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De uma teia à outra: a explosão do comum e o surgimento da vigilância

participativa

Henrique Antoun1

Introdução

A discussão sobre a transformação produzida pela Internet no modelo


centralizado de produção e comunicação massiva remonta ao final dos anos 80 e início
dos 90. Mas a discussão sobre o que será chamado de Web 2.0, por Tim O’Reilly
(2005) emerge na virada do milênio quando o sítio, posteriormente transformado em
livro, chamado Cluetrain Manifest - ainda sob o impacto da manifestação de Seattle de
novembro de 1999 - resolve encarar o desafio de conversar sobre a mudança na
comunicação e nos negócios a partir do surgimento de um público auto organizado e
participativo. O consumidor tornara-se um usuário cada vez mais exigente, capaz de
interagir e se comunicar através da Internet usando os mais diferentes tipos de
dispositivos de comunicação. A mediação da publicidade ou dos grandes mídia estava
sendo trocada pelas interações e recomendações obtidas através das redes sociais
(Levine, Locke, Searls & Weinberger, 2000). A mediação tinha fugido da mão dos
grandes mediadores e agora estava embutida no código das interfaces através dos
protocolos (Galloway, 2004), programas (Lessig, 1999) e agentes (Johnson, 2001),
privilegiando os processos interativos de parceria informal dos sistemas peer-to-peer
típicos das redes sociais (Bauwens, 2002; Minar & Hedlund, 2001).
Antes da Internet ocupar o centro do debate comunicacional, havia se tornado
um lugar comum considerar o modelo indutivo hermenêutico da mídia de massa um
padrão para o estudo da mediatização na sociedade contemporânea. O caráter hipnótico
da emissão de uma mensagem com freqüência intensa e amplamente distribuída, casa-se
com a sua sonâmbula recepção de extensa ressonância, configurando uma massa
estúpida que reproduz a disposição que lhe foi sugerida neste processo feito à base de
redundância. Empiricamente isto se traduz pela repetição regular de idéias associadas,

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Professor Associado da ECO – UFRJ (1998) e pesquisador do núcleo principal do Programa de Pós-
Graduação de Comunicação da UFRJ (2001), desenvolve pesquisa com Bolsa de Produtividade do CNPq
(2007) no CIBERIDEA – Núcleo de Pesquisa em Tecnologia, Cultura e Subjetividade. Este trabalho faz
parte do projeto de pesquisa que o CNPq financia.

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expressões ou tipos de imagens através de diferentes meios concorrentes, gerando a
sensação de realidade amparada na familiaridade trazida pela regularidade da repetição
(Deleuze & Guattari, 1980).
O funcionamento deste modelo em um ambiente democrático implicou um
realinhamento de toda mídia feito pela televisão e uma transformação na organização
empresarial das grandes corporações comunicacionais, similar ao modelo que já
funcionava na indústria de entretenimento. As fusões e aquisições dos anos 70 na esfera
das grandes empresas de comunicação vão gerar as grandes redes corporativas globais
de informação, cujo novo gerenciamento se faz baseado nos interesses financeiros da
empresa através da participação acionária de seus editores e da entrada do marketing no
círculo de decisão editorial. O compromisso das editorias com o branding e a
lucratividade da rede empresarial corporativa ocasiona uma mega homogeneidade de
temas e assuntos em escala global, alinhando a grade de notícias mesmo nas mais
remotas localidades em um efeito de imitação em cascata. O tema da tirania da
comunicação (Ramonet, 1999) encontra nesse quadro sua fonte de inspiração embora os
tradicionais críticos da comunicação de massa prefiram atribuí-lo às velhas vicissitudes
do imperialismo.
A abordagem feita pela teoria da recepção e dos estudos culturais procura
abrandar uma visão apocalíptica deste fenômeno nos lembrando que ninguém pode
sonambular indefinidamente e mesmo um sonâmbulo precisa acordar de vez em
quando. Esta teoria vai valorizar a capacidade do receptor de construir seus próprios
nexos e significados fazendo uma leitura original do que lhe é enviado pelo emissor. O
processo comunicacional seria de fato parte do processo cultural, tendo o receptor o
mesmo tipo de liberdade que um novo membro formado em alguma cultura. De
qualquer maneira uma liberdade de leitura e interpretação não é o mesmo que uma
liberdade de construção e emissão. Mesmo o leitor mais ativo é ainda passivo na
perspectiva da luta para produzir a informação capaz de transformá-lo em um sujeito
com atividade e autonomia. Sobretudo quando a homogeneidade da atividade editorial
se presta à condução das guerras de informação que hoje orientam a competição na
política e nos negócios (Kopp, 2000; Arquilla & Ronfeldt, 2001).
O fato que sobressai é o quanto a teoria da recepção parece ingênua em face da
realidade da guerra da informação que tem como um de seus fundamentos a disciplina
do gerenciamento da percepção, sendo essencialmente o uso da informação para
confundir, decepcionar, desorientar, desestabilizar e desbaratar uma população ou um

