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Ciências & Cognição 2007; Vol 10: 93-103 <http://www.cienciasecognicao.

org> © Ciências & Cognição


Submetido em 12/02/2007 | Revisado em 18/03/2007 | Aceito em 20/03/2007 | ISSN 1806-5821 – Publicado on line em 31 de março de 2007

Artigo Científico

A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental: ações que


favorecem a sua aprendizagem
The science classroom in the first years of primary school: actions in favor of the learning in
science teaching

Dulcimeire Ap Volante Zanon,a e Denise de Freitasb


a
Departamento de Didática, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP),
Campus Araraquara, São Paulo, Brasil; bDepartamento de Metodologia de Ensino, Centro de
Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, São
Paulo, Brasil

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir a importância das atividades investigativas e das interações
discursivas em sala de aula no ensino de Ciências. Essas atividades podem ser entendidas como
situações em que o aluno aprende ao envolver-se progressivamente com as manifestações dos
fenômenos naturais, fazendo conjecturas, experimentando, errando, interagindo com colegas, com os
professores, expondo seus pontos de vista, suas suposições, e confrontando-os com outros e com os
resultados experimentais para testar sua pertinência e validade. Esses processos de ensino-
aprendizagem têm no início da escolarização uma importância ainda maior, pois auxiliam os alunos a
atingir níveis mais elevados de cognição, o que facilita a aprendizagem de conceitos científicos. Ao se
utilizar o instrumento analítico desenvolvido por Mortimer e Scott, foi possível revelar as dinâmicas
interativas e os fluxos de discurso em salas de aula das séries iniciais do Ensino Fundamental,
ajudando a compreender aspectos importantes da prática docente e do processo de aprendizagem
científica dos alunos. © Ciências & Cognição 2007; Vol. 10: 93-103.

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de Ciências; atividades investigativas;


interações discursivas.

Abstract

 – D.A.V. Zanon possui Graduação em Licenciatura em Química (UFSCar), Mestrado e Doutorado em Educação,
na área de Metodologia de Ensino (UFSCar). Concluiu o programa de Pós-Doutorado na área de Ensino, Avaliação e
Formação de Professores da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Prestou
assessoria pedagógica na formação de professores à Educativa - Cooperativa Educacional de São Carlos. Atua como
professora do Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras (UNESP - Campus de Araraquara) nas
disciplinas de Prática de Ensino de Química I e II e Metodologia de Ensino. E-mail para correspondência:
cdzanon@uol.com.br. D. Freitas possui Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado - Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras Barão de Mauá, Ribeirão Preto), Especialização em Ensino de Ciências (UNICAMP),
Mestrado em Educação (UFSCar) e Doutorado em Educação (Universidade de São Paulo). Realizou seu pós-
doutoramento pela Universidade de Lisboa Portugal. Atualmente é Professora Adjunta (UFSCar) e Assessora do Setor
de Biologia do Centro de Divulgacão Científico e Cultural USP - São Carlos. Atua como docente e pesquisadora, no
mestrado e doutorado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação (UFSCar) (auxílio parcial do CNPq). E-
mail para correspondência: dfreitas@power.ufscar.br

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The purpose of this article is to discuss the importance of the investigative activities and of the
discursive interactions in a classroom during the Science teaching. These activities can be understood
as situations in which the student learns, getting progressively with the observation of natural
phenomena, conjecturing, experimenting, making errors, interacting with classmates, with specialized
people, stating his points of view and hypotheses and confronting them with others and with the
experimental results in order to test their effectiveness and their pertinence. Their relevance is even
greater at the beginning of the schooling process, since such activities help students to reach higher
levels of cognitions, and, by doing so, they make it easier for them to learn scientific concepts. The
analytical instrument developed by Mortimer and Scott allowed us to reveal the alternative dynamics
and the speech flow in a third grade classroom of a elementary school, helping to understand
important aspects of the teaching practice and the scientific learning process of the students. ©
Ciências & Cognição 2007; Vol. 10: 93-103.

Keywords: Science teaching; Science learning; investigative activities; verbal


interaction.

