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ESPECIAL
sumário
Editorial 04
Palavra da SBGC 05
Heitor José Pereira
Presidente da SBGC
Mesa Redonda 2
O processo de implantação da Gestão do Conhecimento:
09
barreiras e facilidades
Por Luiz Carlos Valle Ramos / Roger Lahorgue Castagno Júnior
Mesa Redonda 3
Tutorial: Construção coletiva do saber
14
Alavancando valor por meio de redes dinâmicas de conhecimento
Por Filipe Cassapo
Mesa Redonda 5
A mesa de debates sobre gestão de projetos e
24
Gestão de Conhecimento no GeCIC
Por Alberto Sulaiman Sade Júnior
Mesa Redonda 7 27
Inovação e conhecimento organizacional
Por Ingrid Paola Stoeckicht
Mesa Redonda 8
Dimensões da Gestão do Conhecimento
30
na Câmara dos Deputados
Por Cássia Regina O. M. Botelho e
Roberto Costa
Expediente
Uma publicação da: Rivadávia Correa Drummond de
SBGC – Sociedade Brasileira de Alvarenga Neto
Gestão do Conhecimento Roberto Pacheco
www.sbgc.org.br Rodrigo Baroni
Serafim Firmo de Souza Ferraz
Integrantes Permanentes do Silvio Aparecido dos Santos
Conselho Científico da SBGC Sonisley Machado
Walter Félix Cardoso Jr.
Presidente:
03
Maria Terezinha Angeloni REVISTA GC BRASIL
Editora-Chefe:
Elisabeth Gomes
Alberto Sulaiman Sade Júnior
Aline França de Abreu Produção Executiva:
Carlos Olavo Quandt Maria de Lourdes Martins
Chu Shao Yong
Supervisor Editorial:
Eduardo Moresi Anderson Fagundes de Paula
Faimara do Rocio Strauhs
Fernando Antônio Ribeiro Serra Jornalista Responsável:
Hélio Gomes de Carvalho Cristiano Pio MG 09315 JP
Gilson Schwartz Revisão:
Guilherme Ary Plonski Cristiano Pio e
Helena Pereira da Silva Anderson Fagundes de Paula
Helena Tonet
João Amato Neto Diagramação:
Jorge Tadeu de Ramos Neves Fator Um Comunicação e
José Ângelo Gregolin Eventos
José Rodrigues Edição de Imagens:
Kira Tarapanoff Maria de Lourdes Martins e
Marília M.R. Damiani Costa Ana Mambrini
Moacir de M. Oliveria
Mônica Erichsen Nassif Borges Design:
Quinto Elemento
Raquel Balceiro
Resilda Rodrigues Tecle conosco:
Ricardo Roberto Behr gcbrasil@sbgc.org.br
ESPECIAL
Editorial
editorial
04
Pode parecer estranho a alguns de vocês fazer uma revista sobre um evento que já
aconteceu. Mas, se pensarmos que Gestão do Conhecimento preconiza compartilhar
e registrar conhecimento para uso, o conteúdo desta revista está nesta linha: estamos
registrando, no formato de artigos, o conhecimento compartilhado nas mesas redondas
do KM BRASIL 2006. Esta revista é um número especial da GC Brasil e vai apresentar
a vocês um resumo, na visão dos palestrantes, dos assuntos tratados nas mesas
redondas do evento.
Neste contexto esta revista foi organizada por mesa redonda de forma que os leitores
possam escolher a ordem da leitura. Faço a vocês uma sugestão: leiam todos os
artigos. Estão ótimos! Tratam seus temas de forma clara, o que nos faz refletir. Sendo
assim, nada mais me resta para falar sobre este número especial, que não seja desejar
BOA LEITURA!
Elisabeth Gomes
Editora-Chefe da GC Brasil
Coordenadora de Conteúdo e
ESPECIAL Publicações da SBGC
Heitor José Pereira
Presidente da SBGC
Gestão 2007-2009
heitorrh@gmail.com
Gestão do Conhecimento
e a relação com os
diferentes setores da
Sociedade
A Sociedade Brasileira de Gestão Vale destacar também a diversidade de
do Conhecimento - SBGC, tem abordagens no conjunto de trabalhos que
como objetivo central abrir espaços vêm sendo apresentados cobrindo prati-
que possibilitem o diálogo entre os camente todos os referenciais teóricos e
todos os assuntos tratados pelas áreas de
08
ESPECIAL
Introdução zidos em termos de inovações, qualidade
Mesa Redonda 2
Mesa Redonda 2
• ajudem na análise e definição dos pro- dade similar, o grande diferencial
blemas; das organizações é a satisfação
• respondem às questões operacionais e de seus clientes. O grande ques-
de negócios; tionamento é: a satisfação é con-
• solucionem problemas, e seguida através das tecnologias
• melhorem a performance/desempenho ou do capital intelectual? Tecno-
pessoal e organizacional. logias estão ao alcance de todos,
Gestão do Conhecimento porém o capital intelectual não está
Aprendizado organizacional e Gestão do à venda, não pode ser comprado,
Conhecimento são vitais na criação e ma- precisa ser desenvolvido e man-
nutenção da vantagem competitiva.
• é a capacidade organizacional que cria
valor a partir do capital intelectual;
10
• são processos de aprendizagem indivi-
dual e em equipe, que aumentam a com-
petência, e
• melhores decisões.