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exército adversário (Kopp, 2000). O importante nesta guerra é a inserção de falsidades
na percepção do adversário, prevenindo-se de que ele possa fazer o mesmo, e a
adivinhação de seus segredos, garantindo um domínio na condução da ação pelo poder
de decepção adquirido. Em termos gerais toda operação conduzida para explorar
informações para obter uma vantagem sobre um oponente e para negar ao oponente
informações que poderiam lhe trazer uma vantagem faz parte da guerra de informações
(Kopp, 2000).
Não há muitas dúvidas de que a massa é um alvo de mafuá para as grandes redes
de comunicação e de que estas últimas são um meio indefeso para a resistência às
guerras de informação travadas diariamente através delas (Schwartau, 1995). Não se
vive mais em sociedades de cultura unificada ou hegemônica cuja reprodução social se
faz através de processos culturais homogêneos, como supõe uma bolorenta hipótese
antropológica. Vive-se na fábrica social onde as populações lançam mão dos mais
diferentes processos culturais em conflito. Enquanto os diversos processos culturais
procuram reproduzir os meios e modos de vida capaz de ampará-los, as populações
misturam diferentes partes destes diversos processos misturando-as e recombinando-as
em busca de sua autonomia (Negri & Hardt, 2001).
A conversa no Cluetrain Manifest realinhava toda essa temática, pensando a
comunicação na Internet como uma profunda transformação nas relações entre público e
empresas. O público estaria farto dos caras de pau risonhos que impulsionam a venda
nas televisões e desconfiaria cada vez mais do que as empresas lhe endereçariam através
dos canais de propaganda e marketing. A Internet teria emponderado uma demanda de
participação, produção e honestidade incompatíveis com as comunicações invasivas e
unilaterais (Levine, Locke, Searls & Weinberger, 2000).

A proliferação do comum

A discussão sobre a Internet dos anos 90 envolvia o debate sobre o estatuto das
comunidades virtuais – se eram comunidades “por assim dizer” ou reais – e as
transformações que o nascente espaço das páginas web traziam para esta realidade. Isto
porque o modelo para entender as manifestações comunicacionais sediadas no
ciberespaço permanecia preso às hipóteses correntes para as mídias de massa irradiadas.
Enquanto alguns teóricos vão querer ver no ciberespaço uma mera plataforma para o
desenvolvimento da mídia de massa tradicional (Cole & Suman, 2000), outros vão ligar