Introdução natureza da Ciência ou ao desenvolvimento


de atitudes.
Tendo em vista as dificuldades Acreditamos que a atividade experi-
encontradas pelos alunos para aprenderem os mental deve ser desenvolvida, sob orientação
conceitos científicos no ensino de Ciências, do professor, a partir de questões investiga-
vários pesquisadores, como Borges (2004), tivas que tenham consonância com aspectos
Insausti e Merino (2000), Sére (2002), Silva e da vida dos alunos e que se constituam em
Zanon (2000), têm discutido e apontado em problemas reais e desafiadores.
seus estudos alternativas metodológicas para a Essas atividades, oportunizadas pelo
melhoria da qualidade deste ensino. professor e realizadas pelos alunos, têm como
Na literatura e nos Congressos sobre objetivo ir além da observação direta das
Didática das Ciências aparecem, com evidências e da manipulação dos materiais de
freqüência, críticas ao trabalho de experimen- laboratórios: devem oferecer condições para
tação, sobretudo ao que é desenvolvido no que os alunos possam levantar e testar suas
ensino médio e universitário (Praia e idéias e/ou suposições sobre os fenômenos
colaboradores, 2002; Reigosa e Jiménez, científicos a que são expostos.
2000). Apesar das lógicas diferenciais desses Nessa direção, a atuação do professor
estudos, todos apresentam em comum a idéia como orientador, mediador e assessor das
de que as atividades experimentais, quando se atividades inclui: lançar ou fazer emergir do
destinam a ilustrar ou a comprovar teorias, grupo uma questão-problema; motivar e
são limitadas e não favorecem a construção de observar continuamente as reações dos
conhecimento pelo aluno. alunos, dando orientações quando necessário;
Segundo Psillos e Niedderer (2002), a salientar aspectos que não tenham sido
maior parte do tempo dedicado às aulas observados pelo grupo e que sejam impor-
laboratoriais é utilizada para manipulação de tantes para o encaminhamento do problema;
aparatos e realização de medições, aspectos produzir, juntamente com os alunos, um texto
que contribuem muito pouco para o inter- coletivo que seja fruto de negociação da
relacionamento da teoria com a experiência. comunidade de sala de aula sobre os conceitos
Essa orientação, na qual o comportamento estudados.
mecânico do aluno é requerido nas primeiras Entendida dessa forma, a atividade
etapas do processo e o envolvimento cogni- experimental visa aplicar uma teoria na
tivo só advém na parte final da atividade, resolução de problemas e dar significado à
retrata a ênfase dada pelos professores aos aprendizagem da Ciência, constituindo-se
objetivos relacionados apenas à aquisição de como uma verdadeira atividade teórico-
conhecimento mecânico em detrimento de experimental (González Eduardo, 1992).
objetivos que levem à compreensão da

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Neste artigo discutimos o potencial convidados a participar de cursos oferecidos


