do reclamante” (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— Não tem direito à restituição de veículo, apreendido pela autoridade policial por
suspeita de ser produto de crime, quem não lhe prova o domínio (art. 120 do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 7041 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 959.306-


3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
32
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
33
Voto nº 7042 — HABEAS CORPUS Nº 958.032-3/8-00
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se
não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual
Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— Na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise
de provas para aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação
penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da
ausência de “fumus boni juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz
meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se
inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade
criminal do infrator.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação
de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter
subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 7057 — apelação CRiminal Nº 428.292-3/3-00


–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
34
— A assinatura do Juiz em sentença absolutória haverá de interpretar-se por um novo
e venerável testemunho a favor da inocência do réu.
35
Voto nº 7058 — HABEAS CORPUS Nº 948.589-3/0-00
–– Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será verdadeira abusão
lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois entre
os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu
conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal
não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar
sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art.
393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.

Voto nº 7059 — apelação CRiminal Nº 418.319-3/0-00


— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 7060 — apelação CRiminal Nº 435.048-3/7-00


— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
36
Voto nº 7061 — apelação CRiminal Nº 427.930-3/9-00
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 7062 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 944.994-3/0-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).

Voto nº 7063 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 894.059-3/5-


00
— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem
quebra o código de disciplina do presídio, faz jus à progressão ao regime semi-
aberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente
37
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional menos gravoso.
38

Voto nº 7064 — apelação CRiminal Nº 322.321-3/4-00


–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em
que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em
contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros
influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em
sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a
favor da inocência do réu.

Voto nº 7066 — HABEAS CORPUS Nº 959.675-3/9-00


—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
39
Voto nº 7067 — HABEAS CORPUS Nº 966.024-3/5-00
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 7068 — apelação CRiminal Nº 407.714-3/7-00


— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta
acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da
República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, toda
pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7069 — apelação CRiminal Nº 389.209-3/3-00


— Em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const.
Fed.) e do devido processo legal (nº LV), não é defeso à Segunda Instância conhecer
do recurso do réu, sem prévio recolhimento ao cárcere, se o despacho de prelibação
(ou admissibilidade) do Juízo da condenação lhe determinou o regular
processamento.
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998,
p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
40

Voto nº 7070 — HABEAS CORPUS Nº 964.353-3/1-00


— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
–– No tem jus à liberdade provisória o autor de extorsão, pela falta de requisito intrínseco:
inocorrência de hipótese que autorize a prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– A natureza e a gravidade do crime de extorsão mediante seqüestro impedem se
outorgue a seu autor, ainda que primário e de bons antecedentes, o benefício da
liberdade provisória. A defesa dos direitos e interesses da sociedade é que reclama a
segregação, até a decisão final de mérito, daquele que violou profundamente a ordem
jurídica (art. 159, § 1º, do Cód. Penal).

Voto nº 7071 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 955.905-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
41
Voto nº 7072 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 959.910-
3/2-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7073 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 964.640-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7074 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 957.745-


3/4-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
42
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
43
Voto nº 7075 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 966.239-
3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7076 — HABEAS CORPUS Nº 949.481-3/5-00


“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória – Alegação de
constrangimento ilegítimo – Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento
ilegal por excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória para inquirir testemunhas, pois se
trata de razão superior, que obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o
haver disposto a lei que, em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art.
798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o
preso que, havendo cometido delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa
ainda não seja o caso de decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime hediondo não
merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido processo legal.

Voto nº 7087 — recurso em sEntido estrito Nº 485.390-3/8-00


— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da existência do crime e indícios da responsabilidade do acusado (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
—“O juiz da pronúncia, pois, por isso mesmo que não trata de julgar a final, nem
sempre poderá esperar por uma prova inteira, e só sim pela que for suficiente para
44
que decida conscienciosamente se há ou não razoável suspeita de ser o indiciado o
autor do crime, e conseqüentemente obrigado a destruir essa suspeita” (Pimenta
Bueno, Apontamentos sobre o Processo Criminal Brasileiro, 1857, p. 98).
45

Voto nº 7088 — AgRAVO EM EXECUÇÃO Nº 870-412-3/1-00


— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não
revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício em que seja mister
aferir mérito, poderá o juiz determinar a realização de exame criminológico no
sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça,
pela presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).
— No alto dizer de Francisco Campos, o juiz “não fica subordinado a nenhum critério
apriorístico no apurar, através delas (“scilicet”, das provas dos autos), a verdade
material. O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é
demais, porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho
de opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Exposição de Motivos
do Código de Processo Penal, nº VII).
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar sem grave injúria
da Lei e da Justiça.

Voto nº 7089 — HABEAS CORPUS Nº 962.712-3/6-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da necessidade de expedir carta precatória, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
–– Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
46
Voto nº 7090 — apelação CRiminal Nº 830.892-3/8-00
— A titularidade do direito de apelar não é do defensor, senão do réu, ao qual toca
portanto a decisão de fazê-lo. Desde que o réu se oponha ao exercício de tal direito,
haverá o advogado de catar-lhe respeito à vontade, pois o que procura em Juízo está
sujeito ao princípio geral que informa o mandato: só procede segundo a lei aquele que
pratica o ato a que está expressamente autorizado (e o réu que renuncia ao direito de
recurso por isto mesmo desautoriza expressamente que outrem o exercite).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 7091 — recurso em sEntido estrito Nº 487.469-3/3-


00
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód.
Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada
de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao golpear a
vítima em região nobre do corpo.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora articulada na
denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 7092 — recurso em sEntido estrito Nº 485.164-3/7-


00
— Para a pronúncia não há mister certeza de autoria, basta-lhe a alta probabilidade
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada
de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao ferir a vítima
em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem
47
pronunciar, porque matéria de sua competência.
48
Voto nº 7093 — RevisÃo CRIMINAL Nº 441.009-3/9-00
— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da autoria
de um delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer vício” (Hélio
Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos,
pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri,
que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.).
“Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não
depara fundamento algum, constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e
da realidade processual.
— É antiga nos Tribunais a inteligência de que a reação tardia a uma agressão não
configura legítima defesa, senão vingança, inimiga ingente do Direito (art. 23, nº
II, do Cód. Penal).
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será
manifestamente contrária à prova dos autos.