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os fenômenos da hipermídia à comunicação interpessoal por ser esse o lugar tradicional
da interatividade no campo do conhecimento (Katz & Aspden, 1997).
Os grupos de discussão que vão emergir nos anos 80, constituindo a rede
USENET e a base das comunidades virtuais então nascentes, se organizavam em torno
da partilha do conhecimento sobre algum tópico ou tema de interesse (Rheingold,
1993). Esta maneira de se ordenar constrói redes sociais visíveis e duradouras,
contribuindo para o seu crescimento e proliferação. Diferentes das instituições ou dos
grupos, as redes sociais fazem circular através de seus canais notícias, dicas, interesses
no seio de uma comunidade que partilha certas atividades e age coletivamente. O canal
de uma rede social é formado pela interação entre seus membros. Em termos do
conhecimento uma grande economia se faz quando os problemas da ação coletiva
podem ser resolvidos de modo simples e econômico por alguma tecnologia de
comunicação (Kollock & Smith, 1996). As redes sociais promovem comunidades de
atividade ou interesse, ao invés dos grupos de opinião da imprensa ou das massas de
consumo da mídia irradiada (Antoun, 2004a).
Já as páginas web foram construídas a partir da necessidade de se fazer de forma
simples, fácil e dinâmica a produção de um documento virtual com o material
produzido de modo independente e disperso sobre certo assunto. Tim Berners-Lee criou
o universo das teias de comunicação para automatizar a confecção de documentos a
partir do material espalhado na rede. Deste modo, o endereço virtual do sítio atrairia e
ordenaria textos, imagens, sons e vídeos disponibilizando um documento organizado
informacionalmente (Berners-Lee, 1989; Berners-Lee & Cailliau, 1990). As páginas
web fizeram da Internet um espaço hipermediatizado, gerando um local concentrador de
informações sobre alguém, algo ou algum assunto. Este espaço foi apropriado pelos
participantes das comunidades virtuais criando os sítios das comunidades ou seus
anexos que disponibilizavam seus diversos materiais (Gillies & Cailliau, 2000).
Há quem considere o sítio Slashdot o antepassado dos blogs e do tipo de
comunicação coletiva da web 2.0. Neste sítio era proposta alguma discussão sobre
algum tema ligado à tecnologia computacional. Para propor a conversa conectava-se
alguns documentos com alguma notícia atual. O sítio era formado por programadores
envolvidos com o movimento ligado ao sistema operacional GNU/Linux e a
programação com fonte aberta (open source) à modificação pelos usuários. Embora o
sítio tenha começado como uma ação entre uns poucos amigos participantes do
movimento open source, foi tendo sua leitura e participação ampliada e obrigou seus

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criadores a inventarem modos de possibilitar essa expansão sem sacrificar seu caráter
autônomo e informal. Eles criaram, então, os elementos que vão caracterizar a
comunicação coletiva da Internet. Além do já existente espaço para os comentários dos
participantes, surgiu a enquête automatizada onde cada participante podia pontuar a
participação dos outros, atribuindo uma nota para cada comentário. Com isso aparecia
um instrumento capaz de avaliar o valor e o peso das opiniões na comunidade, gerando
um grupo de produtores e opinadores com valor acumulado para se tornarem
moderadores temporários dos materiais diariamente propostos. Além disto foram
criadas paginas para que os freqüentadores pudessem dar livre vazão a suas opiniões
(Rheingold, 2002; Martins, 2006). Quando a bolha econômica dos investimentos em
negócios da Internet estourou, foram sítios como a Amazon ou o E-bay que haviam
adotado instrumentos como os do Slashdot aliados à implementação de mina de dados e
uso de agentes de rede, que se revelaram como negócios rentáveis. Ao contrário dos
processos irradiativos comunicacionais, o público se alimentava do resultado de sua
própria participação na comunicação distribuída.
Desde os 80 que os movimentos de advocacia social e a geração das
organizações não governamentais estava fortemente condicionados ao uso dos grupos
de discussão e da utilização das BBS. E foi a gestão de informação impulsionada por
estas redes interativas que fizeram da comunicação distribuída uma das principais armas
na luta contra os governos disciplinares e as mega corporações neste período
(Rheingold, 1993). A eficácia da reunião da ação militar desmanteladora com o controle
total da distribuição da comunicação, que mantinha os governos disciplinares do bloco
soviético subjugados, vai conhecer seu colapso funcional com a entrada em cena da
Internet na comunicação globalizada (Arquilla & Ronfeldt, 1996; Antoun, 2004). Por
outro lado as guerras de informação dos estados e corporações contra as redes dos
movimentos sociais vão esbarrar na dinâmica transversal dos grupos de discussão que
vão garantir a integridade destas redes neste desigual embate (Arquilla & Ronfeldt,
1996; Rheingold, 1993, Cleaver, 1995).
Nos anos 90 o poder integrador das páginas web e do universo que formavam
trouxeram para a comunicação distribuída a reunião dos diferentes movimentos em
ações coletivas seja para empreender uma luta comum; seja para construir uma
atividade comum. A dinâmica da distribuição das informações e dos debates
desenvolvidos pelos grupos de discussão se alia à gestão do conhecimento como um
bem comum de todos das páginas web e sítios virtuais. A paixão dispersiva das opiniões