Sistemas de Educação Continu-
ada
A capacitação dos recursos humanos as-
sume importância vital para o desempenho
organizacional e o sucesso de qualquer em-
presa. Inseridas em um mercado altamente
competitivo, em uma economia globalizada
Mesa Redonda 2
tos que devem ser suportados pela área BAYMA, Fátima; MONTENEGRO,
de RH para uma efetiva implantação da Eraldo. Educação Corporativa: Uni-
Gestão do Conhecimento, vejamos quais: versidade Corporativa, uma decisão
estratégica. p.82-85. São Paulo,
- a contínua análise da evolução da estru- Pearson, 2005.
tura organizacional, avaliando o momento DAVENPORT, Thomas. Ecologia da
e os seus desdobramentos futuros; informação: porque só a tecnologia
não basta para o sucesso na era
- a realização de um inventário do conhe-
da informação. São Paulo, Futura,
cimento atual dos funcionários (a chamada 1998.
“Árvore do Conhecimento“); _________; MARCHAND, Donald A.;
- o relacionamento estreito entre remune- DICKSON, Tim. Dominando a gestão
ração estratégica e o processo de conhe- da informação. Porto Alegre, Book-
man, 2004.
cimento;
13
_________; PRUSAK, Laurence.
- a criação de carreiras flexíveis e ajus- Cnhecimento empresarial: como as
táveis a demandas de áreas específicas; organizações gerenciam seu capi-
tal intelectual. 2ª ed. Rio de Janeiro,
- a retenção e gestão de talentos baseada
Campus, 1998.
em fatos e não em percepções; e EBOLI, Marisa. Coletânea de artigos:
- o perfeito entendimento e participação Universidades Corporativas. São
dos impactos da Gestão do Conhecimento Paulo, Schmukler, 1999.
no planejamento estratégico. _________; Educação Corporativa
no Brasil: mitos e verdades. São
Todos esses aspectos nos levam ao enten- Paulo, Editora Gente, 2004.
dimento que a atual área de RH deve ser LOURES, Rodrigo Costa da Rocha.
expandida na sua forma de atuar, passan- Evolução de T&D e aprendizagem
do a englobar áreas como planejamento nas empresas. Paraná, Informativo
estratégico, qualidade, Gestão do Conhe- Abinee, 2006.
MACUCCI, José Valério. A teoria e a
cimento e a própria gestão de pessoas.
prática em Gestão do Conhecimen-
Todos esses assuntos se correlacionam to. São Paulo, Palestra Ibmec/SP -
e ampliam a capacidade de contribuição Evento HSM Management, 2006.
para os resultados da empresa envolvida. MEISTER, Jeanne C. Educação Cor-
Não existe mais espaço para atuação seg- porativa. São Paulo, Pearson, 2005.
mentada como até então estamos vivendo, MUNDIM, Ana Paula Freitas; RICAR-
DO, Eleonora Jorge. Educação cor-
e caberá à área atual de RH revistar seu
porativa: fundamentos e práticas. Rio
papel, seu perfil de profissionais e por fim de Janeiro, Qualitymark, 2004.
o seu próprio conhecimento, para aumento RICARDO, Eleonora Jorge. Educa-
de contribuição para os novos objetivos ção Corporativa e Educação a Dis-
empresariais. Tratar a Gestão do Conhe- tância. Rio de Janeiro, Qualitymark,
cimento como o antigo T&D, como algum 2005.
modismo, é perder a excelente oportuni- T e D Inteligência Corporativa. A era
dade que o momento proporciona à função das competências. São Paulo, edi-
de RH para tornar-se um verdadeiro par- ção 139, T&D Editora, 2005.
TERRA, José Cláudio Cyrineu; AL-
ceiro estratégico. Que os profissionais não
BANAZ, Emiliana. Gestão do Co-
tenham medo desta nova etapa, que eles
nhecimento e e-learning na prática:
enfrentem este desafio de transformação Gestão do Conhecimento através de
da própria função como uma chance sin- sistemas de educação continuada.
cera e verdadeira de avançarem na gera- p.123-127. Rio de Janeiro, Elsevier,
ção de valor para a empresa. 2003. ESPECIAL
TUTORIAL
CONSTRUÇÃO
COLETIVA DO SABER
Alavancando Valor por meio
de Redes Dinâmicas de Conhecimento
Filipe Cassapo
Grupo Votorantim
Engenheiro da Computação - UTC/França
filipe.cassapo@vpar.com.br
ESPECIAL
O Valor do Conhecimento no Con- Fomentando a Construção
Mesa Redonda 3
texto de Negócio do Século XXI Coletiva de Conhecimento
Pense rapidamente nas seguintes pergun- Como, então, desenvolver, assimi-
tas: no seu contexto organizacional, o que lar e utilizar, de forma constante,
teria acontecido, há dez anos, se o serviço conhecimentos úteis para uma
corporativo de e-mail fosse desconectado determinada organização? Seria
durante trinta minutos? E o que acontece através do foco na transformação
hoje, na sua Empresa, quando o mesmo de conhecimentos tácitos em co-
serviço de e-mail, ou a rede da Intranet, nhecimentos explícitos, como su-
encontram-se desconectados durante um gere a interpretação simplificada
da “Espiral do Conhecimento”, dos
simples minuto? O mundo mudou! Viven-
pesquisadores japoneses Nonaka
ciamos, nos últimos dez anos, um conjunto
e Takeuchi (1995)? Deveríamos
de profundas transformações do contexto
criar “bases de conhecimentos”,
sócio-econômico global. Como o anali-
15
nas quais as mais diversas ex-
sou Michel Cartier, no seu artigo intitulado periências dos colaboradores se-
“2005, a Sociedade do Saber e sua eco- riam armazenadas e deixadas à
nomia”, esta revolução sócio-econômica, disposição de quem delas neces-
cuja última conseqüência são as alterações sitasse?
comportamentais e sociais dos indivíduos
Apesar de bastante sedutora, esta
e das organizações, é a conseqüência
proposta possui sérias falhas.
de duas mutações prévias: uma mutação
Primeiramente, não podemos es-
tecnológica (a emergência da Internet,
quecer que o “conhecimento ex-
que podemos datar de 1992), seguida de
plícito”, como aqui formulado, não
uma mutação econômica (o comércio ele- é conhecimento: ele é informação.
