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Voto nº 9417 — HABEAS cORPUS Nº 1.132.865-3/8-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)

Voto nº 9418 — RevisÃo CRIMINAL Nº 1.002.503-3/3-00


Arts. 14, nº II, 29, 70, 157, § 2º, ns. I, II e V, § 3º, 2a. parte, 180 e 329, do Cód.
Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— Última oportunidade que a lei defere ao condenado para a emenda de eventual
injustiça ou erro judiciário, não será de bom exemplo denegar-lhe, “in limine”, a
súplica revisional, exceto nos casos de total inépcia. Profundo conhecedor da
natureza humana, advertiu o grande Vieira: “nenhum homem é tão sábio, que não
esteja sujeito a errar” (Sermões, 1959, t. IV, p. 13).
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto condenatório.
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção reunidos
no processado.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
— Nos crimes de receptação dolosa, porque mui difícil apurar o elemento subjetivo do
tipo, cumpre recorrer às circunstâncias mesmas do fato e à personalidade do agente
(art. 180 do Cód. Penal).
—“Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de fato,
pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo multiplicidade
de violações possessórias” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 591).
— Em razão do nexo psicológico que une as atividades em concurso, responde também
o co-réu por tentativa de latrocínio, se evidenciado que o agente, pela seqüência de
disparos de arma de fogo contra região nobre do corpo da vítima, obrou com intuito
homicida (“animus necandi”), ainda que, por circunstâncias alheias à sua vontade,
não na tenha conseguido matar nem subtrair-lhe bens (arts. 157, § 3º, 2a. parte, e
14, nº II, do Cód. Penal).
— “Se a resistência foi praticada após consumado o delito de roubo, não poderia ser
por este absorvida, sendo hipótese, portanto, de concurso de crimes” (Rev. Tribs.,
vol. 848, p. 571; rel. Min. Felix Fischer).
— Nisto de revisão criminal, toca ao réu provar cumpridamente o erro ou injustiça da
sentença condenatória, sob pena de indeferimento de sua pretensão, por amor da
força da coisa julgada, que passa por verdade incontestável (“res judicata pro
veritate habetur”).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes
hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver
dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
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Voto nº 9419 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.458-3/1-
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Arts. 107, nº I, 109, nº VI, 110, § 1º e 331, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Comete crime de desacato (art. 331 do Cód. Penal) o sujeito que, no intento de o
ofender e humilhar, dirige palavra insultuosa a oficial de justiça que o intimava
para atos e termos de processo judicial.
— O argumento de que o estado de exaltação elide o elemento subjetivo do tipo não
assenta em razão lógica nem jurídica, pois o desacato não requer ânimo calmo.
Aliás, expressões e palavras existem que, mesmo empregadas por gracejo, nunca
depõem seu caráter injurioso e, pois, caem sob a fórmula com que as verberavam
já os patriarcas do Direito: “Cum verba sunt per se injuriosa, animus injuriandi
praesumitur”.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9420 — HABEAS cORPUS Nº 1.131.962-3/3-00

Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
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Voto nº 9421 — HABEAS cORPUS Nº 1.132.330-3/7-00
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9422 — HABEAS cORPUS Nº 1.126.495-3/0-00


Arts. 157, § 2º, nº II e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 312 e 499, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
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presunção de periculosidade.

Voto nº 9423 — HABEAS cORPUS Nº 1.134.939-3/0-00


Art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput”, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9424 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.687-3/6-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º e 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— Comete crime de apropriação indébita agravada (art. 168, § 1º, nº III, do Cód.
Penal) o empregado que, a seu talante e em proveito próprio, entrega a terceiro,
para vendê-lo, veículo sobre o qual tinha a posse direta, pertencente ao patrão.
— Em bom direito, alegar e não provar o alegado é uma só e a mesma coisa
(“allegare nihil et allegatum non probare paria sunt”).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9425 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 914.201-3/8-00


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do
interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República
assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria
do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm
aqueles que, bem cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá
que a própria liberdade se deite a perder. O homem inocente e
que se acha em seu acordo e razão, esse não espera pela
undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende
com todo o vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos
cunhado a sentenciúncula: “qui tacet, consentire videtur” (o que,
vertido em vulgar, soa: quem cala, consente).
— Palavra de vítima, não há desprezá-la em princípio. Deveras, quem mais
abalizado para discorrer de um fato senão aquele que lhe foi o protagonista?
Exceto na hipótese (mui rara) de mentira ou erro, suas declarações bastam a
acreditar um termo de condenação.
— Outro tanto em relação ao testemunho policial: não merece a nota universal de
tendencioso e suspeito; unicamente em face de contradição aberta e inverossímil
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com o conjunto probatório é que se lhe deve dar de mão.

Voto nº 9426 — HABEAS cORPUS Nº 1.131.759-3/7-00

Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;


art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9427 — HABEAS cORPUS Nº 1.134.688-3/4-00

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9428 — HABEAS cORPUS Nº 1.128.107-3/5-00

Arts. 14, nº II, 33 e 157, “caput”, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
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Voto nº 9429 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.890-3/0-00
Art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9430 — HABEAS cORPUS Nº 1.128.453-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.

Voto nº 9431 — HABEAS cORPUS Nº 1.134.965-3/9-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 321, 323, 499, 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos
autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
Voto nº 9432 — HABEAS cORPUS Nº 1.132.377-3/0-00
Arts. 157, § 2º, ns. I e II e 310, parág. único, do Cód. Penal;
7
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9433 — HABEAS cORPUS Nº 1.130.837-3/6-00


Arts. 312, 408, § 2º, 563, 581, nº IV e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Condição fundamental da concessão da ordem de “habeas corpus”, a liqüidez e
certeza do direito alegado pelo paciente devem estar comprovadas nos autos
(art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Não é o “habeas corpus” — mas o recurso em sentido estrito (art. 581, nº IV, do
Cód. Proc. Penal) — o remédio jurídico idôneo para impugnar decisão que
pronuncia o réu para julgamento pelo Tribunal do Júri.
— PRISÃO PREVENTIVA – Homicídio qualificado – Presentes os requisitos legais
(art. 312 do Cód. Proc. Penal) – Medida necessária, ainda que drástica.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.
— A observância da forma é, em muitos casos, a pedra angular do edifício que
assegura a validade do ato jurídico. Anular-se, entretanto, um ato ou todo o
processo, pela postergação de formalidade que não influiu na apuração dos fatos
ou na decisão da causa, será render exagerado preito de vassalagem à lei e imolar
na ara do “frívolo curialismo”. Donde o haver disposto o art. 563 do Cód. Proc.
Penal: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa”.

Voto nº 9434 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 883.801-3/7-00


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
8
— Viola o art. 180, “caput”, do Cód. Penal aquele que adquire veículo automotor
sem documentação, pois ainda o sujeito de siso vulgar sabe que é essa a principal
característica da coisa de origem criminosa.
–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
–– Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime aproveita,
esse o praticou: “Cui prodest scelus, is fecit”.

Voto nº 9460 — HABEAS cORPUS Nº 1.112.372-3/1-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9461 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 910.063-3/8-00


Arts. 33, 43, nº IV, 46, 49, § 2º, 59, 64, nº I e 155, § 2º e § 4º, nº IV, do Cód.
Penal;

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de


eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo que, autoriza a edição de
decreto condenatório.
—“É sumamente tranqüilizador para a consciência do Juiz ouvir dos lábios do réu
uma narrativa convincente do fato criminoso com a declaração de havê-lo
praticado” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e de
pequeno valor a coisa furtada (como tal considerado o que não excede ao salário
mínimo).
— Não é o privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal incompatível com o furto
qualificado; uma vez concorram os requisitos legais, pode o Juiz deferi-lo ao réu
cujos antecedentes e personalidade o tornem merecedor do benefício. Esta é a
lição de graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus e Paulo José da Costa Jr.) e
a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ, TACRIM-SP etc.).

Voto nº 9462 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.089.963-


3/8-00
9
Art. 244, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 366, 579 e 593, nº II, do Cód. Proc. Penal.

— É a apelação o recurso adequado a impugnar a decisão que, nos termos do art.


366 do Código de Processo Penal, indefere pedido de produção antecipada de
prova oral. Dispõe, com efeito, o art. 593, nº II, do Código de Processo Penal
caber apelação “das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas
por juiz singular”.
— Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é mister
atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes, para os
efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias
pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo
(“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão
perder-se para sempre.
— Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão
estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto
como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que
tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que
urgentes.

Voto nº 9463 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.118.914-


3/0-00

Arts. 38, 41, 43, nº III, 44, 568, 569, 581, nº IV e 586, do Cód. Proc. Penal.

— O prazo para recorrer da decisão de rejeição de queixa-crime é preclusivo; pelo


que, se não interposto recurso em sentido estrito no qüinqüídio legal (art. 581,
nº IV, do Cód. Proc. Penal), já não haverá reagitar na Superior Instância a
controvérsia entretida nos autos, por amor da autoridade da coisa julgada.
— Ao investir o particular do direito de processar o autor de crime contra a honra,
transferiu-lhe também o Estado o encargo de elaborar a peça técnica, segundo o
rigor do estilo judiciário. A queixa-crime, por isso, conterá a exposição do fato
criminoso com todas as suas circunstâncias, em ordem a possibilitar a
verificação da existência de justa causa para a “persecutio criminis” e a plena
defesa do acusado (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— A inobservância do referido cânon (art. 41 do Cód. Proc. Penal) importa vício
formal grave, cuja sanção é a rejeição mesma da queixa-crime.
—“As omissões da queixa só podem ser supridas (CPP, art. 569) dentro do prazo de
seis meses previsto no art. 38 (STF, RTJ 57/190; TJSP, RT 514/334)” (Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 56).