Voto nº 7099 — HABEAS CORPUS Nº 961.846-3/0-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7100 — HABEAS CORPUS Nº 961.319-3/5-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7101 — HABEAS CORPUS Nº 962.783-3/9-00


— Em razão de seu rito sumaríssimo, na via heróica do “habeas corpus” é defeso
proceder à análise de matéria de alta indagação; tratando-se de questão que apenas
pode ser dirimida na quadra de instrução criminal, não há apreciá-la no raio exíguo
do processo de “habeas corpus”.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
49
Voto nº 7106 — HABEAS CORPUS Nº 953.795-3/2-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau
de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de Direito
da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e provisória do
condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art. 50, nº II, da Lei
de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por isso,
está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118, nº I, da
Lei de Execução Penal).

Voto nº 7107 — HABEAS CORPUS Nº 961.857-3/0-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7109 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 497.716-3/0-


00
— Ainda que opinativo (como toda a manifestação do pensamento), o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 7º da Lei de Execução Penal) é emitido por
profissionais de saber técnico especializado; não há, pois, rejeitá-lo imotivadamente.
Dar tento da lição do anexim: mais sabe o ignorante no seu, que o sábio no alheio.
— É imolar na ara do dogmatismo pretender que, na fase da execução criminal, vigora o
princípio do “in dubio pro societate”. Paráfrase do aforismo in dubio pro reo (que
exorna os brasões da Justiça Criminal), o refrão “in dubio pro societate” pertence para
os processos da competência do Júri, onde as dúvidas sobre a admissibilidade da
acusação (“judicium accusationis”) se resolvem a favor da sociedade (“pro societate”),
não para o Juízo das Execuções, ao qual compete examinar se a pretensão do
sentenciado se concilia, ou não, com o Direito Positivo.
—“A justiça penal não termina com o trânsito em julgado da sentença condenatória,
mas se realiza, principalmente, na execução. É o poder de decidir o conflito entre o
direito público subjetivo de punir (pretensão punitiva ou executória) e os direitos
subjetivos concernentes à liberdade do cidadão” (Julio Fabbrini Mirabete,
Execução Penal, 11a. ed., p. 32).
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Execução Penal), é a progressão de
regime direito público subjetivo do condenado, que se não pode negar sem grave
injúria da Lei e da Justiça.
50

Voto nº 7110 — HABEAS CORPUS Nº 973.156-3/3-00


— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque,
em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar
abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art.
5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao
art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos
de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz determinar a
realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso
cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade
(art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 7111 — HABEAS CORPUS Nº 960.850-3/0-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
51

Voto nº 7112 — HABEAS CORPUS Nº 968.379-3/9-00


— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime quando
a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias que lhe excedam
os limites e a natureza jurídica.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
—“O cometimento de falta grave pelo preso que cumpre pena em regime fechado
acarreta a interrupção do tempo de pena para efeito de progressão, iniciando-se
nova contagem de 1/6 do restante da reprimenda a cumprir, para a obtenção da
promoção. O mesmo ocorre se, estando no cumprimento da pena remanescente em
regime semi-aberto, decretar o juiz a regressão para um dos regimes mais severos”
(Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 416).

Voto nº 7113 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 953.986-


3/4-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
52

Voto nº 7114 — HABEAS CORPUS Nº 970.036-3/4-00


–– Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de homicídio, será verdadeira
abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois
entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o
réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal
não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto nº 7115 — HABEAS CORPUS Nº 956.924-3/4-00


HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à
mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia
cautelar – Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu acusado de
roubo. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
53

Voto nº 7116 — HABEAS CORPUS Nº 947.475-3/3-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio doJuiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem contra si a presunção de
periculosidade.

Voto nº 7117 apelação CRiminal Nº 455.913-3/1-00


— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com os mais elementos de prova.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova. Parte
confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p. 270).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
54

Voto nº 7118 — RevisÃo CRIMINAL Nº 839.684-3/4-00


— Os homens de circunspecção, persuadidos de não possuir o dom da inerrância,
desconfiam sempre do valor absoluto das decisões; não lhes faz abalo no espírito
reexaminar questão já sob o selo da coisa julgada, antes o reputam corolário do sistema
jurídico-filosófico da pesquisa da verdade real, adotado entre nós para o processo.
— Nos casos de atentado violento ao pudor, a palavra da vítima, como de quem teve
papel precípuo no evento delituoso, é de especial relevância para a identificação de
seu autor; destarte, exceto lhe prove alguém tenha obrado com erro ou malícia ao
indicar o culpado, já a vítima lhe está antecipando juízo de condenação, pois nela se
presume o interesse de não querer incriminar outrem que seu malfeitor (art. 214 do
Cód. Penal).
— A alegação de que a ofendida era jovem impudica e libertina, ainda quando
verdadeira, não aproveita à Defesa; tampouco se mostra poderosa a desviar da cabeça
do réu o gládio implacável da Justiça Penal. É que vítima de estupro toda mulher
pode ser, nada importando seu estado nem condição (art. 213 do Cód. Penal).
— Não há crime único, senão concurso material entre estupro e atentado violento ao
pudor, se o agente, demais de constranger a vítima à conjunção carnal, submete-a a
toda a sorte de aberrações do instinto sexual (arts. 213 e 214 do Cód. Penal)
— Àquele que intenta revisão criminal, ação constitutiva destinada a emendar eventual
erro judiciário, toca demonstrar o desacerto da decisão, à luz das disposições do art.
621 do Cód. Proc. Penal, sob pena de lhe ser indeferida a pretensão.

