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Sessão 2 Tarefa 2

Análise crítica do Modelo de Auto-avaliação das


Bibliotecas Escolares

O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria.


Conceitos implicados

“A biblioteca escolar funciona como um instrumento vital do processo


educativo, não como uma entidade isolada do programa escolar mas envolvida
no processo de ensino-aprendizagem.”

(Declaração política da IASL sobre Bibliotecas Escolares – 1993)

Cada vez se torna mais evidente a importância e o papel crucial que as


Bibliotecas Escolares têm no funcionamento das escolas. A sua contribuição
para o sucesso educativo dos alunos é evidente uma vez que colaboram de
forma muito significativa para melhorar as aprendizagens dos alunos e para
facilitar e enriquecer o trabalho do docente em todo o processo de ensino
aprendizagem.
Constitui uma estrutura privilegiada no desenvolvimento de um novo modelo de
escola ao exigir por parte desta, novas modalidades de acção educativa. A
Biblioteca escolar do séc. XXI constitui-se como um elemento primordial na
política educativa uma vez que induz à melhoria da qualidade da educação. Ao
fazê-lo, a escola passa a estar mais apta a dar resposta às exigências da
sociedade em que vivemos.
O modelo de auto-avaliação surge como um instrumento que veio para apreciar
a qualidade do trabalho que é desenvolvido pelas Bibliotecas Escolares de
forma a que esta fortaleça e valorize a escola no cumprimento da sua missão e
no conjunto dos objectivos do processo de ensino-aprendizagem.
O presente modelo procura:

• De forma qualitativa, a análise dos processos e dos resultados;


• Numa perspectiva formativa, identificar as necessidades e os pontos
fracos existentes com vista a melhorá-los;
• Avaliar a qualidade e eficácia da B.E. no seu todo não centrando na
pessoa do coordenador ou dos elementos que compõem a equipa essa
mesma avaliação;
• A mobilização da escola de forma a que através de acções colectivas, a
B.E. possa melhorar o seu trabalho;
• Definir acções de melhoria.

Tendo como base os objectivos das B.E. podemos considerar que o modelo
de auto-avaliação é um instrumento pedagógico na medida que através da
sua aplicação é possível avaliar todo o trabalho desenvolvido na B.E..
Permite igualmente dar a conhecer qual o seu impacto na escola e nas
aprendizagens dos alunos. Ao avaliar permite indicar quais os pontos fortes

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e os que necessitam ser rectificados bem como partindo das realidades


constatadas procurar caminhos e fazer ajustes para melhorar a sua
participação para o sucesso da escola no cumprimento da sua missão e no
cumprimento dos objectivos do ensino-aprendizagem.

Enquanto instrumento pedagógico tem subjacente alguns conceitos que


clarificam a construção e aplicação do modelo:

→ A noção de valor que está relacionada com as experiências e benefícios


que a escola retira da B.E. por forma a contribuir para os objectivos da
escola onde se insere;
→ A auto-avaliação na procura da melhoria continua da B.E.;
→ As áreas nucleares, elementos determinantes e com impacto positivo no
ensino e nas aprendizagens;
→ Instrumentos pedagógicos com a perspectiva da melhoria contínua da
B.E.

Tendo em conta o objectivo da criação e aplicação do modelo de auto-


avaliação das B.E. poderemos questionar-nos se os resultados obtidos
através de todo o conjunto de evidências reunidas será ou não a realidade
da nossa B.E. face a todas as condicionantes pelas quais actualmente o
professor bibliotecário e a sua “equipa” se vê a braços com.

Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para


as Bibliotecas Escolares

“the school library in the 21st Century is about constructing sense and new
knowledge, and building an information infrastructure and information
resources to enable this. This is the idea of the library as a knowledge
space, not information place. In order to achieve that, I believe we need to
focus on three things: connections, not collections; actions, not positions;
and evidence, not advocacy.”