trônico e a virtualização da economia, que Se a informação é, com certeza, a
podemos datar de 1999). Assim, podemos, matéria-prima do conhecimento,
resumidamente, descrever o novo mundo ela não é, porém, o conhecimento
no qual vivemos: uma macrorede de redes em si! Em segundo lugar, para que
extremamente conectada e dinâmica. qualquer relatório de “boas práti-
Para as organizações, este novo mundo cas” seja útil em uma organização,
trouxe um conjunto de alterações ambien- não é obviamente suficiente que
tais bastante significativas, do ponto de vista esteja simplesmente disponível.
das transformações, aplicadas em termos Além de poder ser encontrado (o
que pode parecer óbvio, mas não
de gestão. É preciso, hoje, saber lidar com
o é realmente), é necessária a
os fenômenos de globalização, mutação
existência de uma intrínseca moti-
constante do contexto sócio-econômico, hi-
vação por parte de quem pode pre-
percompetição, hiperinformação, redução
cisar dele, de buscar este relatório,
dos ciclos de vida de produtos, serviços
ler integralmente e genuinamente
e processos, sem, nunca, perder de vista seu conteúdo e fazer um efetivo
a fundamental sustentabilidade de toda e uso do que lá aprendeu. Apesar
qualquer ação. Todos precisam, portanto, destas diversas etapas de uma as-
ficar “intensivamente conectados”, para similação aberta de informações
poderem tomar decisões acertadas, além disponíveis parecerem triviais,
de inovar constantemente! Neste novo elas não o são, pois exigem que
contexto, flexibilidade, rapidez, foco es- a iniciativa de “Gestão do Conhe-
tratégico e uso intensivo de conhecimento cimento” subjacente tire o foco do
são os grandes fatores críticos, não só de “explicitar”, para comprar a causa
sucesso, mas, também, de sobrevivência. do “conectar as pessoas”.
ESPECIAL
Isto significa que a organização O Valor Agregado para a Orga-
Mesa Redonda 3
ESPECIAL
o TUTORIAL com o relato da sua vivência e atuação
Mesa Redonda 3
Mesa Redonda 3
Mas como fazer esta “nova” GESTÃO? É autonomia, layout, locais de en-
preciso muito mais que apenas gerenciar contro que tenham um ambiente
processos, ter boas ferramentas, e um su- propício a interação e integração
porte que garanta uma excelente infra-es- entre pessoas.
trutura. Tudo isso é muito importante, mas, Como Implementar GC -
para que a empresa tenha um bom siste- Atitudes e Ações
ma de gerenciamento da informação, uma Não temos uma resposta, mas,
parte da GC. Para se ter um projeto de GC nos tutoriais apresentados nos
uma organização deve oferecer condições KM Brasil 2002, 2003, 2004, 2005
para que os seus colaboradores tenham e 2006, discutimos as melhores
um ambiente no qual possa acontecer a práticas observadas em empresas
construção do conhecimento. É ter um es- brasileiras e multinacionais, públi-
paço no qual as pessoas possam desen- cas e privadas. O primeiro passo
19
volver processos de criação, articulação, para se implantar GC é identificar
validação, tratamento e disseminação do que conhecimento a empresa pre-
conhecimento. cisa e quais são os mais estraté-
Essas condições estratégicas, para per- gicos, para, a partir disto, propor
mitir a implantação de um processo de GC um modelo que se adapte à cada
são definidas com base na cultura orga- empresa.
nizacional, na liderança e no clima, no in- Os profissionais Renato Souza
vestimento para promover a inovação, e na Rocha (UFMG), Rodrigo Baroni
propagação do conhecimento. Também é (BDMG), Rogério Salles Loureiro
preciso ter políticas de remuneração e pre- (CTC), Maria de Lourdes O. Mar-
miação para quem realmente é um agente tins (UNA), Rivadávia Drummond
ativo no processo de GC. de Alvarenga Neto (FDC), Ro-
berto Souza (PLANSIS) Filipe M.
Mas como podemos determinar que em-
Cassapo (VOTORANTIN) e Jairo
presa “já tem” Gestão de Conhecimento?
Gomes Queiroz (ONS) estiveram
Será que as empresas que têm um portal presentes nestes tutoriais e pu-
ou apenas gerenciam documentos eletroni- deram relatar experiências e trazer
camente ou então têm uma comunidade inúmeras práticas de GC.
na qual as pessoas se reúnem periodica-
mente para compartilhar práticas fazem Os relatos apresentados no KM
GC? E se as organizações desenvolvem 2006 apontaram que é fundamen-
um projeto para mapear as competências tal a mudança de uma cultura indi-
e realizam o treinamento e desenvolvimen- vidualista para uma cultura colabo-
to, elas realizam GC? E aquelas que têm rativista e que, o maior desafio, é
uma excelente universidade corporativa, ter indicadores consistentes de re-
sultados muitas vezes intangíveis.
inclusive com e-learning, são empresas
GC é um processo longo e com-
que praticam GC?
plexo de mudanças pois precisa
As organizações que fazem GC estão se gerir esforços e mobilizar pessoas,
reorganizando para que os seus funcioná- sempre apoiados em uma ex-
rios, clientes e fornecedores possam, celente infra-estrutura tecnológica
juntos, promover a construção do saber. e em um projeto de comunicação.