Voto nº 9464 — HABEAS cORPUS Nº 1.130.778-3/6-00


Art. 184, § 2º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
10
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a
decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9468 — agravo em execução Nº 1.131.605-3/5-


00
Arts. 29, 61 e 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (157, § 3º, do
Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9469 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.083.928-


3/5-00
Arts. 103, 107, nº IV, 2a. figura, 140, § 3º e 145, do Cód. Penal;
art. 38 do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 20, da Lei nº 7.716/89;
art. 2º da Lei nº 9.459/97.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Se o ofendido não exerce o direito de queixa no prazo peremptório e
improrrogável de 6 meses, a contar da data da ciência da autoria do crime (art.
38 do Cód. Proc. Penal), opera-se a decadência, que impede a instauração da
persecução penal, por extinta já a punibilidade do agente (art. 107, nº IV, 2a. fig.,
do Cód. Penal).
–– Não se confunde a injúria racial ou preconceituosa (art. 140, § 3º, do Cód.
Penal), com os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça e cor,
definidos e punidos pela Lei nº 7.716/89: enquanto aquela é a ofensa à honra
subjetiva relacionada com a raça ou a cor, a nota distintiva dos crimes de
racismo consta da prática de atos de segregação, i.e., que visam a impedir ou
obstar a alguém, por amor dos acidentes de sua cor ou etnia, o acesso aos bens da
vida, ou o livre exercício de seus direitos.
11
Voto nº 9470 — agravo em execução Nº 1.108.411-
3/6-00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 38, 50, nº V, 112 e 118, nº I, da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76) crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Tendo-se evadido o sentenciado do estabelecimento penal, já na condição de
beneficiário do regime prisional semi-aberto, não entra em dúvida que incorreu
na sanção da lei: regressará, por força, ao regime da última severidade (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9471 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 914.181-3/5-00

Art. 155, § 2º, do Cód. Penal.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de


eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo que, autoriza a edição de
decreto condenatório.
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam
somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também
sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).
12

Voto nº 9472 — agravo em execução Nº 1.132.210-3/0-


00
Art. 121, § 2º, ns. II e III, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, ns. II e III, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9473 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.131.124-


3/0-00
Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 9474 — agravo em execução Nº 1.129.045-3/9-


00
Art. 214 do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
13
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9475 — agravo em execução Nº 1.105.216-3/4-


00
Arts. 50, nº I e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9476 — agravo em execução Nº 1.126.083-3/0-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º da Const. Fed.
— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem
quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as
máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a
vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave,
indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semi-
aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta
grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta
carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— “A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para
o semi-aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que
se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo,
que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o
segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom
comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor
do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma;
rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).
— “A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 9477 — agravo em execução Nº 1.098.402-3/0-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Exec. Penal), é a progressão
de regime direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
14
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a
concessão de progressão de regime ao sentenciado, se já
cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa). Tampouco
lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de
tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao
trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— Decisões contraditórias (a que tem dado ensejo instável jurisprudência)
constituem fator de insegurança dos negócios jurídicos e natural descrédito da
Justiça.

Voto nº 9478 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 933.149-3/9-00


Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.
–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a
hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões
da Justiça Criminal.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 9479 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.985-3/3-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9480 — HABEAS cORPUS Nº 1.130.303-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
15
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era inconstitucional
(já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício lógico: ao fixar-lhe o
lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei
não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava defeso, i.e., a
possibilidade de progressão no regime prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9481 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.357-3/6-00


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 16, 33, 35 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 44 da Lei nº 11.343/2007.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9482 — HABEAS cORPUS Nº 1.134.268-3/8-00


Arts. 157, § 2º, ns. I e II e 329, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a
tradição jurídica motivos de força maior, a cujo número
pertence a necessidade de expedição de carta precatória para
o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da
verdade real.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
16
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo
ou ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos
autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 9483 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.139-3/1-00

Arts. 156, 310, 563, do Cód. Proc. Penal;


arts. 12, 13, 14, 18, nº IV e 35, parág. único, da Lei nº 6.368/76;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 14 e 26, da Lei nº 10.409/02.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que


uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à
lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à
uma, porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à
outra, porque, em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais
incompatibilidade ou repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua
autonomia.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Nisto de alegação de excesso de prazo, importa muito o princípio de
razoabilidade. Faz ao propósito a lição do competente Damásio E. de Jesus: “é
admissível o excesso em determinadas circunstâncias; a contagem do prazo não
deve ser rigorosa” (Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 560).
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em
princípio, é insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da
17
Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9484 — HABEAS cORPUS Nº 1.138.397-3/5-00

Art. 180 do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a


verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
––“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os
desiguais, na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p.
25).
18
Voto nº 9485 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 914.796-3/1-
00

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.

— A palavra da vítima é ponto de alto relevo no campo da prova: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Apenas se considera furto famélico (em estado de necessidade) a subtração de
bens ou produtos urgentes à conservação da vida do sujeito, em conjuntura
extremamente grave.

Voto nº 9486 — HABEAS cORPUS Nº 1.123.849-3/4-00


Arts. 69, 157, § 2º, ns. I e II, 159, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 312, 366 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é


insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).

Voto nº 9487 — HABEAS cORPUS Nº 1.126.778-3/1-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
19
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria
em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal),
deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9488 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.541-3/8-00

Arts. 66, nº III, alínea “b” e 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
p. 2.561).

Voto nº 9489 — HABEAS cORPUS Nº 1.138.371-3/7-00

Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;


arts. 12, “caput” e 18, ns. III e IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 44 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
20
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não tem direito a liberdade provisória quem é acusado de tráfico de
entorpecentes, crime do número dos “hediondos”.

Voto nº 9490 — HABEAS cORPUS Nº 1.044.596-3/3-00


Arts. 69, 70 e 72, do Cód. Penal;
arts. 202, 386, nº VI e 580, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 13 e 14, da Lei nº 6.368/76;
arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 16, “caput” e nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para
logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Isto de alguém estar na posse de mais de uma arma de fogo,
sem licença da autoridade, não constitui concurso de crimes,
senão crime único, pois que um só o bem jurídico ofendido:
segurança pública (art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97).
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes definidos e punidos em seus arts. 12 e 13.
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º , § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.

Voto nº 9491 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 386.510-3/5-00


Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo
constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202
do Cód. Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade
incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o
21
policial vem a Juízo para mentir.
— Para ruim defesa, melhor é nenhuma (Adágio).
— “A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não
podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos legais
pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).
— Se o aconselharem as circunstâncias do caso, poderá o Juiz fixar ao réu
condenado por infração do art. 12 da Lei de Tóxicos regime inicial diverso do
fechado, em obséquio ao preceito inscrito no art. 5º da Lei de Introdução ao
Código Civil (denominada “lex legum” ou superdireito), que reza: “na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no
regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado
primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9496 — agravo em execução Nº 1.123.168-3/6-


00
Art. 97, § 1º, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal.
— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o prazo
da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua periculosidade
(art. 97, § 1º, do Cód. Penal).
— Embora o Juiz não esteja adstrito ao laudo, como o dispõe expressamente o art. 182
do Cód. Proc. Penal, não deve rejeitá-lo, exceto se em frontal antinomia com a lição
da experiência vulgar ou em conflito com o raciocínio lógico.
— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni
Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978, vol.
II, p. 930).

Voto nº 9497 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.701-3/1-00


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
–– O réu que é inocente declara-o desde logo, movido da própria razão natural, que
ordena a todo o indivíduo se defenda de injusta acusação; quem se refugia no
silêncio, embora direito seu previsto na Constituição da República (art. 5º, nº
LXIII), esse dá a conhecer que não tinha que responder à acusação, por verdadeira.
Donde o prestígio do venerável brocardo “qui tacet, consentire videtur” (quem cala,
consente).
— Ao que está na posse de coisa alheia toca provar-lhe cumpridamente a boa origem,
senão dará a conhecer que é autor de crime, pois constitui fato anormal achar-se bem
de valor em poder de outrem que não seu dono.
–– É hipótese de furto consumado (e não tentado), se o réu teve, ainda que por breve
trecho, a posse desvigiada das coisas subtraídas à vítima, que, ao demais, delas só
recuperou parte.

Voto nº 9498 — agravo em execução Nº 1.102.354-3/1-


00
Arts. 2º, § 2º e 12, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
22
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da
Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos hediondos, sem
atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9499 — agravo em execução Nº 1.125.277-3/8-


00
Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é
bem se conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de
cunho íntimo ou subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o
Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do benefício do
indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se
de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”,
na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo
Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 9500 — agravo em execução Nº 1.106.437-3/0-


00
Arts. 50, nº I e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
23
Voto nº 9501 — agravo em execução Nº 1.127.288-
3/2-00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional ao condenado que
satisfaz aos requisitos da lei, não se deve interpretar por liberalidade
irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e
tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9502 — agravo em execução Nº 1.129.108-3/7-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9503 — agravo em execução Nº 1.133.238-3/4-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9504 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 385.778-3/0-00


Art. 317 do Cód. Penal;
arts. 386, nº VI e 617, do Cód. Proc. Penal.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
24
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza
nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— É cabível o recurso de apelação, contra sentença absolutória, com o fim
exclusivo de modificar-lhe o fundamento legal (cf. José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 312; Millennium
Editora).