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e ideologias e a paixão concentradora do consumo e dos gostos encontram sua
remediação na mídia interativa de comunicação distribuída (Bolter & Grusin, 1999).
Nasce a guerra em rede (netwar) que permite aos movimentos sociais lutarem
vantajosamente contra estados e corporações (Arquilla & Ronfeldt, 1996). O
movimento Zapatista nascido em 1994 será o principal exemplo deste poder e a
principal escola de aprendizado para ONGs e movimentos sociais (Arquilla, Ronfeldt,
Fuller & Fuller, 1998; Cleaver, 1994).
Duas novas modalidades de ação emergiam com a guerra em rede. A primeira
nasce da reunião dos grupos de discussão com as páginas web, que vão trazer segurança
para a comunicação anônima entre parceiros na rede - pois os instrumentos interativos
de busca e enquete da comunicação distribuída tornam o anonimato reputável. Na
medida em que me mantenho no âmbito da ação empreendida pela rede, sei que posso
confiar em meu desconhecido parceiro através das informações que a rede me oferece
automaticamente a seu respeito, produzidas pelo histórico de sua participação e pelas
enquetes feitas com o resultado das interações passadas de outros membros da rede com
ele. (Rheingold, 2002) Este tipo de informação impulsiona as organizações sem líder
(leaderless) como forma privilegiada de ordem nas comunidades virtuais (Arquilla &
Ronfeldt, 2001; Starhawk, 2000; Armond, 2000; Cleaver, 1994).
A segunda é a zoação, ou enxameamento (swarm), e o movimento de afluência
(swarming) como táticas de luta. Através deste tipo de ação posso transformar
instantaneamente qualquer lugar em uma praça de guerra. A rede, sobretudo a rede sem
fio, permite coordenar a reunião e a dispersão dos participantes anônimos de uma ação
distribuídos em pequenos agrupamentos (Arquilla & Ronfeldt, 2000; Starhawk, 2000;
Armond, 2000). Como previsto no projeto original da Internet, era possível manter a
segurança, o anonimato e a integridade da comunicação entre aliados em um processo
de luta qualquer. O rosto eternamente encoberto do sub-comandante Marcos exprimia
essas qualidades na rede zapatista, fazendo dos seus comunicados a voz anônima do
coletivo, pois o rosto e a voz de Marcos eram os de qualquer um que pertencesse à rede
(Cleaver, 1999; Antoun, 2004b).
Teria essa primeira Web sucumbido ao seu sucesso participatório? Pois foi o
sucesso desta primeira Web quem gerou o Zapatismo em 1994, culminando com a
marcha Zapatista de Chiapas à cidade do México em 2001; ou os Fóruns Sociais
Mundiais, iniciados no Brasil e tendo uma apoteose em 2001 na cidade de Genova; sem
mencionar as grandes manifestações contra as redes globais de regulamentação,

