Este documento trata de uma ação de prestação de contas movida por um cliente contra sua advogada. A juíza de primeira instância reconheceu a obrigação da advogada prestar contas. Em recurso, a advogada alegou prescrição da pretensão, mas a corte de apelação rejeitou este argumento, confirmando a decisão anterior.
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TJSP - Acórdão - Advogado - Dever de prestar contas.pdf
Este documento trata de uma ação de prestação de contas movida por um cliente contra sua advogada. A juíza de primeira instância reconheceu a obrigação da advogada prestar contas. Em recurso, a advogada alegou prescrição da pretensão, mas a corte de apelação rejeitou este argumento, confirmando a decisão anterior.
Este documento trata de uma ação de prestação de contas movida por um cliente contra sua advogada. A juíza de primeira instância reconheceu a obrigação da advogada prestar contas. Em recurso, a advogada alegou prescrição da pretensão, mas a corte de apelação rejeitou este argumento, confirmando a decisão anterior.
30 Cmara de Direito Privado Apelao n 0050351-14.2009.8.26.0114 - Campinas - Frum de Campinas Registro: 2013.0000256581 ACRDO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelao n 0050351- 14.2009.8.26.0114, da Comarca de Campinas, em que apelante DAGMAR APPARECIDA PESCIOTTO, apelado VARTIVAR TCHOLAKIAN (JUSTIA GRATUITA). ACORDAM, em 30 Cmara de Direito Privado do Tribunal de Justia de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo. O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente sem voto), LINO MACHADO E CARLOS RUSSO. So Paulo, 8 de maio de 2013. Orlando Pistoresi RELATOR Assinatura Eletrnica PODER JUDICIRIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO 30 Cmara de Direito Privado Apelao n 0050351-14.2009.8.26.0114 - Campinas - Frum de Campinas 2 Voto n 24.207 Apelante: Dagmar Apparecida Pesciotto Apelado: Vartivar Tcholakian Juza de Direito: Lissandra Reis Ceccon Mandato - Prestao de Contas - Primeira fase - Obrigao de prestar contas reconhecida. Suficiente para o manejo da ao de prestao de contas, a existncia de um vnculo entre mandante e mandatrio a justificar o direito de exigi-las. Ao de prestao de contas Prescrio No consumao. O prazo inicial deve ser considerado da vigncia do novo Cdigo Civil, j que a parte no pode ser surpreendida com a prescrio. Assim, a pretenso do autor apenas atingiria a prescrio em janeiro de 2013, mas a ao foi ajuizada em 18 de agosto de 2009. A reduo do prazo de dez para cinco anos da prestao de contas para o advogado pela lei 11.902/09 no tem o condo de atingir a pretenso do autor, j que, mais uma vez, a lei no pode surpreender a parte e o novo prazo teria como termo inicial a vigncia da nova lei. Recurso desprovido. Trata-se de ao de prestao de contas ajuizada por Vartivar Tcholakian contra Dagmar Apparecida Pesciotto em razo de recebimento de valores, por fora de mandato outorgado pelo autor para a sua defesa nos autos da ao de desapropriao que lhe moveu EMDEC - Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas S/A e que tramitou perante o Juzo da 1. Vara Cvel da Comarca de Campinas, processo n906/75. Apelou a requerida alegando que a pretenso inicial se encontra prescrita uma vez que, com o levantamento do numerrio pela apelante, em agosto de 1.994, que o ajuizamento desta ao deveria se dar PODER JUDICIRIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO 30 Cmara de Direito Privado Apelao n 0050351-14.2009.8.26.0114 - Campinas - Frum de Campinas 3 at agosto de 2004 quando ele se deu em agosto de 2009 tudo a justificar o provimento do recurso (fls. 120/127). Recurso tempestivo, preparado e respondido (fls.133/145). o relatrio. O recurso descomporta provimento. A arguida prescrio foi bem afastada. Tratando-se de prestao de servios de advocacia, o bacharel tem o