Voto nº 7119 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 442.051-3/7-


00
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que não se lhe pode negar sem grave injúria
da Lei e da Justiça.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela para mais de metade
(necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício
o registro de faltas graves, se o recomendam valores positivos, como o
aproveitamento laborterápico e a boa conduta carcerária, sinais inequívocos de
sua regeneração.
— Segundo o entendimento comum dos Tribunais de Justiça, também o condenado por
latrocínio, crime do número dos hediondos (art. 1º, nº II, da Lei nº 8.072/90), tem
direito ao livramento condicional, se preenchidos os requisitos do art. 83 do
Código Penal: nem ao pior facínora quis o legislador negar oportunidade de redimir-
se dos graves erros passados e praticar ações verdadeiramente dignas da espécie
humana.
55
Voto nº 7120 — HABEAS CORPUS Nº 966.945-3/8-00
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José
Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
LIBERDADE PROVISÓRIA – Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) – Proibição legal – Crime hediondo – Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de
entorpecentes é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º,
nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7121 — HABEAS CORPUS Nº 970.031-3/1-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
56
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
57

Voto nº 7122 — HABEAS CORPUS Nº 961.183-3/3-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. STJ; HC nº 39.418-
0-RJ; 5a. T.; rel. Min. Gilson Dipp; j. 2.6.2005).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7123 — HABEAS CORPUS Nº 951.011-3/1-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
58

Voto nº 7124 — HABEAS CORPUS Nº 966.562-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato IV, cena
I, v. 27).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente
do réu primário e de bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese
que autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 7125 — HABEAS CORPUS Nº 960.538-3/7-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem contra si a
presunção de periculosidade.
59

Voto nº 7126 — HABEAS CORPUS Nº 958.839-3/0-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
III, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7127 — HABEAS CORPUS Nº 976.367-3/8-00


— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da instauração de incidente de verificação de dependência toxicológica,
requerida pela defesa do réu, que tem o caráter de força maior, motivo de
suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
II, da Lei nº 8.072/90).
60

Voto nº 7128 — HABEAS CORPUS Nº 966.191-3/6-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu
preso o de ser processado, rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que,
privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não parecera lícito
agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de
Justiça do País que o prazo de 81 dias, para a formação da culpa de réu preso, não é
fatal nem peremptório: admite-se pequeno excesso à luz do princípio da
razoabilidade, pois não está nas mãos do Juiz, ainda o mais diligente, prevenir ou
remediar todas as dificuldades inerentes ao processo criminal.
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7137 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 915.868-


3/8-00
— MANDADO DE SEGURANÇA – Impetração por terceiro contra ato judicial –
Interposição de recurso – Desnecessidade – Súmula nº 202 do STJ.
–– Dispõe expressamente a Súmula nº 202 do STJ que “a impetração de mandado de
segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona à interposição de
recurso”.
— Em caráter excepcional, por evitar dano de difícil reparação, admite-se mandado de
segurança contra decisão impugnável mediante recurso ordinário.
— Mandado de segurança é “remédio judicial restrito à proteção daqueles direitos
cuja certeza e liqüidez sejam manifestos e que resistam a uma contestação
razoável” (Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957,
p. 123).
— Poderá o juiz ordenar a restituição de coisa apreendida, se não existir “dúvida quanto
ao direito do reclamante” (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— Pode e deve o Juiz “optar pela interpretação que mais atenda às aspirações da
Justiça e do bem comum” (Min. Sálvio de Figueiredo, Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 384).
— Se já não interessarem ao processo nem caírem sob o preceito do art. 91, nº II, do
Cód. Penal, as coisas apreendidas ao réu podem ser restituídas a seu dono, nos
termos do art. 119 do Cód. Proc. Penal.
61
Voto nº 7138 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 885.605-3/7-00
— Se o sentenciado satisfez ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem
quebra o código de disciplina do presídio e submeteu-se à laborterapia, tem jus à
progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei
de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime
prisional mais brando.
— “O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de opinião
ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos, Exposição de
Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Execução Penal), é a progressão de
regime direito público subjetivo do condenado, que se não pode negar sem grave
injúria da Lei e da Justiça.

Voto nº 7139 — HABEAS CORPUS Nº 964.430-3/3-00


— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP;
j. 18.9.92).

Voto nº 7140 — HABEAS CORPUS Nº 968.918-3/0-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. STJ; HC nº 39.418-
0-RJ; 5a. T.; rel. Min. Gilson Dipp; j. 2.6.2005).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
62

Voto nº 7141 — HABEAS CORPUS Nº 968.512-3/7-00


–– De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses
sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável
seu crime e ausentes os motivos que lhe autorizam a decretação da prisão
preventiva.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7142 — HABEAS CORPUS Nº 979.023-3/0-00