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iniciadas em Seattle em 1999 (Antoun, 2004b). O atentado de 11 de setembro põe este
sucesso na contramão, rachando a instável aliança destes movimentos com seus
participantes e a opinião pública globalizada.
A Web 2.0 e os blogs vão se tornar a principal maneira de se comunicar na
Internet logo depois dos sítios e dos grupos de discussão enfrentarem seu colapso
comum no seio do processo da radicalização da guerra em rede. Foi a partir do
recrudescimento do Zapatismo por um lado e dos movimentos globais de resistência
iniciados em Seattle por outro que a velha teia sem aranha esbarrou em sua fronteira.
Era como se o atentado de 11 de setembro impetrado pelo Al Qaeda revelasse um limite
para a primeira Internet, mas ao mesmo tempo apontasse a necessidade de ultrapassar
esse limiar com a transformação de suas praticas.
Pois desde o início a Internet dera aos movimentos e às atividades sociais uma
crescente emancipação em face das instituições e das comunidades tradicionais,
permitindo que a informal fluidez dos movimentos sociais ganhasse força e duração
através dos processos interativos da comunicação distribuída em rede (Cleaver, 1999).
Mas os limites desta expressão será apropriado pelas empresas e estados e voltado
violentamente contra esses movimentos a partir do final de 2001. As violentas e
intermináveis guerras verbais (flame wars), os palhaços que falam de tudo para
aparecer, os ególatras que acham que sabem mais do que ninguém sobre algo, os
trogloditas (trolls) que gostam de ofender e humilhar os participantes das discussões dos
grupos de interesse, as desfigurações (defacements) dos sítios por seus antipatizantes, os
ataques de negação de serviço (DDOS) aos sítios tornados alvos, as derrubadas e
seqüestros de redes, computadores e salas de bate papo (chat rooms) do universo web;
tudo isto refluiu no seio dos movimentos da multidão, esfacelando suas praticas.
Um exemplo significativo pode ser visto através do colapso do tradicional grupo
de discussão formado para organizar os congressos hackers da série HOPE, em
2001/2002 sob o impacto dos efeitos do atentado. Até o congresso de 2000 a lista de
discussão capitaneada pelo grupo 2600 mantinha uma coesão em suas posições; mas
após o atentado o grupo rachou e os hackers a favor de cooperar com a guerra e o estado
dos EUA contra os fanáticos e comunistas vai se chocar violentamente com os
libertarianos anárquicos e os vegetarianos indies contrários à guerra e ao governo Bush.
A lista naufragou em meio ao ódio, racismo e intolerância generalizados. Para o
congresso dos hackers de 2004 um blog substituiu a tradicional lista de discussão

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abrigando um fórum de debates. Em julho de 2008 foi realizado o último congresso,
pondo um ponto final na principal atividade do 2600.
Após o atentado os grupos foram submersos pela avalanche de palhaços,
ególatras e trogloditas e as páginas web sucumbiram aos desfiguradores e invasores.
Isto acrescido aos spams decreta a morte da web 1.0, abrindo espaço para a nova web e
seus filtros eficientes, mineração de dados miraculosa e redes sociais promissoras.

A revolução do controle

A conversa a partir do inicio do novo século vai girar em torno da Web 2.0 com
seus blogs, wikis, folksonomics, youtubes, formando redes sociais: teria a rede
construído uma mídia totalmente democratizada e acessível para os homens comuns
publicarem suas produções, seus conhecimentos e exprimirem suas opiniões? Há
mesmo quem diga que a web 2.0 é o blog e que o universo www começou na Internet
como “web logs” - as páginas hipertextuais que remetiam para os sítios e seus
conteúdos. Não fosse a emergência das interfaces de redes sociais e uma vaga sensação
de engodo que nos acomete, poderíamos nos entregar cegamente a esta interpretação.
De fato, chama a atenção que no blog haja certa fusão de elementos fundamentais dos
grupos de discussão com características determinantes das páginas web temperadas
pelos novos instrumentos de controle.
Como já havíamos apontado, o movimento da web 2.0 começa em 2000 no blog
do Cluetrain Manifest, onde publicitários, marketeiros e empreendedores pensam a
Internet como um lugar capaz de revolucionar a publicidade, o marketing e os negócios
(Levine, Locke, Searls & Weinberger, 2000), desgastados com a violência e estupidez
da mídia proprietária de massas e seu modelo invasivo, caro e coercitivo (Rushkoff,
1999). A Internet devia ser como o blog: uma plataforma onde programas open source
tornariam o conhecimento de programação desnecessário e tornariam o usuário um
produtor e cooperador das empresas (Levine, Locke, Searls & Weinberger, 2000;
Rheingold, 2002).
Na nova web a publicidade encontraria a nova voz dos grupos da cultura da
mídia que transformariam a publicidade em uma honesta recomendação crítica dos
usuários. Os usuários se transformariam em sócios das empresas através de sua
cooperação interessada, na mesma medida em que as empresas reconhecessem seu valor
e garantissem sua livre expressão e participação. Mercados seriam espaços públicos