dever legal e moral de prestar contas do mandato recebido. Alis, constitui infrao disciplinar recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele (art. 34, XXI, da Lei 8.906, de 04.07.94), sendo dever do advogado preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profisso, zelando pelo seu carter de essencialidade e indispensabilidade (art. 2, pargrafo nico, I, do Cdigo de tica e Disciplina da OAB). Em suas relaes com o cliente, deve o advogado observar que a concluso da causa obriga o advogado devoluo de bens, valores e documentos recebidos no exerccio do mandato, e pormenorizada prestao de contas, no excluindo outras prestaes solicitadas, pelo cliente, a qualquer momento (art. 9 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB). A prestao de contas pelo mandatrio ao mandante devida e obrigatria, sendo consequncia natural do mandato. Suficiente para o manejo da ao de prestao de contas, a existncia de um vnculo entre mandante e mandatrio a justificar o direito de exigi-las. Cabvel a prestao de contas, o dever de prest-las inconteste. O requerido promoveu ao recebendo valores, sendo devedor de prestao de contas, que inerente ao mandato porquanto o mandatrio se acha incumbido de gerir negcio alheio (CC 1916, artigo 1.301 e CC 2002, artigo 668). PODER JUDICIRIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO 30 Cmara de Direito Privado Apelao n 0050351-14.2009.8.26.0114 - Campinas - Frum de Campinas 4 No caso dos autos, a obrigao de prestao de contas explcita (legal, moral e eticamente), a r no a negou como tambm no a prestou, mas invocou exclusivamente a prescrio. Todavia, levando-se em considerao que poca dos fatos a prescrio era vintenria, verifica-se que o levantamento do numerrio pela apelante se deu em agosto de 1994 e que, quando da entrada em vigor do atual Cdigo Civil, em 11 de janeiro de 2003, no havia transcorrido mais de dez anos (metade do prazo prescricional estabelecido no artigo 177 do Cdigo Civil de 1916), aplicando-se, portanto, o prazo prescricional de dez anos (artigo 205 do Cdigo Civil de 2002), segundo a regra do artigo 2.028 do Cdigo Civil de 2002. Deste modo, sendo o prazo prescricional aplicvel ao presente caso de dez anos, o seu termo inicial flui apenas aps a entrada em vigor do novo Cdigo Civil, vale dizer, o prazo prescricional comea a ser contado a partir de 11.01.2003. Assim sendo, tendo a ao sido ajuizada em 12 de agosto de 2009, no se h falar em ocorrncia da prescrio. Consoante definido pela douta magistrada, o prazo inicial deve ser considerado da vigncia do novo Cdigo Civil, j que a parte no pode ser surpreendida com a prescrio. Assim, a pretenso do autor apenas atingiria a prescrio em janeiro de 2013, mas a ao foi ajuizada em 18 de agosto de 2009. A reduo do prazo de dez para cinco anos da prestao de contas para o advogado pela lei 11.902/09 no tem o condo de atingir a pretenso do autor, j que, mais uma vez, a lei no pode surpreender a parte e o novo prazo teria como termo inicial a vigncia da nova lei. Resulta, pois, que o prazo prescricional de cinco anos constante do disposto no artigo 25 A da Lei n8.906 de 04.07.94 (Estatuto da Advocacia) no aplicado presente lide. Em tais condies, considerando que a ao de que se cuida pressupe uma relao jurdica da qual deriva a guarda e administrao de bens, interesses ou negcios de outrem, suficiente para o seu manejo a existncia de um vnculo entre mandante e mandatrio a justificar o direito de exigi-las, na forma postulada e reconhecida pelo juzo singular, tudo consoante expressa previso legal (CPC, artigo 914, I). PODER JUDICIRIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO 30 Cmara de Direito Privado Apelao n 0050351-14.2009.8.26.0114 - Campinas - Frum de Campinas 5 Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso. Orlando Pistoresi Relator Assinatura Eletrnica