(Ross Tood – 2001)

Os tempos mudaram e com ele também a forma como a sociedade


começa a ver as Bibliotecas Escolares e a sua importância no meio escolar.
Por vivermos numa sociedade de mudança com todo um conjunto de
inovações que vão sendo testadas ao nível da educação, a criação do
modelo de auto-avaliação da B.E. faz todo o sentido. Com ele podemos
testar a forma como o trabalho desenvolvido na B.E. chega junto dos seus
utilizadores.
Vem contribuir para comprovar a importância da B.E. no processo educativo
bem como reforçar o papel que, durante tanto tempo, as B.E. não tiveram
ao desenvolverem a sua missão. Desta forma e através da recolha de
evidências é possível determinar, avaliar e melhorar os níveis de eficiência

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dos serviços prestados junto da comunidade escolar mais especificamente


junto dos seus utilizadores.
Permite igualmente aferir quais os pontos fortes e fracos da B.E. permitindo
a procura do ajuste para as mudanças através de acções práticas
direccionadas para o conjunto de objectivos para que foram criadas.
Penso que este modelo traz grandes novidades face à forma como
anteriormente o trabalho da BE. era avaliado. A avaliação sempre existiu
com a recolha de evidências contudo, não existia sistematização ou um
modelo comum a todas as BE. o que em termos de resultados não era
possível criar uniformidade em termos qualitativos nem efectuar acções
comparativas entre BE. Com este modelo penso que poderemos obter
respostas mais fidedignas e consensuais face aos mesmos domínios em
avaliação.

Organização estrutural e funcional. Adaptação e


constrangimentos.

O modelo construído para a avaliação das BEs é constituído por quatro


domínios, divididos por sua vez em subdomínios.

“Os domínios seleccionados representam as áreas essenciais para que a


biblioteca escolar cumpra, de forma efectiva, os pressupostos e objectivos
que suportam a sua acção no processo educativo”

A. Apoio ao Desenvolvimento Curricular


A.1 Articulação curricular da BE com as estruturas pedagógicas e os
docentes
A.2. Desenvolvimento da literacia da informação

B. Leitura e Literacias

C. Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à


Comunidade
C.1. Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento
curricular
C.2. Projectos e parcerias

D. Gestão da Biblioteca Escolar


D.1. Articulação da BE com a Escola/ Agrupamento. Acesso e serviços
prestados pela BE
D.2. Condições humanas e materiais para a prestação dos serviços
D.3. Gestão da colecção/da informação

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Cada domínio/subdomínio é apresentado através de um conjunto de


indicadores que se concretizam em diversos factores críticos de sucesso. Os
indicadores apontam para as zonas nucleares de intervenção em cada domínio
e permitem a aplicação de elementos de medição.
Os factores críticos de sucesso procuram exemplificar situações,
ocorrências e acções que permitem a operacionalidade do respectivo indicador.
A recolha de evidências vai suportar a avaliação através da aplicação
de instrumentos de recolha de dados. As acções para a melhoria, dão
exemplo de propostas de iniciativa, sugestões de acções a implementar no
caso de necessidade da melhoria do desempenho da BE em relação a cada
um dos indicadores.

(Modelo de Auto-avaliação, 2008, Gabinete da RBE)


( Elsa Conde e Rosa Martins, Newsletter RBE nº 5 )

Os níveis de desempenho para cada um dos indicadores são quatro:


Excelente, Bom, Satisfatório e Fraco.

Ao analisar o modelo parece-me que este está bem estruturado no que


concerne não só à sua estrutura como também à sua funcionalidade uma vez
que envolve as áreas essenciais que uma biblioteca deve contemplar. Embora
não tenha ainda aplicado este modelo no meu agrupamento penso que os
domínios que apresenta conseguem “promover” uma avaliação global de todo
o trabalho que se realiza na BE: integração na escola e no processo de ensino-
aprendizagem, trabalho de gestão, gestão da colecção, parcerias, áreas
curriculares disciplinares e não disciplinares.