Voto nº 9505 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 457.690-3/7-00


Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b”, 69 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.
— A palavra da vítima, que reconhece e incrimina com segurança o autor do roubo,
justifica o desfecho condenatório da lide penal, se não lhe provar a Defesa que
mentiu ou caiu em erro crasso. Por ter sentido os primeiros efeitos da ação
delituosa, é a que está em melhores condições de indicar-lhe o autor, cuja
punição reclama, por ter o cunho de justiça.
— Segundo a teoria unitária, adotada pelo Código Penal, “todos os que
contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime. Há unidade de
crime e pluralidade de agentes” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18ª. ed., p. 141).
— Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadeiramente
condiz com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de quem o pratica, a
Lei não proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21
anos o benefício do regime semi-aberto (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 9506 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.614-3/4-00


Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 395 e 500, do Cód. Proc. Penal.

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para


comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 9507 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 913.521-3/0-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
25
Voto nº 9508 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 459.950-3/9-
00
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava considerável quantidade
de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico se destinava
ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9509 — HABEAS cORPUS Nº 1.136.433-3/6-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9510 — HABEAS cORPUS Nº 1.133.786-3/4-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
26
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime
prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9511 — HABEAS cORPUS Nº 1.131.398-3/9-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9512 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.197-3/9-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9513 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.564-3/5-00


Arts. 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º, 115 e 157, § 2º, ns. I e II, do
Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— Configura-se a tentativa de crime sempre que “o bem tutelado pelo
ordenamento jurídico tenha corrido o risco de lesão em conseqüência da
27
conduta do sujeito ativo” (cf. Rev. Tribs., vol. 510, p. 534).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9514 — HABEAS cORPUS Nº 1.136.454-3/1-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9515 — HABEAS cORPUS Nº 1.135.890-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9516 — HABEAS cORPUS Nº 1.133.858-3/3-00


Arts. 71 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
28
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9517 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.970-3/3-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9518 — HABEAS cORPUS Nº 1.129.977-3/1-00


Arts. 71 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.

Voto nº 9520 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.718-3/4-00


Arts. 121, § 2º, ns. I, III e IV, 159, do Cód. Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
29
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 9521 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.107-3/8-00


Arts. 29, “caput”, 61, nº II, alínea “h” e 121, § 2º, ns. II, III e IV, do Cód.
Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9522 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 912.526-3/6-00

Arts. 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
—“Escalada é o acesso a um lugar por meio anormal de uso, como v.g., entrar pelo
telhado, saltar muro, etc.” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 573).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
— A nota de reincidência é óbice à concessão de regime semi-aberto ao réu,
somente quando superior a 4 anos sua pena; se inferior a 4 anos, não há proibição
legal de que o Juiz lho defira. No silêncio da lei, devem suprir-lhe a lacuna os
princípios gerais do Direito e até a Eqüidade (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód.
Penal).

Voto nº 9523 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.383-3/4-00


30
Arts. 180, §§ 1º e 2º, 311 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

— É regra de direito positivo que o réu não pode


apelar sem recolher-se à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que
estatui o art. 393, nº I, do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os
efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado
na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não
há dispensar-lhe o benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito
e à boa razão, sendo legítima a sentença que o denega.

Voto nº 9524 — HABEAS cORPUS Nº 1.129.767-3/3-00

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;


arts. 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 9525 — HABEAS cORPUS Nº 1.140.210-3/3-00


Arts. 14, nº II, 69, 71, 213, 214, 224, letra “a” e 226, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 499, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
31
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.

Voto nº 9526 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.549-3/7-00


Arts. 71, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 119 e 171, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Pratica estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito
que, para satisfazer despesas, entrega a comerciante cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé. A circunstância de ser a vítima pessoa ingênua
não desnatura o tipo penal nem serve de escusa ao réu, antes, por argüir maior
periculosidade, deve a Justiça atuar com especial rigor em relação àquele que,
sem princípios éticos, não escrupuliza em enganar, para obter vantagem indevida,
ainda os mais crédulos e simplórios.
— “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente” (art. 119 do Cód. Penal).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9527 — HABEAS cORPUS Nº 1.135.611-3/1-00

Arts. 61, nº II, alíneas “c” e “d”, 62, nº I, 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód.
Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
32
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base
jurídica e fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime
de extrema gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia
cautelar como que se presumem.

Voto nº 9528 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.717-3/4-00

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;


art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Se o réu nega veemente a imputação de larápio, que assenta em declarações


vagas e imprecisas, tem a Justiça de respeitar-lhe o direito de inculcar-se
inocente.
— No processo penal, unicamente a certeza é base legítima de condenação.
Dúvida, que não significa outra coisa que falta de prova da acusação, deve
interpretar-se em favor do réu: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 9529 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.291-3/6-00

Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
33

Voto nº 9530 — HABEAS cORPUS Nº 1.141.163-3/5-00

Art. 157, § 2º, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9531 — HABEAS cORPUS Nº 1.139.126-3/7-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto,
como forma de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o
direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a
efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de
fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do
infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que
lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9532 — HABEAS cORPUS Nº 1.131.200-3/7-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
34
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante
a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel.
Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9533 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 406.254-3/0-00


Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.
—“Amplo é o poder do juiz da apelação no reexame da imputação que
demarca o objeto da ação penal e do processo. (...) A posição do
Tribunal é, em tudo, a mesma do juiz singular ao ter este de proferir
a sentença definitiva da causa” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 232).
— A decretação da nulidade de sentença, drástica medida que subverte a ordem normal
dos atos da Justiça, apenas cabe quando impossível restaurar por outro meio o direito
violado.
— Não se caracteriza o crime de corrupção de menores (art. 1º da Lei nº 2.252/54),
sem a prova da preexistente inocência do menor e da atuação decisiva do agente para
corrompê-lo.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a
posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que exceda
a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4
anos.
— Embora seja o regime fechado o que, em linha de princípio, verdadeiramente condiz
com a gravidade do roubo e com o caráter maligno de quem o pratica, a Lei não
proíbe que o Magistrado defira ao condenado primário e menor de 21 anos o
benefício do regime semi-aberto (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 9534 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.834-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9535 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.694-3/8-00


Arts. 14, nº II, 24, 69, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 119, 171, do Cód.
Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— Pratica o delito de estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal)
o sujeito que, para satisfazer despesas, entrega a comerciante cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé.
— Àquele que invoca a descriminante legal do estado de necessidade cabe
demonstrá-la acima de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de
confissão do crime (art. 24 do Cód. Penal).
— “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a
pena de cada um, isoladamente” (art. 119 do Cód. Penal).
35
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma
de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9536 — agravo em execução Nº 1.131.425-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76) crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9537 — HABEAS cORPUS Nº 1.141.397-3/2-00


Arts. 213, 214, 224, alínea “a” e 226, ns. I, II e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 384 e 648, nº II, do Cód. Proc. Penal;
art. 9º da Lei nº 8.072/90;
art. 5º da Const. Fed.
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que
lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo legal
máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema
a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da proteção da
lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá,
no caso de condenação, recolhido no lugar que se reputa o pior do mundo antes do
cemitério: o cárcere, a que o portentoso Vieira chamou, com igual elegância que
verdade, “meia sepultura” (cf. Sermões, 1748, t. XV, p. 244).

Voto nº 9539 — HABEAS cORPUS Nº 1.133.246-3/0-00


Art. 69, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 35, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
36
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu
exame, o juiz não pode criar obstáculos tais que venham a tornar
letra morta a garantia constitucional” (Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se
não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual
Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44
da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9544 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.676-3/6-00


Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.
–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da
pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a
certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.
37
Voto nº 9546 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.038.982-
3/6-00
Arts. 24, nº I e 157, “caput”, do Cód. Penal.
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de
eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de
decreto condenatório.
— A necessidade faz do homem o que quer, reza o aforismo jurídico: “necessitas
non habet legem”. Mas só constitui causa excludente de criminalidade se o
agente não podia conjurar o mal, exceto com o sacrifício do bem jurídico alheio
(art. 24 do Cód. Penal). A mera alegação de estreiteza de recursos,
desacompanhada de prova cabal e convincente, não basta para o reconhecimento
da descriminante legal, senão se converteria em razão universal de impunidade.
—“Suprima-se a pena (quod Deus avertat) e o crime seria, talvez, a lei da maioria”
(Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 195).