tanto das atividades dessa natureza quanto dos pelo Centro de Divulgação Científica e
“diálogos sobre as atividades” realizadas entre Cultural (CDCC) USP/São Carlos no âmbito
os alunos e professores em sala de aula no do projeto de ensino chamado “ABC na
ensino de Ciências. Foram observados Educação Científica – Mão na Massa”.
comportamentos de alunos e professoras em Historicamente, o desenvolvimento
salas de aula de 1ª, 3ª e 4ª séries do ensino desse projeto foi iniciado com o pesquisador
fundamental durante o desenvolvimento de Leon Lederman – prêmio Nobel de Física –
atividades experimentais sobre a flutua- em Chicago, na década de 90, chamado
bilidade dos objetos na água. Por meio do Hands-on. Foi ampliado a outros países,
referencial de análise de Mortimer e Scott como o que ocorreu na França em 1995 com a
(2003), são analisadas as dinâmicas colaboração de George Charpak – também
interativas e os fluxos de discurso que ajudam laureado com ao Prêmio Nobel de Física – e
na compreensão dos aspectos importantes da com o apoio da Academia Francesa de
prática docente e do processo de aprendi- Ciências. Os módulos Insights do programa
zagem dos alunos. Finalmente, tecemos norte-americano foram traduzidos para o
algumas considerações a respeito da impor- francês com adaptação de infra-estrutura de
tância dessa ferramenta analítica no estudo de materiais e formação de professores. Na
atividades de natureza teórico-experimental. França, com o nome La Main à la Pâte, o
programa governamental envolve crianças de
Importância de atividades investigativas 5 a 12 anos de idade. No Brasil, denominado
para a aprendizagem de conceitos cientí- ABC na Educação Científica – Mão na
ficos: o projeto “ABC na Educação Massa, o projeto foi iniciado em maio de
Científica – Mão na Massa” 2001, a partir de um acordo entre as
academias de ciências da França e do Brasil
Ao nos referirmos às atividades envolvendo escolas municipais e estaduais do
investigativas, parece iminente a idéia de Rio de Janeiro e do estado de São Paulo (a
experimentação. Na verdade, a experimen- grande São Paulo e São Carlos, interior). As
tação no ensino de Ciências não resume todo adesões dos professores foram espontâneas e
o processo investigativo no qual os alunos voluntárias.
estão envolvidos na formação e desenvol- Esse projeto tem como objetivo
vimento de conceitos científicos. Há que se favorecer e estimular a articulação entre a
considerar também que o processo de realização da experimentação e o desenvolvi-
aprendizagem dos conhecimentos científicos mento da expressão oral e escrita na constru-
é bastante complexo e envolve múltiplas ção do conceito científico. Nas atividades
dimensões, exigindo que o trabalho investi- experimentais investigativas, o professor
gativo dos alunos assuma, então, variadas suscita o interesse dos alunos a partir de uma
formas que possibilitem o desencadeamento situação problematizadora em que a tentativa
de distintas ações cognitivas, tais como: de resposta dessa questão leva à elaboração de
manipulação de materiais, questionamento, suas hipóteses (concepções prévias). A
direito ao tateamento e ao erro, observação, realização do experimento, a análise dos
expressão e comunicação, verificação das resultados obtidos e a pesquisa documental
hipóteses levantadas. Podemos dizer que esse confirmam ou não as hipóteses. Além disso,
também é um trabalho de análise e de síntese, estimula-se a interação entre os colegas e com
sem esquecer a imaginação e o encantamento o professor de modo que eles discutam tenta-
inerentes às atividades investigativas. tivas de explicar um determinado conceito ou
A partir dessa concepção de fenômeno científico.
investigação, professores de 1ª a 4ª série do Nessa perspectiva, pretende-se que o
ensino fundamental da rede estadual e aluno articule a expressão oral e a escrita com
municipal do interior de São Paulo foram base nas atividades investigativas e faça uso

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desta última na compreensão de conceitos diferentes abordagens, ou seja, contextua-


científicos. Ao se trabalhar na perspectiva de lização e verificação das concepções iniciais
um conhecimento que se constrói, a neces- dos alunos; influências da forma e da massa
sidade da pesquisa e do registro faz com que a dos objetos; água e/ou quantidade de água e
utilização da escrita e da leitura seja uma densidade do líquido. Além dessas, foi
constante, qualquer que seja a área do estudado o funcionamento de um submarino,
conhecimento que se está trabalhando. usando-se, durante o experimento, um sistema
Escrever e ler passam a ter significado, pois que o simulava (representado por seringas,
são instrumentos essenciais de comunicação e mangueira e rolha).
registro das concepções, da questão de
pesquisa, do observado, do manipulado, do Uma ferramenta para analisar as intera-
constatado, do texto coletivo negociado. ções e a produção de significados em sala
Sob a ótica do desenvolvimento da de aula
linguagem, o método do projeto ABC na
Educação Científica – Mão na Massa Num dos artigos elaborados por
considera que a Ciência apresenta uma Mortimer e Scott (2003), esses autores
linguagem própria e uma forma particular de apontam a necessidade de tornar visíveis as
ver o mundo, construída e validada social- práticas discursivas existentes em sala de aula
mente. O aluno é estimulado o tempo todo a e apresentam uma ferramenta para analisar as
falar sobre determinado fenômeno, procuran- interações e a produção de significados sobre
do explicá-lo para os colegas, e o professor, os conhecimentos de Ciências. Os autores
discutindo e considerando diferentes pontos definem interações discursivas “como consti-
de vista. Com isso, a criança tem a tuintes dos processos de construção de
oportunidade de familiarizar-se com o uso de significados”. Para eles, a ênfase no discurso
uma linguagem que carrega consigo e na interação tem sido pouco discutida entre
características da cultura científica (Driver e professores e investigadores da área; no
colaboradores, 1999), ao mesmo tempo em entanto, elas dão suporte para a compreensão
que a ortografia da língua materna é discutida sobre os processos pelos quais os alunos
e exercitada. Outros países também constroem significados em sala de aula,
implementaram, em sala de aula, essa pro- “sobre como estas interações são produzidas e
posta metodológica no ensino de Ciências sobre como os diferentes tipos de discursos
dentre eles Marrocos (1998), Senegal (1999), podem auxiliar a aprendizagem” (Mortimer e
Egito (2000), Colômbia (2000), Vietnã Scott, 2003: 3). Segundo os autores, o ingres-
(2000), Afeganistão (2002) e China (2002). so dessa abordagem na educação científica –
No Brasil, foi escolhido, em nível nacional, o interações discursivas – é como a entrada em
tema água como tópico a ser estudado, uma nova cultura, diferente da cultura do
juntamente com o eixo temático flutua- sentido comum, em que o professor possui
bilidade dos objetos, com tradução da versão um papel fundamental como representante da
francesa e adaptações para a realidade local. cultura científica.
Uma das escolas convidadas permitiu- Mortimer (2004: 69) reitera a neces-
nos acompanhar o desenvolvimento do sidade de um novo olhar no ensino e nas aulas
trabalho de professores responsáveis por das Ciências Naturais ao afirmar que:
turmas de 1ª, 3ª e 4ª séries (40 horas/aula de
observação em cada uma das delas) e “(...) a complexidade da sala de aula e a
observar as interações durante todo o singularidade das ações práticas dos
processo investigativo. professores demandam ferramentas
Considerando a estrutura metodoló- analíticas que tornem visíveis aspectos
gica do projeto descrita anteriormente, o importantes dessas ações, de modo a
estudo da flutuabilidade dos objetos foi possibilitar a reflexão sobre um reper-
desenvolvido em sete momentos, vistos sob