Integração/Aplicação à realidade da escola

Pela primeira vez sou Professora Bibliotecária/Coordenadora da BE,


tenho feito parte da equipa da BE do meu agrupamento mas este novo estatuto
ainda não me permite ter uma opinião formada sobre a aplicação deste
modelo.
De acordo com a leitura que fiz dos documentos orientadores deste
modelo verifiquei que esta avaliação se prolonga por quatro anos para que todo
o trabalho executado pela BE possa ser avaliado e no final destes anos exista
uma adequação do modelo à realidade da minha BE.
Este vai ser o primeiro ano de aplicação do modelo nas BE do meu
agrupamento quer de 2º e 3º ciclo quer nas BE do 1º ciclo, esta última uma
escolha que pensei ser acertada mas que de acordo com os instrumentos
existentes no modelo para recolha de evidências verifico que de forma alguma
os questionários se adaptam à realidade das BE do 1º ciclo.
Consequentemente mais trabalho acrescido na reformulação dos
questionários. Espero conseguir apoio para efectuar as alterações junto dos
colegas de outras BE e da coordenadora inter concelhia de forma a poder
desempenhar esta tarefa o melhor possível. Simultaneamente terei também

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algum trabalho a desenvolver no meu próprio agrupamento no que concerne à


imagem que a comunidade educativa ainda tem sobre o trabalho que a BE
desenvolve no meio escolar. Embora tenha vindo a notar melhorias ainda
haverá certamente muito que fazer neste sentido.

“Mas para que este papel se efective é importante que determinadas


condições se concretizem no ambiente escolar. … Os níveis de colaboração
entre o/a professor/a coordenador/a da biblioteca escolar e os restantes
professores na identificação de recursos e no desenvolvimento de actividades
conjuntas orientadas para o sucesso do aluno; a acessibilidade e a qualidade
dos serviços prestados; a adequação da colecção e dos recursos tecnológicos.
Esses estudos mostram ainda, de forma inequívoca, que as Bibliotecas
Escolares podem contribuir positivamente para o ensino e a aprendizagem,
podendo-se estabelecer uma relação entre a qualidade do trabalho da e com a
Biblioteca Escolar e os resultados escolares dos alunos.
(…) Neste sentido, é importante que cada escola conheça o impacto que as
actividades realizadas pela e com a Biblioteca Escolar vão tendo no processo
de ensino e na aprendizagem, bem como o grau de eficiência dos serviços
prestados e de satisfação dos utilizadores da BE. Esta análise, sendo
igualmente um princípio de boa gestão e um instrumento indispensável num
plano de desenvolvimento, permite contribuir para a afirmação e
reconhecimento do papel da BE, permite determinar até que ponto a missão e
os objectivos estabelecidos para a BE estão ou não a ser alcançados, permite
identificar práticas que têm sucesso e que deverão continuar e permite
identificar pontos fracos que importa melhorar. A avaliação da biblioteca deve
ainda ser incorporada no processo de auto-avaliação da própria escola e deve
articular-se com os objectivos do projecto educativo de escola.”

(Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das


Bibliotecas Escolares)

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Competências do professor bibliotecário e estratégias


implicadas na sua aplicação

“Ao professor bibliotecário exige-se acção, compromisso e


responsabilidade, com implicações nas práticas e na forma como interage com
a escola. Cabe-lhe, como Todd (2001) refere, transformar a biblioteca escolar
em “espaço de conhecimento, por oposição a um espaço de informação”.
Cabe-lhe entender a biblioteca escolar além da colecção, além do espaço.
Cabe-lhe transformá-la “num espaço de conexões de links e multi-referências”,
seja ao nível das colecções, seja ao nível da integração/ interacção com a
escola. Cabe-lhe definir “acções, por oposição a posições e um trabalho
persistente de demonstração do valor e do impacto da BE”. O sentido e a força
desse impacto têm que ser obtidos com recurso a evidências, num movimento
cada vez mais pertinente de mudança entre “dizer ou relatar (retórica)” e a
necessidade de “demonstrar” o que se faz (Todd 2008).”

