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— Comete crime de desacato (art. 331 do Cód. Penal) o sujeito que, no intento de o
ofender e humilhar, dirige palavra insultuosa a oficial de justiça que o intimava
para atos e termos de processo judicial.
— O argumento de que o estado de exaltação elide o elemento subjetivo do tipo não
assenta em razão lógica nem jurídica, pois o desacato não requer ânimo calmo.
Aliás, expressões e palavras existem que, mesmo empregadas por gracejo, nunca
depõem seu caráter injurioso e, pois, caem sob a fórmula com que as verberavam
já os patriarcas do Direito: “Cum verba sunt per se injuriosa, animus injuriandi
praesumitur”.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
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Voto nº 9421 — HABEAS cORPUS Nº 1.132.330-3/7-00
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
Arts. 38, 41, 43, nº III, 44, 568, 569, 581, nº IV e 586, do Cód. Proc. Penal.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é
bem se conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de
cunho íntimo ou subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o
Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do benefício do
indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se
de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”,
na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo
Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional ao condenado que
satisfaz aos requisitos da lei, não se deve interpretar por liberalidade
irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e
tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
Arts. 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
—“Escalada é o acesso a um lugar por meio anormal de uso, como v.g., entrar pelo
telhado, saltar muro, etc.” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 573).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
— A nota de reincidência é óbice à concessão de regime semi-aberto ao réu,
somente quando superior a 4 anos sua pena; se inferior a 4 anos, não há proibição
legal de que o Juiz lho defira. No silêncio da lei, devem suprir-lhe a lacuna os
princípios gerais do Direito e até a Eqüidade (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód.
Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
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consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Pratica estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito
que, para satisfazer despesas, entrega a comerciante cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé. A circunstância de ser a vítima pessoa ingênua
não desnatura o tipo penal nem serve de escusa ao réu, antes, por argüir maior
periculosidade, deve a Justiça atuar com especial rigor em relação àquele que,
sem princípios éticos, não escrupuliza em enganar, para obter vantagem indevida,
ainda os mais crédulos e simplórios.
— “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente” (art. 119 do Cód. Penal).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
Arts. 61, nº II, alíneas “c” e “d”, 62, nº I, 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód.
Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
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–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base
jurídica e fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime
de extrema gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia
cautelar como que se presumem.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do
cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos
mortos”.
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— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— Sob pena de sancionar verdadeiro paradoxo ou abusão lógica, deve o Juiz afastar
a qualificadora do rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, nº I, do Cód.
Penal), no caso de arrombamento ou quebra de vidro para subtração de objetos
do interior do veículo. É que o furto do próprio carro não qualifica a infração
penal, porque praticada a violência contra a coisa.
— Furto mediante rompimento de obstáculo: “Não o qualifica a violência
empregada contra obstáculo que existe para o uso normal da coisa, ou quando é
um acessório necessário para uso do objeto material” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 568).
—“O Direito não pode abrigar soluções ilógicas e paradoxais, por puro amor ao
tecnicismo. Por isso, o rompimento de obstáculo para furto de objetos no
interior de veículo não qualifica o furto, porque o furto do próprio automóvel,
seguramente de maior valor do que os objetos furtados, não seria qualificado”
(JTACrSP, vol. 79, p. 41; rel. Celso Limongi).
— Ao renitente e empedernido autor de estelionatos, que se atira sem freios à
estrada tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional fechado lhe serve para
a contenção do impulso criminoso e reparação do mal que causa à sociedade.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional satisfaz aos
requisitos da lei, não deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e tome para o caminho do
bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio
social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
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— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
e
Voto nº 9625 — mbargos DE DeCLARAÇÃO Nº
989.684-3/6-01
Arts. 65, nº III, alínea “d”, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 109 e 619, do Cód. Proc. Penal;
art. 90 da Lei nº 8.666/93.
— Reza o art. 109 do Cód. Proc. Penal que, “se em qualquer fase do processo o
juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou
não alegação da parte (...)”.
—“A competência, no processo penal, é de regra absoluta” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 404);
— A partir de sua instalação em 17.10.2007, é a colenda 15a. Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça a competente, com exclusão das mais, para o julgamento das
ações penais relativas a crimes comuns e de responsabilidade de Prefeitos.
— Competente para julgar os embargos declaratórios é a mesma Câmara em que
tem assento o relator do acórdão embargado, porque somente ele está em
condições de elucidar a real inteligência a respeito do ponto considerado obscuro,
omisso ou contraditório.