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tório de ações bem-sucedidas do ponto ver o uso de gêneros do discurso nas salas de
de vista da aprendizagem dos alunos”. aula de Ciências, ou seja, é um potencial
teórico para analisar como diferentes
Para esse autor, a atividade discursiva abordagens do processo comunicativo se
é central para várias ações que os professores articulam ou não às intenções do professor em
desempenham em sala de aula. Nos últimos diferentes fases da sua ação didática.
anos, a psicologia sócio-histórica ou sócio- Inspirada em Bakhtin, essa contribuição
cultural tem influenciado a pesquisa em também tem permitido ampliar a compre-
educação e resultado no desenvolvimento ensão da linguagem para além das interações
gradual do interesse sobre os processos de interpessoais, ao mostrar que o discurso é
“significação do conhecimento científico”, influenciado pela posição social do falante e
gerando um programa de pesquisa que pelo lugar institucional onde é produzido.
procura responder como os significados são Mortimer e Machado (1997) enfatizam a
criados e desenvolvidos por meio do uso da importância da forma com que o professor
linguagem oral e outros meios de intervém nas discussões com seus alunos,
comunicação. independente do objetivo a ser almejado, pois
Apesar dessa nova ênfase no discurso tanto pode encorajá-los a participar da
e na interação, ainda se conhece pouco sobre discussão como pode reprimi-los. Para os
como os professores dão suporte ao processo autores, é necessário que as discussões sejam
pelo qual os alunos constroem significados conduzidas sem a perda do rumo estabelecido.
em salas de aula de Ciências, sobre como Não basta deixar que os alunos falem
essas interações são produzidas e sobre como livremente, é preciso encontrar um equilíbrio
os diferentes tipos de discurso podem auxiliar entre a livre apresentação de idéias e a
a aprendizagem dos estudantes. atenção às questões já discutidas. Nesse
Nesse sentido, a ferramenta analítica processo, a presença do professor é funda-
desenvolvida por Mortimer e Scott (2003) mental, solicitando esclarecimentos quando
busca dar visibilidade a esses processos, necessário, relacionando falas de diferentes
podendo revelar as singularidades dessas alunos e resgatando conceitos esquecidos.
ações e permitindo a reflexão consciente A estrutura analítica da ferramenta é
sobre o processo pelo qual os professores baseada em cinco aspectos inter-relacionados
podem agir para guiar as interações que que focalizam, principalmente, o papel do
resultam na construção de significados professor, agrupados em três categorias de
desejáveis do ponto de vista científico. análise, como indica o quadro 1 a seguir.
Segundo Wertsch (apud Mortimer e
Smolka, 2003), essa ferramenta busca descrê-

Aspectos da análise
1. Intenções do professor
Focos de ensino
2. Conteúdo
Abordagem 3. Abordagem comunicativa
4. Padrões de interação
Ações
5. Intervenções do professor
Quadro 1 - Estrutura analítica: uma ferramenta para analisar as interações e a produção de
significados em salas de aula de Ciências (Mortimer e Scott, 2003).