Voto nº 9547 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 917.781-3/5-00


Art. 121, § 3º, do Cód. Penal;
arts. 157, 182 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 935 do Cód. Civil.
—“O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova” (art. 157 do Cód.
Proc. Penal).
—“O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência” (Francisco
Campos, Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— Se o conjunto probatório enseja dúvida acerca da veracidade da imputação, ou
culpabilidade do agente, o desfecho mais consentâneo com as regras do Direito é
pronunciar o “non liquet” e mandar o réu em paz. (art. 121, § 3º, do Cód.
Penal).
Voto nº 9548 — HABEAS cORPUS Nº 1.129.852-3/1-00
Arts. 14, nº II, 121, § 2º, ns. I e IV e 288, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
—“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade de
expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação
da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de carta
precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que obsta ao
curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em caso de
força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido delito
afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de decretação de
prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime hediondo não
merece recobrar a liberdade, primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido processo legal.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de
homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº
38
8.072/90).

Voto nº 9549 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.311-3/7-00


Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário
do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (apud Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o réu
em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,
da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o
procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses
sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável
seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

Voto nº 9550 — HABEAS cORPUS Nº 1.138.418-3/2-00

Art. 333 do Cód. Penal;


art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 9551 — HABEAS cORPUS Nº 1.135.745-3/2-00


39
Art. 29, “caput”, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9552 — HABEAS cORPUS Nº 1.136.768-3/4-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
40
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9553 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.509-3/0-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9554 — HABEAS cORPUS Nº 1.140.337-3/2-00

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 499, 648, nº II e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do
cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos
mortos”.
41

Voto nº 9555 — HABEAS cORPUS Nº 1.147.147-3/6-00


Arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9556 — HABEAS cORPUS Nº 1.129.323-3/8-00


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
42
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-
se o réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art.
5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional,
entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos
direitos e interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em
liberdade se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a
decretação da prisão preventiva.

Voto nº 9557 — HABEAS cORPUS Nº 1.134.383-3/2-00


Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo
– Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade –
Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos
processos, não será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um
espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a
jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força
maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial
do processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9558 — HABEAS cORPUS Nº 1.139.407-3/0-00


Art. 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9559 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.680-3/0-00


43
Arts. 33, § 2º, alínea “b” e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9560 — HABEAS cORPUS Nº 1.130.652-3/1-00


Arts. 71 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira
abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.
–– Art. 594 do Cód. Proc. Penal: “Segundo entendimento pacífico do STF, essa
disposição é inaplicável a réu preso em razão de flagrante ou preventiva, uma
vez que ela visa apenas a abrandar o princípio da necessidade de ele recolher-se
à prisão para apelar (RHC nº 56.943, DJU 27.4.79, p. 3.459)” (Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto nº 9561 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.111-3/7-00

Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;


arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o


réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
— Prisão temporária (Lei nº 7.960/89); “(...) o clima de pânico que se estabelece
em nossas cidades, a certeza da impunidade que campeia célere na consciência
do nosso povo, formando novos criminosos, exigem medidas firmes e decididas,
44
entre elas a prisão temporária” (apud Julio Fabbrini Mirabete, Processo
Penal, 2a. ed., p. 377).

Voto nº 9562 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 915.311-3/7-00

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal.

— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— Sob pena de sancionar verdadeiro paradoxo ou abusão lógica, deve o Juiz afastar
a qualificadora do rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, nº I, do Cód.
Penal), no caso de arrombamento ou quebra de vidro para subtração de objetos
do interior do veículo. É que o furto do próprio carro não qualifica a infração
penal, porque praticada a violência contra a coisa.
— Furto mediante rompimento de obstáculo: “Não o qualifica a violência
empregada contra obstáculo que existe para o uso normal da coisa, ou quando é
um acessório necessário para uso do objeto material” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 568).
—“O Direito não pode abrigar soluções ilógicas e paradoxais, por puro amor ao
tecnicismo. Por isso, o rompimento de obstáculo para furto de objetos no
interior de veículo não qualifica o furto, porque o furto do próprio automóvel,
seguramente de maior valor do que os objetos furtados, não seria qualificado”
(JTACrSP, vol. 79, p. 41; rel. Celso Limongi).
— Ao renitente e empedernido autor de estelionatos, que se atira sem freios à
estrada tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional fechado lhe serve para
a contenção do impulso criminoso e reparação do mal que causa à sociedade.

Voto nº 9563 — HABEAS cORPUS Nº 1.139.607-3/2-00


Art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira abusão
lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois
entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser
o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois
de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.

Voto nº 9564 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 853.468-3/1-00


Arts. 155, “caput” e 157, do Cód. Penal.
— É doutrina geralmente recebida que, no roubo, a grave ameaça pode consistir em
“palavras, gestos ou atos”; configura-a o “anúncio” de roubo (cf. Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 585).
— Não pode o Magistrado “julgar a lei, deixando de aplicá-la por amor de sua própria
opinião pessoal” (Orosimbo Nonato. in Rev. Forense, vol. 165, p. 436).
—“O bom juiz resiste às leis manifestamente iníquas, corrige as imperfeitas, dá
polimento e vida às excelentes e põe em prática a norma que se aproxima do ideal.
E, sem arranhar as garantias do jurisdicionado, encontra meios de fazer justiça”
45
(Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. XII).
—“Caracteriza-se o delito de furto, e não o de roubo, se a ameaça que teria sido feita à
vítima não ficar devidamente comprovada” (RJDTACrimSP, vol. 6º, p. 148; rel.
Heitor Prado).

Voto nº 9565 — HABEAS cORPUS Nº 1.141.500-3/4-00


Arts. 69 e 180, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o empresário
do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada” (“apud” Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é
defender-se o réu em liberdade, em obséquio ao princípio da
presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor
exegese do texto constitucional, entretanto, é a que o procura
conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos
direitos e interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá
defender-se em liberdade se afiançável seu crime e ausentes os
motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

Voto nº 9566 — HABEAS cORPUS Nº 1.144.010-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alínea “f” e 112, da Lei de Execução Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 9567 — HABEAS cORPUS Nº 1.145.726-3/4-00


Arts. 29, 69, 288, 319 e 333, do Cód. Penal;
46
art. 83 do Cód. Proc. Penal;
arts. 90, 94 e 95, da Lei nº 8.666/93.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
—“Havendo a competente autorização judicial para as interceptações telefônicas,
e tendo o magistrado de primeiro grau afirmado que as escutas se limitaram ao
prazo legal, não é possível, na via estreita do habeas corpus, afirmar serem
ilícitas as provas advindas desse procedimento, por demandar exame
aprofundado das provas” (STJ; RHC nº 17.535/RS; 6a. Turma; rel. Min. Paulo
Gallotti; DJU 17.4.2006, p. 207).
— É cânon processual altamente reputado que a precedência da distribuição de
inquérito policial previne a jurisdição (art. 83 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9568 — HABEAS cORPUS Nº 1.144.652-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9569 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 869.509-3/1-00


Arts. 64, nº I e 157, “caput”, do Cód. Penal;

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque


estreme de eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação
moral. Rainha das provas (“regina probationum”) chamavam-lhe os
velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece a
jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto
condenatório.
— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo oferece
base necessária ao decreto condenatório, desde que em harmonia
com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele mantido
contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.
— Não há aplicar ao roubo a teoria do crime de bagatela; ao contrário do que sucede
com o furto, o valor da coisa subtraída não serve de critério ou pedra de toque para
aferir eventual insignificância da lesão jurídica, em se tratando de roubo. Aqui, a
objetividade jurídica não é apenas a tutela da posse ou a propriedade, senão a
integridade física, a vida, a saúde e a liberdade, e estas não podem nunca ser
subestimadas.
— O regime prisional fechado é o que unicamente convém ao sujeito que, pelas
circunstâncias do crime que perpetrou e por sua biografia penal (verdadeiro cardume
de gravibundas infrações), revela personalidade em extremo anti-social, infensa aos
47
valores éticos e inclinada à delinqüência de grosso calibre.

Voto nº 9570 — HABEAS cORPUS Nº 1.133.581-3/9-00


Arts. 386, nº V e 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,
a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9571 — HABEAS cORPUS Nº 1.147.846-3/6-00


Arts. 29, 69, 180, 296, nº III e 304, do Cód. Penal;
arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.
— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de
justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus” com o
contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos elementos dos
autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação penal” (cf. Rev. Tribs.,
vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de
direito e autorize a instauração do processo-crime basta que
descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do Cód. Proc.
Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta se
mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 9572 — agravo em execução Nº 1.123.970-3/6-


00
Arts. 121, § 2º, ns. II e III e 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, ns. II e III, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
48
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9573 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 877.766-3/7-00

Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— É a palavra da vítima suficiente para embasar decreto condenatório, máxime se


em harmonia com os mais elementos de convicção dos autos. A razão é que,
pessoa cujo direito foi violado, não se propõe senão obter Justiça, como forma de
reparação do dano causado à ordem moral da sociedade.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Voto nº 9574 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 858.149-3/2-00

Art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal.

— Funcionário que se apropria de importância em dinheiro, que devia entregar à


empresa para a qual trabalha, não comete somente falta moral grave, com
quebra da confiança, mas infringe preceito da lei penal e, pois, incorre na sanção
do art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal.
— Comete crime de apropriação indébita agravada (art. 168, § 1º, nº III, do Cód.
Penal) o vendedor que recebe dinheiro de cliente e não o repassa à empresa,
antes o utiliza em proveito próprio.