— É princípio altamente reputado que o réu que
respondeu a processo em liberdade assim deve aguardar seu julgamento definitivo,
exceto se o obstarem motivos supervenientes de grande vulto (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— Não entra em dúvida que passa por um dos
efeitos da sentença condenatória ser o réu preso (art. 393, nº I, do Cód. Proc.
Penal). Mas, se o Juiz da causa não lhe decretou a prisão preventiva, por julgá-la
desnecessária (se não ilegítima), nisto mesmo deu a conhecer que lhe franqueara o
direito ao recurso em liberdade.
— “A melhor interpretação da lei é a que se
preocupa com a solução justa, não podendo o seu aplicador esquecer que o
rigorismo na exegese dos textos legais pode levar a injustiças” (Rev. Tribs., vol.
656, p. 188).
— É tendência doutrinária de graves autores
“desvincular o direito de apelar da obrigatoriedade de o condenado recolher-se à
prisão como condição do recurso. O princípio do duplo grau de jurisdição atribui
ao réu o direito de ver a sentença condenatória submetida à apreciação do tribunal,
independentemente da condição do recolhimento à prisão. Este somente se justifica
na hipótese de necessidade cautelar” (STF; HC nº 29.879; DJU 3.11.2003, p. 336;
apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 473).
63
64

Voto nº 7143 — HABEAS CORPUS Nº 965.132-3/0-00


–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não houver dúvida sobre sua integridade
mental nem alguma circunstância do processo lhe indicar a necessidade da realização
da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz aos
requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
LIBERDADE PROVISÓRIA – Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) – Proibição legal – Crime hediondo – Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por definição
legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7144 — HABEAS CORPUS Nº 965.780-3/7-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da necessidade de expedir carta precatória, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
–– Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.
65

Voto nº 7145 — HABEAS CORPUS Nº 968.942-3/9-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa
em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais; o
Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o regime estipulado na
sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em contradição absoluta com a
lei e as circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida” (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7146 — HABEAS CORPUS Nº 959.165-3/1-00


— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar
sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art.
393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há
dispensar-lhe o benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa
razão, sendo legítima a sentença que o denega.
–– A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
66

Voto nº 7147 — HABEAS CORPUS Nº 975.984-3/6-00


— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria ou com o elemento moral
do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado
ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da
ausência de “fumus boni juris”, cumpre seja a prova mais clara que a luz meridiana,
a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do
infrator.

Voto nº 7148 — apelação CRiminal Nº 442.635-3/2-00


— Ensina a experiência vulgar que o sujeito inocente, quando acusado de crime, não o sofre
em silêncio, antes se defende com energia e prontamente.
— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na
apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois
repugna à condição da mulher, sobretudo se de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma
indelével (art. 214 do Cód. Penal).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado violento ao
pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214), como nas
qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes hediondos: Lei nº
8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC n º 81.288-1-SC; rel.
Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve cumprir
sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º,
da Lei nº 8.072/90.
67

Voto nº 7149 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 892.774-3/3-00


— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— Palavras do magistrado francês Osvaldo Bardot: “Consultai o bom senso, a
eqüidade, o amor do próximo, antes da autoridade e da tradição. A lei se interpreta.
Ela dirá o que quiserdes que ela diga. Sem mudar um til, pode-se, com os mais
sólidos considerandos do mundo, dar razão a uma parte ou a outra, absolver ou
condenar à pena máxima. Desse modo, que a lei não vos sirva de álibi” (apud Jucid
Peixoto do Amaral, Manual do Magistrado, 4a. ed., p. 42).
— Fruto e estipêndio do suor do preso, a remição de sua pena pelo trabalho tem
alguma coisa de sagrado que o defende e guarda do rigor do Juízo da execução
penal, mesmo no caso de haver cometido falta grave. Solução diversa implicaria
desestímulo ao trabalho, fator importantíssimo para a recuperação do indivíduo,
além de verdadeira contradição e injustiça, pois a frustração da perda alcançaria só o
trabalhador, nunca o ocioso.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).

Voto nº 7150 — HABEAS CORPUS Nº 964.721-3/1-00


— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal.
— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em
forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso de
tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a decretação
da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
68
Voto nº 7151 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 906.412-3/7-00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).

Voto nº 7152 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 954.183-3/7-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
69
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).
70

Voto nº 7153 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 893.722-3/4-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).

Voto nº 7154 — HABEAS CORPUS Nº 952.856-3/4-00


— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de exame de dependência toxicológica, requerida pela Defesa, que tem o
caráter de força maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
— “Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Antônio Vieira, Sermões, 1959,
t. V, p. 210).
71
Voto nº 7155 — HABEAS CORPUS Nº 958.212-3/0-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das Execuções
Criminais.

Voto nº 7156 — HABEAS CORPUS Nº 968.645-3/3-00


— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que
uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei
nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à uma,
porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à outra, porque,
em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais incompatibilidade ou
repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua autonomia.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ;
HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que
lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias (no caso, em
dobro, “ex vi”, do art. 35, parág. único, da Lei nº 6.368/76) o prazo legal máximo
para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a
legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da proteção
da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“A Justiça Criminal é sobretudo um ofício de consciência, onde importa mais o
valor da pessoa humana, a recuperação de uma vida, do que a rigidez da lógica
formal” (João Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito
Criminal, 2a. ed., p. 2).
—“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do razoável e do
humano”(Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999, p. 162).
72

Voto nº 7157 — HABEAS CORPUS Nº 961.312-3/3-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7158 — HABEAS CORPUS Nº 959.579-3/0-00


— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP;
j. 18.9.92).