A seguir, cada um desses aspectos é partir de uma seqüência de ensino em sala de


descrito de modo a explicitar as categorias de aula, percebe-se a ocorrência de ricas e
análise propostas pelos autores. substantivas interações entre professor e
O primeiro aspecto da estrutura alunos, transparecendo as diferentes intenções
analítica se refere às intenções do ensino. A que orientam as intervenções do professor.

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Segundo Mortimer e Scott (2003), o gicas que resultam em diferentes padrões de


ensino de Ciências produz um tipo de interação.
“performance pública” no plano social da sala Os autores identificam dois extremos
de aula. Essa performance é dirigida pelo quanto à natureza das intervenções, que são
professor que elaborou o seu plano de aula e definidos por meio da caracterização do
tem a iniciativa em “apresentar” as várias discurso entre o professor e os alunos ou entre
atividades que o constituem. O trabalho de os próprios alunos. Na abordagem comunica-
desenvolver a “história científica” é central tiva dialógica, o professor dá a vez e a voz ao
nessa performance. Há, no entanto, outras aluno e ocorre interanimação de idéias. Já na
intenções que precisam ser consideradas abordagem comunicativa de autoridade, o
durante uma seqüência de ensino: criar um professor considera aquilo que o aluno diz
problema; explorar a visão dos alunos; apenas do ponto de vista do discurso
introduzir e desenvolver a história científica; científico escolar, não há múltiplas vozes e
guiar os estudantes no trabalho com as idéias interanimação de idéias.
científicas e dar suporte ao processo de Na prática, qualquer interação
internalização; guiar os estudantes na provavelmente contém aspectos de ambas as
aplicação das idéias científicas e na expansão dimensões, dialógica e de autoridade, que
de seu uso, transferindo progressivamente podem ser combinadas para gerar quatro
para eles o controle e a responsabilidade desse classes de abordagem comunicativa:
uso; manter a narrativa: sustentar o desenvol-
vimento da ‘história científica’. • Interativa/dialógica: professor e estudantes
O conteúdo do discurso de sala de aula exploram idéias, formulam perguntas
é o segundo aspecto. Nas aulas de Ciências autênticas, oferecem, consideram e
ocorrem múltiplas interações entre o professor trabalham diferentes pontos de vista;
e os alunos e essas se referem a uma ampla • Não-interativa/dialógica: o professor
variedade de conteúdos, que inclui: a história reconsidera, na sua fala, vários pontos de
científica a ser ensinada (possivelmente vista, destacando similaridades e diferenças;
envolvendo aspectos conceituais, tecnológi- • Interativa/de autoridade: o professor
cos e ambientais); aspectos procedimentais do geralmente conduz os estudantes por meio
fazer Ciências (por exemplo, como montar de uma seqüência de perguntas e respostas,
um sistema simples de destilação da água); com o objetivo de chegar a um ponto de
questões de gerenciamento e organização da vista específico;
sala de aula (por exemplo, dando instruções • Não-interativa/ de autoridade: o professor
para tarefas a serem realizadas ou chamando a apresenta um ponto de vista específico.
atenção e solicitando silêncio da turma em
determinado momento da aula). Mesmo Um quarto aspecto da análise –
reconhecendo a importância de todos esses padrões de interação – refere-se aos
aspectos na definição dos conteúdos das momentos específicos da fala do professor e
interações em sala de aula, a estrutura do aluno e que comumente são representados
analítica proposta foca a atenção nos conteú- pela tríade I-R-A (Iniciação, Resposta,
dos relacionados ao desenvolvimento da Avaliação). Podem ocorrer também seqüên-
história científica que está sendo ensinada, ou cias estendidas fechadas do tipo I-R1-R2-F-R-
seja, dos conteúdos conceituais do assunto a F-R...A, em que a iniciação do professor pode
ser abordado. gerar diferentes respostas, que podem ter
O conceito de abordagem comunica- feedbacks intermediários do professor e são
tiva é central na estrutura analítica e se refere finalmente encerradas como uma avaliação.
ao terceiro aspecto. Diz respeito a como o As cadeias de interação estendidas abertas
professor trabalha as intenções e o conteúdo têm o mesmo formato do padrão anterior, mas
do ensino por meio de intervenções pedagó- sem a avaliação final do professor.