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repletos do som da vida: as conversações. Mercados não seriam a produção em massa
do mundo industrial conduzindo as grandes corporações a se engajar no marketing de
massa, entregando “mensagens” para uma horda indiferenciada que não quer recebê-las.
A cooperação, a colaboração e a livre expressão seriam os instrumentos desta nova web
que uniria empresários e usuários através da livre comunicação em um poderoso
ambiente de negócios cooperativos e integrados (Levine, Locke, Searls & Weinberger,
2000).
O atentado de 11 de setembro contra as torres gêmeas faz refluir as
manifestações contra as redes de poder do mundo globalizado. Ao mesmo tempo uma
série de novas ferramentas e aplicações povoa a Internet. Os blogs se multiplicam e
crescem em importância como fonte de informação. As redes peer-to-peer se
disseminam, e a troca de arquivos torna-se incontrolável. A escrita coletiva das wikis se
multiplica na esteira do sucesso da enciclopédia online wikipedia. Inúmeros serviços
tornam-se sítios, feitos pela mescla de comandos de outros sítios para criar serviços
originais. Inúmeros pequenos aplicativos (add on) se adicionam modularmente aos
grandes programas, fazendo os aplicativos proliferarem, gerando uma economia própria
apelidada de addonomics.
O caráter participativo da rede se radicaliza, fazendo florescer o investimento em
seu filão cooperativo e colaborativo. Os negócios da rede que procuram explorar a
propriedade privada da informação fracassam em sua maioria, enquanto os que se
baseiam na potência da comunicação e no jogo das parcerias crescem e se disseminam
(Antoun, 2004a). Se considerarmos que as participações comunitárias das populações
em atividades coletivas voluntárias constituem um capital social; a Internet parecia estar
gerando as novas mídias de promoção deste capital, para fazer frente ao capital
financeiro característico do caráter parasitário do capitalismo na nova produção
globalizada (Negri & Hardt, 2001). Desde os anos 80 que a luta política democrática
terminava no confronto de dois tipos de candidatura, uma impulsionada pela fartura de
dinheiro e a outra pela participação dos grupos sociais. Por outro lado, o trabalho
imaterial arregimentava contingentes cada vez maiores em projetos colaborativos, como
o GNU/Linux e a Wikipedia, em contrapartida aos projetos altamente monetizados.
Mesmo estes últimos, a exemplo da Amazon ou do Ebay, precisavam gerar uma grande
participação voluntária para fazer sucesso. Para muitos o peer-to-peer havia se tornado a
base de uma nova economia de compartilamento (sharing economy) constituindo a
riqueza das redes (Benkler, 2006 e Bauwens, 2005).