Voto nº 7159 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 910.381-3/9-


00
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão que
assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula
jurídica “audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
73

Voto nº 7160 — HABEAS CORPUS Nº 970.736-3/9-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
III, da Lei nº 8.072/90).
74
Voto nº 7170 — HABEAS CORPUS Nº 964.852-3/9-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
21a. ed., p. 246).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 7172 — HABEAS CORPUS Nº 974.566-3/1-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa
em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais; o
Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o regime estipulado na
sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em contradição absoluta com a
lei e as circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
75
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
76

Voto nº 7173 — HABEAS CORPUS Nº 958.669-3/4-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da instauração de incidente de verificação de dependência toxicológica,
requerida pela defesa do réu, que tem o caráter de força maior, motivo de
suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7174 — HABEAS CORPUS Nº 971.552-3/6-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7175 — HABEAS CORPUS Nº 961.608-3/4-00


–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
77
Voto nº 7176 — HABEAS CORPUS Nº 966.991-3/7-00
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto nº 7177 — HABEAS CORPUS Nº 977.446-3/6-00


—É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que,
uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar o indiciamento formal do
acusado, por implicar-lhe desnecessária e ilegítima violência ao “status dignitatis”,
remediável pela concessão de “habeas corpus” (art. 647 do Cód. Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para deferido
indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio heróico” (STJ; HC
nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido).

Voto nº 7178 — HABEAS CORPUS Nº 973.790-3/6-00


–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o
prazo da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua
periculosidade (art. 97, § 1º, do Cód. Penal).
— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni
Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978, vol.
II, p. 930).

Voto nº 7179 — HABEAS CORPUS Nº 969.957-3/4-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
78

Voto nº 7180 — apelação CRiminal Nº 331.599-3/2-00


—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada
pela Constituição Federal” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— Muita vez é mister dar de mão a certo escrúpulo e suprir pelo raciocínio lógico o toque
da evidência: à falta de prova plena, bastam indícios veementes, múltiplos e concordes,
para demonstrar a autoria do fato incriminado.
— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui
prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a lógica a
melhor das provas.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 7181 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 901.558-3/6-


00
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de
justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com que,
pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais pobre de
todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal,
1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior
est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade
que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 7182 — HABEAS CORPUS Nº 950.339-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
79

Voto nº 7183 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 972.248-


3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7184 — HABEAS CORPUS Nº 978.248-3/0-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José
Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
LIBERDADE PROVISÓRIA – Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) – Proibição legal – Crime hediondo – Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de
entorpecentes é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º,
nº II, da Lei nº 8.072/90).
80

Voto nº 7185 — HABEAS CORPUS Nº 977.984-3/0-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza específica,
não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime prisional, tarefa
em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das Execuções Criminais; o
Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o regime estipulado na
sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em contradição absoluta com a
lei e as circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7186 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 901.226-3/1-00


— Tem fomento de direito a tese de que a punição da falta disciplinar, desde que não
constitua crime, sujeita-se à prescrição administrativa de 2 anos — por analogia com
o art. 109, nº VI, do Cód. Penal —, servindo de termo “a quo” a data do fato. São
causas interruptivas da prescrição a instauração do procedimento administrativo
(expedição da portaria), por analogia com o art. 117, nº I, do Cód. Penal, e a decisão
administrativa, equivalente da sentença na esfera processual penal (art. 117, nº IV).
81
Voto nº 7187 — apelação CRiminal Nº 398.911-3/8-00
–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em
que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em
contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros
influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em
sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a
favor da inocência do réu.

Voto nº 7188 — HABEAS CORPUS Nº 979.878-3/1-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7189 — HABEAS CORPUS Nº 973.608-3/7-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
82
Voto nº 7190 — HABEAS CORPUS Nº 964.036-3/5-00
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7191 — HABEAS CORPUS Nº 963.800-3/5-00


— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória
– Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os que
não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos autores dessa
espécie de crime.

Voto nº 7192 — HABEAS CORPUS Nº 972.996-3/9-00


— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
83

Voto nº 7193 — HABEAS CORPUS Nº 967.543-3/0-00


— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia cautelar
não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do
País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à
instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a
legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir
testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu
preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam
pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do
processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art.
408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 7194 — HABEAS CORPUS Nº 982.993-3/3-00


–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada.
Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando
ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode o réu
ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua prisão
preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
84

Voto nº 7195 — apelação CRiminal Nº 330.298-3/1-00


–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da pena
e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a certeza
do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da substância
entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça
Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo em
que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da causa e em
contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz notáveis e puros
influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em
sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a
favor da inocência do réu.

Voto nº 7196 — apelação CRiminal Nº 362.626-3/9-00


— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui
prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a lógica a
melhor das provas.
— Comete crime contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, nº V, da Lei nº
8.137/90, o fazendeiro que, deixando de emitir nota fiscal em operação de compra e
venda de gado bovino, não recolhe o ICMS devido.
—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação” (Súmula
nº 497 do STF).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
85

Voto nº 7197 recurso em sEntido estrito Nº 479.265-3/9-00


— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual
de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que
esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a.
ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 7198 — apelação CRiminal Nº 310.944-3/4-00


— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998,
p. 107).
— Isto de alguém estar na posse de mais de uma arma de fogo, sem licença da
autoridade, não constitui concurso de crimes, senão crime único, pois que um só o
bem jurídico ofendido: a segurança pública (art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— É escusado lembrar que, segundo o teor literal do art. 119 do Código Penal, “no caso
de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente”.
86
Voto nº 7199 — RevisÃo CRIMINAL Nº 844.397-3/6-00
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
–– Àquele que invoca a descriminante legal de legítima defesa cabe demonstrá-la acima
de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de confissão do crime.
–– Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de arte que ao condenado, como
seu autor, cumpre demonstrar que a sentença errou ou cometeu injustiça; se não,
impossível será julgar-lhe procedente o pedido.
–– Não pode incorrer na censura de contrária à evidência dos autos sentença
condenatória apoiada nas palavras de testemunhas presenciais idôneas, antes é de
reputar-se bem fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do
Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7200 — HABEAS CORPUS Nº 953.161-3/0-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7201 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 954.699-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
87

Voto nº 7202 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 965.816-


3/2-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7203 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 849.189-3/3-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).
88
89
Voto nº 7204 — HABEAS CORPUS Nº 978.441-3/0-00
— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada orientação
de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas corpus”, cujo âmbito
estreito não permite exame de questões que só podem ser bem aferidas no Juízo das
Execuções Criminais, como a incidência de eventual causa interruptiva da prescrição
(art. 117 do Cód. Penal), etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias que lhe
excedam os limites e a natureza jurídica.