Voto nº 9575 — HABEAS cORPUS Nº 1.143.159-3/1-00


Art. 96, nº I, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que deve o
49
Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação da
liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais brando de
cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9576 — HABEAS cORPUS Nº 1.144.262-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9577 — HABEAS cORPUS Nº 1.132.739-3/3-00


Art. 70 do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal;
arts. 298, 307, 309 e 311, da Lei nº 9.503/97;
art. 34 da Lei de Contravenções Penais.
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas
características especiais e rito sumaríssimo, discutir a injustiça de
sentença condenatória quanto à fixação do regime prisional.
Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação
penal somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação
ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o
comum sentir dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta
indagação; pelo que, em seus raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade
manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro olhar, senão impende recorrer à via
ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam analisados de espaço e
profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9578 — HABEAS cORPUS Nº 1.149.401-3/0-00


Arts. 155, § 4º, nº IV e 288, do Cód. Penal;
arts. 499, 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 9579 — HABEAS cORPUS Nº 1.135.441-3/5-00


Arts. 312 e 659, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 36, da Lei nº 11.343/06.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
50
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9580 — HABEAS cORPUS Nº 1.137.358-3/0-00


Art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 9581 — RevisÃo CRIMINAL Nº 846.421-3/1-00


Arts. 14, nº II, 155, § 4º, nº IV e 171, “caput”, do Cód. Penal;
art. 621 do Cód. Proc. Penal.
— Última oportunidade que a lei defere ao condenado para a emenda de eventual
injustiça ou erro judiciário, não será de bom exemplo denegar-lhe, “in limine”,
a súplica revisional, exceto nos casos de total inépcia. Profundo conhecedor da
natureza humana, advertiu o grande Vieira: “nenhum homem é tão sábio, que
não esteja sujeito a errar” (Sermões, 1959, t. IV, p. 13).
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
— Os sistemas de segurança dos estabelecimentos comerciais não
são infalíveis: pode-lhes não raro a malícia frustrar a eficácia e
ensejar a perpetração de delitos. Não se trata, pois, de crime
impossível, mas de tentativa de furto, a ação do larápio que,
após subtrair e ocultar produtos sob as vestes, é preso à saída de
supermercado.
— É réu de estelionato, na forma tentada, o sujeito que, utilizando-
se de cartão de crédito de outrem, cujo nome assina, adquire
produtos em supermercado, mas, descoberta logo sua fraude, é
detido e entregue à Polícia (art. 171 do Cód. Penal).
Voto nº 9582 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.014-3/7-00

Art. 69, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput”, 35, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
51
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9583 — HABEAS cORPUS Nº 1.111.119-3/0-00

Art. 22, nº III, alínea “a”, da Lei nº 11.340/06.

–– Juristas de alto coturno têm posto o estigma de inconstitucional à Lei nº


11.340/2006 (“Lei Maria da Penha”): “algumas medidas, restrições e sanções
previstas na lei, parecem-nos na contramão do processo histórico-cultural que
envolve e conduz o Direito como instrumento de controle social e solução de
conflitos individuais e interpessoais” (João José Leal, in Revista Jurídica, nº
346).
— As medidas protetivas de urgência previstas no art. 22 da Lei nº 11.340/06
(“Lei Maria da Penha”) pode-as o Juiz aplicar, com prudente arbítrio, quando o
pedirem as circunstâncias do caso, pois deparam fundamento no próprio Direito
Natural e no poder geral de cautela, que lhe é reconhecido, para prevenir, até
de ofício, lesão a direito, notadamente quando concorre o “periculum in mora”,
ou possibilidade de dano.
— Trata-se de providência acauteladora autorizada até pelo Direito Natural, i.e., “o
que decorre de princípios impostos à legislação dos povos cultos, fundados na
razão e na eqüidade, para que regulem e assegurem os direitos individuais, tais
como os de vida, de liberdade, de honra e de todos os direitos patrimoniais, que
asseguram a própria existência do homem” (De Plácido e Silva, Vocabulário
Judiciário, 3a. ed., vol. II, p. 541).

Voto nº 9584 — agravo em execução Nº 1.129.159-3/9-


00
Art. 214 do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
52
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para
efeito de progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés,
favoreceu-o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes
Hediondos considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime
prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9585 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.121.393-


3/8-00
Arts. 14, nº II, 23, nº II, 73, 121, § 2º, ns. I e III, 129, § 1º, nº I, do Cód.
Penal;
arts. 408 e 411, do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
— Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 9586 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.143.492-


3/0-00
Arts. 14, nº II, 23, nº II, 121, § 2º, nº II e 129, do Cód. Penal;
arts. 408 e 411, do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
53
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).

Voto nº 9587 — agravo em execução Nº 1.140.972-3/0-


00
Arts. 213 e 214, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro e atentado
violento ao pudor (arts. 213 e 214, do Cód. Penal), crimes da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9588 — agravo em execução Nº 1.135.161-3/7-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9589 — HABEAS cORPUS Nº 1.147.413-3/2-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
54
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime, será verdadeira abusão lógica
deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois entre
os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o
réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
––“Não pode ser concedida liberdade provisória para apelar se o réu
já se encontrava preso preventivamente ou em razão de
flagrante ou de pronúncia” (Julio Fabbrini Mirabete, Código
de Processo Penal Interpretado, 4a. ed., p. 687).

Voto nº 9590 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 913.786-3/9-00


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.
— A apreensão da “res furtiva” em poder de terceiro, que lhe não saiba justificar a
posse, constitui indício veemente de autoria de crime, pois, segundo o aforismo
jurídico, a coisa, onde quer que esteja, é de seu dono (“res ubicumque est sui
domini est”).
— É hipótese de furto consumado (e não tentado), se o réu teve, ainda que por
breve trecho, a posse desvigiada das coisas subtraídas à vítima.

Voto nº 9591 — HABEAS cORPUS Nº 1.145.535-3/2-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era inconstitucional
(já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício lógico: ao fixar-lhe o
lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei
não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava defeso, i.e., a
possibilidade de progressão no regime prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).
Voto nº 9592 — HABEAS cORPUS Nº 1.145.202-3/3-00
Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
55
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9593 — HABEAS cORPUS Nº 1.143.800-3/8-00


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 180, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 393, nº I e 647, do Cód. Proc. Penal.
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do
regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal
somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o
comum sentir dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta
indagação; pelo que, em seus raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade
manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro olhar, senão impende recorrer à via
ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam analisados de espaço e
profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 9594 — HABEAS cORPUS Nº 1.136.004-3/9-00


Arts. 14, nº II, 29, 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
56
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária
do Estado.

Voto nº 9595 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 855.485-3/3-00


Arts. 14, nº II, 213, 214 e 224, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil.

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à


conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu,
pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VI,
do Cód. Proc. Penal).
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento
que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 378). Mas,
para que autorizem edito condenatório, devem ser concludentes e exclusivos de
toda a hipótese favorável ao acusado.
—“Os indícios não têm a necessária consistência e força persuasiva da verdadeira
prova, pelo que não bastam para justificar qualquer sentença condenatória”
(Auto Fortes, Questões Criminais, 1a. ed., p. 124)

Voto nº 9596 —Recurso em Sentido Estrito Nº 930.629-3/8-


00
Art. 312, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Sentença condenatória torna despropositada e estéril toda a controvérsia a


respeito de eventual ilegalidade do despacho que, durante a instrução criminal,
relaxa prisão em flagrante do réu.
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9597 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.095.386-3/3-


00
Arts. 33, § 2º, letra “c” e 59, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
57
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente, embalada em papelotes, que a
Polícia apreendeu, pois tais circunstâncias revelam que se destinava ao comércio
ilícito, e não ao uso próprio.
––“(...) fixada a pena-base no mínimo legal, é inadmissível a estipulação de
regime prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a sanção corporal
aplicada (...)” (STJ; HC nº 73.707-SP; 6a. T.; rel. Min. Paulo Gallotti; j.
16.8.2007).

Voto nº 9598 — agravo em execução Nº 1.113.293-3/8-


00
Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 159, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Isto de haver o sentenciado satisfeito ao requisito objetivo do lapso temporal para
a progressão de regime (art. 112 da Lei de Execução Penal), quando já lhe
tramitava o recurso de agravo em execução, não é óbice ao deferimento do
pedido, conforme a lição de autores de boa nota: “o aplicador de norma positiva
tempere, quanto possível, o rigor do preceito com os abrandamentos da
eqüidade” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a.
ed., p. 175).

Voto nº 9599 — agravo em execução Nº 1.143.165-3/9-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
58
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso
têm alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9600 — agravo em execução Nº 1.129.095-3/6-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

Voto nº 9601 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.809-3/1-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9602 — HABEAS cORPUS Nº 1.143.563-3/5-00


Art. 244 do Cód. Penal;
arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
59
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito
e autorize a instauração do processo-crime basta que descreva ação típica e lhe
indique o autor (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 9603 — HABEAS cORPUS Nº 1.146.370-3/6-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9604 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.724-3/7-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
60
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal),
deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era inconstitucional
(já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício lógico: ao fixar-lhe o
lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei
não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava defeso, i.e., a
possibilidade de progressão no regime prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9605 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 883.012-3/6-00


Arts. 61, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 115, do Cód. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.
–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a
hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões
da Justiça Criminal.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 9606 — agravo em execução Nº 1.138.143-


3/7-00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 9607 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.147.304-


3/3-00
Arts. 14, nº II, 29 e 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
61
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
— Segundo a teoria unitária, adotada pelo Código Penal, “todos
os que contribuem para a integração do delito cometem o
mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18ª. ed., p. 141).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 9608 — agravo em execução Nº 1.148.118-3/1-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76) crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Considerando que o agravado se encontra em liberdade e que a instabilidade das
decisões implica sempre notável descrédito para a Justiça, por fomentar
insegurança jurídica e intranqüilidade no meio social, será mais arrazoado manter
a decisão atacada, ainda que a pudesse argüir o Ministério Público de nimiamente
benigna para com o autor de crime de extrema gravidade, averbado até de
hediondo.