Para isto, é preciso gerenciar e garantir as Fazer aliança com o RH é fator
condições indispensáveis para que ocorra determinante para o sucesso do
a inovação, criatividade, aprendizagem e projeto. Se GC custa caro, sabere-
compartilhamento de informações e co- mos que a ignorância custa muito
nhecimentos relevantes, cultura organiza- mais! ESPECIAL
Tutorial
Gestão do Conhecimento
em Organizações
Proposta de mapeamento conceitual integrativo
ESPECIAL
Um dos grandes objetivos do tutorial apre- é utilizada estrategicamente para
Mesa Redonda 3
sentado ininterruptamente em todas as e- a criação de conhecimento através
dições do KM Brasil é promover a polêmica da aprendizagem organizacional.
e o embate acerca da temática do uso da O novo conhecimento gerado é
informação e do conhecimento em orga- cristalizado na organização na
nizações. Longe de aceitar, sem a devida forma de produtos, serviços e no
apreciação crítica, os mais diversos e cu- redesenho de processos organiza-
riosos clichês gerenciais sobre o tema, uti- cionais. A FIGURA 1 apresenta
liza-se a metodologia do “enfrentamento de uma proposta de mapeamento
idéias” com o objetivo de tirar os partícipes conceitual integrativo para a GC,
da zona de conforto. São essas faíscas cria- debatida à exaustão no tutorial do
tivas que propiciam a flutuação necessária evento:
para que se pense fora do quadrado. Por
que e para que se pensar estrategicamente Como forma de se compartilhar as
sobre informação e conhecimento em or- visões e iniciativas concretas das
21
ganizações? A resposta é emblemática e empresas no campo da GC, apre-
não permite tergiversações: a explosão da sentou-se um relato sintético com
produção informacional revela que o desa- os resultados de estudos de casos
fio organizacional contemporâneo traduz- realizados em três grandes orga-
se em aprender a nadar em um oceano nizações atuantes no Brasil que
de informações, prospectando e coletando implementaram iniciativas de GC.
informações relevantes para a sobrevivên- São elas: o Centro de Tecnologia
cia/prosperidade organizacional e para a Canavieira (CTC), a Siemens do
compreensão de um ambiente de negócios Brasil e a Pricewaterhouse Coo-
cada vez mais dinâmico e mutável. A infor- pers (PwC). O estudo objetivava
mação é matéria prima do conhecimento e investigar e analisar as concep-
FIGURA 1
ESPECIAL
ções, motivações, práticas e re- acesso e utilização, dentre outros;
Mesa Redonda 3
Mesa Redonda 3
to do portfólio de negócios e aumento da humano e criação do contexto ca-
carteira de clientes; pacitante, além da criação de um
conjunto de indicadores para se
(c) melhoria na colaboração entre as pes-
medir os retornos e benefícios de
soas e equipes, facilidade de se localizar
GC. Afirma-se que não se pode
expertise;
avaliar a GC somente com indica-
(d) diminuição do retrabalho e redução de dores quantitativos, uma vez que
custos; se está gerenciando mudanças
culturais, comportamentais e atitu-
(e) preservação da memória organizacio-
dinais.
nal; e
Bibliografia
(f) aumento da potência de aprendizagem
1. ALVARENGA NETO, Rivadávia
organizacional.
C. Drummond de. Gestão do co-
23
As conclusões sugerem que não se ge- nhecimento em organizações: pro-
rencia conhecimento, apenas se promove posta de mapeamento conceitual
ou se estimula o conhecimento através da integrativo. 2005. 400 f. Tese (Dou-
criação de contextos organizacionais fa- torado em Ciência da Informação)
voráveis. Dentre os principais desafios co- – PPGCI, Escola de Ciência da
locados para a GC nas organizações, des- Informação da UFMG, Belo Hori-
tacam-se as questões relativas à cultura zonte.
ESPECIAL
A Mesa de Debates sobre
Gestão de Projetos e
Gestão de Conhecimento no
Introdução
A Mesa de Debates sobre gestão de pro- primeira MD presencial de 2005,
jetos e Gestão de Conhecimento (MDG- bem como os da MDGPGC, esti-
PGC) presencial aconteceu pela segunda veram na mesa virtual, como mo-
vez no GeCIC, em 30 de agosto de 2006. deradores ou participantes ativos.
Uma primeira edição aconteceu em 2005, O grande incentivador e também
durante o KM Brasil. participante em todos esses even-
A Mesa de Debates Virtual no portal da tos foi o Fernando Antonio Gual-
SBGC serviu como uma prévia da MD berto Lopes. A MD virtual aconte-
presencial (a MD virtual pode ser baixada ceu no período de 31 de julho a 18
de www.sbgc.org.br). Os moderadores da de agosto de 2006.
ESPECIAL
Os moderadores da mesa virtual foram: (1) do setor acadêmico; e criar um di-
Mesa Redonda 5
Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2) Améri- ploma de GP em governo;
co Pinto; (3) Christina Barbosa; (4) Darci
2. Benchmarking em Geren-
Prado; (5) Eliseu Castelo Branco Júnior;
ciamento de Projetos no
(6) Lysio Séllos; (7) Margareth Fabíola dos
Brasil
Santos Carneiro; (8) Osmar Zózimo de
Esta apresentação teve como foco
Souza Júnior; e (9) Roberto Gattoni. Foram
apresentar o posicionamento atual
91 mensagens, 2040 hits e 17 participantes
de importantes segmentos empre-
ativos, além dos moderadores.
sariais brasileiros em relação as
Os participantes da MD presencial foram: suas práticas de gerenciamento de
(1) Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2) projetos, servindo como referência
Américo Pinto; (3) Margareth Fabíola dos para organizações e profissionais
Santos Carneiro; e (4) Osmar Zózimo de que tenham interesse em alcançar
25
Souza Júnior (Os participantes da MD a excelência no desenvolvimento
presencial agradecem à SGBC que viabi- de seus projetos;
lizou suas presenças no evento).