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O último aspecto da ferramenta remete seja com os colegas. Assim como asseveram
aos modos como o professor intervém para Mortimer e Smolka (2003), tomamos o
desenvolver a história científica e torná-la cuidado metodológico de situar o contexto no
disponível para todos os alunos na sala de qual as palavras foram ditas, ou seja, o
aula. Essa análise se baseia no esquema contexto da atividade que realizaram alunos e
proposto por Scott (1998), no qual seis formas professores.
de intervenção pedagógica foram identifica- Na análise dos episódios foram consi-
das. Relacionadas com o foco e as ações do derados os seguintes aspectos:
professor, são elas assim caracterizadas: dar
forma, selecionar, marcar e compartilhar 1) a intenção da professora;
significados – chaves, checar o entendimento 2) o conteúdo;
dos alunos e rever o progresso da história 3) o padrão de interação;
científica. 4) a forma de intervenção;
Os autores acreditam que essa ferra- 5) o tipo de abordagem comunicativa.
menta pode ter impacto nas práticas pedagó-
gicas dos professores se preencher dois Por fim, designamos por “uma síntese
critérios básicos: interpretativa” as constatações evidenciadas e
sistematizadas pela pesquisadora em cada
• ela precisa capturar efetivamente os foco de ensino.
aspectos-chave do que acontece nas salas de Os resultados dos experimentos
aula; realizados foram explicados pelos alunos por
• ela precisa ser desenvolvida num nível de meio de modelos já existentes. No caso do
detalhe apropriado, de modo a facilitar o estudo da flutuabilidade dos objetos, consi-
trabalho de análise e planejamento de derar as concepções dos alunos foi essencial,
ensino. sendo para as professoras um sinal verde para
orientar a tomada de decisão no encami-
Análise das interações discursivas durante nhamento da discussão do conceito científico.
as atividades investigativas Das análises das práticas pedagógicas
das três professoras, notamos que as mesmas
As discussões efetuadas em salas de procuraram discutir as idéias dos alunos: “de
aulas de 1ª, 3ª e 4ª séries foram analisadas à que tudo o que é pesado afunda e leve flutua”.
luz da “ferramenta” teórico-metodológica Enfatizaram mais o levantamento das idéias
desenvolvida por Mortimer e Scott (2003). As dos alunos, assumindo um discurso dialógico,
relações dialógicas estabelecidas em sala de não avançando para uma interação que
aula foram observadas e registradas pela levasse a um discurso de autoridade, o que
pesquisadora durante o desenvolvimento do seria um primeiro passo no desenvolvimento
conteúdo de flutuabilidade dos corpos em sala da história científica.
de aula. Concordamos com Mortimer e Scott
No desenvolvimento desse conteúdo, (2003) que deveria existir uma linha divisória
as atividades de ensino tiveram como objetivo entre as discussões das idéias iniciais e dos
identificar as grandezas que interferem na resultados experimentais com as intervenções
flutuação dos corpos nos líquidos. Para isso, que possam rever e sintetizar o progresso
os alunos verificaram a massa e a forma dos alcançado. Uma das intervenções do professor
objetos e realizaram experimentos, tal como a é manter a narrativa, isto é, prover comen-
construção de um submarino para analisarem tários sobre o desenrolar da história científica
o efeito da ação da água. – central nesse processo –, de modo a ajudar
Foram selecionados alguns episódios os alunos a seguir seu desenvolvimento e a
de ensino em que os conteúdos científicos entender suas relações com o currículo de
estiveram mais presentes nas interações Ciências como um todo. Assim, faz parte do
discursivas, seja dos alunos com a professora, trabalho do professor intervir, introduzir