Voto nº 9609 — agravo em execução Nº 1.149.194-3/4-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
62
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 9611 — agravo em execução Nº 1.136.374-3/6-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76) crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9612 — agravo em execução Nº 1.155.437-3/3-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
63
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art.
213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º,
da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9613 — agravo em execução Nº 1.126.997-3/0-


00
Art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

Voto nº 9614 — agravo em execução Nº 1.132.796-


3/2-00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional satisfaz aos
requisitos da lei, não deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e tome para o caminho do
bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio
social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
64

Voto nº 9615 — agravo em execução Nº 1.141.055-3/2-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 9616 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.053-3/4-00


Arts. 33 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
65
Voto nº 9617 — HABEAS cORPUS Nº 1.146.123-3/0-00
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9618 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.670-3/6-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que deve o
Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação da
liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais brando de
cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9619 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 876.097-3/6-00


Arts. 61, nº II, alínea “h” e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal.

— O reconhecimento seguro do réu pela vítima de roubo é prova suficiente à


decretação do veredicto condenatório, pois repugna à boa razão tenha querido
acusar inocente.
— Para o reconhecimento da qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal
nada importa a falta de apreensão da arma utilizada na prática do roubo, se
testemunhas maiores de toda a exceção lhe comprovaram a existência.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
66
Voto nº 9620 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.876-3/0-00
Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9621 — HABEAS cORPUS Nº 1.152.937-3/3-00


Arts. 29, 70, 157, § 2º, ns. I, II e V, 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é
o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
67

Voto nº 9622 — HABEAS cORPUS Nº 1.088.125-3/7-00


Art. 171, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 41 e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.
–– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
–– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9623 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.588-3/4-00


Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;

–– Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais segura fonte de


informação do Magistrado, pois manteve contacto com o seu autor e não se
propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo que, exceto lhe prove o réu que mentiu
ou se equivocou, suas declarações bastam a acreditar um decreto condenatório.
–– Arma, ainda que imprópria, configura o roubo circunstanciado (art. 157, § 2º,
nº I, do Cód. Penal), se apta a ofender a incolumidade física.

Voto nº 9624 — agravo em execução Nº 1.140.579-


3/6-00
Arts. 14, nº II, 71, 157, § 2º, ns. I, II e V, § 3º e 288, § único, do Cód. Penal.

— Segundo a comum doutrina de graves autores, não há continuidade delitiva (art.


71 do Cód. Penal), mas simples reiteração criminosa, se os crimes subseqüentes
não estão ligados aos anteriores por vínculo ideológico.
—“A simples habitualidade delituosa descaracteriza a noção legal do chamado
crime continuado” (STF; HC nº 68.626; rel. Min. Célio Borja; DJU 1º.11.91, p.
15.569).
— Isto de unificação de penas reclama do Magistrado especial prudência e
discernimento, não venha a premiar, com redução drástica e temerária, a duração
68
de penas de criminosos empedernidos.

e
Voto nº 9625 — mbargos DE DeCLARAÇÃO Nº
989.684-3/6-01
Arts. 65, nº III, alínea “d”, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 109 e 619, do Cód. Proc. Penal;
art. 90 da Lei nº 8.666/93.
— Reza o art. 109 do Cód. Proc. Penal que, “se em qualquer fase do processo o
juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou
não alegação da parte (...)”.
—“A competência, no processo penal, é de regra absoluta” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 404);
— A partir de sua instalação em 17.10.2007, é a colenda 15a. Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça a competente, com exclusão das mais, para o julgamento das
ações penais relativas a crimes comuns e de responsabilidade de Prefeitos.
— Competente para julgar os embargos declaratórios é a mesma Câmara em que
tem assento o relator do acórdão embargado, porque somente ele está em
condições de elucidar a real inteligência a respeito do ponto considerado obscuro,
omisso ou contraditório.
— O fim a que tiram os embargos declaratórios é, segundo o direito comum,
provocar reexame de decisão, esclarecendo-a, dissipando-lhe as dúvidas ou
expungindo-a de erros (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
—“A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada”
(art. 110, § 1º, do Cód. Penal).
––“A prescrição prevista no § 1º constitui forma de prescrição da pretensão
punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do réu pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9626 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 900.463-3/5-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.
— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina
probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— É hipótese de roubo consumado (e não mera tentativa) se o agente, após subtrair
mediante violência ou grave ameaça bens à vítima, priva-a da liberdade por
tempo considerável, impossibilitando-lhe reavê-los imediatamente (art. 157, §
2º, nº V, do Cód. Penal).
— Embora nas mais das vezes o aumento de 1/3 pelas qualificadoras atenda aos
intuitos da lei (reprovação e prevenção do crime), não há que dizer contra a
sentença que, em razão da incidência de tríplice causa de aumento, acrescenta à
pena-base cominada ao roubo a fração de 2/5 por ter ocorrido privação da
liberdade da vítima (art. 157, § 2º, nº V, Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
69
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 9627 — agravo em execução Nº 1.151.206-3/0-00


Arts. 50, nº I e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9628 — agravo em execução Nº 1.147.880-3/0-


00

Art. 52, § 2º, da Lei de Execução Penal.

— A internação no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) — providência “ultima


ratio” para pôr cobro à delinqüência violenta organizada — deve assentar em
“fundadas suspeitas” (e não apenas em vagos rumores) de que o reeducando está
subvertendo a ordem interna do presídio (art. 52, § 2º, da Lei de Execução
Penal). Como o castigo é estipêndio de culpa somente, em esta faltando a
punição não tem lugar.
— A vida pregressa de todo o sujeito serve unicamente para individualizar-lhe a
pena; não é pedra de toque para a aferição de sua culpabilidade.
—“A periculosidade de um indivíduo é exclusivamente fundamento à medida de
segurança, não podendo servir como elemento à estrutura de um crime, porque a
sanção do crime é a pena e a pena só se aplica pelo que o indivíduo fez contra
jus e não pelo que ele é intimamente anti-social” (Nélson Hungria, in Arquivo
Judiciário, vol. 117, p. 252).
— A biografia social do indivíduo, ainda que verdadeiro sudário de crimes, não
basta para imprimir-lhe na fronte o estigma de culpado; para sua punição faz-se
mister prova maior de toda a dúvida.
—“E deve, para haver condenação nos crimes, ser a prova mais clara que a luz do
meio-dia” (Alexandre Caetano Gomes, Manual Prático Judicial, 1820, p. 247)
70

Voto nº 9629 — agravo em execução Nº 1.146.100-3/5-


00
Art. 50 da Lei de Execução Penal;
art. 8º do Decreto Presidencial nº 5.993/06.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 9630 — agravo em execução Nº 1.132.809-3/3-


00
Art. 83 do Cód. Penal.

–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento


condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente
longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar
conduta carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua
redenção.

Voto nº 9631 — agravo em execução Nº 1.095.286-3/7-


00
Arts. 117, nº V e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 149, § 2º e 181, § 1º, alínea “b”, da Lei de Execução Penal.
—“Se o fundamento da prescrição da condenação está na inércia do Estado durante
o período em que não exerce a pretensão executória, iniciada a execução da
sanção penal não há lugar para o decurso do lapso extintivo” (Damásio E. de
Jesus, Prescrição Penal, 5a. ed., p. 113).
— O ato da retirada do ofício para prestação de serviços à comunidade dá a
conhecer ao sentenciado o início do cumprimento da pena e opera como causa
71
interruptiva da prescrição da pretensão executória (art.117, nº V, do Cód.
Penal). A aceitar outra inteligência na interpretação do dispositivo, o mesmo fora
que instaurar a subversão da ordem e da boa exação nos negócios da Justiça e
perpetrar o absurdo de transferir ao arbítrio do próprio sentenciado o curso da
prescrição e o controle do processo de execução da pena.

Voto nº 9632 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 414.358-3/8-00


Arts. 2º, parág. único, 107, nº IV, 109 e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do
interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio – aliás, direito que a Constituição da República assegura
a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) – é certo que não confessa a autoria do delito,
mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava considerável quantidade
de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico se destinava
ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 9633 — agravo em execução Nº 1.145.091-3/5-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
72
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga
de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9634 — HABEAS cORPUS Nº 1.153.848-3/4-00


Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b” e 157, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 5º, nº LXVIII, 93, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— Imposto ao réu, sem suficiente fundamentação, regime mais gravoso entre os que
a lei admite, pode o Tribunal, em ordem a reparar o ilegítimo constrangimento,
fixar-lhe regime mais brando para o cumprimento da pena, até mediante “habeas
corpus”, à luz da jurisprudência do STJ (cf. HC nº 45.580/SP; 6a. T.; rel. Min
Hamilton Carvalhido; DJU 23.10.2006, p. 341; HC nº 36.762/SP; 6a. T; rel.
Hélio Quaglia Barbosa; DJU 22.11.2004, p. 391, etc.).