3. Um Framework para ali-
A Mesa de Debates Presencial nhamento de percepção
Na mesa de debate presencial foram apro- estratégica de Programas
fundados alguns assuntos destacados na e o Processo de Decisão
MD virtual. De modo resumido, os assun- em Projetos
tos abordados na MD presencial foram os Atualmente evidencia-se que o
seguintes: desempenho organizacional é
prejudicado devido à lacuna de
1. Gerenciamento de Projetos no
mecanismos de gestão existente
Governo
entre a definição da estratégia e
Quando o governo atua com melhores práti-
sua execução, mais especifica-
cas de gerenciamento de projeto faz o uso
mente quanto à gestão de percep-
mais eficaz do dinheiro público. Através de
ção do gestor. O contexto deste
práticas de gestão de projetos o governo
estudo delimita-se à conexão en-
produz mais, com menos, permite con-
tre os níveis de programas e pro-
troles e pode dar transparência às ações.
jetos organizacionais. A gestão e
A boa gestão de projetos governamentais
organização por projetos como e-
e sociais é de interesse de todo cidadão.
lemento de implementação da es-
O objetivo foi apresentar o posicionamento
tratégia constitui uma opção à la-
atual de importantes segmentos empresa-
cuna do alinhamento entre o nível
riais brasileiros em relação às suas práti-
estratégico e o nível de operação,
cas de gerenciamento de projetos, ser-
em especial, quando se trata da
vindo como referência para organizações
formação da percepção do gestor
e profissionais que tenham interesse em
quanto aos objetivos estratégicos
alcançar a excelência no desenvolvimento
determinados nos programas or-
de seus projetos; ampliar a atuação do PMI
ganizacionais e o impacto destas
GovSIG no mundo, em especial em novos
nas decisões tomadas em projetos
mercados da América Latina, Europa e
que os implementa.
Ásia; melhorar a Gestão do Conhecimen-
to, servindo como fonte de referência em Conclusão
gerenciamento de projetos para governo e Esse pequeno artigo faz o regis-
criar um Knowledge Center; aproximar-se tro da Mesa de Debates Presen-
ESPECIAL
cial “Gestão de Projetos e Gestão gresses.pmi.org/LatinAmerica2005/Lan-
Mesa Redonda 5
ESPECIAL
Inovação e
Conhecimento
Organizacional
Ingrid Paola Stoeckicht
Innovation, Practices & Strategies
Mestre em Sistemas Integrados de Gestão
ingrid@innovation.com.br
ESPECIAL
A mesa redonda sobre inovação e Inovação”, um novo instrumento do MCT,
Mesa Redonda 7
Mesa Redonda 7
sociedade civil e os executores de políti- do conhecimento e dos recursos
cas públicas. necessários para tal, por desco-
nhecerem os caminhos para pro-
As três apresentações tiveram um fio con- teger sua propriedade intelectual,
dutor comum: a discussão sobre formas de e por não pertencerem à redes de
alavancar a competitividade nacional por inovação formais.
meio da inovação, de maneira sustentável.
Certamente, no Brasil de hoje,
Verificamos, portanto, o comprometimento
existe um cenário muito mais fa-
destas instituições em buscar promover,
vorável à inovação do que há anos
o que poderíamos chamar de “uma orga-
atrás. Verificamos uma tendência
nização social da inovação”, traduzindo-se
crescente nos meios acadêmicos
na necessidade de gerenciar a inovação e instituições do setor público e
29
enquanto uma competência essencial de privado de engendrar ações que
um país em desenvolvimento, por meio do promovam o diálogo entre os diver-
fomento e apoio ao diálogo, intercâmbio e sos atores das redes de inovação
interdependência entre os mais diversos no país. Acreditamos, no entanto,
arranjos organizacionais no processo de que a inovação deve tornar-se uma
criação de novos conhecimentos. competência essencial à competi-
tividade, acessível à grande maio-
No entanto, instituições comprometidas em
ria dos profissionais de mercado
buscar esta nova organização da inova- que não estão ligados à centros
ção devem fomentar o empreendedorismo de pesquisas acadêmicas, do go-
inovador, não somente em empresas de verno ou empresariais e às redes
diversos setores ou portes, como, tam- e sistemas de inovação regionais,
bém, auxiliar os milhares de profissionais mas que contribuem, sobremanei-
autônomos que desenvolvem soluções ra, mesmo que de forma esporádi-
inovadoras, mas que enfrentam imensos ca e não sustentável, à geração de
desafios em tornar seus inventos viáveis riqueza de nosso País.
ESPECIAL
Dimensões da Gestão
do Conhecimento
na Câmara dos
Deputados
Roberto Costa
Câmara dos Deputados
Engenheiro
roberto.costa@camara.gov.br
ESPECIAL
No setor público, a Gestão do Conheci- da Casa, a partir da análise das
Mesa Redonda 8
mento pode ser visualizada sob dois pris- respostas contidas nos formulários
mas: o da política pública e o da ferramen- coletados após as palestras.
ta gerencial. É política pública porque visa Daí surgiu a necessidade de im-
dar efetividade e excelência ao serviço plementar, de forma prática, um
público prestado, com perspectivas de mé- projeto piloto que respondesse às
dio a longo prazo. É ferramenta gerencial demandas apontadas pelos fun-
porque busca otimizar processos e eliminar cionários da Casa, a fim de validar
redundâncias, mapear onde está o conhe- a aplicabilidade da GC na Câmara
cimento na instituição, quem são os peri- dos Deputados. Alguns dos pres-
tos, onde estão as soluções que possam supostos considerados relevantes
subsidiar o processo decisório, em tempo
para a escolha desse projeto
hábil para a resolução dos mais diversos foram:
31
problemas. Para tal, é necessário, organi-
zar, filtrar e encontrar as competências e • praticidade – o resultado do pro-
informações. jeto deve ser a solução de pro-
blemas reais e relevantes para a
A partir dessas premissas e consideran- Casa;
do, neste primeiro momento, a Gestão do
Conhecimento como uma ferramenta ge- • viabilidade – o projeto não deve
rencial, em março de 2004, foi instituído, ter custos financeiros diretos;
na Câmara dos Deputados, por meio da • abrangência – o projeto deve
Portaria nº 20 da Diretoria-Geral, o Grupo abranger várias áreas;
de Trabalho para estudar e propor ações
• generalização - a solução adota-
relacionadas ao tema “Gestão Estratégica
da deve ser passível de ser repro-
da Informação e do Conhecimento”. Fruto
duzida e aplicada em outras situa-
da criação desse grupo, o assunto foi pro-
ções no futuro.
