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Antes mesmo de nascer, o bebezinho pode entrar em contato com a música, que ajuda a
acalmá-lo e a fortalecer os vínculos com a mãe.
A pianista, grávida, ensaiava para o concerto. Sempre que chegava num determinado
trecho de uma das músicas, suas mãos pareciam não querer obedecer ao comando do seu
cérebro, e ela precisava se esforçar para conseguir tocar como devia. Depois de dar à luz,
ela voltou aos ensaios, agora com o nenê ao lado. E, para sua surpresa, sempre que
passava pelo trecho da música, antes tão difícil, o nenê começava a chorar. Essa história
real, foi contada por Berry Brazelton, professor da Escola de Medicina de Harvard e do
Children’s Hospital de Boston, Estados Unidos, durante uma de suas visitas ao Brasil.
Serviu para ilustrar a comunicação que se estabelece entre mãe e filho bem antes do
nascimento, e através de uma arte que é usada como terapia desde a Antigüidade: a
música.
Crianças mais comunicativas. Hoje, a musicoterapia é, de fato, uma ciência paramédica que
estuda a relação do homem com o som visando prevenir e tratar doenças, promover o
desenvolvimento psicossocial do indivíduo e melhorar a sua qualidade de vida. O trabalho
dos musicoterapeutas, que é uma profissão de nível universitário, se aplica tanto a
deficientes físicos e mentais, como também a escolas e empresas.
Mas é na área de estimulação precoce do nenê, ainda na barriga da mãe, que se tem
conseguido os resultados mais interessantes. "As pesquisas mostram que as crianças que
foram estimuladas, com música, durante a gestação, cresceram mais criativas,
comunicativas, atentas e mais perceptivas do que as que não passaram por esse
processo", diz Lílian Elgelmann Coelho, presidente da Comissão Científica da Associação
de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo.
Mas a partir de que idade o feto começa a ouvir? Segundo Lílian, esse é um tema
controvertido. As pesquisas realizadas na década de 20 dizem que só a partir do sexto mês
de gestação o bebê começa a desenvolver a sua capacidade auditiva. Já de acordo com o
livro Os Modos de Comunicação do Bebê, dos psicólogos Widner, Cristiane e Trissot,
publicado pela Manole, o feto sempre escuta a mãe. É uma tese comprovada pelos
musicoterapeutas.
"Durante sessões, nós captamos o ritmo dos batimentos cardíacos do feto e da mãe. Com
um aparelho especial. Após alguns minutos de relaxamento com música, há uma
surpreendente sincronia de ritmo dos dois. É uma constatação emocionante", define
Fernando.
Quem já passou pela experiência, aprovou. É o caso de Alda Zonato, que se submeteu à
musicoterapia durante a gravidez de Cássia, hoje com três anos. "Eu me senti muito segura
e tranqüila. Fazia os exercícios com a participação do meu marido e eram momentos muito
especiais. A nenê se mexia sempre durante as sessões, como se estivesse respondendo ao
estímulo ", conta.
Até hoje, diz Alda, a música tem efeito tranqüilizador em Cássia, uma menina que apresenta
uma grande percepção musical. Memória auditiva aguçada (guarda as letras das músicas
com a maior facilidade) e um interesse incomum por livros e histórias.
"Mas o bonito mesmo foi no momento do parto. Quando ela saiu da minha barriga e
dissemos "Oi, Cássia", ela abriu os olhinhos e virou em nossa direção como se
respondesse: Hei, eu já conheço vocês..."
Fonte: http://www.indomus.com.br/musicaliza/artigos_e_textos.htm