Voto nº 7205 — HABEAS CORPUS Nº 971.137-3/2-00


— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque,
em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar
abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art.
5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao
art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos
de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz determinar a
realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso
cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade
(art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 7206 — HABEAS CORPUS Nº 979.597-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7207 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 873.010-3/9-


00
— Primeiro que alcance o benefício da progressão ao estágio semi-aberto de
cumprimento de pena, deve o condenado comprovar inequivocamente que, pela
reiteração de atos positivos, desenvolveu os freios inibitórios e está apto a exercitar a
liberdade com responsabilidade (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Carece de requisito subjetivo para progressão ao regime aberto o condenado que,
90
estando a cumprir pena no regime intermediário, frustra a confiança da Justiça e
empreende fuga (art. 112 da Lei de Execução Penal).
91
Voto nº 7208 — HABEAS CORPUS Nº 975.562-3/0-00
— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que
uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à lei
nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à uma,
porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à outra, porque,
em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais incompatibilidade ou
repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua autonomia.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade” (STJ;
HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 7209 — HABEAS CORPUS Nº 976.521-3/1-00


–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
III, da Lei nº 8.072/90).
— A associação para o tráfico e guarda ou depósito de substância entorpecente
constituem modalidades de crime permanente, em que, para caracterizar-se o estado de
flagrância, não se requer tenha o sujeito acabado de cometer a infração penal, nem que
a Polícia o haja perseguido para prender (arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76; art. 302 do
Cód. Proc. Penal).
92

Voto nº 7210 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 911.746-3/2-00


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº
XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7211 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 966.827-3/4-


00
–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção humana e
poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte, comprovando que
freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12 horas de
efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita
Vaz; j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).
93
Voto nº 7212 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 951.791-3/0-00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7213 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 962.363-


3/2-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7214 — HABEAS CORPUS Nº 972.585-3/3-00


—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
94
Voto nº 7215 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 974.312-3/3-
00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7216 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 960.106-3/6-


00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7217 — apelação CRiminal Nº 361.643-3/9-00


— Sob pena de sancionar verdadeiro paradoxo ou abusão lógica, deve o Juiz afastar a
qualificadora do rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal), no
caso de arrombamento ou quebra de vidro para subtração de objetos do interior do
veículo. É que o furto do próprio carro não qualifica a infração penal, porque praticada a
violência contra a coisa.
— Furto mediante rompimento de obstáculo: “Não o qualifica a violência empregada
contra obstáculo que existe para o uso normal da coisa, ou quando é um acessório
necessário para uso do objeto material” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
17a. ed., p. 565).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
95

Voto nº 7218 — HABEAS CORPUS Nº 971.513-3/9-00


— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art.
408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7219 — HABEAS CORPUS Nº 980.677-3/7-00


HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à
mão armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia
cautelar – Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu acusado de
roubo. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
96
Voto nº 7220 — HABEAS CORPUS Nº 964.166-3/8-00
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo, não
importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de latrocínio (ainda que na
forma tentada) não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça,
ao termo do devido processo legal.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
(latrocínio), crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7221 — HABEAS CORPUS Nº 973.964-3/0-00


—É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que,
uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar o indiciamento formal do
acusado, por implicar-lhe desnecessária e ilegítima violência ao “status dignitatis”,
remediável pela concessão de “habeas corpus” (art. 647 do Cód. Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para deferido
indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio heróico” (STJ; HC
nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria ou com o elemento moral
do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado
ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da
ausência de “fumus boni juris”, cumpre seja a prova mais clara que a luz meridiana,
a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do
97
infrator.
98

Voto nº 7232 — APELAÇÃO CRIMINAL Nº 484.592-3/2-00


—“Quer nas experiências de laboratório quer nos anais forenses, encontramos copiosa
messe de erros no reconhecimento de pessoas ou de coisas: damos como visto o que
na verdade não nos havia passado sob os olhos. E o mais sério é que tais erros de
reconhecimento têm acarretado graves erros judiciários” (Almeida Jr., Lições de
Medicina Legal, 7a. ed., p. 541).
—“Dúvida, in poenalibus, deve ser decidida pro libertate” (Nélson Hungria; apud J.
Didier Filho, Direito Penal Aplicado, 1957, p. 8)

Voto nº 7233 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 896.132-3/3-


00
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de
justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com que,
pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais pobre de
todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal,
1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é
a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
99

Voto nº 7234 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 898.855-3/7-00


–– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção
humana e poderoso instrumento de reforma de vida e costumes. Destarte,
comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário,
tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12
horas de efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
—“A interpretação extensiva do vocábulo trabalho, para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a mens
legislatoris, com o objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da
pena, abrange o estudo, em face de sua inegável relevância para a recuperação
social dos encarcerados” (STJ; REsp nº 256.273/PR; 5a. Turma; Min. Laurita Vaz;
j. 22.3.2005; DJU 6.6.2005, p. 359).