fundamente estudado e discutido. Um ciclo
de palestras foi organizado para sensibili- No aspecto organizacional, a at-
zar os funcionários da Casa em relação ao mosfera de constantes mudanças
tema, para o qual foram convidados espe- exerce pressão sobre as institui-
cialistas e dirigentes que implantaram com ções no sentido de que se dê res-
sucesso a Gestão do Conhecimento em posta a questões cada vez mais
suas organizações. Ao final de cada pa-
lestra - foram 16 no total, os participantes
eram convidados a preencher um formu-
lário com algumas indagações, como, por
exemplo, “Você identificou de que modo a
Gestão do Conhecimento pode melhorar o
desempenho do seu setor?”
Entre outros resultados, o Grupo, que atu-
almente funciona com a estrutura de um
Comitê multidisciplinar, apresentou uma
publicação, ao final de 2004, contendo a
transcrição de todas as palestras e algu-
mas recomendações sobre o tema dirigi-
das ao Grupo pelos próprios funcionários ESPECIAL
complexas em tempos cada vez complexos certames licitatórios. Assim, a
Mesa Redonda 8
nosso projeto piloto de sucesso? no futuro, o objetivo era que qualquer fun-
Em 2002, já ocorrera uma tentativa cionário, fosse ele antigo ou novo na Casa,
semelhante na Casa, que, apesar ao necessitar realizar uma aquisição,
dos resultados positivos de um soubesse, com segurança, que caminho
fórum que discutiu o Regimento In- percorrer. Foi validado na comunidade um
terno, havia sido frustada por outro manual produzido pela Assessoria Técnica
fórum em que não houve a atuação da Casa que, com a contribuição de vários
de um moderador, elemento essen- setores, culminou com a publicação ele-
cial nas comunidades virtuais para trônica do Manual de Aquisições da Câmara
dar o “tempero” certo à discussão. dos Deputados, que, hoje, encontra-se em
A partir dessas considerações, ob- sua 2ª edição, dada a dinâmica das comi-
servamos que, nos últimos anos, nações legais — aqui entendidas recentes
houve na Câmara um sensível decisões do TCU, jurisprudências dos tri-
acréscimo do número de proces- bunais judiciários, instruções normativas,
sos de aquisições de serviços e decretos e portarias do Poder Executivo
mão-de-obra, proporcionalmente que envolvem o tema e suscetibilidades
superior ao ganho em pessoal. O dos produtos a serem adquiridos. Devem
processo de aquisições envolve ser analisadas, por exemplo, as compras
praticamente toda a Casa, isto é, com foco no compromisso de não serem
ocorre de forma bastante descen- adquiridos materiais que agridam o meio
tralizada. Em vista disso, é natu- ambiente ou que comprometam a sus-
ral que o profissional interessado tentabilidade. A partir dessa experiência,
em alguma aquisição detenha um outras comunidades virtuais foram cria-
conhecimento majoritariamente das na Casa em áreas que tratam desde
técnico sobre o assunto. Contudo, o processo legislativo até a comunicação
o trabalho diário com aquisições social. Muitas outras práticas de GC foram
e licitações exige do profissional efetivadas ao longo desse tempo: o Guia
uma visão abrangente de Admi- de Serviços (“Páginas-Amarelas”) da Insti-
nistração Pública, uma vez que tuição, o Banco de Talentos, o Tesauro e
envolve etapas que compreendem o Glossário de Termos Legislativos e Orça-
desde a realização de um projeto mentários, o salto qualitativo do Portal da
básico até a elaboração do orça- Câmara dos Deputados, a Rede do Saber
mento, a justificativa de preços e Legislativo, o Observatório do Legislativo
ESPECIAL
Internacional e o Concurso Bienal Câmara nizados pela Gestão do Conheci-
Mesa Redonda 8
em Idéias. mento no âmbito da Administração
Em especial, destacam-se as ações de- Pública é a satisfação do cidadão
senvolvidas, em parceria com o Núcleo de brasileiro, que recebe melhores
Gestão Ambiental da Câmara dos Deputa- serviços e atenções por parte do
dos (Ecocâmara), na área de Engenharia ente público.
da Casa, que incorporam a Gestão do A Casa está sempre disposta a
Conhecimento em suas “melhores práti- compartilhar experiências e de-
cas” diariamente, promovendo o chamado senvolver programas com outras
“Troca-Troca do Saber” e viabilizando rea- organizações interessadas. Para
lizações. Apesar de muitos questionamen- tanto, basta entrar em contato
tos existirem sobre os resultados práticos com o nosso Comitê de Gestão
da Gestão do Conhecimento (indicadores do Conhecimento, no endereço
33
tangíveis e intangíveis), isso não ocorre na cgc@camara.gov.br.
