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APRESENTAÇÃO

A penosa trajetória evolutiva de nossa profissão no decorrer

das últimas décadas permite afirmarmos que o trabalho do Arqui

teto nao se deve limitar ao desenho que leva à ideação da obra,


mas, transcendê-lo, englobando todo um processo de racionaliza

ção de procedimentos desse ritual que antecede ao ato de riscan

Há outras formas de trabalho na organização do ambiente que o

Arquiteto elabora.

Mais especificamente, no âmbito do movimento brasileiro, da Ar

quitetura, esse conjunto riquíssimo de vivências que instrume~

tam o ato criati vo do -(5rojeto Glrqui tetônico, permaneceu, até a

gora, sob o véu intransponível do encantamento, protegido pela

auréola de segredos inexpugnáveis.

Assim, foi construída a imagem de intocabilidade em relação a

tudo que se produziu, sob a crença de que tudo que nasce do se


.
gredo de alguns iluminados é inexplicável, e, por consequencla, --
inatacável. Eis, a e strutura ~brionária da concepção, ainda

persistente, que pretende qualificar o ato criativo.

Esse temor ~ipocondríaco da racionalidade tem sido um dos malO

res responsáveis pelo atraso do movimento brasileiro da Arquit~

tura, e em particular, pela frágil participação das Escolas de

Arquitetura.

A tímida absorção das atuais tecnologias do conhecimento quali

fica essa enorme defasagem que hoje nos separa~ daquelas profi~

sões que, até bem pouco tempo, eram nossas companheiras inter

disciplinares, em equipes sob nossa liderança: a Sociologia, E

conomia, Geografia, Administração.


. .
tária, adquirindo status e~U;;;u:v.;;:
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Essas f rofissões absorveram significativa experiência
'\J~'E.~:: presença
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profissi
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enal, enquanto os Arquitetos começam a enfrentar, apenas, os '

primeiros embates do choque da defasagem. Os primeiros movimen

tos têm sido ~o sentido hedonístico de absorver produtos já el~

borados - as metodologias das profissões viginhas - sem

quer compromisso ou entendimento da necessidade de elaboração '

de tecnologias e metodologias próprias, como caminho viável de

adequação ao mundo contemporâneo.

Nesse esforço, a racionalidade, sem dúvida, não aniquilará a

criatividade, como característica estrutural de nossa profissão.

são testemunhos dessa afirmação a indústria aeronáutica, a ln

dústria automobilística, e um sem número de objetos do mundo Cl

entífico e tecnológico, onde a expressividade e a beleza provêm

de segredos conhecidos e dominados.

A desmistificação dos segredos que antecedem ao ato de 1 rojetar,

nos levará, de maneira consciente, ao domínio do destino histó-

rlco do resultado de nosso trabalho. E, então, poderemos refIe

tir, especulativa e criticamente sobre a nossa praxls.

O presente ensaio - ARQUITETURA CONHECIMENTO E PRAXIS - tem o

mérito de assumir uma posição clara diante desse problema, en

frentando a difícil tarefa de elaboração do mapa do terreno a

ser palmilhado.

O extenso número de títulos que constitui a estrutura do traba

lho, apresenta-se como uma amostragem desafiadora de um campo

ainda indefinido e pouco explorado de forma sistemática. A ~i

bliografia Brasileira, neste sentido, é praticamente inexisten

te. Daí, admitir-se que os Arquitetos, autores do presente ens~

io aceitem seu próprio desafio. Tanto melhor, porque o fazem


sob a forma de pOlêmica.

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