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novos termos e novas idéias para fazer a colaboração do professor na produção do


história científica avançar. conhecimento redimensionam novos papéis
Segundo Mortimer (2004: 79): no ensino-aprendizagem de Ciências. O
quadro 2, a seguir, apresenta as diferenciações
“(...) parece fundamental considerar a metodológicas percebidas pelas professoras
importância da professora intervir para entre o ensino habitual e o ensino com
levar uma etapa da atividade ao fecha- atividades investigativas.
mento, pontuando o estágio do Com base no ponto de vista dos
desenvolvimento da história científica discursos, um aspecto central emergiu das
com afirmações relacionadas ao corren- aulas das três professoras: a forma pela qual o
te estágio de entendimento.” conteúdo do discurso sofre uma “transforma-
ção progressiva” desde as idéias cotidianas
Torna-se necessário, então, resgatar a dos alunos de que as coisas pesadas afundam
característica mais peculiar do papel do e as coisas leves não afundam até a
professor: compreensão de que não são apenas os
objetos que exercem uma ação, mas a água
“a interação sistemática e planificada também.
dos autores do processo educativo, Associados ao método do trabalho
alunos e professor, em torno da realiza- investigativo, os discursos assumiram a
ção das tarefas de aprendizagem.” (Coll, configuração discutir/realizar experimento/
1985: 63) concluir, ou seja, um ritmo de discurso
bastante similar ao dos autores (Mortimer e
A participação cognitivamente ativa Scott, 2003): discutir/ trabalhar/rever.
dos alunos durante todo o processo e a

Ensino habitualmente realizado em


Ensino com atividades investigativas
sala de aula pelas professoras
Desenvolvimento do conteúdo Consideração de tudo o que o aluno comenta, indaga
programático segundo o livro didático. ou questiona nas aulas.
O conteúdo é dirigido pela professora. Articulação da oralidade e da escrita dos alunos.
O livro didático conclui pelo aluno. Prioriza-se o interesse do aluno nas questões
desencadeadoras.
Experimentação: comprovação de um Experimentação: constatação do resultado por meio
conceito dado “pronto” para o aluno. da vivência completa e concreta.
Levantamento de hipóteses: feito apenas Levantamento de hipóteses: anotação de tudo.
por meio de conversa.
Os alunos e o professor são responsáveis pelo
fechamento do assunto.
Trabalho na maior parte do tempo em grupo.
Durante o processo acontecem imprevistos, sendo
necessário ampliar e aprofundar etapas e com isso
replanejar outros passos.
Entusiasmo do aluno a cada atividade apresentada.
Quadro 2 - Diferenciação metodológica entre o ensino habitualmente realizado pelas professoras
em sala de aula e o ensino com atividades investigativas.

Considerações Finais Fundamental tem características próprias.


Seria inadequado, por exemplo, exigir desses
O trabalho investigativo com os alunos percorrer todo o ciclo investigativo,
alunos das primeiras séries do Ensino formulando claramente hipóteses sem meio de

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testá-las. No estudo aqui apresentado, os Decorre então a importância de que o


alunos tiveram dificuldade ou não estavam aluno conheça a existência de diversos mode-
acostumados a criar por si mesmos as los alternativos na interpretação e compre-
propostas de experimentos. Os alunos da ensão da natureza, sendo apresentado aos
primeira série, por exemplo, se limitaram a modelos da Ciência, contrastando-os com os
identificar fatores como peso e formato para a seus e com outros historicamente exis-tentes.
flutuabilidade dos objetos, ao passo que os de Isso o ajudará não só na compreensão mais
terceira e quarta série reconheceram também clara do que é estudado como ainda colabora-
a influência da força da água. rá para um melhor entendimento das formas
Para superar o senso comum e as de construção da Ciência.
concepções alternativas dos alunos, é Concomitantemente com a preocupa-
necessário um corpo de conhecimentos mais ção da construção do conhecimento científico
robusto por parte dos professores e o está a potencialidade das argumen-tações em
desenvolvimento de diferentes formas de lidar sala de aula. A multiplicidade de vozes é
com os problemas que surgem, algo que eles coerente com a idéia de que os alunos exibem
também irão construindo. Conseqüentemente, perfis conceituais, e não enten-dimentos
cabe ao aluno (aquele que investiga) e ao únicos, unívocos, de certos conceitos.
professor (aquele que orienta a investigação) Mas, como o professor pode enca-
lidarem com as situações de desequilíbrio e minhar o processo pelo qual os alunos cons-
com as capacidades cognitivas, buscando a troem significados nas aulas de Ciências
construção de conhecimentos coerentes com durante as atividades propostas, tendo em
as evidências (empíricas ou não) que vão vista que ocorrem inúmeras interações discur-
surgindo nas atividades investigativas. sivas a partir dos discursos e das visões de
Muitas vezes, as práticas convencio- mundo?
nalmente adotadas pelos professores (até Podemos pensar na implementação de
mesmo de forma inconsciente) incluem uma relação dialógica em sala de aula,
opções metodológicas engessadas e excluem expressa em oportunidades, pelas quais as
o ambiente propício à realização de múltiplas formas de pensar, encontradas em
questionamentos, observações e experimen- sala de aula – as do professor, dos colegas,
tos, o que faz com que surjam dificuldades de dos livros, etc. –, entrem em contato umas
diferentes origens ao ser efetivada a com as outras para que possam dar sentido ao
implementação sistemática de atividades que aprendem.
investigativas no ensino. Ajudar o aluno a melhorar a sua
As pesquisas de Pozo e Gómez Crespo argumentação possibilita desenvolver o
(1998) propõem um enfoque para o ensino de espírito de análise na escolha mais confiante
Ciências por explicação e contrastação de entre as diferentes alternativas, com base nas
modelos e integração hierárquica entre o várias fontes de informações e nos vários
conhecimento científico e o que os alunos modelos explicativos para o processo envol-
trazem para a escola. Nessa direção, o vido. Dessa forma, é possível modificar e
processo de construção da Ciência como o de enriquecer os significados do que se diz e
elaboração de modelos – a modelagem – aos pensa sobre os conceitos estudados.
quais certos fenômenos naturais ou simulados Outra possibilidade diz respeito ao
são submetidos, num diálogo contínuo em estabelecimento de uma relação entre
busca de ajuste teórico ao que nós conhece- Ciências e cotidiano para que o aluno possa
mos da realidade. Porém, não aceita um entender o porquê de várias coisas ao seu
isomorfismo entre a construção do conhe- redor. Conseqüentemente, tal integração irá
cimento científico e o dos alunos, por reco- apontar para o caráter provisório e incerto das
nhecer que cada um é construído em cenários teorias científicas.
diferenciados, por comunidades que atendem
a critérios diferentes.

