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Sessão 2.

Parte 2

Comentário ao trabalho das colegas Elisabete Marques e Maria Dulce Garcia

Análise crítica ao modelo de Auto-Avaliação


das Bibliotecas Escolares

1-As colegas começam o vosso trabalho com uma síntese da real missão da BE, que
passo a transcrever «Actualmente, a Biblioteca Escolar deverá assumir-se como o pólo de
inovação da Escola, promovendo uma nova forma de aprender em que cada aprendente
assuma o papel de construtor do seu próprio conhecimento, inserido numa comunidade
de aprendizagem colaborativa. Assim, o contexto de uma Escola da Sociedade do
Conhecimento implica uma Biblioteca Escolar que funcione como um recurso inovador e
contributivo para o cumprimento dos objectivos de ensino/aprendizagem» para a ligar ao
currículo, acrescento eu. Temos pois, referenciadas conceptualmente as linhas
orientadores da RBE, que devem pautar o plano de trabalho das equipas da BE. Com a
mesma matriz, o Plano Tecnológico do XVII Governo Constitucional o retoma e bem o
paradigma da construção da Sociedade do Conhecimento, agregando as mais-valias das
TIC.
Ora entre o sonho e a realidade vai uma distância considerável. É a nós que compete
diminuir este fosso, devendo para tal estarmos dotados de meios humanos e financeiros
adequados. A Sociedade da Informação constitui a primeira etapa de uma caminhada que
nos conduz à Sociedade do Conhecimento. Não se atinge a Sociedade do Conhecimento
sem os alunos dominarem as competências das literacias, sem o exercício pleno da
alfabetização informacional. Gimeno Sacristán diz que:
«La escolaridad tiene que rellenarse ante todo de hablar y de escuchar,
de leer y escribir. Cultivar estas dos últimas habilidades es función
esencial de la educación moderna. La alfabetización eficaz supone poner
a los sujetos a las puertas del poder que implica la posesíon del
conocimiento a través del domínio del lenguaje»
(cit. por CORCHETE, 2007, 50)

A experiência de ex. Coordenador tem vindo a demonstrar, que a avaliação do domínio


«Leitura e literacias» do modelo de auto-avaliação das BE é urgente para entendermos,
de facto, em que estádio de Sociedade nos situamos.
2- Mais à frente referem «A BE não é um produto nem uma responsabilidade exclusiva da
sua equipa, muito menos do seu coordenador. A BE deverá fazer parte integrante da
Escola e ser sentida como uma das suas necessidades primordiais». Concordo que a
responsabilidade dos sucessos/ insucessos tem de ser partilhada, porque sem trabalho
colaborativo não temos acesso ao conhecimento. Mas não será menos evidente, que
compete à BE captar as sinergias do corpo docente, assumir-se como um «pivot» ou um
pólo de inovação como lhe chamam e, assim sendo, recai sob a equipa a
responsabilidade primeira de accionar o motor da mudança. Quando sobressai o
insucesso, porque os outros professores oferecem a tradicional resistência à mudança e
se fecham em si próprios torna-se recomendável uma auto-avaliação do PAA e até das
nossas atitudes. Nós BE, muito dificilmente controlaremos cumulativamente os sete tipos
de liderança de que fala Ross Todd. Se falharam os outros, nada mais do que analisar o
assunto em Conselho Pedagógico e que o Director(a) tome as medidas consideradas
convenientes.
Dizer que a BE deve ser sentida com uma necessidade da escola, é um dado óbvio para
quem está embrenhado, por vocação, neste mundo fascinante das BE. Ao respigarmos o
documento pioneiro «Lançar a rede das bibliotecas escolares» (1996), lá encontramos
essa condição e a que se acrescenta a vontade e a disponibilidade da BM, requisitos
indispensáveis para aprovação das primeiras candidaturas de instalação de BE, junto da
RBE.

3- Com muita pertinência escrevem, mais à frente, «saliente-se a separação entre o


Domínio A (Apoio ao Desenvolvimento Curricular) e o Domínio B (Leitura e Literacias).
Esta distinção parece algo forçada, na medida em que, sendo a competência da leitura
uma área transversal a todas as áreas disciplinares, ela concorre, obviamente, para o
desenvolvimento do currículo». Seria então recomendável, que se estabelecesse uma
hierarquia, em que o domínio B estaria subordinado ao domínio A, na medida em que sem
o desenvolvimento da leitura e das literacias alcançaremos o desenvolvimento curricular e
a Sociedade do Conhecimento? Penso que seria utilmente pedagógico e avaliativo.

4- A cultura de escola mostra-se como uma variável comum em todos os níveis de ensino,
que influencia significativamente a concretização do PAA da BE e o sucesso das metas
que aí se definem. Torna-se claramente visível no desenrolar de actividades relacionadas
com os objectivos pessoais fixados pela avaliação individual dos professores. Concordo
com as vossas preocupações quando aconselham o cruzamento do modelo de auto –
avaliação das BE com o dos docentes. No ano lectivo passado, apercebi-me que a
avaliação dos professores quebrou o gelo, agilizando o trabalho colaborativo, chave da
sobrevivência da BE.
Não obstante as contínuas referências à flexibilização no modelo de auto-avaliação das
BE, parece transparecer, como dizem, uma certa exigência pouco conciliável com a
disparidade de níveis de desenvolvimento das BE. Contudo não deixa de ser menos
verdade, que devemos ser proactivos e olhar sem receio para o futuro. Entendo a
avaliação, como um processo essencial, primeiro com fins meramente pedagógicos e de
diagnóstico. Depois caberão outros passos, que não ocorrem aqui.

5-Analisam questões, tais como a formação, a falta de tempo do PB, os catálogos e o


pouco envolvimento dos Directores. Sem formação contínua, não nos actualizamos e, é
bem pouco provável que este objectivo, caminhemos para a melhoria das nossas práticas.
Mas não nos deixemos iludir com formação que só serve para encher o currículo. A
formação de qualidade nos centros de formação do interior, salvo honrosas excepções,
não melhora as competências dos PB. Penso que não será demais repeti-lo perante a
RBE e a solução poderá passar pela plataforma Moodle.
Falta de tempo? Também a vivia quando tinha duas, quatro, oito horas e agora como PB
e uma turma! Os desafios são ambiciosos, é uma evidência, mas também temos a noção
de quando tempo disponibilizamos ao Porbase, em prejuízo de actividades pedagógicas.
O tratamento técnico documental deverá resolver-se com recurso a parcerias a
estabelecer com a BM e o SABE. À BE, caberá partilhar os seus recursos e articular as
suas acções com a BM:
«As program administrator, the school librarian works collaboratively with
members of the learning community to define polices and guide and direct
all related library activities»
(Eisenberg, 2002, 1)

A razão do pouco envolvimento do Presidente do Conselho Executivo/Director explica-se


pelo pouco envolvimento dos docentes: a BE foi oferecida e não sentida como uma
necessidade de todos.
João Azaruja
PB – EB 2,3 Padre Bento Pereira (Borba)

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