Câmara dos Deputados, principalmente na Nesse caminho percorrido, a nossa
área de engenharia. Podem ser observados principal lição aprendida, parafra-
resultados concretos em relação à redução seando uma sábia e famosa frase
de custos, gerada a partir do projeto de do urbanista Lúcio Costa, é que,
Gestão do Uso e Reúso da Água Potável ao final, “os interesses do homem
e Águas Pluviais (economia projetada de como indivíduo, nem sempre coin-
R$ 1.200.000,00 ao ano) e do programa cidem com os interesses desse
de Limpeza do Espelho D’Água (economia mesmo homem como ser coletivo.
projetada de R$ 300.000,00 ao ano). Há, Cabe, então, ‘aos trabalhadores
ainda, muitas outras ações em andamento. da Era do Conhecimento’ procu-
Podemos ressaltar o programa de Gestão rar resolver esta contradição fun-
de Eficiência Energética, em que se pro- damental.”
cura resolver as questões relativas à eco-
nomia e ao direcionamento para a efetiva
melhoria na qualidade de vida no ambiente
de trabalho (as atividades já desenvolvidas
e as em andamento sinalizam a redução
de R$ 4.000.000,00 ao ano nos custos com
enegia elétrica).
É reconhecido, portanto, que os princípios
que norteiam a Gestão do Conhecimento,
encontram na área da engenharia dos es-
paços públicos um dos seus reais fatores
de aplicabilidade, pois essa, lida com as
necessidades básicas do indíviduo. Nesse
sentido, o incessante compartilhamento de
informações e saberes, sejam técnicos ou
funcionais, é de fundamental valia para o
aprimoramento das ações nessa área do
saber.
O “lucro” de todos os conceitos preco-
ESPECIAL
GESTÃO PÚBLICA
NA SOCIEDADE DO
CONHECIMENTO
Marcos Cavalcanti
CRIE - Centro de Referência em
Inteligência empresarial
Doutor em Informática - Université de Paris XI
marcos@crie.ufrj.br
ESPECIAL
Estamos vivendo em plena sociedade do cia e efetividade?
Mesa Redonda 8
conhecimento com uma estrutura pública
Para os especialistas, EFICIÊN-
de governo concebida no século XVIII.
CIA está relacionada em fazermos
Como isto pode dar certo? Neste artigo
as atividades corretamente. Quan-
gostaria de contar algumas histórias que fui
to mais resultados obtivermos com
coletando ao longo destes 10 anos de tra-
uma dada quantidade de recursos
balho pela inserção competitiva do Brasil
disponíveis, mais eficientes se-
na Sociedade do Conhecimento. No final
remos. Quanto mais processos o
apresento, à guise de conclusão, algumas
INSS despachar (para uma mes-
reflexões sobre como podemos sair deste
ma quantidade de funcionários),
atoleiro...
mais eficiente ele será.
1) A Lili e a máquina pública
Mas, obviamente, isto não é sufi-
Esta semana a Lili, a moça que trabalha lá
35
ciente! Ele precisa ser EFICAZ, ou
em casa, me contou o drama de sua mãe
seja, fazer as atividades corretas,
para conseguir a pensão do INSS: foram
e EFETIVO: gerar resultados, dar
mais de cinco idas à agência para levar
o retorno que a sociedade deseja.
documentos! A cada vez colocavam a ne-
cessidade de trazer um novo documento, Nossa sociedade é muito pouco
deixando-nos a clássica pergunta: porque exigente! A mãe da Lili aprendeu
não deram a lista completa da primeira que os serviços do Estado são
vez, ou, ainda melhor, porque não informa- uma benesse que ela recebe e
ram qual a lista de documentos necessá- não um direito pelo fato dela ser
rios ANTES dela ir ao posto de uma única uma cidadã.
vez?
Claro que podemos REVER OS
A resposta é evidente: criar dificuldades PROCESSOS DO INSS e torná-
para vender facilidades. Todos nós temos los EFICIENTES! Fizemos isso
um caso para contar a este respeito, mas o com as delegacias de polícia do Rio
que talvez não tenhamos consciência é do de Janeiro no programa Delegacia
custo desta ineficiência, não apenas para a Legal. Eram mais de 70 livros
mãe da Lili, mas para o país. desnecessários e um processo de
trabalho totalmente irracional, que
Para a mãe da Lili, o INSS a obrigou:
fazia um inquérito policial demorar
• a gastar cinco vezes mais com o trans- mais de 18 meses, em média. Com
porte (um dinheiro que ela não tinha pre- os novos processos, um inquérito
visto em seu orçamento contado, onde passou a demorar menos de dois
R$ 2,00 fazem uma grande falta); meses, em média. Mais importante
ainda, a polícia civil do estado do
• a perder cinco dias de trabalho;
Rio dispõe de um sistema com in-
Para a sociedade e o país, o INSS: formações valiosíssimas que per-
mitiriam o desmantelamento de
• desperdiçou cinco dias de trabalho;
várias quadrilhas e um combate
• ocupou, desnecessariamente, vários fun- muito mais eficaz ao crime. Mas,
cionários públicos. apesar de termos mudado os pro-
cessos, não mudamos a gestão.
Alguém já parou para pensar no custo da
nossa ineficiência? Mas e a falta de eficá- No nosso caso do INSS nem isso ESPECIAL
fizemos. Os processos estão to- UFRJ), foi contratado pela Marinha para
Mesa Redonda 8
Mesa Redonda 8
rize a inovação, não com palavras, mas da dengue é municipal, es-
com ações. Uma política que coloque o co- tadual ou federal?
nhecimento gerado em nossos centros de “O grande problema é que esta-
pesquisa à serviço da sociedade. Porque a mos caminhando para o século XXI
publicação de um artigo em revista interna- com empresas projetadas para o
cional vale mais do que o registro de uma século XIX para funcionarem bem
patente? Temos bolsas para fixar doutores no século XX. Precisamos de algo
em universidades, mas não em empresas. inteiramente diferente”. Michael
Estamos formando 10 mil doutores, todos HAMMER, 1993.
os anos, sem que nosso mercado de tra-
Se a frase do Hammer já é ver-
balho demande, sequer, duas centenas
dade quando falamos de empresas
por ano.