Voto nº 7235 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 938.197-3/3-


00
— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art. 71
do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes não
estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.
—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado crime
continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p. 15.569).
— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e
discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração de
penas de criminosos empedernidos.
100
Voto nº 7236 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 886.961-3/8-00
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— Atende à regra do contraditório e, portanto, exime-se da nota de nula, a decisão
que assegura às partes oportunidade de manifestação nos autos, segundo a fórmula
jurídica “audiatur et altera pars” (ouça-se também a parte contrária).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.

Voto nº 7237 — recurso em sEntido estrito Nº 473.918-3/6-00


—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação
ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do Cód.
Proc. Penal).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem
pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 7239 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 979.242-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
101
Voto nº 7240 — HABEAS CORPUS Nº 961.834-3/5-00
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7241 — HABEAS CORPUS Nº 954.640-3/3-00


— Em linha de princípio, não é o habeas corpus meio idôneo para obstar o curso do
inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e
houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admis-sível a
análise de provas para aferir a proce-dência da alegação de falta de justa causa para
a ação penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se
pratica na dilação probatória.
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de
inquérito policial, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister
prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica,
entre cujos postulados se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da
Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 7242 — HABEAS CORPUS Nº 976.070-3/2-00


–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985,
vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 7243 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 415.595-3/6-


00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
102
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
103

Voto nº 7244 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 449.955-3/3-00


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7245 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 432.949-3/7-


00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7246 — HABEAS CORPUS Nº 979.947-3/7-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
104
Voto nº 7247 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 954.008-3/0-
00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7248 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 976.695-


3/4-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7249 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 974.236-


3/6-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
105
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
106

Voto nº 7250 — HABEAS CORPUS Nº 974.931-3/8-00


— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que
lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo legal
máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema
a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da proteção
da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“É justo que, em caso igual, a mim e aos outros se aplique o mesmo direito”
(Demóstenes, A Oração da Coroa, 1877, p. 25; trad. Latino Coelho).

Voto nº 7251 MANDADO DE SEGURANÇA Nº 963.113-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
107
Voto nº 7252 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 962.356-3/0-
00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7253 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 966.254-


3/4-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7254 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 973.569-


3/8-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
108
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
109

Voto nº 7255 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 913.792-3/6-


00
— A prorrogação do período de prova do “sursis”, por ter sido processado o
beneficiário por outro crime, não fica ao talante do Juiz, mas decorre da vontade
expressa da lei (art. 81, § 2º , do Cód. Penal).
—“Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo de suspensão até o julgamento definitivo” (art. 81,
§ 2º, do Cód. Penal).
— Sem afronta à disposição da Súmula nº 611 do STF e à regra da competência de
jurisdição, pode o Tribunal declarar a prescrição da pretensão executória da
pena, se já apreciada e indeferido o pedido pela Vara das Execuções Criminais (arts.
107, nº IV, e 112, nº I, do Cód. Penal e 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7256 — HABEAS CORPUS Nº 962.918-3/6-00


“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso
de prazo – Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência
de ilegalidade – Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de
força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a
presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
110

Voto nº 7257 — HABEAS CORPUS Nº 886.689-3/6-00


— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com
as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se
não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual
Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria ou com o elemento moral
do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado
ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 7258 — HABEAS CORPUS Nº 975.417-3/0-00


–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
LIBERDADE PROVISÓRIA – Homicídio qualificado – Proibição legal
– Crime hediondo – Lei nº 8.072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio
qualificado (também na forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de
liberdade provisória (arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
111
Voto nº 7259 — HABEAS CORPUS Nº 968.964-3/9-00
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 7260 — HABEAS CORPUS Nº 972.204-3/6-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7261 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 977.478-


3/1-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
112

Voto nº 7262 — HABEAS CORPUS Nº 986.763-3/3-00


–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se
o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença
que o denega.

Voto nº 7263 — HABEAS CORPUS Nº 962.882-3/0-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 7264 — HABEAS CORPUS Nº 984.621-3/1-00


—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP;
j. 18.9.92).
— O condenado por estupro (art. 213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos,
deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
113
Voto nº 7265 — HABEAS CORPUS Nº 984.625-3/0-00
— O condenado por atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-SP;
j. 18.9.92).

Voto nº 7266 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 965.202-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de legitimidade
para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito suspensivo a
agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo, como
o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei, palavras
inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime
da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os Juízes, por
definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de Direito Romano,
1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).

Voto nº 7267 — HABEAS CORPUS Nº 982.721-3/3-00


— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável,
estando o respectivo auto em forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória,
exceto se decorrido lapso de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem
estabelecido como o máximo razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Ainda o prazo de 81 dias, estimado pela Jurisprudência
como a meta derradeira da instrução, não é fatal nem peremptório, pois se sujeita às
contingências inerentes ao processo-crime (v.g.: complexidade da causa, não-
apresentação do preso ao fórum, etc). Trata-se de caso de força maior, ou razão de
ordem superior, contra a qual nada pode o Juiz, ainda o mais diligente e prevenido;
donde o haver disposto o legislador que, no caso de força maior, “não correrão os
prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente
do réu primário e de bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese
114
que autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
115
Voto nº 7268 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 960.735-3/6-00
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º,
nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 7269 — HABEAS CORPUS Nº 980.381-3/6-00


–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário
do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (“apud”
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 687).

Voto nº 7270 — HABEAS CORPUS Nº 978.429-3/6-00


–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
116
Voto nº 7271 — HABEAS CORPUS Nº 981.362-3/7-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo
de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).