Voto nº 9635 — HABEAS cORPUS Nº 1.151.903-3/1-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação, no entanto, cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9636 — HABEAS cORPUS Nº 1.149.720-3/6-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
73
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que,
se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se
queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9637 — HABEAS cORPUS Nº 1.154.486-3/9-00

Arts. 29, 69, 180, “caput” e 304, do Cód. Penal;


art. 647 do Cód. Proc. Penal.

—É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que,


uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar o indiciamento formal do
acusado, por implicar-lhe desnecessária e ilegítima violência ao “status
dignitatis”, remediável pela concessão de “habeas corpus” (art. 647 do Cód.
Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para
deferido indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio
heróico” (STJ; HC nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido).

Voto nº 9638 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 409.048-3/1-00

Arts. 44, 107, nº IV, 109, nº IV, 110, § 1º e 115, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº II, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
74
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p.
358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9639 — HABEAS cORPUS Nº 1.151.829-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9640 — HABEAS cORPUS Nº 1.157.013-3/3-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9641 — HABEAS cORPUS Nº 1.147.748-3/9-00


Arts. 14, nº II e 157, § 3º, “in fine”, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
75
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9660 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 408.745-3/5-00

Arts. 61, nº I, 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;


art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 19 do Decreto-lei nº 3.688/41;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9661 — HABEAS cORPUS Nº 1.152.409-3/4-00

Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
76
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9662 — HABEAS cORPUS Nº 1.133.249-3/4-00

Art. 69, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
77
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9663 — HABEAS cORPUS Nº 1.150.566-3/5-00


Art. 69 do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9664 — HABEAS cORPUS Nº 1.149.173-3/9-00


Arts. 61, nº I e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 9665 — HABEAS cORPUS Nº 1.154.478-3/2-00


Arts. 33 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
78
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9666 — HABEAS cORPUS Nº 1.150.894-3/1-00


Arts. 14, nº II, 157, “caput” e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 41, 499, 500 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento
da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz
dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior,
dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como
que se presumem.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.

Voto nº 9667 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.674-3/8-00


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art.
5º, nº LVII, da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento
de que a prisão cautelar somente se legitima se determinada por
inelutável necessidade e conveniência de ordem pública.
Necessidade é a razão que se funda na gravidade extrema do crime
e na periculosidade do agente, circunstâncias que o obrigam a
segregar-se da comunhão social.
–– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão
preventiva, tem direito a liberdade provisória o réu que, primário
e de bons antecedentes, responde a processo por crime cometido
sem violência (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
79
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se
revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu,
quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode o
réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua prisão
preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-
264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9668 — HABEAS cORPUS Nº 1.150.272-3/3-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9669 — HABEAS cORPUS Nº 1.143.983-3/1-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
80
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9670 — HABEAS cORPUS Nº 1.150.483-3/6-00

Arts. 180 e 333, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9671 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.030-3/6-00

Arts. 65, nº I e 214, do Cód. Penal;


arts. 647 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o


comum sentir dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta
indagação; pelo que, em seus raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade
81
manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro olhar, senão impende recorrer à via
ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam analisados de espaço e
profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9672 — HABEAS cORPUS Nº 1.153.211-3/8-00

Art. 304, do Cód. Penal;


arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.

Voto nº 9673 — HABEAS cORPUS Nº 1.152.635-3/5-00

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
82
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda
ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário
Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas
decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria
ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é
o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 9674 — HABEAS cORPUS Nº 1.139.713-3/6-00


Art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 61 da Lei nº 3.688/41.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 9675 — HABEAS cORPUS Nº 1.154.383-3/9-00


Arts. 157, § 2º, nº II e 226, do Cód. Penal;
arts. 226, 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da
custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
83
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base
jurídica e fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime
de extrema gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia
cautelar como que se presumem.
— O preceito do art. 226 do Cód. Proc. Penal não deve ser interpretado com
excessivo rigor nem tomado em sua acepção literal, pois, no reconhecimento de
pessoa, esta “será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança”. Condicionada a realização do ato à possibilidade, claro
está que lhe não atribuiu o legislador o cunho de exigência impostergável.

Voto nº 9676 — HABEAS cORPUS Nº 1.156.827-3/0-00

Art. 69 do Cód. Penal;


art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput”, § 1º, nº I, 34 e 35, da Lei nº 11.343/06.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.

Voto nº 9677 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.199-3/6-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9678 — HABEAS cORPUS Nº 1.143.732-3/7-00

Arts. 6º e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso do
inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e
84
houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é apenas
seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação probatória (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a
luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados
se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da
responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 9679 — agravo em execução Nº 1.152.525-3/3-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9680 — agravo em execução Nº 1.151.329-3/1-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9681 — HABEAS cORPUS Nº 1.128.358-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
85
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria
em que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal),
deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9682 — mandado de SEgUrança Nº 1.140.048-


3/3-00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de


legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar
efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do
Ministério Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito
suspensivo a recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução”
(STJ; HC nº 237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU
13.10.03).

Voto nº 9683 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 835.810-3/1-00

Arts. 24 e 155, § 2º e § 4º, nº I, do Cód. Penal;


arts. 149, 184 e 251, do Cód. Proc. Penal.

— A necessidade faz do homem o que quer, reza o aforismo jurídico: “necessitas


non habet legem”. Mas só constitui causa excludente de criminalidade se o
agente não podia conjurar o mal, exceto com o sacrifício do bem jurídico alheio
(art. 24 do Cód. Penal). A mera alegação de estreiteza de recursos,
desacompanhada de prova cabal e convincente, não basta para o reconhecimento
da descriminante legal, senão se converteria em razão universal de impunidade.
86
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam
somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também
sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).

Voto nº 9684 — HABEAS cORPUS Nº 1.153.513-3/6-00

Arts. 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
87
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9690 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 873.015-3/1-00

Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava considerável quantidade
de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico se destinava
ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9691 — HABEAS cORPUS Nº 1.154.257-3/4-00

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
88
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9692 — HABEAS cORPUS Nº 1.158.734-3/0-00


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender
o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de
suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 9693 — HABEAS cORPUS Nº 1.148.584-3/7-00


Arts. 12, 14 e 18, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime semi-
aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9694 — HABEAS cORPUS Nº 1.161.325-3/1-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 312, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Se o réu respondeu solto ao processo (porque razões não havia que lhe
89
justificassem a custódia cautelar), e nenhum ato perpetrou no curso da
instrução que o fizesse decair do “status libertatis”, será mais conforme à
comum opinião dos doutores e ao magistério da jurisprudência dos Tribunais
conceder-lhe o benefício de apelar em liberdade (art. 594 do Cód. Proc. Penal).
–– Exceto na hipótese de necessidade cautelar, não é de bom exemplo (nem talvez
legítimo) condicionar o recebimento do recurso ao prévio recolhimento do réu à
prisão: “O princípio do duplo grau de jurisdição atribui ao réu o direito de ver
a sentença condenatória submetida à apreciação do tribunal, independentemente
da condição do recolhimento à prisão” (Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 473).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9695 — HABEAS cORPUS Nº 1.157.652-3/9-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9696 — HABEAS cORPUS Nº 1.149.135-3/6-00

Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 648, nº II e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
90
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do
cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos
mortos”.

Voto nº 9697 — HABEAS cORPUS Nº 1.142.488-3/5-00

Arts. 302, nº IV, 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— No conceito de flagrante delito, segundo os
mais dos doutores, também se encerra e compreende aquele estado em que o
agente, logo após o crime, é reconhecido e apontado pela vítima, que o acusa
energicamente como seu autor. Bem o descreveu o insigne Hélio Tornaghi: “Já
não há o fogo, mas existe a fumaça; a chama se apagou, mas a brasa está
quente” (Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 34).
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).

Voto nº 9698 — HABEAS cORPUS Nº 1.129.339-3/0-00

Art. 180 do Cód. Penal;


art. 580 do Cód. Proc. Penal.
91

––“A decisão em favor de um réu só poderá ser estendida a outro se forem idênticas
as situações de ambos no mesmo processo” (STF; Rev. Trib. Jurisp., vol. 67, p.
685).
— Falou advertidamente o grande Rui: “A regra da igualdade não consiste senão
em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se
desigualam”(Oração aos Moços, 1a. ed., p. 25).

Voto nº 9699 — HABEAS cORPUS Nº 1.152.574-3/6-00


Arts. 14, nº II e 171, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9700 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 849.822-3/3-00


Art. 304 do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal.
—“(...) um inocente estará às vezes impossibilitado de provar o fato que infirme ou
destrua o indício que o prejudica” (Antonio Dellepiane, Nova Teoria da Prova,
2a. ed., p. 70; trad. Érico Maciel).
—“Para que se configure o delito do art. 304 do Cód. Penal, é indispensável o dolo,
consistente na vontade livre e consciente de fazer uso de documento falso,
conhecendo sua falsidade” (Rev. Tribs., vol. 513, p. 367; rel. Camargo
Sampaio).
— Dúvida que perturbe o espírito do Magistrado será a que basta a endireitar-lhe os
passos para o caminho da absolvição, em obséquio ao princípio de nomeada
universal: “In dubio pro reo”.
— Dúvida, em Direito Penal, equivale a ausência de prova.
92
Voto nº 9701 — HABEAS cORPUS Nº 1.043.127-3/7-00

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).