( Elsa Conde e Rosa Martins, Newsletter RBE nº 5 )

Ao professor bibliotecário exige-se cada vez mais a sua participação e


intervenção no processo de ensino-aprendizagem de forma a poder dar
resposta às exigências do trabalho a realizar na escola e em especial às
características específicas dos utilizadores.
São muitas as competências que se exige ao Professor Bibliotecário:


2 — Sem prejuízo de outras tarefas a definir em regulamento interno, compete
ao professor bibliotecário:
a) Assegurar serviço de biblioteca para todos os alunos do agrupamento ou da
escola não agrupada;
b) Promover a articulação das actividades da biblioteca com os objectivos do
projecto educativo, do projecto curricular de agrupamento/escola e dos
projectos curriculares de turma;
c) Assegurar a gestão dos recursos humanos afectos à(s) biblioteca(s);
d) Garantir a organização do espaço e assegurar a gestão funcional e
pedagógica dos recursos materiais afectos à biblioteca;
e) Definir e operacionalizar uma política de gestão dos recursos de informação,
promovendo a sua integração nas práticas de professores e alunos;
f) Apoiar as actividades curriculares e favorecer o desenvolvimento dos hábitos
e competências de leitura, da literacia da informação e das competências
digitais, trabalhando colaborativamente com todas as estruturas do
agrupamento ou escola não agrupada;
g) Apoiar actividades livres, extracurriculares e de enriquecimento curricular
incluídas no plano de actividades ou projecto educativo do agrupamento ou da
escola não agrupada;
h) Estabelecer redes de trabalho cooperativo, desenvolvendo projectos de
parceria com entidades locais;
i) Implementar processos de avaliação dos serviços e elaborar um relatório
anual de auto -avaliação a remeter ao Gabinete Coordenador da Rede de
Bibliotecas Escolares (GRBE);

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j) Representar a biblioteca escolar no conselho pedagógico, nos termos do


regulamento interno.”

(in. Portaria 756/2009 )

Em acréscimo ao que vem enunciado na Portaria nº 756/2009 considerei


igualmente importante as competências que vêm referidas na CSLA (Canadian
School Library Association) Competencies for teacher-librarians (1997)

I. Competências pessoais:
_ Envolvimento na procura de uma melhoria permanente
_ Procura de desafios e novas oportunidade dentro e fora da escola
_ Procura de parceiros e alianças
_ Criação de um ambiente de confiança e de respeito mútuo
_ Boas capacidades de comunicação
_ Capacidade de trabalhar bem em equipa
_ Capacidade para planear, identificar prioridades e focalizar-se no que é
essencial
_ Disponibilidade para a aprendizagem ao longo da vida
_ Atitude flexível e positiva num tempo em mudança contínua

II. Competências profissionais:


_ Relações interpessoais e de liderança na promoção da mudança.
_ Ser capaz de exercer influência junto do órgão directivo
_ Trabalho colaborativo com os professores
_ Conhecimento sobre as orientações curriculares
_ Compreensão das necessidades intelectuais, sociais e emocionais dos
estudantes
_ Avaliação de recursos de diferentes tipos, para apoiar o currículo
_ Disponibilização de informação apropriada de acordo com as necessidades
individuais ou de grupos
_ Promoção e desenvolvimento do uso efectivo dos recursos ao serviço da
informação e da imaginação
_ Uso de tecnologia apropriada para aceder, organizar e disseminar a
informação
_ Gestão do programa de actividades da Biblioteca, dos serviços e recursos
humanos de forma a apoiar os objectivos educacionais da escola
_ Avaliação do programa de actividades e dos serviços

CSLA (Canadian School Library Association) Competencies for teacher-


librarians (1997)

A Formanda Maria José Monteiro

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