Voto nº 7272 — apelação CRiminal Nº 373.802-3/8-00


— Ainda que do fato criminoso praticado na calada da noite não haja outras
testemunhas mais que as estrelas do céu, incensurável é a sentença que, baseada em
confissões extrajudiciais harmônicas e verossímeis, condena sujeitos acusados de
abigeato, ou furto de gado.
—“A confissão atendível é raio de luz que ilumina de jato todos os escaninhos dos
crimes ocultos, dissipa as dúvidas, orienta as ulteriores investigações e conforta de
um só passo os escrúpulos do juiz e as preocupações de justiça dos homens de bem”
(Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 382).
—“A Defesa tem direitos superiores aos da Acusação, porque, enquanto houver uma
dúvida, por mínima que seja, ninguém, pode conscientemente condenar o seu
semelhante” (João Mendes Jr., Processo Criminal Brasileiro, 4a. ed., p. 388).
—“E deve, para haver condenação nos crimes, ser a prova mais clara que a luz do
meio-dia” (Alexandre Caetano Gomes, Manual Prático Judicial, 1820, p. 247).
— A causa de aumento do art. 155, § 1º, do Cód. Penal (repouso noturno) somente se
aplica ao furto simples (“caput”), que não ao qualificado.
—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação” (Súmula nº
497 do STF).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
117
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
118
Voto nº 7273 — apelação CRiminal Nº 443.029-3/4-00
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta
acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da
República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, toda
pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos
hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas , no tráfico de entorpecentes, o que
caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76, senão a associação com o intuito de
praticar os crimes definidos e punidos em seus arts. 12 e 13.

Voto nº 7274 — Embargos dE declaração Nº 831.079-3/7-0001


— Os embargos de declaração não rendem ensejo a reapreciação de matéria já
decidida, pois não têm caráter infringente; armam só ao fim de desfazer
ambigüidade, contradição ou obscuridade do acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7275 — HABEAS CORPUS Nº 984.702-3/1-00


—“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal
por excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória para inquirir testemunhas, pois se
trata de razão superior, que obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o
haver disposto a lei que, em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art.
798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o
preso que, havendo cometido delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa
ainda não seja o caso de decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime hediondo não
merece recobrar a liberdade, primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
119
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
120

Voto nº 7282 — HABEAS CORPUS Nº 988.060-3/0-00


— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia cautelar
não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os Tribunais de Justiça do
País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana, tiveram a bem fixar prazo à
instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias; este é o último padrão que separa a
legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de inquirir
testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de apresentação de réu
preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela Defesa, etc.) que escusam
pequena demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso normal do
processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em
princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei
nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art.
408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 7283 — HABEAS CORPUS Nº 980.388-3/8-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
121
Voto nº 7284 — HABEAS CORPUS Nº 972.130-3/8-00
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se
o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença
que o denega.
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do regime
prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente
poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus
garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de
locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p.
390).

Voto nº 7285 — HABEAS CORPUS Nº 982.603-3/5-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7286 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 976.681-


3/0-00
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao agravo,
como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem, na lei,
palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que, nos casos
sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes com acerto. “Os
Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira, Dicionário de
Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do Ministério
Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução” (STJ; HC nº
122
237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU 13.10.03).
123
Voto nº 7287 — HABEAS CORPUS Nº 985.719-3/6-00
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo
rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza
que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado,
22a. ed., p. 249).
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº
III, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 7288 — HABEAS CORPUS Nº 975.702-3/0-00


— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da necessidade de expedir carta precatória, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
–– Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 7289 — HABEAS CORPUS Nº 984.178-3/9-00


–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se
o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a sentença
que o denega.
124

Voto nº 7290 — HABEAS CORPUS Nº 978.857-3/9-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7291 — HABEAS CORPUS Nº 962.370-3/4-00


— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 7292 — HABEAS CORPUS Nº 961.132-3/1-00


— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não configura constrangimento ilegal sanável por habeas corpus a permanência de
condenado em Delegacia de Polícia, se o Juiz tomou as providências cabíveis para
transferi-lo a estabelecimento prisional da rede da Coespe.
— Embora dever do Estado garantir ao condenado o cumprimento de sua pena em
estabelecimento próprio, não constitui coação ilegítima sua permanência em Distrito
Policial enquanto aguarda a existência de vaga, pois excede as posses do Juiz
entender em matéria que passa por força maior, como é a superlotação dos
presídios.
125

Voto nº 7293 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 918.029-3/1-


00
— À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei de
Execução Pena deve compreender também, no conceito de trabalho, a atividade
escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de promoção
humana e poderoso instrumento de reforma da vida e costumes. Destarte,
comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário,
tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12
horas de efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente quem
disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma importância
que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.

Voto nº 7294 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 891.884-3/8-


00
— Em ponto de crime continuado, não deve o Juiz reduzir demasiado seu alcance, de
arte que lhe impossibilite o reconhecimento; antes lhe importa, de par com a
preocupação da ordem jurídica e social, atender ao fim do instituto, convém a saber,
evitar o exagero punitivo sob o influxo da eqüidade, pois meta do Direito Penal é
também a recuperação do infrator.
—“Viola o art. 71 do Código Penal o acórdão que, embora reconhecendo a
concorrência dos elementos da caracterização objetiva do crime continuado, que
nele se adotou, nega, porém, a unificação das penas, à base de circunstâncias
subjetivas, quais os antecedentes do acusado ou a ausência da unidade de desígnio”
(Rev. Trim. Jurisp., vol. 137, p. 772; rel. Min. Sepúlveda Pertence).
—“O réu tem direito ao crime continuado, agindo ou não com unidade de desígnio,
pois essa foi a vontade do legislador” (Guilherme de Souza Nucci, Código Penal
Comentado, 2000, p. 216).

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