— O fim a que tiram os embargos declaratórios é, segundo o direito comum,
provocar reexame de decisão, esclarecendo-a, dissipando-lhe as dúvidas ou
expungindo-a de erros (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
—“A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada”
(art. 110, § 1º, do Cód. Penal).
––“A prescrição prevista no § 1º constitui forma de prescrição da pretensão
punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do réu pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— Imposto ao réu, sem suficiente fundamentação, regime mais gravoso entre os que
a lei admite, pode o Tribunal, em ordem a reparar o ilegítimo constrangimento,
fixar-lhe regime mais brando para o cumprimento da pena, até mediante “habeas
corpus”, à luz da jurisprudência do STJ (cf. HC nº 45.580/SP; 6a. T.; rel. Min
Hamilton Carvalhido; DJU 23.10.2006, p. 341; HC nº 36.762/SP; 6a. T; rel.
Hélio Quaglia Barbosa; DJU 22.11.2004, p. 391, etc.).
Arts. 44, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º e 115, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº II, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
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–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base
jurídica e fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime
de extrema gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia
cautelar como que se presumem.
— O preceito do art. 226 do Cód. Proc. Penal não deve ser interpretado com
excessivo rigor nem tomado em sua acepção literal, pois, no reconhecimento de
pessoa, esta “será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança”. Condicionada a realização do ato à possibilidade, claro
está que lhe não atribuiu o legislador o cunho de exigência impostergável.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso do
inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e
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houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é apenas
seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação probatória (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a
luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados
se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da
responsabilidade criminal do infrator.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
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––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
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respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do
cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos
mortos”.
Arts. 302, nº IV, 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
––“A decisão em favor de um réu só poderá ser estendida a outro se forem idênticas
as situações de ambos no mesmo processo” (STF; Rev. Trib. Jurisp., vol. 67, p.
685).
— Falou advertidamente o grande Rui: “A regra da igualdade não consiste senão
em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se
desigualam”(Oração aos Moços, 1a. ed., p. 25).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
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Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
Arts. 71, 72, 148, “caput”, 157, § 2º, ns. I, II e V, 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
— Particular importância têm as palavras da vítima, nos casos de roubo. Sujeito
principalíssimo do evento delituoso, suas palavras unicamente serão
desacreditadas, quando se demonstrar, por modo inequívoco e pleno, que as
contaminou erro ou malícia, uma vez se presume o seu interesse de incriminar
apenas aquele que lhe infligiu o mal injusto e grave.
—“No seqüestro, desde que a privação da liberdade de locomoção constitua meio
ou elemento de outro crime, perde o seqüestro a sua autonomia e é absorvido
por este crime” (Rev. Tribs., vol. 491, p. 275; rel. Hoeppner Dutra).
— Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas
circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade delitiva, não
concurso material de infrações. É desse número, portanto, o caso de delinqüentes
que, após consumar o roubo, “forçam a vítima a acompanhá-los à caixa
eletrônica para sacar o dinheiro” (cf. Rev. Tribs., vol. 765, p. 572).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
–– Há casos, no entanto, em que o sentenciado carece do direito de pleitear
comutação de penas, por impossibilidade jurídica do pedido. Está nesse número
o condenado por crime considerado hediondo (Lei nº 8.072/90); na forma do
Decreto nº 5.295/04 (art. 8º, nº II), repugna, pois, conceder tal benefício ao autor
de homicídio qualificado.
—“O indulto coletivo, por configurar uma clementia principis, fica adstrito às
condições estabelecidas. Assim, não fere o princípio da anterioridade da lei
penal o decreto concessivo que veda expressamente o beneficium para os hoje
denominados crimes hediondos, mesmo que o delito se tenha dado antes da
dicção da lei que complementou dispositivo constitucional específico (art. 5º,
XLIII, da CF)” (Rev. Tribs., vol. 741, p. 574; rel. Min. Adhemar Maciel).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
97
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-
aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional satisfaz aos
requisitos da lei, não deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e tome para o caminho do
bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio
social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).
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— A ameaça, ainda que verbal, é idônea a tipificar o crime do art. 157 do Cód.
Penal. Em verdade, pode consistir em palavras, gestos ou atos; o próprio
anúncio do roubo já configura a grave ameaça (cf. Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 585).
— O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei, conforma-se à
personalidade do autor de roubo, sujeito de ordinário violento e, pois,
necessitado de severa disciplina, que o melhore e reconduza à vida em sociedade.
Arts. 33, § 1º, alínea “a”, 59, 65, nº III, alínea “d”, 155 e 157, § 2º, nº I, do
Cód. Penal.
— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).