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Na esteira desta participação, grandes fluxos de dados eram produzidos
diariamente na rede em todo o mundo, ganhando visibilidade nas ferramentas de busca
através do monitoramento das pesquisas. Esses fluxos constituem a matéria prima da
criação das imensas minas de dados que vão gerar a base da riqueza dos sítios, na
medida em que agentes de rede fossem criados para explorá-las. Os blogs e depois sítios
de rede social emergem como locais capazes de promover essa nova corrida do ouro.
Perfis ricos em informação nas redes sociais eram capazes de fazer aparecer padrões
inusitados, unindo dados aparentemente desconexos. Essas amplas grades de tendências
fazem com que a característica de perfil “se julgar atraente” venha a se conjugar com
livros de negócio, filmes eróticos, música disco e atividade física, podendo resultar na
escolha de uma carreira em relações internacionais ou ciência política (Adamic,
Buyokkokten & Adar, 2003).
Mas esse fenômeno de vigilância de dados esta longe de se confundir com a
antiga vigilância panóptica. Ela se conjuga com uma profunda mudança nas formas de
fazer negócio e se funda nos movimentos de participação. Na esteira desta participação
vai emergir uma economia fundada na cauda longa dos gráficos de distribuição de
energia, que vieram substituir a popular curva de sino, formada pela curva de Gauss.
Até bem pouco tempo a curva de sino era sinônimo da justeza da democracia
representativa e do bom funcionamento do mercado de massas. Ela amontoava a
maioria dos dados em sua região central com queda súbita e acentuada nas laterais. Esta
característica era interpretada como reveladora da grande homogeneidade dos
indivíduos entre si e da pouca importância de suas discrepâncias individuais. Deste
modo os poucos produtos de agrado da maioria, assim como a representação de muitos
por poucos, podiam ser apontados como adequados para exprimir o gosto e o desejo
geral. A maioria ou a massa habitaria o centro, e não os extremos da curva.
Já o gráfico de distribuição de energia parecia guardar um significado
profundamente antidemocrático, se associando com a curva do economista italiano
Pareto e sua fórmula de que em qualquer ramo de atividade 20% dos produtores fazem
80% dos produtos. A modelização matemática vai revelar a correção desta fórmula para
todos os campos de atividade, sejam eles constituídos por células, neurônios ou sítios da
Web. Este tipo de gráfico supõe que o rico ficará mais rico e que o vencedor poderá
ganhar tudo, monopolizando o mercado (Barabási, 2002). A Internet, porém, mudara o
sentido destes gráficos. Na medida que a atenção se desloque dos poucos dominantes
para a cauda contínua e ilimitada que o gráfico traça surge uma oportunidade diferente

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para a organização do mercado. Como o comércio em rede pode oferecer uma vasta
quantidade de produtos sem sofrer com os custos de estocagem, e pode fornecer
sistemas eficazes de busca e oferta inteligentes através das minas de dados e agentes, o
verdadeiro tesouro do negócio se transfere para o que habita a cauda do gráfico. A
cabeça do gráfico se achata e a cauda cresce consideravelmente. Entra-se em uma
economia de nicho onde a vasta diferença entre as coisas se conjuga com sua qualidade
e reputação (Anderson, 2006). Mudamos de uma produção de poucos produtos para
uma massa, para uma produção de muitos produtos para muitos nichos.
A Web 2.0, entretanto, esta`longe de ter sua principal significação circunscrita à
transformação mercadológica, como muitas vezes a discussão capitaneada por O’Reilly
(2005) parece sugerir. Em 2003 essa nova web mostra seu poder político auxiliando os
movimentos contra a guerra do Iraque a promoverem a primeira manifestação
Internacional descentralizada de massas através do blog do “Move On”. Pouco depois
ela mostra sua força novamente, arrecadando através do blog “Dean for América” 40
milhões de dólares em contribuições de 50 e 100 dólares para o candidato à indicação
do partido democrata Howard Dean (Trippi, 2004). Independente de serem
considerados os espaços de uma personalizada “escrita de si”, os blogs guardavam o
poder organizador das páginas web reunido ao poder noticiador dos grupos de
discussão. E os códigos impulsionados pelos programas de fonte aberta permitiam que
novas aplicações fossem inventadas a partir dos fluxos de comunicação de base
produzidos pelos usuários (Antoun & Pecini, 2007).
Se em 2003 o New York Times vai celebrar a opinião pública global como
quarto poder por sua manifestação contra a guerra, capitaneada pelo “Move On” que vai
formar uma parceria com os ativistas mais atuantes em todo o mundo (Antoun, 2006),
em 2006 a tradicional revista Times vai eleger o anônimo “você” como homem do ano
pela cooperação generalizada promovida através da nova web entre usuários e
empresas, com o YouTube sendo apresentado como principal exemplo (Antoun &
Pecini, 2007).
Uma coisa chama de imediato a atenção: tudo na Web 2.0 já nasce com filtros de
palhaço, derrubadores de ego, pesquisadores de opinião, controladores de spam e
mineradores de dados – todos os antídotos contra as mazelas da primeira web (Martins,
2006). Um sítio como o Digg pode surgir como uma promissora empresa da nova
economia, tendo todo o seu trabalho realizado pela interação entre os instrumentos de
classificação e enquête da interface e a produção dos blogs na web. Um trabalho