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Ciências & Cognição 2007; Vol 10: 93-103 <http://www.cienciasecognicao.org/> © Ciências & Cognição

Conscientização

Delimitado e
Motivação
significativo PROBLEMA

Conscientização
da natureza
provisória
Manusear
material
ELABORAÇÃO DE
EXPERIMENTAÇÃO HIPÓTESES
Aspectos de Análise:
focos de ensino, Prever implicações

abordagem e ações
Observar Constatar
Analisar recursos e/ou
material disponível
(proposição de prática
experimental)

Pensar,
discutir e
registrar
Generalizar a
conclusão,
quando possível
Prever
implicações CONCLUSÃO: Texto
coletivo negociado Gerar novos
problemas

Traçar uma explicação Modificar crenças e


significativa considerando as atitudes (pessoais ou
hipóteses (confirmação ou sociais), assim como as
refutação) e para construir novos concepções sobre a
conhecimentos Ciência

Etapas não lineares das atividades investigativas: problematização, elaboração de hipóteses,


experimentação e conclusão.

Análise dos focos de ensino, abordagem e ações em cada uma das etapas das atividades investigativas.

Esquema 1- Integração das atividades investigativas no ensino de Ciências e a estrutura analítica


para analisar as interações e a produção de significados.

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Ciências & Cognição 2007; Vol 10: 93-103 <http://www.cienciasecognicao.org/> © Ciências & Cognição

Por fim, podemos dizer que o estudo uma ferramenta sócio-cultural para analisar e
da análise discursiva – na concepção de planejar o ensino. Investigações no Ensino de
Mortimer e Scott – durante a realização de Ciências, 7, 3. Retirado em 06/05/2002, no
atividades investigativas remete a um World Wide Web: http://www.if.ufrgs.br/
“casamento profícuo” por serem instrumentos public/ensino/revista.htm.
e recursos que favorecem visualizar a Mortimer, E.F. e Smolka, A.L. (2003). Anais
produção de significados no ensino de do II Encontro Internacional Linguagem
Ciências. Elaboramos (Zanon, 2005) o Cultura e Cognição: reflexões para o ensino.
esquema 1 a seguir, que apresenta de forma Campinas: Faculdade de Educação da
mais clara a união desses aspectos que podem Unicamp. CD-ROM.
orientar o trabalho do professor. Pozo, J.I. e Gómez Crespo, M.A. (1998).
Aprender y enseñar ciencias. Madrid: Morata.
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discursivas nas salas de aulas de ciências: UFSCar/ DEME (Tese de Doutorado).

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