privadas, o que dizer quando que-
37
Não nos faltam idéias e criatividade, fa- remos nos referir às instituições
tores críticos para o sucesso de um país públicas, em geral, e aos gover-
na Sociedade do Conhecimento. Mas nos nos, em particular? Nos parece
falta capacidade de inovar e empreender. evidente que o governo não pode-
E nada disso se obtém por decreto nem ria ficar de fora destas transfor-
por algum dom divino. Estas capacidades mações! Não vamos aqui retomar
devem ser construídas por uma sociedade um debate ultrapassado, que opôs
que perceba sua necessidade estratégica. “neo-liberais privatistas” e “revolu-
A universidade não pode continuar de cos- cionários estatizantes”.
tas para a sociedade, pesquisando apenas
A instituição do governo está so-
o que interessa aos pesquisadores. É pre-
frendo transformações em várias
ciso inverter a lógica predominante. Hoje,
dimensões. Onde era organizado
95% dos recursos vão para os pesquisa-
para atuar independentemente, ou
dores pesquisarem o que ELES julgam
de acordo com rígidas regras, está,
relevante. Deveríamos destinar não mais
agora, envolvido em complexos
do que 20% para este fim. A maior parte
padrões de interdependência. Mé-
dos recursos deveria ir para pesquisas em
todos tradicionais de administra-
áreas estratégicas para o desenvolvimento
ção pública, baseados em noções
do país. Em Cuba, país que está longe de
hierárquicas de “comando e con-
praticar uma política neo-liberal, 100% dos
trole”, estão sendo substituídos
recursos em pesquisa vão para as áreas
por abordagens que dependem de
consideradas estratégicas.
colaboração, de negociação e de
O Brasil, que já foi a 8ª, hoje é a 13ª econo- incentivos entre os parceiros. As
mia do mundo. Estamos ficando para trás. fronteiras entre governo e negó-
Os países que estão nos ultrapassando cios, que serviram como nítidas
estão investindo em pesquisa, educação e linhas de separação, estão, agora,
inovação. Se quisermos ter um papel im- borradas ao passo que parcerias
portante na nova sociedade que se apro- do tipo público-privado emergem
xima, precisamos acordar. Ainda dá tempo, para endereçar problemas e me-
mas precisamos colocar mãos e, sobretu- tas cada vez mais complexas
do, cérebros à obra desde já! (HIRSCH, 2003) .
ESPECIAL
Os cidadãos estão esperando um as populações que se encontram abaixo
Mesa Redonda 8
fiáveis e atualizadas.
o mosquito da dengue é problema
38
Mesa Redonda 8
no cidadão”, “estratégia claramente defi- um simples provedor de recursos
nida”, “revisão completa dos processos de financeiros e de pessoal para as-
trabalho”, “uma nova cultura para o servi- sumir um papel de catalisador das
dor público” e “tecnologias de informação e discussões que levem à definição
comunicação”. de políticas públicas eficazes e
eficientes e, principalmente, de
1) Foco no cidadão: O primeiro elemento
articulador/organizador dos di-
diz respeito à postura a ser adotada, que
versos atores envolvidos em uma
implica em uma histórica mudança de foco
determinada ação. Proponho, in-
no tocante à organização do setor público:
clusive, que mudemos o seu nome
pensar no governo não do ponto de vista
de Poder Executivo para Poder
da máquina burocrática (como é hoje),
Articulador, como forma de explici-
mas do ponto de vista do cidadão! Parece
tar claramente seu novo papel na
39
óbvio, mas hoje não é assim.
sociedade.
2) Estratégia: que instituição pública tem
Por fim, não adianta contrapor a
uma? Que prefeitura tem o seu “plano di-
busca de eficiência administrativa
retor” democraticamente pactuado pela
com a resolução dos problemas
sociedade? Uma estratégia consensuada
sociais ou com a luta por mais de-
com a sociedade é um passo significativo
mocracia e cidadania. Como apon-
em direção à uma ação pública mais per-
ta Rosa Lima em seu livro “Brasil
manente e menos dependente do prefeito
Eficiente, Brasil Cidadão” (www.
ou do governador de plantão.
crie.ufrj.br), a eficiência adminis-
3) Processos de trabalho: considero este trativa está intimamente ligada à
um dos principais problemas a ser enfren- questão democrática na medida
tado na construção de um novo aparelho em que os poucos recursos para
do Estado, visando o desenvolvimento de atendimento de todas as deman-
uma maior capacidade de governança, das da população exigem um ri-
mais flexibilidade e efetividade. gor nos gastos e distribuição mais
4) Nova cultura para o servidor público: equânime dos ganhos. A eficácia
rever processos sem mexer na cultura do nos resultados requeridos pela
servidor público não vai adiantar grande ação governamental também se
coisa. Temos que ter coragem de enfren- exerce com muito mais efetivi-
tar o corporativismo dos sindicatos de fun- dade num ambiente democrático,
cionários públicos e instaurar uma nova com controle social dos gastos
cultura, que valorize e premie a eficiência públicos. Da mesma forma, a de-
do servidor público; mocracia e o pleno exercício da ci-
dadania só ocorrem num ambiente
5) Tecnologia: por último, temos que fa- onde exista eficiência e eficácia
lar das tecnologias. Elas não são o motor administrativas. Reforço e pleno
da mudança, mas, sem elas, as mudanças
exercício da cidadania, democra-
serão muito mais lentas.
tização, TRANSPARÊNCIA e con-
Nesta nova configuração, o governo não trole social da informação andam,
perde seu papel central de normatização, assim, de braços dados com maior
regulação e de garantia de atendimento eficiência e eficácia da administra-
das necessidades básicas com saúde, ção pública. São os dois lados da
educação, previdência ou segurança. Mas mesma moeda! ESPECIAL