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inteiramente colaborativo, com a cooperação emergindo da conexão dos blogueiros com
as ferramentas da interface (Antoun & Pecini, 2007).
A revolta no Digg, quando da divulgação da chave criptográfica das mídias de
alta definição, revelou um estremecimento nessa imagem idílica. Em uma nova versão
das antigas revoltas de trabalhadores, os pretensos “sócios,” que até então trabalhavam
graciosamente para o empreendimento bilionário, resolveram pôr de lado a cooperação
e partiram para a guerra, forçando a empresa a fazer várias reviravoltas até acomodar a
situação. Era como se o espírito da velha web se insurgisse e trouxesse de volta todo o
conflito varrido para debaixo do flash, com direito a hackers, protestos e revoltas
(Antoun, Lemos & Pecini, 2007).
A Web 2.0 sempre parecera um modo de exorcizar a revolução democrática da
multidão despertada em Seattle. Os protestos de então traziam a Internet para as ruas,
bradando contra o modelo irradiativo e massivo da indústria, do comércio, da mídia e
dos governos (Antoun, 2001). O atentado de 11 de setembro autorizou o forte controle
dos aeroportos que bloqueou os ataques de afluência (swarming), enquanto a brutal
repressão policial aos protestos e a institucionalização da tortura em Guantanamo
fizeram a multidão refluir para a web javanizada (Negri & Hardt, 2005).
A nova aliança entre interfaces de redes sociais e blogs, entretanto, começa a
ensaiar sua revanche, conduzindo uma revolta de dimensões planetárias que
transformam o negro Barack Obama em candidato a presidente do partido democrata
dos Estados Unidos. Esta mesma aliança auxiliou a derrota do conluio das elites
católicas e da mídia proprietária de massas brasileira nas eleições de 2006. Parece que
os velhos métodos de mesmerização e repetição ininterrupta funcionam de outro modo
na Web. Pois os Republicanos nos EUA, assim como as elites brasileiras, despejaram
milhares de agentes na rede com o seu dinheiro, fazendo-os repetir suas piadas e
insultos infames contra seus adversários. Ao mesmo tempo, orquestraram um milionário
uníssono na mídia proprietária de massas, afinado com seus interesses. Entretanto, as
poucas vozes dissonantes existentes puderam se fazer ouvir e soaram fortes o suficiente
para neutralizar a irradiação endinheirada. Diante de tudo isso parece difícil negar que o
capital social pareça ter encontrado sua mídia na Internet para auxiliar a luta do trabalho
imaterial contra o domínio do capital monetário.
Permanece, entretanto, a questão sobre essa curiosa vigilância participativa que
pode tanto encontrar o livro que busco sem saber em um sítio ou autorizar uma sanção
por precaução contra alguém apontado como possível futuro criminoso. O banco de

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dados ainda é da disciplina. Mas ele não modula mais os exames sofridos pelo corpo –
feitos pelos médicos, professores, chefes, oficiais -, gerando para esse corpo uma
história que lhe empresta a individualidade. O exame foi substituído pelos programas e
processamentos.
A grande novidade, hoje, emerge com a mina de dados, porque ela extrai dos
fluxos de informações móveis os bancos de dados dinâmicos e auto-reguláveis. A mina
de dados é completamente opaca, completamente invisível para o sujeito. Ela se faz
com agentes de rede que trabalham sem cessar o fluxo de dados, procurando através da
conexão dos dados formar instantaneamente grupos em uma multidão qualquer,
tornando essa multidão interativa. Não é mais a história o que interessa para operar a
sociedade. Muito mais importante é o quanto se pode adivinhar a partir dos padrões
gerados pelas minas de dados nos fluxos de informação. Importa saber o que se pode
esperar de alguém que é visto em algum lugar determinado, a partir daquilo que ele
apresentar diante do olhar, utilizando-se os padrões preditivos existentes sob a forma de
perfís. O entendimento deixa de ser uma questão hermenêutica para se tornar oracular.
Estas tecnologias performativas e preditivas funcionam controlando e
instrumentalizando as escolhas individuais.

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