Voto nº 9702 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 894.936-3/8-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

–– Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais segura fonte de


informação do Magistrado, pois manteve contacto com o seu autor e não se
propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo que, exceto lhe prove o réu que mentiu
ou se equivocou, suas declarações bastam a acreditar um decreto condenatório.
— A falta de apreensão da arma utilizada na prática do roubo não embaraça o
reconhecimento da qualificadora, se a prova oral idônea lhe atestou a existência
(art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal).

Voto nº 9703 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.110.494-3/3-


00
Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo oferece base necessária ao


decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é
que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a
reconhecê-lo.
— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a
posse tranqüila e desvigiada da “res furtiva”.
— O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei, conforma-se à
personalidade do autor de roubo, sujeito de ordinário violento e, pois,
necessitado de severa disciplina, que o melhore e reconduza à vida em sociedade.

Voto nº 9704 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 992.504-3/1-00


Arts. 65, nº I, 69 e 157, § 2º, ns. I e II, § 3º, do Cód. Penal;
arts. 156 e 202, do Cód. Proc. Penal.

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para


comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
—“Álibi: quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (Damásio E. de Jesus,
93
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 163).
— As qualificadoras do art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal (emprego de arma
de fogo e concurso de agentes) não se aplicam à figura do latrocínio (art. 157, §
3º), conforme a lição da melhor doutrina (cf. Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 593) e a jurisprudência dos Tribunais (cf. Rev. Tribs.,
vol. 746, p. 599; 780/583, etc.).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9705 — HABEAS cORPUS Nº 1.160.226-3/2-00

Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;


arts. 14, 16, parág. único, nº IV, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 9706 — HABEAS cORPUS Nº 1.160.581-3/1-00

Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 499, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
94
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto nº 9707 — HABEAS cORPUS Nº 1.145.592-3/1-00

Arts. 71, 214 e 224, alínea “a”, do Cód. Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9708 — HABEAS cORPUS Nº 1.138.100-3/1-00

Arts. 29 e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;


art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
95
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 9709 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 404.169-3/7-00

Arts. 71, 72, 148, “caput”, 157, § 2º, ns. I, II e V, 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
— Particular importância têm as palavras da vítima, nos casos de roubo. Sujeito
principalíssimo do evento delituoso, suas palavras unicamente serão
desacreditadas, quando se demonstrar, por modo inequívoco e pleno, que as
contaminou erro ou malícia, uma vez se presume o seu interesse de incriminar
apenas aquele que lhe infligiu o mal injusto e grave.
—“No seqüestro, desde que a privação da liberdade de locomoção constitua meio
ou elemento de outro crime, perde o seqüestro a sua autonomia e é absorvido
por este crime” (Rev. Tribs., vol. 491, p. 275; rel. Hoeppner Dutra).
— Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas
circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade delitiva, não
concurso material de infrações. É desse número, portanto, o caso de delinqüentes
que, após consumar o roubo, “forçam a vítima a acompanhá-los à caixa
eletrônica para sacar o dinheiro” (cf. Rev. Tribs., vol. 765, p. 572).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 9710 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.139.811-


3/3-00
Arts. 14, nº II, 17 e 155, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 41 e 43, nº I, do Cód. Proc. Penal.

–– Configura tentativa de furto, e não crime impossível, a ação do sujeito que,


após subtrair produtos de estabelecimento comercial, é detido à saída por agentes
de segurança. A existência de dispositivo eletrônico antifurto não afasta a ação
dos delinqüentes, apenas a dificulta. Ao demais, não dispensa a vigilância de
funcionários, e estes, ainda quando diligentes, podem falhar diante da astúcia ou
malícia dos criminosos.
— Se o fato argüido constituir crime em tese, o órgão do Ministério Público tem o
poder-dever de encetar a “persecutio criminis in judicio” (art 41 do Cód. Proc.
Penal).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
96
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor.
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 9711 — agravo em execução Nº 1.155.261-3/0-


00
Arts. 121, § 2º, nº I, 148 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 5º, XLIII, da Const. Fed.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
–– Há casos, no entanto, em que o sentenciado carece do direito de pleitear
comutação de penas, por impossibilidade jurídica do pedido. Está nesse número
o condenado por crime considerado hediondo (Lei nº 8.072/90); na forma do
Decreto nº 5.295/04 (art. 8º, nº II), repugna, pois, conceder tal benefício ao autor
de homicídio qualificado.
—“O indulto coletivo, por configurar uma clementia principis, fica adstrito às
condições estabelecidas. Assim, não fere o princípio da anterioridade da lei
penal o decreto concessivo que veda expressamente o beneficium para os hoje
denominados crimes hediondos, mesmo que o delito se tenha dado antes da
dicção da lei que complementou dispositivo constitucional específico (art. 5º,
XLIII, da CF)” (Rev. Tribs., vol. 741, p. 574; rel. Min. Adhemar Maciel).

Voto nº 9712 — agravo em execução Nº 1.158.332-3/6-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
97
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-
aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos, crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 9713 — agravo em execução Nº 1.147.817-3/4-


00

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional satisfaz aos
requisitos da lei, não deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e tome para o caminho do
bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio
social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9714 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 992.892-3/0-00

Art. 157 do Cód. Penal.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).
98
— A ameaça, ainda que verbal, é idônea a tipificar o crime do art. 157 do Cód.
Penal. Em verdade, pode consistir em palavras, gestos ou atos; o próprio
anúncio do roubo já configura a grave ameaça (cf. Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 585).
— O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei, conforma-se à
personalidade do autor de roubo, sujeito de ordinário violento e, pois,
necessitado de severa disciplina, que o melhore e reconduza à vida em sociedade.

Voto nº 9715 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 873.991-3/4-00

Art. 68 do Cód. Penal;


art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Tratando-se de réu primário, é de bom exemplo, conforme tradicional
jurisprudência, fixar-lhe a pena-base no mínimo legal (art. 68 do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9716 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 899.971-3/3-00

Arts. 33, § 1º, alínea “a”, 59, 65, nº III, alínea “d”, 155 e 157, § 2º, nº I, do
Cód. Penal.

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto


condenatório se em harmonia com os mais elementos de prova.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
— A vítima, atenta sua relevante posição no episódio criminoso, é a mais capacitada
a depor das circunstâncias em que ocorreu e apontar-lhe o verdadeiro autor.
— A falta de apreensão da arma empregada na prática do roubo não obsta o
reconhecimento da causa especial de aumento de pena, se prova oral idônea lhe
demonstrou a existência.
99
— Para aproveitar ao réu, a confissão há de ser espontânea, voluntária e plena,
senão representará simples artifício de defesa ou reserva mental, sem efeito na
aplicação da pena (art. 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal).
— Ao réu de medonha biografia penal convém o regime fechado, no início, que
somente este o poderá reeducar para a vida livre em sociedade, onde o respeito à
ordem e ao patrimônio alheio é dado primordial (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód.
Penal).

Voto nº 9717 — agravo em execução Nº 1.138.790-3/9-


00
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender
ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9718 — agravo em execução Nº 1.151.710-3/0-


00
Arts. 50, nº II, 126, § 3º e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9719 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 858.025-3/7-00


Arts. 29, 70, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 115, 155, § 4º, ns. II e IV, 168, do
Cód. Penal;
arts. 383 e 384, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.
—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada
pela Constituição Federal” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— Sem violar o princípio da congruência — “sententia debet esse
conformis libello” —, pode o Juiz, nos termos do art. 383 do Cód.
100
Proc. Penal (que lhe autoriza a “emendatio libelli”),
reconhecer qualificadora não capitulada na denúncia, desde que
nela descrita, porque se defende o réu dos fatos, não de sua
qualificação legal.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— Destituído de natureza formal, o crime de corrupção de menores (art. 1º da Lei
nº 2.252/54) não se caracteriza sem a prova da inocência do sujeito passivo, que
não se presume. Só a inocência não vê a serpente debaixo das flores!
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal)
“constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação),
que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9720 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 489.601-3/1-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º e 342, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9721 — HABEAS cORPUS Nº 1.161.130-3/1-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9722 — HABEAS cORPUS Nº 1.154.059-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
101
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9723 — HABEAS cORPUS Nº 1.165.962-3/7-00

Arts. 29 e 311, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,


da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão
cautelar somente se legitima se determinada por inelutável necessidade e
conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se funda na gravidade
extrema do crime e na periculosidade do agente, circunstâncias que o obrigam a
segregar-se da comunhão social.
–– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem direito
a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes, responde a
processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9724 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 885.322-3/5-00

Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


art. 10 da Lei nº 9.437/97;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
102
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.

— Incorre nas penas do roubo tentado o agente que, após infligir


violência à vítima, comprimindo-lhe o rosto e tapando-lhe a boca,
desata a fugir, espavorido com seus gritos, sem nada subtrair
(art. 157, § 2º, nº II, e art. 14, nº II, do Cód. Penal).
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido, com numeração raspada,
tipifica a infração do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

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